A queda nos registros de queimadas é atribuída a ações de monitoramento, fiscalização e campanhas de conscientização realizadas pelas forças de segurança do Estado. Foto: Divulgação/GEA
O Amapá registrou 387 focos de queimadas até 29 de outubro de 2025, o menor número dos últimos três anos, segundo o Corpo de Bombeiros Militar (CBM). A queda foi de mais de 80% em relação a 2023.
Esses focos são pontos de calor identificados por satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e indicam a presença de fogo em áreas de vegetação.
Eles ajudam a monitorar e medir, em tempo real, a ocorrência de queimadas e incêndios florestais.
Confira os números dos últimos anos:
2025 (até 29 de outubro): 387 focos
2024: 2.014 focos
2023: 2.552 focos
A queda nos registros é atribuída a ações de monitoramento, fiscalização e campanhas de conscientização realizadas pelas forças de segurança do Estado.
“O resultado vem do esforço conjunto das equipes em campo. Investir em prevenção, tecnologia e conscientização traz resultados reais e protege vidas, comunidades e o meio ambiente”, disse Cézar Vieira, secretário de Justiça e Segurança Pública.
Em 2025, o Corpo de Bombeiros registrou 265 ações de combate direto a incêndios florestais e realizou 1.214 atividades preventivas, como palestras e instruções. As ações alcançaram cerca de 21.365 pessoas — número maior que os 13.990 atendidos em 2024.
As margens das rodovias estão entre os pontos que mais preocupam os bombeiros.
Foto: Divulgação/GEA
Queimadas ainda preocupam, mas ações integradas combatem
No domingo (26), um incêndio de grandes proporções às margens da rodovia AP-070 causou um acidente e afetou o tráfego perto da comunidade Abacate da Pedreira.
Testemunhas relataram que a fumaça tomou conta da pista e obrigou motoristas a parar no acostamento.
O comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Pelsondré Martins, afirmou que as equipes atuam de forma integrada, com ações de combate e educação ambiental nas áreas mais afetadas.
“Os resultados vêm de investimentos contínuos, ações educativas e da presença constante das equipes da Operação Amapá Verde. Essa atuação tem sido essencial para reduzir os focos de queimadas, principalmente nas áreas mais vulneráveis”, destacou o coronel.
A Operação Amapá Verde começou em 21 de agosto e vai até dezembro. A iniciativa é dividida em 12 ciclos, com troca de equipes a cada 10 dias.
O Corpo de Bombeiros mantém bases em Laranjal do Jari, Mazagão, Ferreira Gomes, Pedra Branca do Amapari, Tartarugalzinho, Amapá e Itaubal — regiões com maior risco de queimadas.
Comunidade produtora de açaí, localizada em Acará (PA), é atendida pelo Hub de Sociobioeconomia do banco. Foto: William Pinto Alves Seixas
As populações da Amazônia e da Mata Atlântica brasileiras terão acesso a R$ 2 bilhões em financiamentos para iniciativas ligadas à sociobioeconomia, modelo que une conservação ambiental, valorização dos saberes tradicionais e inclusão social. Desse total, 3.500 famílias de comunidades tradicionais devem ser beneficiadas com potencial de crédito de R$ 200 milhões.
A disponibilização de crédito é parte da atuação do Hub Financeiro da Bioeconomia do Banco do Brasil (BB), que já tem unidades físicas em Manaus (AM), Belém (PA) e em Ilhéus (BA), e possui capilaridade em todo o território brasileiro. O Hub Norte atende toda a região da Amazônia Legal e o Hub Nordeste atende as comunidades do bioma Mata Atlântica. Todas as unidades devem alcançar R$ 5 bilhões em financiamentos até 2030.
Os espaços oferecem atendimento físico e digital, assistência técnica e soluções financeiras adaptadas às realidades específicas. Agentes de crédito especializados em sociobioeconomia atuarão diretamente nas comunidades tradicionais, promovendo educação financeira e inclusão produtiva.
Este trabalho será um dos destaques apresentados pelo banco em eventos paralelos durante a COP 30, em Belém (PA), e poderá ser conhecido também no estande do Banco do Brasil, na Zona Verde.
Belém (PA). Foto: Reprodução/Agência Pará
Os esforços dialogam com o Plano Nacional de Desenvolvimento da Bioeconomia (PNDBio) , coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), uma vez que um dos eixos mais estratégicos do planejamento é a sociobioeconomia, que busca integrar comunidades tradicionais, povos indígenas, agricultores familiares, mulheres e jovens às cadeias produtivas sustentáveis.
Por meio de acordo firmado com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Fundo Verde para o Clima (GCF), o Banco do Brasil destinará US$250 milhões ao Programa BB Amazônia. A iniciativa visa ampliar o acesso ao crédito para até 11,7 mil empreendimentos locais, incluindo cooperativas, agricultores familiares e negócios liderados por mulheres.
De acordo com o vice-presidente de Negócios de Governo e Sustentabilidade Empresarial do BB, José Ricardo Sasseron, a instituição faz busca ativa pelas comunidades ribeirinhas, extrativistas e indígenas: “Não esperamos que os projetos venham até o banco. Nós vamos até eles”.
O BB também firmou parceria com o Instituto Clima e Sociedade (iCS), com objetivo de implementar um programa de apoio a povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais.
A iniciativa fomenta o desenvolvimento socioeconômico sustentável e valoriza a cultura deste grupos, incentivando a comercialização de produtos da sociobioeconomia, como artesanato, e desenvolvendo projetos de recuperação de terras degradadas.
Parque Estadual Zé Bolo Flô é uma homenagem ao poeta andarilho. Foto: Reprodução/Google Maps
José Inácio da Silva, conhecido popularmente por Zé Bolo Flô, era um compositor e poeta que andava nas ruas da cidade de Cuiabá (MT). Foi um andarilho, nos anos de 1970 e 1980, considerado por muitos como ícone da cultura da cidade. Seu nome popular é devido as suas vendas de bolos e flores no bairro cuiabano Baú.
Foto: Francisco das Chagas Rocha/Acervo pessoal
Zé vendia bolos e flores no centro da cidade, entrava nas missas e festejos religiosos oferecendo seus produtos, para conseguir se sustentar pelas ruas. O poeta escrevia para as pessoas e em troca pedia uma refeição.
Ficou assim conhecido, segundo relatos, porque gritava pelas ruas quais produtos estava vendendo: bolos e flores.
Utilizava roupas humildes, muitas delas doadas por pessoas que acompanhavam seu trabalho nas ruas.
No fim de sua vida, ele foi considerado louco e o internaram no hospital psiquiátrico Adauto Botelho.
No cemitério dos Inocentes em Porto Velho existem muitas personalidades enterradas. Foto: Wesley Pontes
O Cemitério dos Inocentes é um dos mais antigos de Porto Velho. Construído em 1915, o local conta atualmente com mais de 35 mil pessoas sepultadas, a maioria em jazigos e gavetas. Dentre os enterrados no local, estão políticos, religiosos, comerciantes, médicos e intelectuais.
Dentre os milhares que ‘descansam eternamente no local’ existem personalidades que possuem sua relevância histórica, em diferentes momentos, durante a evolução do Estado de Rondônia. Conheça seis:
Conhecido como Major Amarante. Militar do Exército Brasileiro, engenheiro, geógrafo, cartógrafo, explorador e sertanista, ele seria genro do patrono de Rondônia, Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon. Major Amarante também contribuiu para a instalação de linhas telegráficas junto com Rondon e teria morrido em 1929, aos 49 anos de idade.
O jazigo do sertanista carioca em Porto Velho. Major Amarante contribuiu para a instalação de linhas telegráficas com Marechal Cândido Rondon. Foto: Reprodução
Vespasiano Ramos
Intelectual e muito famoso na época, inclusive sendo homenageado com nome de rua, outro personagem que está sepultado no Cemitério dos Inocentes é o poeta maranhense Joaquim Vespasiano Ramos. O poeta morreu em 1920, após ter passado por seringais na região de Ariquemes, onde contraiu malária, mas a causa da morte teria sido tuberculose.
O poeta morreu em 1920, após ter passado por seringais na região de Ariquemes. Foto:José Carlos
Miguel Chakian
Natural da Síria, importante comerciante, outro homenageado com nome de rua na cidade, também se encontra sepultado ali e tem um dos jazigos mais suntuosos. Conforme registrado na história, o sírio chegou a Porto Velho no ano de 1917. Um dos filhos dele, chamado Thomaz Miguel Chakian, foi prefeito de Porto Velho e suplente de deputado federal por Rondônia.
George João Resky, que fundou o antigo Cine Teatro Resky, instalado próximo a Praça Marechal Rondon, no Centro Histórico de Porto Velho. Reske Faleceu em 13 de março de 1963, com 83 anos de idade.
George João Resky, que fundou o antigo Cine Teatro Resky. Foto: Wesley Pontes
Carnavalesco Manoel Mendonça
No caso do sepultamento do empresário e carnavalesco Manoel Mendonça, o Manelão, fundador da Banda do Vai Quem Quer, o administrador conta que ocorreu um fato completamente atípico no cemitério. No momento do enterro, Manelão foi homenageado pelos amigos com muita música, as famosas marchinhas que marcaram época nos desfiles da banda.
Manelão morreu no dia 28 de fevereiro de 2011, aos 62 anos de idade. O túmulo dele está localizado próximo à entrada do cemitério, do lado esquerdo. “O momento era de tristeza, mas as homenagens transformaram o sepultamento dele num momento festivo”, afirma o administrador do cemitério.
Raimundo Alves Monteiro
Próximo à sepultura de Manelão, está o túmulo de Raimundo Alves Monteiro, mais conhecido pelo apelido de Beleza. Homem simples, mas muito conhecido pelo público católico, ele trabalhava como zelador na Catedral do Sagrado Coração de Jesus e, por muitos anos, foi o responsável por tocar o sino e chamar a população a assistir à missa.
O Dia de Finados, celebrado no dia 2 de novembro, é realizado desde o século V, após a Igreja Católica escolher um dia do ano para rezar por todos os mortos. A data marca, no Brasil, uma alta movimentação nos cemitérios, uma vez que muitos familiares aproveitam o momento para visitar seus entes queridos que já morreram. Na Amazônia não seria diferente, mas diferente mesmo são alguns deles.
Conheça – ou relembre – fatos sobre alguns construídos na Amazônia que são inusitados:
A ilha cemitério
Localizado nas margens do Rio Negro, o Cemitério Nossa Senhora da Conceição das Lages, é um dos que estão localizados na Zona Rural de Manaus, no Amazonas. Ele está localizado na Ilha Visconde de Mauá, no bairro Mauazinh, e foi fundado em 1906. O local possui espaço para mais de 1.900 sepulturas, distribuídas em uma área de 21.840 m², segundo informações da Secretaria Municipal de Limpeza Pública (Semulsp), tendo recebido mais de 1.920 inumados.
Isolado em uma ilha com aproximadamente 40 metros de altura, o acesso para pode ser feito apenas por meio fluvial, geralmente em período de cheia do rio, por meio de lanchas que vão até o local.
Transformado em parque em 2023, um cemitério no Pará se tornou verdadeiro espaço cultural. Trata-se do Parque Cemitério Soledade, em Belém. Nele, o visitante consegue passear através da memória da capital paraense.
Com influências do romantismo, neoclássico, neogótico e neobarroco, em 1964 ele foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como patrimônio arquitetônico, urbanístico e paisagístico. Foi o primeiro tombamento de um cemitério no Brasil.
Em mais de 170 anos de existência, foram sepultadas mais de 30 mil pessoas, em grande parte vítimas das epidemias de febre amarela e cólera, que marcaram o século XX. Hoje, o Parque possibilita múltiplos usos para o culto religioso, passeio, pesquisa, educação patrimonial, entre outros.
Um município amazônida possui uma característica tão única que não é possível construir um cemitério no local. Pesquisadores afirmam que o problema é o tipo de solo da cidade, por possuir uma substância chamada Caulim, um tipo de minério composto por silicatos hidratados de alumínio. O minério impede que os corpos se desintegrem.
Este município é Pacaraima, em Roraima. A cidade tem 8.025,045 km² de área territorial e, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tem uma população de pouco mais de 20 mil pessoas. A cidade fica no extremo norte do Estado, na fronteira com a Venezuela. Com 920 metros de altitude é considerada a cidade mais alta da Região Norte do Brasil.
O escritor Vespasiano Ramos foi sepultado em 1916 no cemitério dos inocentes. Foto: José Carlos
No dia 2 de novembro, o Brasil celebra o Dia de Finados, data em que milhões de pessoas visitam os túmulos de familiares e amigos para homenagear suas memórias. Em Porto Velho, os moradores se preparam para fazer dessa data, um momento de lembrança e respeito.
Entre os cemitérios públicos da capital rondoniense, o Cemitério dos Inocentes se destaca pela sua relevância histórica. Localizado na região central, o espaço vem se consolidando também como um ponto de turismo de memória, atraindo visitantes interessados em conhecer os túmulos de figuras marcantes da história local e nacional.
O Cemitério dos Inocentes é um dos mais antigos da cidade. Construído em 24 de janeiro de 1915, o local foi inaugurado três meses após a criação oficial do município, no dia 2 de outubro do ano anterior, pelo então superintendente municipal Fernando Guapindaia de Souza Brejense, cargo equivalente ao de prefeito.
Na época, Major Guapindaia, militar reformado do Exército Brasileiro, teria prometido que o nome da primeira pessoa a ser sepultada ali, também seria o nome do local. Como os primeiros corpos enterrados naquele espaço teriam sido de duas crianças gêmeas, o local ganhou o nome de Cemitério dos Inocentes.
O local foi inaugurado três meses após a criação oficial do município, no dia 2 de outubro do ano anterior, pelo então superintendente municipal Fernando Guapindaia de Souza Brejense. Foto: José Carlos
O nome “Inocentes” remete aos primeiros sepultamentos realizados no local — de duas crianças, que inspiraram a denominação. Ao longo dos anos, o cemitério passou a abrigar os restos mortais de personalidades importantes, como Major Amarante, George Resky, a ornitóloga Emilie Snethlage, Mãe Esperança, que dá nome à maternidade municipal e Vespasiano Ramos, o escritor é um dos principais nomes da Região Norte do país que que marcou a história da literatura em Rondônia.
O escritor é um dos principais nomes da Região Norte do país que que marcou a história da literatura em Rondônia.
De acordo com o secretário executivo de Turismo, Alekis Palitot, valorizar o Cemitério dos Inocentes é reconhecer a própria história da cidade.
“Neste cemitério estão sepultados muitos nomes da nossa cultura local, como a Mãe Esperança. O Cemitério dos Inocentes faz parte não apenas da história de Porto Velho, mas também da história do Brasil e do mundo”, destacou Palitot.
Sepulturas
Atualmente, estão sepultadas cerca de 35 mil pessoas, a maioria em jazigos e gavetas. Segundo relatos dos servidores que trabalham no local, o Cemitério dos Inocentes foi criado para resolver um impasse. É que a direção do histórico Cemitério da Candelária, construído no início de 1900, só permitia o sepultamento de trabalhadores da lendária Estrada de Ferro Madeira Mamoré. Por conta disso, a população sepultava seus familiares em uma área localizada nas imediações da atual Vila da Eletronorte, na zona Sul, onde funcionava como cemitério clandestino.
Em 2025, a expectativa da Prefeitura é de que mais de 20 mil pessoas visitem os cemitérios públicos de Porto Velho no final de semana, reforçando o significado de respeito, fé e memória que marca o Dia de Finados.
*Com informação da Superintendência Municipal de Comunicação de Porto Velho (SMC)
A imagem da bruxa como uma mulher malvada, de nariz pontudo e caldeirão borbulhante, ainda povoa o imaginário popular. Mas, no Amapá, essa figura ganha novos significados. Longe dos estereótipos, as chamadas ‘bruxas modernas’ são pessoas que praticam a Wicca — uma religião contemporânea politeísta baseada na conexão com a natureza, no autoconhecimento e no respeito à diversidade.
Entre elas, estão a grã-sacerdotisa Samara Oliveira de 38 anos, ou Aislin Acy, e Everaldo Terceiro de 48 anos, que adotou o nome espiritual Galdax Sokarh.
O casal se conheceu por meio da Wicca e está junto desde 2013. Pais de duas filhas pequenas, eles compartilham a rotina entre família, estudos e rituais da tradição.
Samara é psicanalista clínica e começou a praticar a Wicca em 2000, após um trabalho escolar de ensino religioso.
“Comecei a estudar, me aprofundar, e nunca mais parei. A Wicca entrou na minha vida como um resgate. Foi como se eu tivesse reencontrado um lugar onde já estive, uma memória espiritual que voltou. A religião me trouxe ferramentas para olhar para mim mesma, para entender minhas luzes e minhas sombras. Não é só sobre magia, é sobre mergulhar fundo, se reconhecer e se transformar. Desde então, ela tem sido meu caminho, minha prática e minha cura”, disse.
Everaldo é servidor público e contou que o interesse pela prática começou ainda quando era criança, após se deparar com um tarô.
“É um caminho de estudo, de prática e de desconstrução. A imagem da bruxa como algo ruim foi construída por uma sociedade que não aceitava o diferente. Mas aqui, a bruxaria é cura, é acolhimento, é reconexão com a natureza e com quem somos de verdade”, contou Everaldo.
A Wicca é uma religião oficialmente reconhecida na década de 1950, quando a bruxaria deixou de ser crime na Inglaterra. Desde então, se espalhou pelo mundo como uma prática espiritual que valoriza a liberdade, a inclusão e o respeito aos ciclos da vida.
Foi nesse período que Gerald Garder, ocultista e escritor britânico escreveu o primeiro livro sobre o tema, apresentando a Wicca como a ‘religião da Grande Mãe’.
A prática, antes marginalizada, passou a ser vista como uma forma legítima de espiritualidade, ligada principalmente à natureza e energia feminina.
Foto: Isadora Pereira/Rede Amazônica AP
Com a onda de movimentos culturais e sociais, como o Woodstock nos Estados Unidos, a Wicca se espalhou e passou a atrair pessoas em busca de liberdade, inclusão e reconexão com as raízes ancestrais.
Para os praticantes, ela representa um espaço de acolhimento, onde cada indivíduo pode se reconhecer fora dos padrões patriarcais e construir a própria jornada espiritual.
“A Wicca abraça minorias e pessoas que não se encaixam nos padrões da sociedade patriarcal. É uma filosofia de liberdade, mas também de responsabilidade. Você pode fazer o que quiser, desde que não machuque ninguém — nem a si mesmo”, diz Everaldo.
Ela e o marido fazem um estudo profundo sobre a religião, e já passaram por diversos rituais em outras partes do Brasil.
Bruxas Wicca possuem rituais marcados por elementos da natureza
Os rituais wiccanos são marcados pela presença dos quatro elementos — água, fogo, terra e ar — e por símbolos como o cálice e o caldeirão, que representa o útero da Deusa.
“O caldeirão é o início e o fim de tudo. Ele carrega a energia da criação e da transformação”, explica Samara.
O único grupo de pagãos no estado é o ‘Amapagão’, fundado em 2013 por Samara e atualmente possui pelo menos 20 integrantes. São dois tipos principais de celebrações:
Sabás: festivais maiores, realizados oito vezes ao ano, que acompanham os ciclos da natureza;
Esbás: celebrações lunares, voltadas para os ciclos da lua.
Foto: Isadora Pereira/Rede Amazônica AP
Uma das datas mais importantes é o Samhain, celebrado em 31 de outubro, que para os demais, é a data conhecida como o ‘Dia das Bruxas’.
“É o nosso ano novo. Marca o fim de ciclos, de relações, de projetos. É o momento de deixar para trás o que não queremos levar para a nova roda”, diz Samara.
A Wicca também propõe uma revisão histórica sobre o conceito de bruxaria. Everaldo explica que muitos símbolos considerados negativos, como o diabo com chifres, têm origem em divindades celtas ligadas à natureza.
“A imagem da bruxa malvada foi construída por uma sociedade cristã que condenou práticas naturais como pecado. O Natal acontece perto do Yule, que marca o renascimento do Deus. A Páscoa tem relação com o festival de Ostara. Com o tempo, essas festas foram ressignificadas e apresentadas como verdades absolutas”, diz.
Barco parte de Manaus com destino a Belém. Foto: Rodolfo Pongelupe
O ‘Banzeiro da Esperança‘ é uma expedição fluvial e cultural que conectará comunidades ribeirinhas, povos indígenas e quilombolas, juventudes, pesquisadores e parceiros no trajeto Manaus–Belém, com paradas em Parintins e Santarém, rumo à COP30(10 a 21 de novembro de 2025, em Belém). Idealizada pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS) e pela Virada Sustentável, a jornada culminará na entrega da “Carta da Amazônia”, com propostas concretas para adaptação climática, conservação e sociobioeconomia.
“O Banzeiro da Esperança é uma grande jornada de Manaus até Belém que leva diferentes vozes da Amazônia para apresentar prioridades e soluções frente às mudanças climáticas. É um caminho de enfrentamento à injustiça climática, pois quem menos contribuiu para o problema é quem mais sofre seus impactos”, afirma Virgilio Viana, superintendente geral da FAS.
A partida do barco está prevista para 4 de novembro, em Manaus, por volta das 19h, no Mirante Lúcia Almeida. No dia 5, ocorre uma parada cultural em Parintins, e terá um encontro com os bois Caprichoso e Garantido. No dia 6, o barco chega a Santarém para parada técnica.
Entre os dias 4 e 7 de novembro, durante a navegação, haverá atividades pela manhã, tarde e noite, integrando lideranças, juventudes e parceiros a bordo. A chegada a Belém está prevista para 7 de novembro.
Destaques da programação a bordo
Painéis sobre COP30 e agendas de clima na Amazônia;
Escutas de relatos comunitários;
Mural de memórias e exposição fotográfica;
Oficinas de audiovisual e apresentação de materiais produzidos ao longo da jornada.
Banzeiro da Esperança em Belém
Ao atracar em Belém, o Barco Cultural “Banzeiro da Esperança” se tornará um Centro Cultural e de conteúdo aberto, servindo como plataforma de visibilidade e intercâmbio de saberes e expressões da Amazônia.
“A arte e a cultura gerando reflexão e informação sobre os temas da sustentabilidade sempre foram a principal missão da Virada Sustentável, e ganham um contorno especial nesse projeto inédito para a COP30”, afirma André Palhano, cofundador da Virada Sustentável
A programação do “Banzeiro da Esperança” reflete a potência e a diversidade cultural da Amazônia, articulando arte, conhecimento e mobilização social em um mesmo fluxo. Resultado de um edital público que recebeu mais de uma centena de inscrições, de uma curadoria local e de uma mobilização de rede, a agenda foi concebida para valorizar as produções locais e promover conexões.
Ao longo da jornada e nas atividades em Belém, o barco abrigará ações artísticas e formativas, incluindo shows musicais, apresentações de artes cênicas, mesas de debate, workshops, rodas de conversa e atividades conduzidas por parceiros institucionais, criando pontes entre cultura, sustentabilidade e futuro.
Barco levará ações para comunidades durante o trajeto. Foto: Divulgação
Um dos destaques é a mostra especial da Amazônia Negra, com dois dias inteiros voltados à valorização das expressões culturais afro-amazônicas. A programação ainda contará com painéis sobre a COP30 e as agendas climáticas da região, oficinas de audiovisual, exposições e espaços de intercâmbio.
O Banzeiro se consolida como um centro flutuante de diálogo e criação coletiva, reunindo arte, conhecimento e ancestralidade em um percurso simbólico que conecta o Rio Amazonas à Conferência do Clima em Belém, e o mundo às vozes da floresta.
Durante a COP30
Na COP30 (10–21/11/2025), a comitiva articulada pelo “Banzeiro da Esperança” entregará a “Carta da Amazônia” a autoridades, negociadores e sociedade civil, além de promover agendas de incidência, painéis e ações culturais em espaços oficiais e paralelos.
Planos de Ação Climática
Desde julho, diversas instituições participaram da Jornada de Formação para a COP30, uma mobilização nacional que reuniu lideranças indígenas, ribeirinhas e quilombolas para fortalecer a capacidade de incidência e negociação e garantir presença efetiva nos espaços decisórios da conferência. Mais de mil pessoas participaram dessas oficinas.
“Esta edição da COP30 é um marco para o Brasil e o mundo, e as pessoas daqui precisam ser as primeiras a falar e a serem escutadas. Esse é um dos objetivos dos planos”, afirma Valcléia Lima, superintendente geral adjunta da FAS.
A iniciativa tem parceria institucional com o Ministério dos Povos Indígenas (MPI), Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS), Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) e apoio da Rede Conexão Povos da Floresta.
Em Manicoré (AM), a estudante Dáfira Laborda da Conceição destacou que a oficina foi um marco de união e fortalecimento: “Mostrou a importância de estarmos organizados e de unirmos forças em torno da educação e da adaptação às mudanças climáticas. A escola flutuante é um exemplo de como transformar dificuldades em soluções para as próximas gerações”.
Foram recebidos 71 planos, dos nove estados da Amazônia Legal e 30 foram selecionados para compor o projeto “Banzeiro da Esperança”.
Seminário sobre Planos de Ação Climática
Antes da partida do barco rumo a Belém, lideranças comunitárias se reúnem em Manaus, na sede da FAS, no dia 04 de novembro, para consolidar suas propostas que seguirão para a etapa de captação de recursos.
Sobre a iniciativa
A iniciativa é uma articulação interinstitucional que visa mobilizar a sociedade para a maior conferência climática do planeta, que será realizada em Belém (PA), em 2025. O projeto é apresentado por meio da Lei de Incentivo à Cultura e Sabesp, com realização da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), Virada Sustentável e Ministério da Cultura.
Conta com o patrocínio da Heineken SPIN, Vale e WEG, e com o apoio da Bemol, Ecosia, Edenred, Instituto Itaúsa e Suzano. O projeto também tem parceria com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS), Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), Rede Conexão Povos da Floresta e Ministério dos Povos Indígenas (MPI). A Rede Amazônica é parceira de mídia oficial do projeto.
Desmatamento na Amazônia. Foto: Vinícius Mendonça/Arquivo Ibama
Cientistas e representantes da sociedade civil cumpriram seu papel no combate à crise climática, e o foco agora deve estar na implementação e na criação de mecanismos de governança capazes de frear o desmatamento e o uso de combustíveis fósseis, alertaram pesquisadores e tomadores de decisão durante o webinário “Pré-COP30: ciência, políticas climáticas e negócios”, organizado pela Fundação Getúlio Vargas, no dia 29 de outubro.
“Essa tem que ser a COP da implementação. A ciência já provou o que tinha pra provar, a sociedade civil já cansou de chamar atenção para essa pauta e agora chegou a hora de virar a chave e começar a agir. O livro de regras do Acordo de Paris está quase pronto. Não temos mais desculpa para não fazer. A implementação da mitigação não precisa de consenso — cada país, organização, empresa e nação pode fazer a sua parte a partir de agora”, destacou André Guimarães, diretor-executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e Enviado Especial da Sociedade Civil para a COP30.
“Na sociedade civil, temos uma harmonia a respeito das prioridades. Precisamos dar uma direção clara sobre o abandono dos combustíveis fósseis. A segunda prioridade é acabar com o desmatamento, principalmente nas florestas tropicais. Essas duas questões precisam ser tratadas de forma agressiva para sairmos com uma direção clara, para que, além de uma COP da implementação, essa seja uma COP da esperança”, completou André.
Com o agravamento dos efeitos da crise climática — que afetam cada vez mais as atividades econômicas, o escoamento da produção, a geração de energia e a infraestrutura —, a agenda ambiental tem ganhado espaço dentro do mercado privado. Segundo Paulo Artaxo, coordenador do Centro de Estudos Amazônia Sustentável da Universidade de São Paulo e presidente do Conselho do IPAM, o tema é essencial para o funcionamento do planeta e traz consequências potencialmente severas para regiões como o Brasil.
“Estamos em rota para um aumento de 2,8 °C na média global. Nas regiões continentais, como o Brasil, isso significa um aumento entre 3,5 °C e 4 °C. O que isso representa para cidades brasileiras que já têm temperaturas elevadas? Como isso afeta as chuvas e a irrigação do agronegócio? E a geração de energia? Os impactos sobre a economia serão tremendos. Essa pauta era urgente na década passada. Agora, estamos além da urgência — é algo essencial”, alertou Artaxo.
Atuação da ciência e o que deve ser feito é debatida por pesquisadores. Foto: Reprodução/Youtube-FGV
“Na agricultura, a gente precisa de um pouco de chuva quando planta, muita chuva enquanto a planta cresce e nenhuma chuva na colheita. A vantagem competitiva do Brasil é que, em algumas áreas, isso acontece três vezes ao ano — e só ocorre por causa das florestas. Se colocarmos a floresta em risco, essa produção não vai mais acontecer. Isso significa comida mais cara e mais escassa para o mundo. Preservar a floresta é contribuir para o clima, para a economia, para as culturas tradicionais e para a alimentação da população”, defendeu André Guimarães.
Além da necessidade de adaptação aos riscos apresentados pelas mudanças climáticas, o webinário também destacou o potencial dos atores do mercado privado para fortalecer a Agenda de Ação e a implementação das políticas discutidas na COP30. Sem a participação de bancos e empresas, destacaram os palestrantes, qualquer iniciativa de sustentabilidade terá alcance e efetividade limitados.
“O mercado é esse instrumento poderoso, mas complexo, de mitigação das mudanças climáticas. Precisamos capacitar todos os atores envolvidos nessa agenda para que consigam lidar com ele e entender o seu papel na mitigação. O mercado é uma ferramenta de financiamento, mas também uma ferramenta muito importante para atingir metas e reduzir custos de implementação. Fazer isso sem o mercado seria muito mais custoso”, concluiu Beatriz Soares, gerente de Projetos da Secretaria Nacional de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas.
Ciência fez sua parte, mas implementação tem que acelerar, alerta IPAM. Vídeo: Youtube FGV
*O conteúdo foi originalmente publicado pelo IPAM, escrito por Lucas Guaraldo
Líderes, chefes de Estado e chefes de Governo estarão reunidos na cidade de Belém (PA) para a Cúpula do Clima entre os dias 6 e 7 de novembro. Está confirmada a participação de 143 delegações dos 198 países signatários dos tratados internacionais que tratam do tema.
Segundo a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, esse será o momento que os líderes mundiais darão o “termo de referência” para que as delegações possam conduzir as negociações na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), entre os dias 10 e 21 de novembro.
Embora nas últimas duas COP, nos Emirados Árabes Unidos e Azerbaijão, a reunião dos chefes de Estado também tenha aberto a conferência, esse encontro de alto nível pode ocorrer em outros momentos.
“Se convencionou uma tradição móvel de ser no início, meio ou final das COP. Cada uma delas tem um sentido”, explica Marina Silva.
Ministra Marina Silva destaca que líderes tem papel fundamental na Cúpula para a COP30. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
Cúpula antecipada
No Brasil, pela primeira vez, esse momento será deslocado do calendário oficial da COP, mas cumprirá a função de orientação e impulsionamento da etapa de negociações.
Na programação da cúpula, está prevista uma plenária que será aberta pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 6, e que permanecerá aberta até o final do dia 7 ou quando encerram os discursos nacionais dos líderes inscritos. Nos dois dias também haverá sessões temáticas.
O presidente do Brasil conduzirá mais três sessões temáticas, sendo uma ainda no dia 6 sobre Florestas e Oceanos. No dia 7, pela manhã, o tema será transição energética e, no período da tarde, o encontro tratará sobre os 10 anos do Acordo de Paris, Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC na sigla em inglês) e financiamento.
“Todos os líderes terão a possibilidade de fazer um discurso na plenária e posteriormente também participar de uma ou duas das sessões temáticas. Então nós estamos distribuindo os líderes para participarem das sessões que terão em média 40 líderes. Isso está sendo negociado com cada governo”, explica o embaixador Maurício Lyrio.
Desde o dia 5, a presidência brasileira da COP promoverá uma agenda de encontros bilaterais, que será divulgada somente no dia, mas de acordo com o embaixador, já está confirmado que os Estados Unidos e a Argentina não enviarão delegação para a cúpula.
Segundo Maurício Lyrio, das delegações confirmadas, estarão presentes 57 líderes mundiais: “Por razões de protocolo diplomático de segurança, nós não divulgamos os nomes antecipadamente, mas teremos uma presença muito significativa de líderes. Sobretudo com essa confirmação de 143 delegações, o fato de que a cúpula será muito representativa da comunidade internacional”.