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Maior sistema de igapó do planeta sofre desequilíbrio decorrente de eventos climáticos extremos, revelam pesquisadores

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Igapó do médio Rio Negro, no Arquipélago de Mariuá. Foto: Jochen Schöngart

Em artigo publicado publicado no periódico internacional Geomorphology, pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), em parceria com uma pesquisadora da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), abordam o Arquipélago de Mariuá, no Rio Negro, o maior sistema de ilhas fluviais do mundo e que engloba extensa floresta de igapó.

No texto, os cientistas alertam que a estabilidade desse ecossistema tem sido deteriorada devido a eventos climáticos extremos, como ciclos irregulares de chuvas e elevação da temperatura.

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A equipe de pesquisadores é composta por Matheus Silveira de Queiroz, Rogério Ribeiro Marinho, José Alberto Lima de Carvalho e Camila Fuziel Silva. Esse trabalho demonstra a capacidade da ciência produzida na Amazônia para gerar dados cruciais para a compreensão e a defesa de um dos biomas mais vitais do planeta, fornecendo a base técnica necessária para debates ambientais de impacto global.

O artigo científico aborda Mariuá como “uma paisagem fluvial em não equilíbrio permanente que vinha se mantendo morfologicamente estável por cerca de mil anos”. Todavia, os pesquisadores chegaram à conclusão de que tal estabilidade histórica foi afetada por uma série de “eventos hidrológicos extremos”.

Maior sistema de igapó do planeta sofre desequilíbrio decorrente de eventos climáticos extremos, revelam pesquisadores

A análise dos processos fluviais ao longo de uma década revelou uma mudança acentuada na morfologia hidrológica daquela região. No período entre 2014 e 2024, houve um aumento significativo na intensidade dos processos de erosão e de deposição de sedimentos ao longo do arquipélago, indicando que o sistema está se aproximando de um “limiar de estabilidade”. O texto afirma, por exemplo, que a taxa de erosão naquele sistema aumentou 33%, ao passo que o percentual de deposição cresceu 83% no mesmo período.

Conforme os pesquisadores, a causa principal dessa aceleração é a influência das mudanças climáticas e a intensificação dos eventos hidrológicos extremos. Segundo o texto, episódios cada vez mais comuns de cheias ou de secas “históricas” na bacia do Rio Negro, e que vêm ocorrendo com mais frequência nas últimas quatro décadas, têm relação com anomalias na temperatura dos oceanos.

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A chamada Oscilação Sul-El Niño (ENOS) é o padrão climático do Pacífico equatorial, e ele envolve a interação entre a temperatura do mar (na superfície) e a pressão atmosférica. Na prática, há uma alternância entre esses ciclos de dois a sete anos, a qual é composta por uma fase quente, o El-Niño, e uma fase fria, a La Niña.

Historicamente esses fenômenos influenciam a estabilidade dos sistemas hidrológicos ao longo da região alcançada. No entanto, uma alteração significativa tanto nos padrões de chuva quanto nos picos de temperatura do planeta – ambos relacionados ao aquecimento global –  acaba potencializando os processos de erosão e de sedimentação no Arquipélago de Mariuá.

Cenário irreversível para o igapó?

O arquipélago, considerado uma “maravilha geomorfológica do mundo” pelos especialistas, é um sistema complexo e capaz de sustentar uma vasta biodiversidade. O estudo alerta que a perda do equilíbrio delicado terá potencial para desencadear transformações morfológicas irreversíveis nessa paisagem particular da região amazônica.

A intensificação das cheias, por exemplo, eleva a pressão hidrostática (a pressão atmosférica exercida sobre um determinado volume de água), permitindo que os sedimentos sejam depositados nas baixadas e nos lagos da camada que é conhecida como “planície de inundação”.

Trata-se de uma área que era historicamente “incompleta”, ou seja, isso significa que ela vinha apresentando uma espécie de déficit de sedimentos há aproximadamente um milênio.

Porém, os pesquisadores descobriram que a intensidade do processo de sedimentação ocorrida ali nos últimos dez anos pode reativar o preenchimento dessa planície muito rapidamente.

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A partir dos achados dessa investigação, os pesquisadores argumentam que é urgente a inclusão da geomorfologia fluvial no conjunto das políticas de mitigação e de adaptação às consequências das mudanças climáticas. No caso do Mariuá, o artigo concluiu que um equilíbrio ecossistêmico centenário já vem se transformando há mais de uma década devido à instabilidade climática e aos eventos hidrológicos extremos com impactos naquela região.

O estudo serve ainda para fazer coro e dar visibilidade à urgência de se monitorar ecossistemas amazônicos sui generis como esse. Seus resultados podem fundamentar cientificamente a ação das instâncias decisórias, das locais às globais. De modo particular, a divulgação dos achados também pode pressionar a adoção de medidas protetivas a esse sistema fluvial nos seus aspectos ecológico e hidrogeomorfológico, convocando à ação.

*Com informações da UFAM

5 curiosidades sobre a pacarana, terceiro maior roedor do mundo

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Foto: Reprodução/Leonardo Kerber

A pacarana (Dinomys branickii) é um verdadeiro “fóssil vivo” da megafauna pré-histórica e é o último sobrevivente de uma linhagem de roedores gigantes sul-americanos, da família Dinomyidae. A espécie é considerada o terceiro maior roedor do mundo.

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Com um corpo robusto, a espécie mede até 80 centímetros e pode pesar até 15 kg. A pacarana tem uma cauda curta e pés com cinco dedos adaptados para caminhar em terrenos montanhosos.

A espécie apresenta pelagem marrom-escura com manchas e listras brancas, hábitos terrestres e uma alimentação herbívora (frutos, sementes, folhas e caules).

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Pacarana vista no horário noturno. Foto: Reprodução/WWF Brasil

A pacarana habita a região amazônica e os Andes, principalmente regiões com baixo teor populacional. Ela tende a ocupar áreas de floresta densa, preferencialmente próximas a encostas e cursos d’água.

A equipe do Portal Amazônia conversou com a bióloga e gerente do Parque Ambiental Chico Mendes em Rio Branco (AC), Joseline Guimarães, para conhecer mais sobre a espécie:

1. Comunicação sutil, mas variada

Segundo Joseline, a pacarana emite sons suaves, como ronronados, e pequenas batidas com os dentes, que servem para interação social entre elas. Mesmo com aparência discreta, ela demonstra comportamentos complexos e emocionais, algo que só se percebe com observação paciente, o que inclui os sons.

    2. É uma espécie observadora e inteligente

    Em cativeiro e nas raras observações noturnas em campo, segundo a pesquisadora, a pacarana costuma se aproximar lentamente de objetos ou pessoas, farejando e avaliando o ambiente com atenção. Esse comportamento mostra inteligência espacial e memória, pois ela segue trilhas fixas, lembrando o caminho exato até sua toca, um padrão de inteligência bem desenvolvido para um roedor.

    3. Manipula sua alimentação

    De acordo com a bióloga, diferente de outros roedores grandes, ela se senta sobre as patas traseiras e segura o alimento com as dianteiras, muitas vezes usando apenas uma delas. Esse comportamento refinado é extremamente raro e revela uma coordenação motora delicada, quase ‘manual’, “que surpreende pela elegância e precisão”.

    4. Possui sua taxa de reprodução reduzida

    Diferente de outros roedores, a pacarana apresenta taxa reprodutiva reduzida, com ninhadas pequenas (geralmente dois filhotes) e longos intervalos entre as gestações. Isso contribui para populações naturalmente pequenas, dificultando ainda mais encontros com indivíduos na natureza.

    5. É um animal noturno

    Esta espécie é essencialmente noturna, permanecendo ativa principalmente ao anoitecer e durante a madrugada. Durante o dia, costuma abrigar-se em tocas, fendas rochosas ou troncos ocos, o que limita sua visibilidade para observadores e pesquisadores.

    A pacarana também é conhecida como “paca de rabo”. Foto: Joseline Guimarães/Acervo pessoal

    A sobrevivência da pacarana

    A pacarana, conforme a lista da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) – que mede o grau de risco de extinção de vários animais – é classificada como “vulnerável”.

    Esse fato é consequência do desmatamento e da presença humana no ambiente onde habita a espécie. A pacarana depende de florestas densas, úmidas e bem conservadas, com abundância de vegetação rasteira, frutos e abrigos naturais (troncos ou fendas rochosas).

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    O avanço do desmatamento na Amazônia (causado por expansão agropecuária, abertura de estradas e ocupações humanas) tem levado à redução e fragmentação desses habitats, isolando as populações remanescentes.

    Além disso, a pacarana é sensível a ruídos, luzes artificiais e movimentação humana, o que faz ela evitar áreas perto de estradas. Em regiões rurais, pode ser caçada por subsistência ou por curiosidade. A alteração de cursos d’água, queimadas e o uso de pesticidas também degradam seu ambiente e reduzem a disponibilidade de recursos alimentares.

    Joseline Guimarães afirma que a pacarana é uma espécie cheia de mistérios e precisa de muita atenção para observá-la.

    “A pacarana é um mistério vivo da floresta amazônica: tímida, graciosa e cheia de nuances. Cada novo registro nos mostra que ainda conhecemos muito pouco sobre sua ecologia e comportamento, e reforça a importância de preservar seu habitat e os fragmentos florestais onde ela resiste”, conclui a bióloga.

    *Por Karla Ximenes, estagiária sob supervisão de Clarissa Bacellar

    Volume de água liberado por árvores na atmosfera é medido no Amapá

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    Estudo inédito no Amapá em floresta fornecerá dados para a Nasa. Foto: Crystofher Andrade/Rede Amazônica AP

    Uma pesquisa realizada no Bioparque da Amazônia, em Macapá (AP), está utilizando sensores instalados no solo e em árvores para medir o fluxo de água que chega até a atmosfera. A instalação dos equipamentos começou no dia 27 de outubro.

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    O estudo é desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e Universidade do Estado do Amapá (Ueap), e busca entender como áreas de floresta se comportam após o manejo sustentável.

    O objetivo é demonstrar que a exploração controlada de madeira não interfere nos serviços ecossistêmicos das plantas, como o ciclo da água e o ciclo do carbono. Ao Grupo Rede Amazônica, o pesquisador Perseu Aparício, da Ueap, explicou a importância da pesquisa.

    “A troca de água entre a floresta e a atmosfera desempenha um papel fundamental no clima e nos efeitos das mudanças climáticas. Além disso, é valorizar os serviços ecossistêmicos que a floresta presta à sociedade, indo além da exploração madeireira, demonstrando a importância da floresta amazônica para o mundo”, conta.

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    Medição do volume de água é realizado pela primeira vez em floresta urbana

    Essa é a primeira vez que o estudo ocorre em floresta urbana. Desde agosto de 2024, a pesquisa analisa as árvores da Floresta Nacional do Amapá (Fona). Os sensores funcionam por energia solar e de forma contínua, coletando dados sobre a movimentação da água dentro das árvores e a liberação para a atmosfera.

    A instalação é feita diretamente no tronco das plantas e no solo, sem causar danos à vegetação. O projeto deve durar cerca de um ano, gerando dados inéditos sobre o comportamento da floresta.

    Segundo o pesquisador Dr. Niro Higuchi, o estudo pode ter impacto direto no dia a dia ao ajudar a compreender como a floresta contribui para o equilíbrio climático de Macapá e para a manutenção da umidade do ar.

    “A medição da transpiração é crucial para compreender o papel da árvore na troca entre a floresta e a atmosfera. Assim, podemos entender o papel da floresta Amazônica no contexto das mudanças climáticas e como isso afeta o povo que vive aqui”, afirmou o pesquisador.

    Volume de água liberado por árvores na atmosfera é medido no Amapá
    Foto: Crystofher Andrade/Rede Amazônica AP

    Os dados coletados também serão utilizados para entender o ciclo da água e do carbono. Os sensores medem a velocidade e a temperatura do líquido dentro das árvores. A partir disso, é possível calcular o volume de água lançado no ar.

    *Por Crystofher Andrade, da Rede Amazônica AP

    Software identifica atrasos de desenvolvimento em crianças na Amazônia paraense

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    Software usa inteligência artificial acessível. Foto: Divulgação/Fapespa

    A primeira infância representa um período crucial para o desenvolvimento infantil. É nessa fase que muitas deficiências são identificadas, e oferecer um suporte adequado para essas crianças é essencial para garantir a base sólida necessária para a formação delas. Foi nesse contexto que o projeto Sistema Inteligente para a Promoção do Desenvolvimento Infantil (SDIA) surgiu, como uma ferramenta de apoio à inclusão para rastrear déficits no desenvolvimento e adaptando-os às especificidades da realidade amazônica paraense.

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    Fomentado pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa) e executado pela Fundação Guamá por pesquisadores do Núcleo de Pesquisas em Computação Aplicada da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), o estudo construiu um software de inteligência artificial acessível por qualquer dispositivo conectado à internet, desenvolvido de forma alinhada com o Manual de Crescimento do Ministério da Saúde (2002) e a Lei Brasileira de Inclusão (LBI). Com essa tecnologia, o projeto auxilia profissionais de redes de apoio, pais e cuidadores.

    A inteligência artificial emulou o conhecimento do protocolo público contido na Caderneta da Criança (SUS), através de perguntas e respostas, de forma que, ao final, tornou possível identificar se a criança está com seu desenvolvimento em dia, em alerta ou em atraso.

    “Com a ajuda desse artefato tecnológico, profissionais das redes de apoio terão a possibilidade de identificar crianças, ainda no período da primeira infância, que podem estar com seu desenvolvimento em atraso”, explica o coordenador do projeto, professor Marcus Braga.

    Foto: Divulgação/Fapespa

    Segundo o pesquisador, a ideia do software foi impulsionada por uma demanda do Governo do Estado de oferecer suporte para as crianças que estão com algum tipo de atraso no desenvolvimento, definida pelo Artigo 208 da Constituição Federal. No entanto, essas crianças nem sempre são identificadas, especialmente as que não têm a prática de ir ao médico para acompanhamento periódico, como as crianças de baixa renda e as que vivem em alguma condição de vulnerabilidade.  

    “Com o SDIA, foi possível implementar uma solução computacional baseada em inteligência artificial capaz de entregar uma solução prática para o problema. “Ou seja, quando aplicado a uma quantidade significativa de crianças, será possível ter um panorama do atraso no desenvolvimento delas”, define o professor.

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    Capacitação para uso do software

    De forma articulada com a Secretaria de Estado de Educação (Seduc), o projeto incluiu em seu desenvolvimento a capacitação de profissionais do Centro de Referência em Educação Infantil Orlando Bitar. Cinquenta profissionais da creche receberam um treinamento intensivo em desenvolvimento infantil, Caderneta da Criança, inteligência artificial e como utilizar o aplicativo SDIA.

    Após esta capacitação, foi articulada a aplicação de testes do software com as crianças em sala de aula. “As professoras aceitaram o desafio e aplicaram o teste com seus alunos e, na medida que as crianças eram avaliadas, o sistema já entregava o resultado da avaliação para o professor e o registro dos resultados passa a ficar armazenado no sistema para posterior acesso e entrega às autoridades competentes”, afirma Braga.

    O pesquisador explica que a solução foi validada em conferências científicas internacionais e, agora, o protótipo pode ser escalado para uso em redes de ensino, a partir de poucas adequações. 

    Aplicativo

    Após dois anos de desenvolvimento, o projeto resultou em dois artigos científicos nacionais, um internacional, um software registrado junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) e um aplicativo protótipo que pode ser acessado a partir de qualquer dispositivo computacional, que esteja conectado à internet, sem a necessidade de nenhuma instalação ou download.

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    “Temos uma ferramenta robusta, fácil de se usar, pois é intuitiva, e que pode dar o indicativo de avaliação da criança quanto ao desenvolvimento. Isso permite que os pais, professores e profissionais competentes tomem conhecimento de quem são estas crianças com atraso, e proporcionem o atendimento e estímulos necessários ao seu desenvolvimento”, afirma Braga.

    Neste primeiro momento, o aplicativo pode ser utilizado gratuitamente por professores. De acordo com a equipe do projeto, há a possibilidade de o programa ser estendido para uso em unidades de saúde, de assistência social e pelos próprios pais, permitindo que potenciais crianças com seu desenvolvimento fora do ideal possam ser identificadas e receber, imediatamente, o atendimento e o suporte adequado para que possam ser, plenamente, integrados à sociedade.

    Software identifica atrasos de desenvolvimento em crianças na Amazônia paraense
    Foto: Divulgação/Fapespa

    Segundo o professor Marcus, sem o apoio da Fapespa a pesquisa não poderia ter sido desenvolvida. “Veja, para este projeto entregar um protótipo, foram necessários dois anos de estudos e é assim que a tecnologia emerge, com estudo, pesquisa, testes, erros, correções, e após um tempo, os resultados aparecem. Não se consegue desenvolver ciência sem investimento e sem fomento. No Pará, a Fapespa tem sido o grande divisor de águas”. 

    O coordenador ainda destaca que, neste projeto, foi possível usar recursos computacionais do grupo de pesquisa que foram oriundos de outros financiamentos da Fapespa. “Por termos essa infraestrutura instalada, hoje, podemos participar de diversas pesquisas em diversas áreas estratégicas em nosso Estado”, conclui Braga.  

    Núcleo de Pesquisas em Computação Aplicadas (NPCA)

    Localizado em Paragominas, o grupo de pesquisa dedica-se a investigar técnicas de computação aplicada através de projetos de pesquisa de longo prazo, tipo “guarda-chuva”, que abrangem outras pesquisas mais pontuais e localizadas. “Com apoio da Fapespa conseguimos adquirir servidores computacionais de alto desempenho e todo o equipamento necessário para o desenvolvimento contínuo destes trabalhos, além de bolsas para professores e alunos desenvolverem suas atividades científicas”, informa Braga.

    Foto: Divulgação/Fapespa

    “O Pará, no governo Helder e Hanna, tem se preocupado bastante com o desenvolvimento de nossas crianças e o cuidado especial que elas precisam ter. A Fapespa, enquanto instituição que fomenta pesquisa, atenta a essa importante política de Estado, tem fomentado pesquisas que visam trazer respostas para vários desses desafios. E o SDIA é um desses projetos fantásticos, que foi aprovado e fomentado pela Fapepa, e que hoje traz insights importantes para que a gente possa dar a atenção necessária para as nossas crianças num ambiente que é extremamente importante: as escolas e as creches. É dessa forma que a Fapespa contribui para o desenvolvimento e qualidade de vida da população paraense como um todo, em especial das nossas crianças”, avalia o presidente da Fapespa, Marcel Botelho.

    *O conteúdo foi originalmente publicado pela Fapespa, escrito por Beatriz Rodrigues, estagiária sob a supervisão de Manuela Oliveira

    ALEAM destaca matérias legislativas voltadas à educação no Estado

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    Foto: Danilo Mello/Aleam

    Com o propósito de fortalecer as políticas públicas educacionais, a Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) aprovou, no dia 21 de outubro, três Projetos de Lei (PLs) e um Projeto de Resolução Legislativa (PRL) voltados à valorização do ensino, à cidadania e à inclusão.

    As propostas, de autoria de diferentes parlamentares, tratam da criação de programas educativos, do reconhecimento aos professores de língua indígena, do incentivo à educação ambiental e da garantia de segurança alimentar para alunos com alergias alimentares.

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    Entre os destaques, está o Projeto de Resolução Legislativa (PRL) nº 66/2025, de autoria do presidente da Aleam, deputado Roberto Cidade (União Brasil), que institui o programa Aleam Educa.

    A iniciativa oferece curso preparatório gratuito para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), com aulas presenciais de Língua Portuguesa e Redação, além de acesso a uma plataforma digital com conteúdos das demais disciplinas e curso de inglês online.

    “O Aleam Educa reafirma o compromisso da Assembleia com a formação cidadã e o acesso à educação de qualidade. Estamos abrindo portas e oportunidades para os jovens da rede pública”, afirmou o presidente Roberto Cidade.

    O programa, desenvolvido pela Escola do Legislativo Senador José Lindoso, pretende atender este ano 1,5 mil estudantes de 30 escolas públicas de Manaus, consolidando o papel da Aleam como polo gratuito de capacitação e inclusão educacional.

    Leia também: Parlamentar propõe programa para garantir água potável em escolas públicas

    Valorização da língua indígena

    De autoria do deputado Cristiano D’Angelo (MDB), o PL nº 531/2024 institui o Dia Estadual da Professora e do Professor da Língua Indígena, celebrado em 28 de julho. A proposta reconhece a importância desses educadores que preservam e difundem os saberes, tradições e línguas dos povos originários do Amazonas.

    “Os professores indígenas são guardiões das tradições e da identidade cultural de seus povos. Sua atuação é essencial para a valorização e a continuidade dos conhecimentos ancestrais”, destacou o parlamentar.

    Educação ambiental e reciclagem

    Também de autoria do deputado Cristiano D’Angelo, o PL nº 71/2025 cria a Política Estadual de Incentivo à Reciclagem, Promoção da Educação Ambiental e Valorização dos Agentes de Materiais Recicláveis. O projeto busca fomentar a gestão sustentável de resíduos sólidos, a preservação ambiental e a inclusão social dos trabalhadores da reciclagem.

    Atenção às crianças com alergia alimentar

    O PL nº 425/2025, de autoria do deputado Felipe Souza (Patriota), garante às crianças com Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV) o direito de levar seu próprio alimento para as instituições de ensino públicas e privadas do Amazonas.

    A medida tem como objetivo assegurar a segurança alimentar e a inclusão dessas crianças no ambiente escolar. “O projeto busca conscientizar a comunidade escolar sobre a APLV e garantir o acolhimento adequado, respeitando as necessidades específicas de cada aluno”, afirmou o deputado.

    Parlamentar propõe programa para garantir água potável em escolas públicas

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    Foto: Herick Pereira

    O presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), deputado Roberto Cidade (UB), propôs ao Governo do Estado, a criação de um programa para perfuração de poços artesianos em escolas públicas da rede estadual. A ideia é transformar os colégios em pontos comunitários de acesso à água potável, especialmente durante as secas severas. A indicação foi feita por meio do Requerimento nº 3.583/2025.

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    Para Roberto Cidade, o acesso à água é um direito humano fundamental e, segundo ele, escolas podem servir como polos de proteção social e abastecimento nas comunidades isoladas. O programa sugerido, chamado “Água + Vida”, prevê uso comunitário regulado, fundo estadual para financiamento das obras e monitoramento da qualidade da água.

    “O projeto visa reduzir doenças de veiculação hídrica, fortalecer a segurança hídrica local e diminuir os custos de operações emergenciais em períodos de estiagem. A perfuração de poços artesianos (poços tubulares profundos, com captação em aquíferos protegidos) garante a disponibilidade de água de qualidade, reduzindo a dependência exclusiva dos rios. Em períodos de vazante extrema, como tivemos em 2023 e 2024, quando comunidades ficam isoladas, o funcionamento de um poço escolar assegura que a população local tenha acesso a água segura para consumo, preparo de alimentos e higiene”, defendeu Roberto Cidade.

    Diretrizes do ‘Água + Vida’

    No requerimento, Roberto Cidade sugere que o Estado, em parceria com prefeituras e demais instâncias, promova o Programa “Água + Vida”, com os seguintes objetivos e ações estruturantes:

    • Implantação de poços artesianos em escolas estaduais, com prioridade para áreas com maior deficiência no saneamento e histórico de isolamento hídrico;

    • Extensão do programa a escolas municipais por meio de incentivos técnicos e financeiros;

    • Criação de um fundo estadual exclusivo para financiar perfuração, tratamento (cloração), reservatórios e uso de energia renovável (painéis solares para bombeamento);

    • Regulamentação do uso comunitário, assegurando que a população possa acessar a água sem prejudicar as atividades escolares;

    • Monitoramento da qualidade da água conforme normas sanitárias vigentes (como a Portaria GM/MS nº 888/2021).

    Leia também: Aleam aprova Projeto de Lei Complementar que atualiza valores de isenção do ITCMD

    Programa já funciona

    Roberto Cidade ressalta que alguns Estados implementaram a medida para garantir água potável à população, sobretudo em áreas com baixo percentual de saneamento básico e difícil intervenção do Poder Público em períodos de calamidade ou sinistro.

    “Por exemplo, em Minas Gerais, o Projeto Gota D’Água perfurou poços artesianos, instalou kits potabilizadores e promoveu monitoramento da qualidade da água em centenas de escolas da rede estadual, beneficiando dezenas de milhares de estudantes”, destacou o parlamentar, citando também o Estado do Acre, com o programa federal PDDE Água na Escola, que já perfurou poços artesianos em 14 escolas da Regional do Juruá em 2024, com mais quatro escolas indígenas previstas para receber os poços em 2025.

    Mangueirão passa a integrar Rota Turística do Futebol do Mercosul oficialmente

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    Estádio Olímpico do Pará – Jornalista Edgar Proença, o Mangueirão. Foto: Divulgação/Agência Pará

    O Estado do Pará passou a integrar oficialmente a Rota Turística do Futebol do Mercosul, iniciativa lançada pelo Brasil, que atualmente preside o bloco econômico sul-americano. A proposta, anunciada no dia 22 de outurbro, foi liderada pelo Ministério do Turismo, em parceria com o Ministério do Esporte, e coloca o Estádio Olímpico do Pará – Jornalista Edgar Proença, o Mangueirão, como um dos ícones culturais e esportivos da América do Sul.

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    A Rota Turística de Futebol do Mercosul conecta os principais estádios e museus esportivos do Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile e Bolívia, promovendo o futebol como patrimônio cultural e vetor de integração turística e econômica entre os países.
     
    Do Brasil, integram o roteiro estádios de forte simbolismo nacional, como o Maracanã (RJ), Allianz Parque (SP), Arena BRB Mané Garrincha (DF), Beira-Rio (RS), Arena do Grêmio (RS), Neo Química Arena (SP), Arena Castelão (CE), Vila Belmiro (SP), além de museus icônicos, como o Museu Pelé e o Museu do Futebol. O Mangueirão, no Pará, é o único estádio da região Norte a compor o circuito internacional.
     
    A iniciativa está alinhada à marca “Visit South America” (Visite a América do Sul), e busca valorizar o futebol como uma das expressões culturais mais profundas da identidade sul-americana. O objetivo é impulsionar o turismo esportivo, fomentar o intercâmbio cultural e aumentar o fluxo de visitantes internacionais, fortalecendo a economia criativa e o desenvolvimento sustentável dos países do bloco.

    Leia também: Mangueirão, conheça o maior estádio da Região Norte

    Mangueirão: símbolo da cultura, do esporte e da identidade paraense

    Totalmente reconstruído e reinaugurado em abril de 2023 pelo Governo do Pará, o Mangueirão se tornou um dos maiores símbolos de modernidade, hospitalidade e multifuncionalidade da região Norte.

    Mais do que um estádio, o espaço se consolidou como um centro cultural, esportivo e social, capaz de receber grandes eventos internacionais e manifestações populares que expressam a diversidade do povo paraense.

    Mangueirão. Foto: Roni Moreira/Agência Pará

    Desde a reestruturação, o estádio sediou mais de 100 eventos esportivos, culturais e religiosos, consolidando Belém como referência em infraestrutura. O palco paraense já recebeu partidas históricas, como a abertura das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026, quando o Brasil venceu a Bolívia por 5 a 1, e a Supercopa do Brasil de 2025, entre Flamengo e Botafogo. 

    Recebeu também “O Amazônia Live – Hoje e Sempre”, movimento criado pelos fundadores do Rock in Rio e do The Town para chamar atenção às urgências socioambientais da Amazônia, antecipando debates que estarão em destaque na COP 30, a ser realizada em novembro deste ano, em Belém.

    Leia também: 3 curiosidades amazônicas sobre o show de Mariah Carey em Belém

    O Mangueirão, se prepara para receber um dos maiores eventos musicais e sociais do ano: o “Global Citizen Festival: Amazônia”, que será realizado no dia 1º de novembro. O festival antecede COP30), consolidando a capital paraense como palco de grandes acontecimentos globais. Esses eventos, consolidam o Pará como um dos novos polos de turismo esportivo, cultural e sustentável do Brasil e da América do Sul.

    O secretário de Estado de Esporte e Lazer, Cássio Andrade, destacou o papel do Mangueirão como símbolo da nova fase do esporte e da cultura paraense:

    “O Mangueirão é muito mais do que um estádio. Ele é um símbolo do orgulho e da identidade do povo paraense. Fazer parte da Rota Turística do Futebol do Mercosul é o reconhecimento de um trabalho que transforma o esporte em instrumento de cultura, desenvolvimento e integração. O Pará vive um novo momento, e o Mangueirão é o coração pulsante dessa transformação”, afirmou o secretário.

    Cultura, memória e integração regional

    A Rota do Futebol do Mercosul nasce com o propósito de integrar estádios que possuam valor simbólico, atratividade turística e estrutura receptiva, incluindo museus, centros de memória e visitas guiadas. No caso do Mangueirão, o Governo do Pará planeja fortalecer ainda mais o espaço como patrimônio cultural e esportivo, ampliando ações de visitação, exposições históricas e experiências interativas sobre o esporte amazônico e nacional.

    A iniciativa também reforça o papel do Pará no calendário internacional de eventos, ao lado de estádios icônicos como La Bombonera e Monumental de Núñez (Argentina), Estádio Centenário (Uruguai) e Museu da Conmebol (Paraguai).

    *Com informações da Agência Pará

    Conheça seis espécies de aranhas que podem ser encontradas em Manaus

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    As aranhas são animais extremamente diversos e estão presentes em praticamente todo o mundo, com exceção das regiões polares. Apresentam grande variação de tamanhos, cores e padrões corporais, e há milhares de espécies adaptadas aos mais diferentes ambientes.

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    Desde tempos antigos, as aranhas estão associadas ao imaginário humano, inspirando personagens, símbolos e mitologias, mas também despertando medo em muitas pessoas, um sentimento conhecido como aracnofobia.

    O mestre em Entomologia, João Pedro Costa Gomes, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), explica que todas as aranhas podem ser consideradas peçonhentas, pois possuem substâncias inoculadas pelas quelíceras (as “garras” usadas para capturar e imobilizar suas presas). “No entanto, nem todas possuem peçonhas ativas em seres humanos”, informa.

    Leia também: Saiba quais são as aranhas mais perigosas da Amazônia

    Ele reuniu informações sobre algumas aranhas de importância médica e outras espécies inofensivas que ocorrem na cidade de Manaus (AM), destacando sua beleza, comportamento e importância ecológica.

    Espécies de aranhas encontradas em Manaus

    Nome científico: Theraphosa stirmi
    Nome popular: Aranha-golias ou Aranha comedora de pássaros
    Peçonhenta: Não

    Conhecida por ser a maior aranha do mundo (em relação a peso x tamanho corporal), podem chegar a medir 30 cm com certa facilidade, essas aranhas não são consideradas perigosas para os humanos e se alimentam de uma grande variedade de insetos, pequenos mamíferos, lagartos e pássaros (de onde vem o nome popularizado).

    Seus métodos de defesa estão ligados a suas cerdas urticantes presentes no abdômen desses animais, quando se sentem ameaçadas lançam essas cerdas ao ar causando irritabilidade e coceiras em seus possíveis predadores.

    Tais cerdas podem causar irritações em humanos e, raramente, levar a casos graves de alergia. Estão presentes em toda região amazônica, incluindo reservas e matas preservadas aos redores da cidade de Manaus.

    Theraphosa stirmi. Foto: João Pedro Costa Gomes

    Nome científico: Avicularia variegata
    Nome popular: Aranha dos dedos rosas
    Peçonhenta: Não

    Faz parte da infraordem das caranguejeiras, são animais com temperamento bem tranquilo e comumente vistas em locais habitados próximos de fragmentos florestais (UFAM, Condomínios com matas densas aos redores, etc.).

    Se alimentam principalmente de insetos, mas temos registros de alimentação com pequenos pássaros e roedores também.

    São aranhas arborícolas, habitando locais mais altos e algumas vezes com pequenas tocas em buracos naturais. Tem uma média de tamanho de 8 a 12 cm.

    Avicularia variegata. Foto: Liara Azevedo

    Nome científico: Acanthoscurria simoensis
    Nome popular: Não há nome específico
    Peçonhenta: Não

    São aranhas caranguejeiras presente na Amazônia, onde as fêmeas vivem em tocas escavadas em barrancos ou no solo e os machos são errantes, ou seja, não vivem em pontos fixos e andam em busca de alimento, dispersão e em busca de fêmeas para procriar.

    Podem medir de 10 a 18 cm e tem um padrão de cor que chama bastante atenção, com manchas avermelhadas em tons bem vivos nas pernas. Também fazem o uso de cerdas urticantes para defesa quando se sentem ameaçadas.

    Acanthoscurria simoensis. Foto: João Pedro Costa Gomes

    Nome científico: Latrodectus curacaviensis e Latrodectus geometricus
    Nome popular: Viúva flamenguinha e Viúva-marrom
    Peçonhenta: Sim

    As aranhas do gênero Latrodectus são popularmente conhecidas como viúvas-negras, um dos grupos de aranhas peçonhentas mais famosos do mundo, cercado por lendas e frequentemente associado a personagens fictícios. No Brasil, essas aranhas estão amplamente distribuídas e, na região Amazônica, são encontradas principalmente duas espécies: Latrodectus curacaviensis, conhecida como viúva-flamenguinha, e Latrodectus geometricus, chamada de viúva-marrom.

    Ambas são peçonhentas, possuindo veneno neurotóxico, mas com intensidades diferentes. A viúva-flamenguinha (L. curacaviensis) possui peçonha ativa em humanos e é considerada de importância médica, com registros de casos graves e até mortes, embora estas sejam raras atualmente. Já a viúva-marrom (L. geometricus) apresenta uma peçonha semelhante, que age de forma parecida, mas geralmente não evolui para quadros graves.

    Essas aranhas não são agressivas, e os acidentes costumam ocorrer apenas quando são comprimidas contra o corpo, como ao vestir roupas ou manusear objetos onde costumam se abrigar. Constroem teias irregulares e desordenadas, diferentes das teias geométricas típicas de outras aranhas tecedeiras. A identificação das espécies é relativamente simples, pois ambas possuem uma mancha avermelhada em forma de ampulheta na face ventral do abdômen, característica do grupo.

    A viúva-flamenguinha pode ser reconhecida pelo abdômen avermelhado com manchas pretas no dorso, enquanto a viúva-marrom apresenta coloração marrom, com desenhos mais escuros em formas geométricas, ainda que nem sempre bem definidas.

    L. curacaviensis. Foto: Renato Brito
    L. geometricus. Foto: Cesar Favacho

    Nome científico: Loxosceles amazonica
    Nome popular: Aranha marrom
    Peçonhenta: Sim

    Conhecida popularmente como aranha-marrom, é uma espécie de importância médica encontrada na região Amazônica. Assim como outras do gênero Loxosceles, possui peçonha ativa em humanos, responsável por causar o loxoscelismo, um quadro que pode provocar sintomas sistêmicos como febre, mal-estar e, em casos mais graves, lesões necróticas na pele.

    Essas aranhas são de pequeno porte, medindo entre 1 e 3 centímetros, com corpo marrom a amarelado e um desenho em forma de violino na região do cefalotórax, característica do grupo. Não são aranhas agressivas, passando boa parte do tempo escondidas em locais escuros e pouco movimentados, como atrás de móveis, entulhos ou dentro de calçados.

    Os acidentes geralmente acontecem quando o animal é comprimido contra o corpo, e por isso a prevenção envolve cuidados simples, como sacudir roupas e calçados antes de usá-los. Apesar do potencial risco, Loxosceles amazonica tem papel importante no equilíbrio ecológico, ajudando no controle de insetos em ambientes naturais e urbanos.

    Loxosceles amazonica. Foto: Célio Moura Neto

    Nome científico: Phoneutria fera e Phoneutria reidyi
    Nome popular: Aranha-armadeira
    Peçonhenta: Sim

    As aranhas do gênero Phoneutria são popularmente conhecidas como aranhas-armadeiras. São aranhas peçonhentas de importância médica, amplamente distribuídas na Amazônia, incluindo a região de Manaus, onde podem ser encontradas tanto em ambientes florestais quanto próximas a áreas urbanizadas. Essas aranhas são conhecidas por seu comportamento defensivo característico, erguendo as patas dianteiras quando se sentem ameaçadas, postura que deu origem ao nome “armadeira”.

    A peçonha dessas espécies é neurotóxica, com ação sobre o sistema nervoso, podendo causar dor intensa, sudorese, taquicardia e alterações na pressão arterial. Em casos mais graves, especialmente em crianças e idosos, podem ocorrer complicações sistêmicas, mas óbitos são raros devido ao acesso rápido a tratamento e ao uso de soro antiaracnídico. Apesar da fama de agressivas, raramente atacam sem motivo, e a maioria dos acidentes ocorre quando o animal é manipulado.

    São aranhas de grande porte, podendo atingir até 5 centímetros de corpo e mais de 15 centímetros de envergadura. Possuem coloração marrom a acinzentada, com padrões de faixas e manchas nas pernas e no abdômen, úteis para camuflagem.

    Durante o dia costumam abrigar-se em folhas secas, bromélias, troncos ocos ou entre objetos domésticos, saindo à noite para caçar ativamente, sem o uso de teias para capturar suas presas. Apesar do risco potencial, são predadores importantes no equilíbrio ecológico, ajudando a controlar populações de insetos e outros invertebrados.

    Phoneutria reidyi. Foto: Pedro F. Bisneto

    Descubra quais povos originários eram predominantes nas capitais da Região Norte antes da colonização

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    Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

    A Região Norte do Brasil concentra parte essencial da história indígena nacional. Muito antes da chegada dos colonizadores portugueses, cada território que hoje corresponde às capitais dos estados brasileiros abrigava povos de diferentes etnias, com línguas, costumes, crenças e formas de organização próprias.

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    Essas populações não apenas ocupavam as terras, mas também estruturavam redes de trocas, de defesa, de cultivo e de rituais religiosos, compondo sociedades complexas e com grande diversidade cultural.

    A ocupação europeia transformou profundamente esse cenário, mas os registros históricos, arqueológicos e orais permitem identificar as etnias predominantes em cada região.

    De acordo com dados coletados pelo antropólogo Darcy Ribeiro, em suas pesquisas intituladas “Os Índios e a Civilização”, as etnias da Amazônia não eram isoladas. Muitas mantinham contato por meio dos rios, que funcionavam como grandes estradas naturais. Conflitos, alianças e migrações também marcaram o processo de convivência entre esses povos antes da chegada dos colonizadores.

    Estudos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), assim como várias outras pesquisas antropológicas, mostram que os povos predominantes antes da colonização formavam o alicerce humano e cultural da Amazônia e do Cerrado, por exemplo.

    Leia também: Com 391 etnias e 295 línguas indígenas, saiba quais possuem maior abrangência na Amazônia Legal

    Assim, cada capital da Região Norte guarda em sua origem a presença de povos originários que moldaram o território com seus saberes, modos de vida e práticas de convivência com a natureza. Mesmo após os impactos da colonização, muitas dessas etnias permanecem ativas e reconhecidas, garantindo a continuidade de sua história.

    Pensando nisso, o Portal Amazônia listou duas das principais etnias que habitavam as áreas onde hoje se localizam as capitais da Região Norte, preservando a memória histórica dos povos originários e sua relevância cultural.

    Rio Branco (Acre)

    O território do Acre, em especial onde se localiza Rio Branco, era ocupado principalmente pelos Ashaninka e pelos Kaxinawá (Huni Kuin). Os Ashaninka viviam em comunidades organizadas, cultivando mandioca, milho e algodão, e eram conhecidos pela produção de tecidos e pela organização social baseada em clãs familiares.

    Já os Kaxinawá ocupavam áreas do rio Envira e Purus, com rituais de ayahuasca e forte tradição guerreira.

    Habitação kaxinawá. 1981. Foto: Terri Vale de Aquino/ ISA

    Macapá (Amapá)

    Na área de Macapá, as etnias predominantes eram os Palikur e os Galibi. Os Palikur, ligados ao tronco linguístico Aruak, viviam próximos à foz do rio Amazonas, praticando agricultura e mantendo relações comerciais com outros povos do litoral e do interior.

    Já os Galibi, do tronco Karib, se distribuíam entre o Amapá e a Guiana Francesa, sendo conhecidos por sua resistência e pelo contato constante com outros grupos indígenas.

    No documentário abaixo, é possível conhecer um pouco da cultura Palikur e seus conhecimentos seculares de construção de canoas.

    Manaus (Amazonas)

    Na região que hoje corresponde a Manaus, duas etnias predominavam: Manaós e Barés.
    Os Manaós foram um dos povos mais influentes da região, controlando o rio Negro e organizando aldeias estruturadas em torno da pesca e do comércio com outros povos.

    Já os Barés ocupavam áreas próximas e se destacavam por práticas agrícolas e pelo uso medicinal das plantas da floresta. Ambos os grupos mantinham relações com etnias vizinhas, influenciando a formação cultural da área.

    Descubra quais povos originários eram predominantes nas capitais da Região Norte antes da colonização
    Os barés são um grupo indígena que habita o noroeste do Amazonas. Foto: Daniell Zanini/Wikimedia Commos

    Belém (Pará)

    Na área de Belém, as duas etnias predominantes eram os Tupinambás e os Araras. Os Tupinambás faziam parte da grande família tupi, espalhada pelo litoral e pela foz do rio Amazonas, com destaque para a agricultura de mandioca e a pesca.

    Já os Araras ocupavam áreas próximas da atual capital, vivendo da caça, coleta e pesca em terras firmes e várzeas, mantendo também tradições guerreiras que resistiram à chegada dos colonizadores.

    Gravura do século XVI mostra indígenas Tupinambás, nesta que foi a primeira que mostrava indígenas feita por portugueses. Foto: Autor desconhecido/ Wikimedia Commons

    Porto Velho (Rondônia)

    Na região onde hoje está Porto Velho, destacavam-se os Karipunas e os Paresí. Os Karipunas viviam próximos aos rios Madeira e Jamari, com modo de vida baseado na pesca, coleta e agricultura de pequena escala.

    Já os Paresí, embora mais associados ao interior do atual Mato Grosso, expandiam sua presença para a região de Rondônia, estabelecendo contatos de troca e circulação.

    Foto de família da etninia Karipunas em 2004. Foto: Gilberto Azana/ Divulgação/ ISA

    Boa Vista (Roraima)

    Na região da atual Boa Vista, predominavam os Macuxi e os Wapixana. Os Macuxi habitavam vastas áreas entre Brasil e Guiana, com economia baseada em roças coletivas e caça, e mantendo práticas espirituais ligadas à natureza.

    Os Wapixana, por sua vez, estavam distribuídos ao sul da capital, vivendo em malocas e cultivando produtos agrícolas, além de possuir forte tradição oral.

    Imagem colorida mostra encontro de jovens da etnia Macuxi
    Foto: J. Filho/Cimi

    Palmas (Tocantins)

    Na região do atual Tocantins, onde hoje está Palmas, destacavam-se os Xerente e os Karajá. Os Xerente ocupavam áreas próximas ao rio Tocantins e ao rio Sono, vivendo da agricultura de mandioca, milho e algodão, além da caça e da pesca.

    Os Karajá habitavam ilhas e margens do rio Araguaia, sendo conhecidos por sua tradição cerâmica, arte plumária e rituais de iniciação masculina.

    A festa Hetohoky dos Karajá é o maior ritual indígena entre os povos do Tocantins, que marca o momento em que os homens adolescentes iniciam a fase adulta. Foto: Emerson Silva/Governo do Tocantins

    Pesquisa nacional sobre microplásticos identifica poluição em praia do Amapá

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    A pesquisa é um dos maiores trabalhos já feitos sobre a poluição de microplásticos no país. Foto: Isadora Pereira/Rede Amazônica AP

    Uma pesquisa nacional sobre microplásticos identificou poluição em praia do Amapá. Responsável pela pesquisa, o Projeto Micromar envolveu instituições do Brasil todo e analisou a presença de microplásticos em praias do país.

    De mais de mil praias estudadas, em quase 70% foi observado esse tipo de poluição, entre elas, a localizada no estado do Amapá. A Universidade do Estado do Amapá (Ueap) contribuiu diretamente para o andamentos das pesquisas no estado.

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    Pesquisa nacional sobre microplásticos identifica poluição em praia do Amapá
    Projeto Micromar analisou a presença de microplásticos em praias do Brasil. Foto: Rafael Aleixo/g1 Amapá

    Leia também: Microplásticos são encontrados na praia do Goiabal, no litoral do Amapá

    A pesquisa

    A pesquisa, liderada pelo Instituto Federal Goiano (IF Goiano) é um dos maiores trabalhos já feitos sobre a poluição de microplásticos no país. Fizeram parte da análise 1024 praias, em 211 municípios de todos os 17 estados costeiros do Brasil. Coletando ao todo, 4134 amostras de areia, entre os anos de 2022 e 2023.

    No Amapá, foram selecionados 40 pontos de amostragem ao longo da costa do estado, entre os municípios de Calçoene e Amapá. A Ueap, por meio do esforço da professora Dra. Neuciane Dias Barbosa ofereceu o suporte necessário para a realização dos trabalhos realizados no Amapá. 

    Leia também: Encontro inédito de cooperação científica é realizado no Amapá com pesquisadores da Guiana Francesa

    A pesquisa, liderada pelo Instituto Federal Goiano (IF Goiano) é um dos maiores trabalhos já feitos sobre a poluição de microplásticos no país. Foto: Nataliel Rangel, Mickael-Marques e Thales-Lima

    Leia também: Roteiro histórico: seis locais que ajudam a entender o passado do Amapá

    Além de atuar na divulgação científica e elaboração dos artigos, livro e relatórios. Apesar de ser um dos estados com a menor incidência da poluição, segundo a docente do colegiado de Engenharia de Pesca, os resultados obtidos merecem atenção a temática no estado.

    “As amostras foram coletadas pela equipe do IF Goiano, analisadas em laboratório, encontrando-se poluição plástica na única praia oceânica no estado. Esse resultado desperta um alerta quanto ao impacto do microplástico no Amapá”, disse a professora Neuciane.

    O que são os Microplásticos?

    Estudo analisou mais de mil praias brasileiras e revelou a presença de microplásticos em 70% delas, incluindo pontos da costa amapaense, acendendo um alerta para os impactos ambientais na região. Foto: Divulgação

    Segundo a pesquisadora, os microplásticos são fragmentos do tamanho de um grão de arroz que podem afetar a biodiversidade, a segurança alimentar e a saúde humana. Nesse sentido, a principal preocupação para os seres humanos é a ingestão de peixes e frutos do mar contaminados. Por outro lado, para os banhistas, a presença de microplásticos não representa ainda um risco direto de intoxicação.

    Durante a pesquisa, a equipe além de quantificar a presença dos microplásticos, também observou o Índice de Perigo do Polímero, que mede a toxicidade dos microplásticos encontrados, e o Índice de Risco Ecológico Potencial, que relaciona a quantidade desses poluidores com o perigo dos materiais.

    *Com informação da Universidade do Estado do Amapá (Ueap)