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UFAM e Funai discutem parcerias para promover acesso de povos indígenas ao ensino superior

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A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) recebeu no dia 15 de agosto representantes da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) para discutir formas de ampliar o acesso dos povos indígenas às universidades, bem como a atuação da UFAM nas terras indígenas por meio de projetos de extensão.  

A ideia é construir parceria interinstitucional para reduzir as dificuldades socioculturais e linguísticas  enfrentadas por jovens indígenas ao ingressar no ensino superior.

Além disso, a autarquia indigenista e a UFAM discutiram sobre a necessidade de ampliar a quantidade de bolsas-permanência para auxiliar nos custos financeiros que os estudantes possuem ao saírem de seus territórios para residir nos municípios onde estão localizadas os campus das unidades acadêmicas. 

Hoje a quantidade de bolsas é insuficiente e se faz necessário qualificar a assistência estudantil de forma a respeitar as especificidades étnico-culturais. A diretora de Administração e Gestão da Funai, Mislene Metchacuna, destacou a importância de parcerias com outros órgãos e instituições para viabilizar a construção de políticas públicas mais assertivas. 

Foto: Lohana Chaves/Funai

A Funai não executa diretamente a implementação de políticas de educação. No entanto, cabe à autarquia propor e orientar a política indigenista, em parceria com outros órgãos e com os estados e municípios, para promover e proteger os direitos dos povos indígenas, como explica o coordenador de Processos Educativos da Funai, André Ramos. 

Os representantes da UFAM destacaram a importância de formar profissionais com orientação sobre as particularidades dos povos indígenas e que conheçam as dificuldades logísticas de acesso às comunidades, mas principalmente que formem indígenas com a qualificação necessária e que se sintam acolhidos pela Universidade, que deve ter adequação e condições estruturais para melhor atuar.  

Foto: Lohana Chaves/Funai

Também representaram a UFAM Geone Maia Correa, do Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia (Itacoatiara); Davy Ribeiro da Silva, do Instituto de Educação, Agricultura e Ambiente (Humaitá); e Antônio Vagner Olavo, do Instituto de Natureza e Cultura (Benjamin Constant).

*Com informações da Fundação Nacional dos Povos Indígenas

Seca extrema possibilita atravessar rio a pé na fronteira do Acre com o Peru

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Com mais de 4 mil moradores afetados pela seca dos rios Acre e Iaco, a cidade de Assis Brasil, que faz fronteira com o Peru decretou situação de emergência no dia 19 de agosto. O decreto foi publicado no Diário Oficial do Estado (DOE). Em um vídeo, o coordenador da Defesa Civil do município, Jonata Albuquerque, mostra que passou a ser possível atravessar o manancial a pé.

“Está é a condição do Rio Acre, estou andando dentro dele, mal está cobrindo o tornozelo. Há partes muito secas que cobrem basicamente o pé, formando toda parte do nosso rio. Está intrafegável de Assis Brasil para as cabeceiras, a gente navegar nele”, detalha.

Segundo a Defesa Civil Municipal, o Rio Acre banha a zona urbana da cidade e o Rio Iaco a zona rural, na outra extremidade. Albuquerque, explicou que não há dados oficiais da medição dos mananciais por conta de problemas de leitura.

Outro vídeo feito pelo coordenador na Ponte da Integração, que liga o lado brasileiro ao peruano, revelam um cenário preocupante com o manancial praticamente seco. “Basicamente sem condições de trafegabilidade, não tem água para trafegar, totalmente seco. A parte mais funda não dá um metro de largura”, diz o sargento no vídeo.

No início do ano, o Rio Acre em Assis Brasil chegou a 13,36 metros e a enchente afetou mais de 3,5 mil entre moradores da zona urbana e rural. A cidade, inclusive, chegou a ficar isolada por terra por conta do fechamento da Ponte Metálica José Augusto, que liga Brasiléia e Epitaciolândia e dá acesso à Assis Brasil pela BR-364.

Mais de 4 mil afetados

Ainda segundo o coordenador, a seca afeta moradores da zona urbana e indígenas e ribeirinhos na área rural, mas o cenário pior é na zona rural que é banhada pelo Rio Iaco. Ele destacou que está quase impossível navegar até algumas aldeias mais distantes.

Foto: Divulgação/Defesa Civil de Assis Brasil

“O pessoal do ICMBio até paralisaram alguns serviços que fazem periodicamente porque não tem como navegar mais”, disse.

Albuquerque contou que as equipes elaboram o plano de ação de trabalho para poder pedir verbas para o governo federal, comprar cestas básicas e distribuir na zona rural. O planejamento inclui ainda a distribuição de água potável em carros-pipas.

Com as dificuldades na navegação, o sargento afirmou também que ribeirinhos e indígenas estão sem conseguir sair de suas comunidades e ir até a área urbana sacar benefícios e fazer compras.

“Não têm como se locomover porque o rio não permite isso. O segundo problema é que as plantações, como mandioca, banana, entre outras, são prejudicadas com a seca. O poder público entra nessa parte”, concluiu.

Emergência no Acre

No último dia 16, o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) reconheceu situação de emergência em todos os 22 municípios do Acre por conta da seca severa. Além de Rio Branco , que já estava nesta condição desde 24 de julho, a pasta publicou uma portaria anunciando outras 21 cidades.

A decisão foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) e assinada pelo secretário nacional de Defesa Civil, Wolnei Wolff Barreiros.

De acordo com o governo federal, o reconhecimento permite que sejam solicitados recursos para ações de defesa civil, como compra de cestas básicas, água mineral, entre outros.

Toda a Bacia do Rio Acre está em situação de alerta máximo para seca, agravado em razão da falta de chuvas na região. Esta situação generalizada perdura há pelo menos um mês.

O governo do estado decretou, no dia 11 de junho, situação de emergência por conta da seca e emergência ambiental por causa da redução da quantidade de chuvas e riscos de incêndios florestais.

Duas semanas depois, foi montado um gabinete de crise para discutir e tomar as devidas medidas com redução dos índices de chuvas e dos cursos hídricos, bem como do risco de incêndios florestais. O decreto com a criação deste grupo foi publicado no dia 26 de junho, em edição do Diário Oficial do Estado (DOE), e fica em vigência até dia 31 de dezembro deste ano.

No ano passado, o decreto de emergência foi publicado em outubro. O coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Carlos Batista, disse que o plano estadual de contingenciamento já foi elaborado.

*Por Aline Nascimento, da Rede Amazônica AC

Exército combate garimpo e exploração ilegal de madeira em Terras Indígenas de Rondônia

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O Exército Brasileiro mobilizou 97 militares para uma operação na Terra Indígena (TI) Tubarão Latundê, localizada em Chupinguaia (RO), no dia 19 de agosto. O foco principal é a repressão ao garimpo, exploração ilegal de madeira, narcotráfico e trafico de armas.

Durante a operação, as equipes apreenderam um trator utilizado na extração ilegal de madeira e identificaram pelo menos 25 pontos de desmatamento na reserva. Além disso, armamentos ilegais foram confiscados em ações anteriores, realizadas no Rio Guaporé, no município de Cabixi.

A primeira fase da operação começou no dia 14 de agosto e tem como objetivo percorrer diversas regiões do estado de Rondônia.

A TI Tubarão Latundê abriga cerca de 300 indígenas das etnias Aikanã, Kwazá e Nambikwara. As atividades ilegais representam uma grave ameaça à preservação do território e à segurança dos seus habitantes.

Exército faz operação em Terra Indígena — Foto: Rede Amazônica
Foto: Rede Amazônica RO

A operação, que deverá continuar até setembro, avançou para uma nova etapa na segunda-feira, com ações concentradas dentro da Terra Indígena. As autoridades esperam que o balanço oficial dos resultados seja divulgado ao término da operação.

Segundo autoridades, a repressão aos crimes ambientais é crucial para proteger as reservas indígenas e impedir que essas atividades ilegais ganhem mercado através das fronteiras do país.

Com a operação em andamento, a expectativa é que as ações contribuam para a preservação ambiental e a segurança dos povos indígenas que habitam a área.

*Por Iuri Lima, da Rede Amazônica RO

22,76 metros: Rio Negro atinge nível crítico em Manaus devido à seca

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Porto de Manaus durante a vazante de 2023. Foto: William Duarte/Rede Amazônica AM

Com 22,76 metros, o Rio Negro atingiu um nível crítico de vazante em Manaus (AM), conforme informou a Defesa Civil do Amazonas no dia 19 de agosto. Para 2024, o governo estadual prevê uma seca severa que pode ser tão grave quanto, ou até pior do que, a enfrentada no ano passado.

Em 2023, a estiagem provocou o nível mais baixo dos últimos 120 anos para o Rio Negro, resultando em estado de emergência em Manaus, fechamento de escolas rurais e alteração significativa em pontos turísticos importantes da cidade.

Atualmente, o governo do Amazonas declarou situação de emergência em 20 cidades devido aos efeitos da seca. Em Envira, a população enfrenta desabastecimento e aumento nos preços de itens básicos. Na sexta-feira 16 de agosto, foi publicado um relatório sobre a estiagem que já afeta 111 mil pessoas.

Na segunda-feira, 19 de agosto, a Defesa Civil classificou a situação da vazante em Manaus como crítica. Dados do Porto de Manaus mostram que, só em agosto, o rio caiu 2,42 metros, totalizando uma redução de 4,09 metros desde o início da vazante.

A situação é a mesma nas bacias do Alto Solimões, Médio Solimões e Médio Amazonas. Todas, segundo a Defesa Civil Estadual, estão em nível crítico de vazante.

A situação também é crítica nas bacias do Alto Solimões, Médio Solimões e Médio Amazonas, conforme a Defesa Civil Estadual.

Em Tabatinga, no Alto Solimões, o nível do rio está em 0,02 metros. Em Coari, o rio mede 7,66 metros, e em Itacoatiara, na Região do Médio Amazonas, as águas do Rio Amazonas estão em 8,70 metros nesta segunda-feira, segundo o Proa Manaus.

*Com informações da Rede Amazônica AM

Festival em Santa Luzia do Pacauí celebra importância da mandioca para o Amapá

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A mandioca, também conhecida como macaxeira, aipim, uaipi ou maniveira, é a terceira maior fonte de carboidratos nos trópicos, depois do arroz e do milho. Na região amazônica, a mandioca pode ser consumida de diversas maneiras, ela vai desde o beiju, tapioca, tucupi e tacacá. 

No distrito de Santa Luzia do Pacauí, na área rural de Macapá (AP), o fruto tem um festival para chamar de seu. Isso mesmo. Na cidade, a população celebra o Festival da Mandioca, que reúne uma programação com atividades esportivas, culturais e shows artísticos. A ideia do evento é destacar o potencial da mandiocultura na região e sua importância econômica para o Amapá.

Durante o festival, acontecem competições para eleger as melhores iguarias a partir da mandioca, como farinha e tapioca. O evento também conta com ações sociais, palestras e atendimentos para produtores rurais, incluindo emissões de documentos.

Tecnologia

Em 2024, o Festival chegou a sua 32ª edição em julho. De acordo com o secretário de Estado do Desenvolvimento Rural, Rafael Martins: “Estamos juntos com a comunidade para realizar um evento que envolve, além dos momentos festivos, ações sociais, palestras e atendimento ao produtor para emissões de documentos”.

Durante o evento, técnicos extensionistas mostraram aos produtores rurais inserções de tecnologias na agricultura familiar, como a apresentação de um protótipo de uma mini estufa para multiplicação rápida de manivas-sementes.

Confira alguns dos palestrantes confirmados para a Glocal Amazônia 2024

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Lideranças indígenas, influenciadores, embaixadores de pautas climáticas, empresários e membros da sociedade civil são algumas das funções dos palestrantes convidados da Glocal Amazônia 2024

Com o lema “Pensar local, agir global”, a segunda edição da Glocal na região amazônica será realizada entre os dias 22 e 24 de agosto em Manaus (AM).

Ao todo, são mais de 20 palestrantes. Confira um resumo sobre alguns dos convidados:

Isabelle Nogueira – Influenciadora digital e embaixadora do Festival Folclórico de Parintins, Isabelle ganhou notoriedade após levantar pautas culturais relacionadas à Amazônia em rede nacional.

Phelippe Daou Jr. – CEO do Grupo Rede Amazônica, maior empresa de comunicação da Amazônia. Engenheiro com vasta experiência em comunicações e dedicado à defesa da Amazônia e dos amazônidas, compromisso deixado pelo seu pai, o Jornalista Phelippe Daou.

Valcicleia Solidade – Superintendente de desenvolvimento sustentável de Comunidades. Nascida em uma comunidade quilombola no interior do Pará, Valcléia é uma líder inspiradora e uma defensora incansável do desenvolvimento sustentável e da justiça social. Possui 28 anos de experiência em projetos socioambientais, destacando-se por sua dedicação e impacto significativo nas comunidades da Amazônia.

Luana Borba – Editora-chefe e apresentadora. Luana Borba começou sua carreira na televisão em 2004, no Amazon Sat, em Manaus, depois buscou o desafio de ir para o Nordeste. Em 2013, a convite, retornou para Rede Amazônica (Manaus). Atualmente é apresentadora e editora chefe do Jornal do Amazonas Segunda Edição. Em 2019, foi selecionada para participar do projeto JN50, apresentando o Jornal de maior relevância e audiência do País, o Jornal Nacional. 

Eduardo Taveira – Mestre em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas, possui graduação em Ciências Sociais pela Ufam (2000) e especialização em Desenvolvimento Sustentável (2004). É Secretário de Estado do Meio Ambiente do Amazonas desde de janeiro de 2019. Possui mais de 15 anos de experiência com projetos de gestão pública, ambiental e geração de renda na Amazônia brasileira e internacional.

Jander Manauara – Rapper, Artivista e Articulador cultural. Amazonense e natural de Manaus, acadêmico de Produção Cultural e estudante de Direção de Fotografia na Academia Internacional de Cinema, há 20 anos atuante no cenário Hip Hop Nortista, idealizador do Coletivo de Hip Hop – Origenas. Em 2021 foi homenageado como uma das vozes atuantes na luta pela agenda climática pela ONU Brasil. Agente de transformação local atuante em redes de conexões por todo território da Amazônia Legal.

Yra Tikuna – Artista indígena do povo Tikuna do alto Solimões, estilista, cantora, professora da língua tikuna, Yra cursa pedagogia intercultural na Universidade Federal do Amazonas e tem uma uma marca de roupas e artesanato indígena , além de um coletivo de modelos indígenas com mais de 10 etnias diferentes.

Para acessar a lista completa de palestrantes, acesse aqui.

Sobre o Acelera Amazônia

Glocal Experience Amazônia faz parte do projeto Acelera Amazônia 2024 e tem o apoio da Apa Móveis, Prefeitura de Manaus, Secretaria do Meio Ambiente (SEMA), Amazonastur e Governo do Amazonas. Idealização e operação: Dream Factory. Realização: Fundação Rede Amazônica (FRAM).

Glocal Experience nasceu em maio de 2022 com sua primeira edição no Rio de Janeiro. O encontro busca se tornar anual e tem a intenção de ser realizado em cada Estado da Amazônia. Em 2024, Manaus (AM) recebe o evento pela segunda vez.

MPF processa União e Funai para que Terra Indígena Amanayé, no Pará, seja demarcada

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Imagem: Instituto Socioambiental – Programa Monitoramento de Áreas Protegidas, 2024

O Ministério Público Federal (MPF) entrou com uma ação civil pública na Justiça Federal para obrigar a União e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) a demarcar a Terra Indígena (TI) Amanayé, em Goianésia, no Pará. Apesar de ter sido reservada para os indígenas em decreto publicado há quase 80 anos, até hoje não houve a identificação, delimitação e demarcação da área, conforme destaca o MPF na ação, ajuizada na última quinta-feira (15), com pedido de decisão urgente.

Enquanto o Poder Público é omisso, os indígenas são vítimas de uma série de violações a seus direitos, alerta o MPF. Na ação, o órgão destaca que a demora no cumprimento das obrigações legais da União e da Funai tem gerado pressões econômicas, conflitos fundiários e danos ambientais significativos, além de resultar em desagregação e alterações importantes nos costumes e modos de vida dos Amanayé.

Por isso, além dos pedidos urgentes à Justiça para que sejam adotadas as medidas administrativas necessárias à demarcação da área, o procurador da República Sadi Machado pede, na ação, que a União e a Funai sejam obrigadas a compensar os danos morais resultantes da série de omissões que estão atrasando a demarcação. O pedido do MPF é para que a Justiça Federal condene a União e a Funai ao pagamento de, no mínimo, R$ 3 milhões a serem revertidos em investimentos diretos, visando a promoção de políticas públicas destinadas aos indígenas Amanayé.

Histórico

A Reserva Amanayé foi criada em 1945, pelo interventor federal no Pará Magalhães Barata. Só em 1984 foi designado Grupo Técnico (GT) da Funai e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para definir os limites dessa e de outras áreas indígenas. Em relação à Reserva Amanayé, o trabalho do GT não teve sucesso.

Em 1998, a Funai publicou nova portaria, constituindo o GT para realizar estudos e levantamento de identificação e delimitação da TI Amanayé. Já na época foi identificada a ocupação da área por não indígenas e crimes ambientais contra a fauna e a flora.

Em 2020, os Amanayé pediram à Funai urgência na demarcação, apontando invasão de fazendeiros e plantadores de soja, que estavam georreferenciando terras e até implementando marcos demarcatórios.

Em resposta aos indígenas, a Funai disse que não possuía recursos orçamentários nem pessoal para realizar os estudos da terra indígena. Para o MPF, esse contexto demonstra descaso com a comunidade e com o cumprimento das normas referentes ao direito à demarcação.

A omissão estatal permitiu que, na área da terra indígena, já existam 37 Cadastros Ambientais Rurais (CARs) e arrecadações de glebas para o Estado do Pará, sendo que algumas delas se transformaram em títulos particulares de terras. Os Amanayé atualmente encontram-se parcialmente deslocados da área por uso da força, sem a colaboração da União ou da Funai para que retomem as terras.

Ação Civil Pública nº 1003779-54.2024.4.01.3907

Consulta processual

*Com informações do MPF

Monitoramento da fauna no Médio Xingu indica saúde dos ecossistemas da região

Câmeras especiais capturam o andar imponente de uma jaguatirica. Há poucos quilômetros dali uma onça parda passeia calmamente pela região, enquanto uma onça pintada, que tem excelente visão noturna, vasculha o local atrás de presas. Esses flagrantes recentes da vida selvagem dos três maiores felinos das Américas foram feitos no Médio Xingu, no Pará. Os registros fazem parte do monitoramento de animais que a Norte Energia, concessionária de Usina Hidrelétrica Belo Monte, conduz na área de influência direta do empreendimento, e indicam a saúde dos ecossistemas das florestas, dos rios e igarapés da região. 

O território corresponde a 515 mil hectares, equivalente a 477 mil campos de futebol, e a biodiversidade impressiona. Desde 2012, durante a etapa de implantação da usina, a companhia faz esse trabalho que, até o momento, registrou 825 espécies, em 24 campanhas de campo para monitorar anfíbios, répteis, aves e mamíferos de médio e grande porte e morcegos. A última campanha aconteceu em abril e maio desse ano. Além dos felinos, entre os animais mapeados pelos técnicos, destacam-se o cachorro vinagre, o queixada, o tamanduá-bandeira, o tatu-canastra, o jupará, o quatipuru e o macaco-aranha.

“A presença destes animais nas áreas monitoradas representa um importante bioindicador da saúde dos ecossistemas florestais e hídricos”, avalia Roberto Silva, gerente dos meios físico e biótico da Norte Energia.

De acordo com o biólogo e mestre em Ecologia e Evolução, Átilla Ferregueti, trata-se de um dos maiores levantamentos do país e com descrição de novas espécies.  

Foto: Divulgação/Acervo Norte Energia

Entre os registros ao longo dos últimos 12 anos, o biólogo e coordenador técnico dos trabalhos de campo, Ismael Martins, destaca o momento em que observaram o macaco aranha, um flagrante raro de se conseguir. “No monitoramento que acabamos de fazer detectamos um macaco aranha com filhote. Essa cena comprova como o nosso trabalho está dando certo”, comemora o biólogo. 

Ele explicou que o tempo de gestação de um macaco-aranha é de cerca de 7 meses e meio, nascendo apenas uma cria por ninhada, fatores que dificultam o aumento da população da espécie. Após o nascimento, a mãe ainda cuida do filhote por um período de 3 a 4 anos. A espécie merece atenção e consta nas listas de conservação do Ministério de Meio Ambiente (MMA) e da International Union for Conservation of Nature (IUCN).

Câmeras são camufladas para fazer os flagrantes

Para conseguir observar os animais sem interferir em seus hábitos, a equipe da Norte Energia camufla os equipamentos, chamados de câmeras trap, que são acionados pelos movimentos dos animais e conseguem registrar as interações sociais e padrões comportamentais das espécies. Cada ponto onde a câmera é instalada é mapeado. Por exemplo, é necessário identificar, um corredor ecológico, onde esses animais vão ter acesso à água, em geral, um local mais propício para serem flagrados. 

Todo o processo de monitoramento envolve 72 profissionais, entre biólogos e pilotos fluviais e conta com a participação de moradores de comunidades locais. O conhecimento dos povos da região amazônica é fundamental nesse processo e contribui com os biólogos na identificação de rastros dos animais e de vestígios da floresta durante as atividades de campo.

“Nosso trabalho é bem complexo. Cada atividade é diferente. Datas, horários, nível do rio, cada detalhe vai afetar o método, logística, tipos de equipamentos. Por exemplo, a equipe de aves desenvolve duas metodologias. Uma é o avistamento, registrado com fotografia. Na segunda, eles vão para pontos de escuta pré-definidos, porque os animais são bem pequenos, e utilizamos a microfonia. Eles vão ouvindo e identificando. Quando há dúvida, utilizam playback. Com isso, a ave lá no meio da floresta vai responder, então temos a certeza de que estamos tratando da espécie identificada”, explica Ismael.

Além das câmeras trap, são utilizados lanternas, binóculos, gravadores de ultrassons específicos para monitorar morcegos, gravadores digitais com microfones unidirecionais para captar o som de aves e balanças, paquímetros e fitas métricas utilizadas na biometria dos animais analisados. Também são utilizadas abordagens inovadoras, como os estudos genéticos com DNA ambiental, para detectar as espécies no meio ambiente, sem a necessidade de capturá-las. A metodologia é revolucionária e tem sido utilizada de forma complementar em diversos países.

A aventura da mineração em Rondônia é mostrada em livro

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Garimpeiro representado na arte plástica de Rafael Prado. Foto: Reprodução

Por Júlio Olivar – julioolivar@hotmail.com

O jornalista Montezuma Cruz, com 55 anos de carreira, lança nesta sexta-feira (23/8), às 19h, na Casa de Cultura Ivan Marrocos, em Porto Velho (RO), seu mais recente livro, “Território Dourado”. A obra, com 154 páginas, traz à tona histórias inéditas e significativas sobre a mineração em Rondônia, abordando a vida nos garimpos do Rio Madeira (região de Porto Velho), na Serra Sem Calças em Jaru (região central do estado) e na Serra do Touro em Colorado do Oeste (sul de Rondônia).

Montezuma Cruz revela que a exploração de minérios e metais na região ocorre sem a devida fiscalização dos órgãos públicos federais e estaduais. O autor vai além da mineração, destacando os problemas sociais decorrentes da extração de ouro, como doenças, prostituição e criminalidade. Ele também aborda o tráfico de mulheres entre os estados do Acre, Goiás, Mato Grosso e Rondônia, e a alta mortalidade materna na Amazônia, conforme dados do Ministério da Saúde.

O garimpo na tela pintada por R. Prado. Foto: Reprodução

O livro também explora a ascensão e queda da zona boêmia de Porto Velho, frequentada por garimpeiros entre as décadas de 1970 e 1980, período marcado por doenças venéreas e malária, antes da epidemia de AIDS. A narrativa inclui a ganância de grupos bilionários, o contrabando de metais pelo antigo Aeroporto Belmonte, e questões como analfabetismo, drogas e cinema nos garimpos.

Correspondente de importantes jornais brasileiros, Montezuma relata que, no auge das atividades garimpeiras, o Banco Central enviava aviões com dinheiro para suprir o intenso movimento comercial. A Avenida 7 de Setembro, principal via de Porto Velho, era conhecida como “rua do ouro” devido à quantidade de lojas de compra e venda do metal.

O autor Montezuma Cruz com seu livro. Foto: Divulgação

Ouro e estanho (cassiterita) fazem parte da história de Rondônia desde o século passado. Na década de 1950, o seringalista Joaquim Pereira da Rocha testemunhou um aumento de pessoas em seu Seringal União e rapidamente contatou o geólogo Donald Campbell e o governador Jesus Burlamaqui Hosannah, que apoiaram a pesquisa, conforme relatado pelo jornal ‘O Globo’.

Trata-se de um livro-reportagem envolvente, desnudando a realidade dos garimpeiros e comerciantes que os apoiavam. A obra também inclui pinturas a óleo do artista rondoniense Rafael Prado, filho de garimpeiro, reconhecido em Bienais no Brasil e no exterior. Recentemente, Rafael participou de exposições itinerantes em Belo Horizonte (MG) e Marabá (PA).

Sobre o autor

Júlio Olivar é jornalista e escritor, mora em Rondônia, tem livros publicados nos campos da biografia, história e poesia. É membro da Academia Rondoniense de Letras. Apaixonado pela Amazônia e pela memória nacional.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

Achado arqueológico é descoberto em obra do Parque Linear da Doca, no Pará

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A proa (parte dianteira) de uma provável embarcação metálica antiga foi encontrada durante o acompanhamento arqueológico nas obras do Parque Linear da Doca, em Belém (PA). O parque integra um conjunto de obras para a Conferência do Clima, a COP 30, que será realizada na capital paraense no final de 2025.

O achado arqueológico foi descoberto por uma equipe de pesquisa da empresa contratada pela Secretaria de Estado de Obras Públicas (SEOP), responsável legal do empreendimento.

Em nota, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), afirmou:

O Iphan, autarquia federal vinculada ao Ministério da Cultura, ainda destaca que o achado é único, pois não havia registros desse gênero na região.

A profundidade da embarcação metálica só será determinada após a conclusão dos estudos realizados pelo Iphan.

Para ler a nota na íntegra, acesse aqui.