Skate e a Amazônia podem andar lado a lado. Isso tudo por causa do projeto Floresta Olímpica do Brasil. O projeto faz parte da Olympic Forest Network, uma rede que prevê a restauração de florestas por comitês olímpicos nacionais no mundo todo. Na Amazônia, mais especificamente nos municípios de Tefé e Alvarães, no Amazonas, o objetivo é o reflorestamento de 6,3 hectares de vegetação, através do plantio de cerca de 4.500 árvores de espécies nativas.
Agora, onde o skate entra nessa história? Com a participação da atleta Rayssa Leal, que conquistou o coração dos brasileiros durante os Jogos Olímpicos de Tóquio e, agora, de Paris. Conhecida como “Fadinha”, Rayssa foi convidada para ser a madrinha do projeto lançado pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) no início deste ano.
Em maio, uma comitiva liderada pelo Presidente do COB, Paulo Wanderley, e pela atleta, ícone do skate mundial, esteve na Amazônia. Ambos conduziram o lançamento do projeto nas comunidades Bom Jesus da Ponta da Castanha e aldeia São Jorge da Ponta da Castanha, principais impactadas pela iniciativa.
Diante da presença de autoridades locais e de representantes das comunidades locais envolvidas, duas mudas de Jatobá, espécie nativa da região, foram plantadas pelo Presidente Paulo Wanderley e por Rayssa para simbolizar a inauguração do projeto, que vai durar ao menos até 2030. Além disso, os dois fincaram uma placa comemorativa no local.
Foto: Marina Ziehe/COB
“O tema da preservação e recuperação do meio ambiente é muito importante para toda a sociedade, e para o esporte não é diferente. É verdade que toda empresa gera impacto social e ambiental e o Movimento Olímpico como um todo tem que assumir essa responsabilidade. Agora, com a Floresta Olímpica do Brasil, uma iniciativa inédita no país, o COB vai mergulhar ainda mais na pauta da sustentabilidade, assunto mais do que urgente no planeta inteiro. Estou muito orgulhoso do legado que estamos construindo com ações e parcerias como esta”, ressaltou o presidente do COB.
“Estou muito feliz de participar disso tudo com o COB e outros atletas. A gente precisa pensar cada vez mais em sustentabilidade, no nosso dia a dia mesmo. Me sinto honrada por estar aqui e plantar a primeira árvore da minha vida!”, comemorou Rayssa.
Nas áreas escolhidas para o projeto de reflorestamento – Bom Jesus da Ponta da Castanha e aldeia São Jorge da Ponta da Castanha, no Amazonas -, vivem populações ribeirinhas, quilombolas e indígenas. Elas ficam localizadas dentro dos limites da Floresta Nacional de Tefé (FLONA). Entre as espécies selecionadas para o plantio estão justamente aquelas que podem ajudar na geração de renda para essas comunidades, como a castanha da Amazônia (Bertholletia excelsa) e o açaí (Euterpe oleracea).
No ano passado, os moradores participaram de uma capacitação para aprender como fazer a coleta, o beneficiamento e o armazenamento das sementes, e também, para o processo efetivo de restauração.
Mato Grosso registrou 394 focos de incêndio nos últimos quatro dias. A maior parte deles na Amazônia, 65%, ou 258 focos registrados. O restante ocorreu no Cerrado, 32%, e no Pantanal, pouco mais de 2%. Os três biomas estão presentes no Estado, que tem enfrentado uma seca intensa nos últimos meses.
Na região, é o município de Colniza que mais sofre. São 113 focos de incêndio registrados desde sexta-feira (26) até esta segunda-feira (29). Esses números são menores que os do fim de semana passado, mas são muito maiores quando se analisa esse mesmo período do ano passado: mais de 50% a mais (56%).
A previsão pra esta semana é de muito calor na região e alerta de baixa umidade. Temperaturas passando dos 35 graus.
E essa questão climática é uma preocupação para as autoridades. Tanto é que o governo brasileiro está elaborando um Plano do Clima, pensando até 2035. Esta semana, uma comitiva de ministros vai aos biomas brasileiros – Caatinga, Amazônia, Cerrado, Pantanal, Mata Atlântica e Pampa – para ouvir a população, debater com especialistas.
Além disso, uma plataforma do governo está disponível para que as pessoas possam apresentar propostas até o dia 26 de agosto. Qualquer pessoa pode colaborar e apresentar até três propostas e votar em outras dez de outros participantes.
A ideia é que o presidente Lula apresente a primeira versão desse texto já na COP 29, que ocorrem em novembro no Azerbaijão.
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, participou do lançamento do Plano Safra 24/25 do Banco da Amazônia (Basa), na sede da instituição em Belém (PA), no dia 25 de julho. Nesta edição, os produtores do setor agropecuário da região vão contar com R$ 11 bilhões. O valor é 11% superior à última safra. O objetivo é oferecer as melhores taxas do mercado e condições de financiamento para impulsionar o setor.
Dos recursos, R$3,3 bilhões são direcionados para investimento e R$7,7 bilhões para custeio. Em termos de segmentos atendidos, R$ 5,4 bilhões irão para pequenos e médios produtores, R$ 4,3 bilhões para a agricultura empresarial e R$ 1,3 bilhão à agricultura familiar.
Em discurso, Fávaro destacou a importância do plano para gerar oportunidades na agropecuária local e, também, evidenciou as taxas atrativas. Para a agricultura empresarial a taxa de custeio começa em 6,75% ano, enquanto a taxa de investimento, em 6,48% a.a. Já para a agricultura familiar será a partir de 1,5% a.a. e as taxas de investimento a partir de 0,5% a.a.
“O intuito do presidente Lula é fazer chegar dinheiro nas populações que estão produzindo. É integrar o agro com grandes oportunidades”, disse Fávaro. “Parabéns ao time do Basa, é isso que faz crescer. Lançaram um plano ainda maior, com o compromisso de dizer que isso é o piso. Querem chegar nas pessoas com taxas atrativas, para motivar os produtores”, completou.
O presidente do Basa, Luiz Lessa, explicou a importância da iniciativa. “É um volume recorde de recursos que vai possibilitar reforçar o fomento a toda a cadeia produtiva do agro em nossa região, por meio de soluções financeiras para atender às necessidades de cada produtor”, destacou.
Já o superintende da Agricultura e Pecuária no estado do Pará, Jesus de Nazareno Magalhães, evidenciou os esforçou do Mapa para o desenvolvimento do agro na região.
“Nós colocamos sempre à disposição os nossos conhecimentos técnicos que, dentro dos nossos processos internos, podem somar e alavancar ainda mais o que tá planejado para o desenvolvimento rural-regional aqui”.
Apoio ao agro
Na ocasião, o ministro Fávaro também destacou o Plano Safra 24/25 lançado pelo Governo Federal no dia 3 de julho, oferecendo linhas de crédito, incentivos e políticas agrícolas para médios e grandes produtores. Neste ano safra, são R$ 400,59 bilhões destinados para financiamentos, um aumento de 10% em relação à safra anterior, atingindo valor recorde.
Reforçou, ainda, que o Plano foi elaborado para reduzir custos de produção para ser cada vez mais eficiente e atrativo para os produtores rurais.
“O Brasil vai crescer investindo nas pessoas, trazendo tecnologias e oportunidades, por isso fizemos o maior Plano Safra da história. É determinação do presidente Lula colocar mais recursos na nossa agropecuária. O Plano Safra é 40% maior do que o lançado em 2022”, destacou.
*Com informações do Ministério da Agricultura e Pecuária(Mapa)
Mais de 50 analistas ambientais, brigadistas, instrutores e convidados participaram de uma imersão na Floresta Nacional do Bom Futuro, em Porto Velho (RO), durante o segundo módulo do Curso de Restauração Ecológica, promovido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e parceiros.
Este foi o primeiro módulo presencial realizado pelo órgão e faz parte de uma série de estratégias de estruturação da sua agenda de restauração ecológica, alinhada à meta do Brasil de restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares de florestas até 2030.
Na formação, os participantes percorreram as principais etapas do processo de restauração em uma Unidade de Conservação: diagnóstico e avaliação da área, definição de técnicas de restauração mais adequadas e monitoramento do desenvolvimento das áreas.
A Flona do Bom Futuro é uma UC Federal de Uso Sustentável criada em 1988 com 280.000 hectares (ha) e que sofreu, ao longo dos anos, uma série de invasões e formalização de acordos para desafetação, tendo seus limites reduzidos para 100.075,13 ha em 2010. Todo o processo histórico de invasão resultou no desmatamento de diversos polígonos, que atualmente são ocupados por pastagens, com ou sem regeneração natural, e outras áreas em processo de restauração florestal.
Neste cenário, os cursistas tiveram a oportunidade de visitarem diversas áreas alteradas em diferentes estágios de degradação ambiental e outras em processo de restauração ecológica por meio de diferentes técnicas, exercitando em grupos todo o processo de avaliação quanto a tipo e nível de degradação, situação dos solos, técnicas de recomposição mais apropriada e também monitoramento do processo de restabelecimento da floresta.
“Nós pudemos fazer aqui todas as etapas, como se fosse pensar e realizar um projeto de restauração real. Começamos pelo diagnóstico, avaliação da área, o estabelecimento das técnicas de restauração baseadas nesse diagnóstico, e entender como se faz o monitoramento dessa área”, explica Alexandre Sampaio, analista ambiental do ICMBio e coordenador do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação em Biodiversidade e Restauração Ecológica (CBC).
Sampaio explica que o aumento da capacidade técnica dos servidores é uma das partes mais importantes dessa estruturação que o ICMBio vem trabalhando para lidar com a questão da restauração ecológica. “Essa formação não existia no ICMBio, a gente está iniciando ela agora”. A formação foi iniciada no ano passado, com o módulo teórico.
Ainda como parte da formação, os cursistas visitaram a aldeia Bejarana na Terra Indígena Karitiana, vizinha a Flona. Lá, a Ação Ecológica Guaporé (Ecoporé) vem realizando um trabalho de formação de coletores de sementes florestais e mais de 90 famílias já compõem a Rede de Sementes da Bioeconomia Amazônica (Reseba), principal fornecedora das sementes para produção de mudas e semeadura direta dos projetos de restauração executados pela Ecoporé na Região.
Na própria Flona, a Ecoporé tem utilizado a técnica de semeadura direta (popularmente conhecida como Muvuca) e complementada com plantio de mudas para a restauração em mais de 80 hectares, no âmbito do Projeto Paisagens Sustentáveis (ASL), que tem como uma das agências executoras a Conservação Internacional – CI-Brasil.
Curso de Restauração Ecológica. Foto: Ecoporé
Na aldeia, os participantes conheceram de perto como é feito o trabalho de formação e também como cada comunidade constrói seu calendário de coleta, criado com base nas dinâmicas, conhecimentos tradicionais e observações registradas em cada território. Breno Karitiana, cacique da Aldeia Bejarana, falou da importância do trabalho dos coletores de sementes e o fortalecimento da renda da comunidade.
“Desde 2021 a gente vem fazendo esse trabalho. Para nós é uma experiência nova e uma troca de saberes. E é uma valorização do nosso trabalho de coleta das sementes, que vão ser usadas para restaurar onde foi desmatado. A gente fica muito feliz”, afirma a liderança.
Além do apoio para a realização do curso, parte da equipe técnica da Ecoporé também compôs o grupo de instrutores. “A gente acredita que a gente só vai conseguir ter uma restauração em grande escala em várias regiões na Amazônia a partir do momento que tivermos mais pessoas qualificadas para isso”, avalia Marcelo Lucian Ferronato, coordenador do Programa Floresta e Agricultura da Ecoporé, que tem entre as suas iniciativas a Escola da Restauração, apoiada pelo Serviço Florestal dos Estados Unidos e que visa exatamente proporcionar essa capacitação técnica para a cadeia da restauração ecológica na Amazônia.
Assessora Técnica Sênior do Programa Brasil do Serviço Florestal dos Estados Unidos, uma das organizações apoiadoras da formação, Kirsten Silvius falou da importância da união de diferentes atores para a promoção de formações em restauração como a realizada na Flona do Bom Futuro. “Isso não acontece sem o apoio de um grupo como a Ecoporé, que tem a experiência de restauração, nem sem a participação das pessoas que moram aqui, que conhecem bem essa área. A restauração precisa do conhecimento técnico, mas também de entender a visão do pessoal do entorno, desde o proprietário rural, fazendeiro, as pessoas da cidade, as questões políticas também. É preciso entender todo esse contexto para fazermos uma restauração durável”, comentou.
A Década da Restauração, estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU), objetiva prevenir, interromper e reverter a degradação dos ecossistemas em todos os continentes e oceanos. Neste contexto, o governo brasileiro anunciou a recuperação de 12 milhões de hectares de vegetação até 2030. Em Rondônia, a Ecoporé é um dos atores deste movimento mundial em prol da restauração, com iniciativas também em unidades de conservação,
Para Alexandre, as UCs são ambientes extremamente propícios para se realizar a restauração e o analista ambiental precisa estar devidamente capacitado para acompanhar esses projetos, a fim de que o resultado final seja o melhor possível.
“Todo investimento realizado dentro de uma área protegida, circundada de floresta conservada, traz benefícios maximizados em termos de serviços ecossistêmicos, em termos de conservação da biodiversidade. Então, começando por aqui, a gente começa a dar exemplo, começa a, de fato, mostrar os benefícios da restauração e amplificar o poder de conservação dessas áreas que a gente já está investindo tanto”, reforça.
O curso é uma iniciativa do ICMBio (CBC) em parceria com a FGV e articulação do Comitê Técnico Assessor de Rondônia (CAT-RO), uma iniciativa colaborativa entre diversas instituições para promover a restauração multifuncional nas Unidades de Conservação (UCs) de Rondônia, composto por representantes do ICMBio, Serviço Florestal Brasileiro, Serviço Florestal dos Estados Unidos, Conservação Internacional, Ecoporé, Projeto Paisagens Sustentáveis (ASL) e Universidade Federal de Rondônia.
Em mais uma audiência pública em Mato Grosso para discutir os impactos da Lei 12.434/24, Cota Zero, a ausência de estudos científicos e participação popular ficou ainda evidente. No dia 18 de julho, centenas de pescadoras e pescadores, lideranças locais, pesquisadores e representantes de órgãos federais debateram as fragilidades da Lei, testemunhando os desafios que vêm enfrentando.
A declaração de inconstitucionalidade ainda está sob decisão do relator da ação no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro André Mendonça. Em último despacho dele, o pedido de suspensão dos efeitos da Lei foi rejeitado.
Representando o Ministério da Pesca e Aquicultura na audiência pública, Cristiano Quaresma, fez questão de reforçar o posicionamento contrário à Lei da instituição, que é ligada ao Governo Federal e já produziu quatro notas técnicas sobre o tema. Ele destacou ainda que a pasta “não está sozinha” e que a posição é acompanhada do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, também contrário ao Cota Zero. Cristiano elencou entre os motivos, questões ambientais, socioeconômicas, com a exclusão e marginalização de pescadores, perda do conhecimento tradicional, racismo ambiental, violação de direitos humanos e o impacto no seguro defeso.
“Enquanto Governo Federal, não podemos pagar o seguro defeso a uma atividade que não está sendo exercida. Com isso, o Governo do Estado cria uma situação de impasse junto ao Federal. Do ponto de vista ambiental, não há evidências científicas de que a pesca artesanal está comprometendo de forma efetiva o estoque pesqueiro em Mato Grosso. Se o Governo estadual entende que é importante a sustentabilidade da pesca, o Ministério se coloca à disposição para criar uma proposta de manejo, inclusive destinando recursos econômicos para um monitoramento da pesca artesanal. Para nós, é fundamental que a pesca continue em Mato Grosso”, destacou o representante do Ministério da Pesca.
O analista ambiental do Ibama, Cesar Esteves Soares, fez uma fala chamando a atenção ao conteúdo da Lei, que não passou por deliberações do Conselho Estadual de Pesca (Cepesca), e ainda assim foi aprovada por 15 deputados* (confira a lista dos parlamentares abaixo) da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT). Segundo ele, em anos anteriores, o Conselho já havia discutido uma minuta substitutiva à proposta de alteração na Lei da Pesca em Mato Grosso. Porém, as deliberações não tiveram continuidade.
“Entretanto, não dando prosseguimento a análise desse texto, paralelamente, correu-se por fora e colocando-se a favor de um trade turístico, que também tem representação no Cepesca, um segmento foi privilegiado, que é o da pesca amadora. A maioria no Conselho sempre decidiu que nunca haveria uma cota zero para o segmento da pesca. Nunca se mostrou qualquer estudo técnico que mostrasse que determinada espécie de peixe não deveria mais ser pescada. Pelo contrário, o Ibama já se manifestou pela inconstitucionalidade e reconheceu que as discussões do Cepesca em Mato Grosso é que teriam legitimidade para propor algo para subsidiar uma política de pesca”, justificou.
O presidente do Cepesca, Alex Marega, esteve presente na audiência pública por quatro horas e em nenhum momento se manifestou a respeito da atuação do Conselho nas deliberações e implantação do Cota Zero. Nos bastidores, há relatos de divergências entre os conselheiros sobre o tema e a condução da pauta.
audiência pública para discutir os impactos da Lei 12.434/24. Foto: divulgação
Aceite de ministro ainda é aguardado
A consultora jurídica do Observa-MT, Edilene Amaral, alertou que, desde novembro de 2023, organizações da sociedade civil aguardam pelo aceite do ministro para que façam parte do processo no STF. As entidades são contrárias ao projeto e há mais de um ano denunciam as ilegalidades, riscos previdenciários e impactos na segurança alimentar e financeira das famílias de pescadores. “Não faltam elementos sobre a inconstitucionalidade do Cota Zero. Está nas mãos do ministro André Mendonça decidir sobre isso, sim. A luta tem que continuar. Acredito que no plenário do STF temos chances de reverter. Mas se depender dos deputados estaduais dessa Casa, que agora aparecem com discursos para ajudar os pescadores, ou se depender desse governador, vocês continuarão passando fome”, disse.
Outra organização que também aguarda pelo aceite do STF é a Defensoria Pública da União (DPU). “Seria tão importante que o ministro André Mendonça chamasse uma audiência pública no STF, por exemplo, para ouvir vocês e conhecer a realidade do que está acontecendo em Mato Grosso. O ministro ainda não nos admitiu no processo, para pluralizar e democratizar o debate. Isso é muito ruim, porque não podemos participar da discussão”, acrescentou o defensor público federal, Renan Sotto Mayor.
A audiência pública foi requerida pelo deputado estadual Wilson Santos (PSD) e contou ainda com a presença de representantes do Ministério da Pesca e Aquicultura, Ministério da Agricultura e Pecuária, Ibama e da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), além dos deputados estaduais do PT, Lúdio Cabral e Valdir Barranco.
Deputados estaduais de Mato Grosso que aprovaram o Projeto de Lei 1363/2023, logo promulgada como Lei 12.197/23 e substituída pela Lei 12.434/24:
A região amazônica vem atraindo cada vez mais turistas internacionais em busca de experiências na maior floresta tropical do mundo. Nos primeiros seis meses de 2024, 16,3 mil viajantes estrangeiros desembarcaram no estado do Amazonas, 22,21% a mais que no mesmo período de 2023 (12,6 mil pessoas) e 9,64% mais que em 2019 (14,7 mil). Os dados são da Embratur, do Ministério do Turismo (MTur) e da Polícia Federal (PF), divulgados no início de julho.
Segundo o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, as belezas dos rios e da floresta, da cultura, arte e gastronomia amazônicas estão sendo apresentadas para o mercado turístico internacional.
“O presidente Lula quer que o turismo chegue à Amazônia. Este ano, promovemos intensamente o Festival de Parintins para atrair turistas de países vizinhos, e foi um sucesso. Também trouxemos comunicadores dos Estados Unidos e Canadá para conhecer alguns dos principais destinos do estado. Essas e outras ações desenvolvidas pela Embratur resultam na chegada de mais turistas, contribuindo com a geração de mais emprego e renda na região”, explicou Freixo.
A tradicional disputa entre os bois Caprichoso e Garantido do Festival Folclórico de Parintins, que aconteceu em junho, contribuiu com o aumento do número de turistas visitando o Amazonas. Foram mais de 3,3 mil viajantes internacionais desembarcando no período, 15,5% a mais que em junho de 2023, quando 2,8 mil estrangeiros visitaram o estado na época.
A maioria dos turistas internacionais que chegaram no Amazonas em 2024 vieram de países da América do Norte (55,36%). Foram 9.029 pessoas, principalmente dos Estados Unidos (8.165 viajantes). Em seguida estão os países da América do Sul (4.384 turistas), com destaque para a Colômbia (3.050) e Peru (833).
Foto: Divulgação/Prefeitura de Parintins
Promoção dos destinos amazônicos
O turismo internacional no Amazonas está em ascensão e a Embratur vem desenvolvendo várias ações para atrair mais visitantes estrangeiros para o estado. Dentre elas está a capacitação do trade turístico amazonense para a promoção internacional dos destinos e viagem de familiarização (famtour) com operadores da Colômbia, Argentina e Chile. Neste segundo semestre, a Agência irá promover mais uma famtour, dessa vez voltada para Suíça e França.
A Agência também assinou um protocolo de intenções com o grupo de empresários do Amazonas Cluster de Turismo, para a divulgação internacional e a troca de informações estratégicas para o fomento da região. Na press trip promovida em parceria com o Sebrae com os comunicadores e influenciadores dos EUA e do Canadá, além da participação no Festival de Parintins, os convidados viveram outras experiências imersivas na Amazônia.
Voos internacionais
Aumentar os voos que conectam o Brasil ao mundo é uma das estratégias da Embratur para alcançar o mercado internacional e já está dando resultados. A quantidade de estrangeiros que chegaram no Amazonas por via aérea aumentou em 28,58%, passando de 8,8 mil pessoas, em 2023, para 12,3 mil neste ano.
Ainda em 2024, a companhia aérea TAP terá uma nova linha conectando Lisboa, em Portugal, a Manaus, fruto da articulação feita pela Embratur, Governo do Amazonas e Ministério do Turismo. “É uma maneira de reconectar a Amazônia e Manaus ao mercado europeu. Isso tem enorme relevância para qualquer perspectiva do turismo na região”, observa o presidente da Embratur, Marcelo Freixo.
Além das parcerias da Agência com as companhias aéreas, o Programa de Aceleração do Turismo Internacional (PATI), em parceria com os ministérios do Turismo e de Portos e Aeroportos, está contribuindo para os resultados positivos. Entre outubro de 2024 e março de 2025 serão 70 mil novos assentos em voos estrangeiros com destino ao Brasil, por meio do primeiro edital do programa.
Turistas internacionais em todo o Brasil
No primeiro semestre de 2024, 3.597.239 turistas internacionais desembarcaram no país. O número é 9,7% maior que o observado no mesmo período de 2023 e 1,9% acima do registrado em 2019. A expectativa é que esse ano termine com uma marca superior ao recorde de 2018 (6,6 milhões). A via aérea segue sendo a principal porta de entrada para os viajantes vindos de outros países (2.234.033), seguida da terrestre (1.218.172), marítima (98.074) e fluvial (46.960).
Seja na medicina ou na culinária, o uso de óleos de plantas nativas da Amazônia faz parte da cultura da população local há várias gerações. Com propriedades já constatadas em diversas pesquisas e estudos, os óleos de andiroba, buriti, castanha e mucajá se tornaram parte de uma pesquisa de doutorado no Laboratório de Óleos da Amazônia (LOA/UFPA), instalado no Parque de Ciência de Tecnologia (PCT) Guamá.
O estudo busca desenvolver um curativo inovador para a área da saúde com base nos insumos. O biocurativo, como é chamado, auxilia na cicatrização das lesões, além de ser uma alternativa biodegradável, fator que curativos convencionais não têm.
A doutoranda Sandrynne Guimarães, responsável pelo estudo, conta que o interesse pelo tema se iniciou ainda no mestrado, motivada pelo interesse de alinhar as propriedades de biopolímeros, que são macromoléculas constituídas por unidades menores e produzidas por seres vivos, com óleos vegetais amazônicos.
“Hoje, no doutorado, sigo na mesma linha, inovando no desenvolvimento de novos biocurativos aliados aos benefícios que os insumos locais têm a nos oferecer”, conta a doutoranda Sandrynne Guimarães.
Foto: Camila Carvalho/PCT Guamá
No estudo desenvolvido por Sandrynne, a ideia é manipular matrizes poliméricas já utilizadas na indústria farmacêutica e que têm compatibilidade com o corpo humano, em junção aos óleos.
“Os biocurativos não só protegem a lesão, mas também auxiliam no tratamento da cicatrização de uma ferida. Por serem produzidos normalmente a partir de fontes renováveis, os biocurativos nos trazem benefícios, como pouco material utilizado durante um tratamento e o descarte ecológico”, explica a pesquisadora.
O estudo conta com a colaboração de seis pesquisadores do LOA, que obtiveram um material com características favoráveis para a aplicação como curativo, desenvolvido a partir de fontes renováveis, biodegradáveis e enriquecido com ativos para auxiliar e acelerar o processo de cicatrização de feridas. Até o momento, os óleos de mucajá e buriti foram os que mais trouxeram resultados positivos no teste in vivo com camundongos.
Para o aprimoramento do biocurativo, são realizadas análises com os insumos desde a obtenção até o processo de desenvolvimento do produto, tanto para o controle de qualidade quanto para o reconhecimento científico das propriedades.
“Às vezes um óleo atua mais que outro nas etapas da cicatrização e pode acelerar o processo, mas, em geral, todos obtiveram um bom resultado. A ideia do biocurativo é fechar a lesão e impedir a reinfecção e a laceração do material. O óleo entra na pele, lubrifica, inibe a proliferação de bactérias e tem também outros mecanismos importantes na cicatrização”, explica Emmerson Costa, coordenador do LOA e orientador de Sandrynne.
Saúde e bioeconomia
O Laboratório de Óleos da Amazônia é especializado no estudo, controle de qualidade dos insumos amazônicos e suas transformações, utilizados principalmente para atender aos setores ligados a energias renováveis, alimentos, cosméticos e bioprocessos. Conta também com a produção ligada a projetos em parcerias com comunidades extrativistas, associações de cooperativas e ribeirinhas e organizações não governamentais (ONGs).
De acordo com Emmerson, as descobertas com óleos aumentam a variedade de usos dos insumos, auxiliando na verticalização da cadeia de extrativismo amazônico.
“Dessa forma, aproveitamos as sementes e insumos da floresta, onde estão os povos que a habitam e os diversos arranjos produtivos, sejam eles cooperativas, associações, ou até mesmo iniciativas individuais. Essa é a importância de cada vez mais valorizar os ativos da floresta e manter a floresta em pé, preservada, e quem preserva a floresta são os atores que nela habitam. Não faz sentido se falar em preservação da Amazônia se você não subsidiar e dar condições para que os povos que habitam na floresta tenham uma renda viável”, afirma.
O estudo está em processo de patente, e a expectativa é que a descoberta possa trazer benefícios para os setores da saúde e meio ambiente, além de fortalecer a base das cadeias produtivas de óleos na Amazônia.
Foto: Camila Carvalho/PCT Guamá
Inovação na Amazônia
O PCT Guamá é uma iniciativa do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Técnica e Tecnológica (Sectet), que conta com a parceria da Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) e gestão da Fundação Guamá.
É o primeiro parque tecnológico a entrar em operação na região Norte do Brasil e tem como principal objetivo estimular a pesquisa aplicada e o empreendedorismo inovador e sustentável.
Situado em uma área de 72 hectares entre os campi das duas universidades, o PCT Guamá conta com mais de 30 empresas residentes (instaladas fisicamente no parque), mais de 60 associados (vinculadas ao parque, mas não fisicamente instaladas), 12 laboratórios de pesquisa e desenvolvimento de processos e produtos, com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e a Escola de Ensino Técnico do Estado do Pará (Eetepa) Dr. Celso Malcher, além de atuar como referência para o Centro de Inovação Aces Tapajós (Ciat), em Santarém, oeste do Estado.
Membro da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), da Associação Internacional de Parques de Ciência e Áreas de Inovação (Iasp), o PCT Guamá faz parte do maior ecossistema de inovação do mundo.
Uma competição para desenvolver a melhor inovação de mapeamento de biodiversidade das florestas tropicais, com um prêmio de US$5 milhões (mais de R$25 milhões) tem reunido tecnologia de ponta e pessoas de diferentes partes do mundo e áreas do conhecimentos há quase cinco anos. Entre os pesquisadores e cientistas estão integrantes de comunidades tradicionais que conhecem profundamente esses ecossistemas.
A desenvolvedora de jogos e liderança Inhaã-bé, Marina Mura e o biólogo Gabriel Nunes são dois exemplos de cientistas que vivem próximos e conhecem profundamente a Floresta Amazônica, onde fica a Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Negro, no Amazonas. Foi nesta reserva que ocorreram as avaliações finais da competição global XPrize Florestas Tropicais, neste mês de julho.
Como representantes regionais da equipe suíça ETH Biodivix, eles participaram ativamente do aperfeiçoamento das soluções tecnológicas usadas pelo grupo durante a prova.
“Quando soubemos que a final aconteceria no Brasil, sabíamos que tínhamos que ir até as comunidades o mais cedo possível, conhecer as comunidades o mais cedo possível”, relembra David Dao coordenador das áreas de inteligência artificial e conhecimentos tradicionais da equipe ETH Biodivix.
Assim como as outras equipes, o grupo desenvolveu soluções tecnológicas para coletar amostras digitais e físicas de imagem, som e DNA ambiental. Foram usados drones e veículos robóticos para conduzir os equipamentos por terrenos desafiadores de 100 hectares da Floresta Amazônica.
O principal diferencial do equipamento utilizado pelo grupo foi uma inteligência artificial que tem em sua base de dados a contribuição da ciência-cidadã e utiliza um algoritmo desenvolvido por meio da união de expertises científica, tecnológica e do conhecimento tradicional.
IAs Amazônidas
A Tainá e a Poli são inteligências artificiais (IAs) que conversam em língua portuguesa e reúnem conhecimentos culturais, regionais e científicos da Amazônia. As ferramentas são resultados alcançados pela equipe, após oito workshops realizados na região, que viabilizaram a aproximação e a conquista da confiança da comunidade.
“Porque uma das coisas que a gente aprendeu nos nossos workshops com as comunidades foi que a maior parte dos relacionamentos [das comunidades com pesquisadores], as relações são traídas. As pessoas vão lá, usam o que aprendem, vão embora e não voltam”, conta Kamila Camilo, ativista ambiental e também integrante brasileira na equipe.
Kamila conheceu a competição e a iniciativa por meio de um site cidadão criado pelos integrantes da ETH Biodivix para debater as soluções e frentes tecnológicas que poderiam ser implementadas pelo grupo durante a competição. Logo ela foi integrada na equipe com o objetivo de facilitar a interlocução com as comunidades locais.
O grupo crescia a cada momento em que uma nova expertise alinhada aos objetivos da equipe era identificada. “Quando a gente viu que a Marina tinha essa inteligência lógica e que ela se interessava por tecnologia, pareceu óbvio pra gente que ela era mais do que uma pessoa participando do workshop, mas que ela podia ser parte do time”, relembra Kamila.
Inteligência Artificial
Logo que foi apresentada ao protótipo do que seria a inteligência artificial guardiã dos conhecimentos tradicionais, Marina passou a contribuir com o desenvolvimento da Tainá e logo virou curadora do conteúdo da tecnologia. Ao mesmo tempo foi aprendendo como a ferramenta poderia contribuir com as pessoas e o lugar onde vive.
“A minha aldeia é multiétnica, então a gente tem vários aspectos culturais ali dentro e nem todas as aldeias têm os mesmos rituais, utilizam as mesmas coisas. Se a gente puder colocar esses dados e compartilhar com as outras comunidades e ter acesso aos dados de outras comunidades, a gente vai começar a fazer com que essas diversidades culturais caminhem juntas e sejam preservadas”, diz Marina.
Ciência em Português
O manauara Gabriel também chegou ao grupo pelos workshops e logo foi integrado à equipe que desenvolve a Poli, a versão científica da Tainá. Entre as atividades que passou a desempenhar está a adaptação de todos os experimentos científicos desenvolvidos pela equipe à realidade amazônica, inclusive das descrições científicas à Língua Portuguesa.
“Se eu vou tratar cientificamente com um aplicativo, eu preciso que ele reconheça as realidades do universo. Então essa literatura tem que ser em português, porque a Amazônia é escrita em português”, diz.
Coleta de dados
Na fase de treinamento das inteligências artificiais, tanto Marina, quanto Gabriel mostraram os caminhos na floresta para a instalação dos sensores de captura de sons e imagens e também participaram das incursões com drones que complementam as informações das imagens de satélite.
“A gente faz um plano, uma rota, para eles fazerem o mapeamento e a gente usa isso lá na comunidade, para saber se a floresta está saudável ou não, ou se está tendo desmatamento dentro da nossa área protegida. Então, a gente faz esse mapa e o drone sozinho vai tirando várias fotos de cima das copas das árvores e depois a gente faz uma montagem no aplicativo, nos dados e aí a gente tem um grande mapa preciso”, explica Marina.
De acordo com David Dao, a ideia é exatamente essa: que as comunidades possam se beneficiar da tecnologia desenvolvida e que haja um compartilhamento dos benefícios.
“Nós nos comprometemos com as comunidades a continuar essa parceria. Isso é parte de algo maior capaz de empoderá-las não apenas a levantar essas informações, mas de construir essa capacidade de também gerar renda com isso.”
Os integrantes da equipe contam que ficaram surpresos com a baixa valorização dos conhecimentos tradicionais da Amazônia. “Um mateiro que entra na floresta com um pesquisador ganha R$150 por dia para ficar 12 horas em uma trilha guiando um pesquisador no meio da mata. Se esse mesmo cara for com o celular dele, gravar o canto do pássaro, for com a mochila do sequenciamento de DNA, fizer a coleta da amostra, tudo vai ficar registrado no ID dele, que está no blockchain [banco de dados transparente], que não pode ser mudado, ele vai receber a partilha de benefícios e vai ser pago tanto quanto o pesquisador”, conclui Kamila.
*O conteúdo foi originalmente publicado pela Agência Brasil, por Fabíola Sinimbú e Fábio Pozzebom (em viagem a convite do Instituto Alana)
Fotos: Chico Batata/TJ-AM e Divulgação/Águas de Manaus
A Águas de Manaus registrou aumento de 74% em acordos firmados com clientes, sem necessidade de judicialização nos últimos anos. Esse índice representa o compromisso com a população e, como reconhecimento a essa marca, a concessionária recebeu o “Selo Ouro Empresa Amiga da Justiça”, do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), por intermédio do Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (Nupemec).
De acordo com o gerente jurídico da concessionária, José Roberto Moraes, o selo é uma constatação do trabalho de relacionamento que vem sendo desenvolvido desde a chegada da Águas de Manaus na cidade.
“Um dos principais pilares da Aegea, empresa a qual a Águas de Manaus faz parte, é o relacionamento saudável com a população. Desta forma, nos colocamos à disposição para sanar as pendências com os clientes, por meio de conciliações. Além disso, disponibilizamos atendimento dentro de órgãos de proteção ao consumidor e, assim, muitas demandas são solucionadas antes mesmo de chegarem ao judiciário”, destaca.
O trabalho de relacionamento da concessionária com os clientes também passa pela parceria com agentes de Defesa do Consumidor. Hoje, a empresa tem postos de atendimento junto aos Procons municipal e estadual, além de manter canal direto com a Agência Reguladora dos Serviços Públicos Delegados do Município de Manaus (Ageman) e Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM). Essas parcerias também possibilitam a realização de ações itinerantes, que levam os serviços da concessionária a vários pontos da cidade.
Atendimentos
O cliente da concessionária conta com canais digitais com atendimentos disponíveis 24 horas. Neles, ele pode consultar histórico de consumo, solicitar segunda via de fatura, pedir religação, entre outros serviços. Para isto, o cliente deve entrar em contato com o número: 0800-092-0195 (Whatsapp e SAC), ou acessar o site aguasdemanaus.com.br e o aplicativo Águas APP. A Águas de Manaus possui, ainda, atendimento presencial via PAC e loja na rua Leonardo Malcher, Centro da capital amazonense.
Amido e colágeno de peixe. Fotos: Acervo da pesquisa
Uma equipe de pesquisadoras desenvolveu em laboratório um material biodegradável (biofilmes naturais) obtido a partir de diferentes amidos (mandioca, batata-doce, batata inglesa e batata Asterix) e colágeno de peixe. O material tem propriedades físico-químicas, mecânicas, estruturais e de biodegradação similares a filmes plásticos, contribuindo significativamente para a sustentabilidade na produção de alimentos ao oferecer alternativas viáveis e ecológicas aos plásticos sintéticos que são derivados de petróleo.
De acordo com apontamentos no projeto da professora doutora Raquel Aparecida Loss, da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), apenas 10% dos plásticos derivados do petróleo são reciclados, 14% são incinerados, e os 76% restantes acabam em aterros ou no ambiente natural. Se essa tendência continuar, pontua ela, em 2050 haverá cerca de 1.1 bilhão de toneladas de resíduos plásticos.
“Com potencial na substituição do plástico sintético, os biofilmes apresentam uma contribuição significativa para a sustentabilidade. Compostos por materiais biológicos, podem ser usados em embalagens de alimentos diversos, filmes e revestimentos com propriedades biodegradáveis, além de minimizar a poluição e o desperdício, mantendo a qualidade e a segurança dos alimentos, prolongando sua vida útil sem a necessidade de substâncias químicas prejudiciais. Essa transição para materiais mais ecológicos é essencial para promover uma produção alimentar mais sustentável e reduzir os riscos ambientais associados aos plásticos tradicionais”, destaca.
A pesquisa “Produção e caracterização de biopolímeros obtidos a partir de amidos de diferentes tubérculos e colágeno de peixe” foi desenvolvida dentro do Edital nº 005/2021 – Mulheres e Meninas na Computação, Engenharias e Ciências Exatas e da Terra, financiada pelo Governo do Estado, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat).
Conforme a pesquisadora no projeto, a alternativa que existe para substituir os plásticos sintéticos é a elaboração dos filmes biodegradáveis obtidos a partir de matéria-prima renovável, que podem substituir total ou parcialmente este tipo de material.
“Para que essa substituição seja viável, utilizamos materiais renováveis, abundante e de baixo custo. O amido é um exemplo ideal, pois é renovável, abundante e apresenta preço competitivo, comportamento termoplástico e biodegradabilidade, são eles, o milho, trigo, arroz, mandioca e batata, cada um com diferentes composições, que podem influenciar na formação do filme”, afirma a pesquisadora doutora Raquel Loss.
Outro biopolímero importante e de baixo custo e com propriedades funcionais adequadas para a fabricação de biofilmes é a gelatina. Obtida a partir de resíduos de pescado, que seriam perdidos durante o beneficiamento, o material agrega valor e contribui para redução dos impactos ambientais.
A pesquisadora pontua que, no entanto, biofilmes obtidos exclusivamente com amido possuem baixa resistência mecânica e falta hidrofilicidade. “Com isso surge o biofilme obtido pela mistura de gelatina de pescado e amido, fornecendo proteção aos grânulos contra cisalhamento, ajudando a manter a umidade, reduzindo a sinérese, a solubilidade em água e a absorção de água. Já a adição de amido em filmes de gelatina resulta em aumento da espessura, transparência e resistência mecânica, ampliando a aplicabilidade dos biofilmes.
Fotos: Acervo da pesquisa
A combinação de proteínas (colágeno) e polissacarídeos (amido) é um processo utilizado para desenvolver novos materiais e aperfeiçoar as propriedades dos polímeros, resultando em materiais com melhores propriedades em comparação com aqueles feitos de componentes puros, dessa forma a produção de filmes biodegradáveis a partir de amido de batata-doce e colágeno de peixe pode gerar grandes oportunidades para a sociedade em geral, por razões ambientais e econômicas.