Mel produzido das flores dos açaizeiros. Foto: Arthur Corrêa/Nectar Amazônia
O mel feito com flores de açaí por duas startups do Amapá virou sucesso na COP30. Produzido pela Néctar da Amazônia e BioNéctar Ativos da Amazônia, o produto tem sabor marcante e já teve quase todo o estoque vendido durante o evento.
A produção envolve abelhas sem ferrão, que coletam o néctar das flores de açaí durante a florada. Cerca de 300 pessoas de comunidades tradicionais do Amapá participam da colheita.
O biólogo Richardson Frazão, responsável pela BioNéctar, espera dobrar o número de colaboradores com apoio de investidores da COP30. A meta é alcançar 600 pessoas envolvidas na produção.
“A próxima etapa é conversar com os investidores e entender como eles podem colaborar com nosso programa para ampliarmos o número de famílias alcançadas”, disse Frazão.
Ele também reforça que o mel valoriza a agricultura sustentável e a biodiversidade da Amazônia. “O mel vem de uma iguaria que são as flores do açaí. O mundo precisa conhecer isso”, disse o biólogo.
Cada pote custa cerca de R$45. A primeira remessa, com 250 unidades, foi comprada por um banco privado que apoia a conferência.
A startup também quer adquirir investimentos em outros produtos das abelhas, como bio suco, própolis e cera. Durante a COP30, a equipe participa de duas mesas redondas e apresenta um pitch para investidores.
As empresas participam do painel Conexão Pororoca (no dia 10), que reúne as startups Açaidirect, Engenho, Flor de Samauma, Açaí Maps, Amazonbai e Sumano Ingredientes.
Outro ponto destacado por Richardson é o papel das abelhas na polinização do açaí. Segundo estudo da Embrapa, as abelhas fazem 90% da polinização do açaí. Em áreas com floresta preservada, isso pode aumentar a produção de frutos em até quatro vezes.
As startups integram a delegação do Amapá, com cerca de 300 participantes. Eles estarão na Green Zone, no estande oficial do estado, dentro do Pavilhão Amazônico, inaugurado nesta terça-feira (11).
O nome Neymar ultrapassou as fronteiras do futebol e chegou aos registros civis do Amazonas. No levantamento divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que o estado está entre os três com maior número de pessoas batizadas com o nome inspirado no jogador da Seleção Brasileira.
De acordo com o estudo ‘Nomes do Brasil‘, o Amazonas soma 239 registros de pessoas chamadas Neymar, ficando atrás apenas de Minas Gerais e São Paulo — estado natal do atacante. Os dados mostram que o fenômeno cultural em torno do atleta refletiu diretamente nas escolhas de nomes em várias regiões do país.
A influência de Neymar é ainda mais perceptível no interior do Amazonas. Seis municípios aparecem entre os dez com maior concentração proporcional de registros com o nome. O destaque é para São Paulo de Olivença, que ocupa a segunda colocação nacional, seguida por Santo Antônio do Içá, Tabatinga, São Gabriel da Cachoeira, Maués e Manaus, que completa a lista na décima posição.
Segundo o IBGE, a popularidade do nome cresceu significativamente a partir de 2010, período em que Neymar se consolidou como uma das principais promessas do futebol brasileiro, jogando pelo Santos Futebol Clube e chamando atenção pela habilidade e pela visibilidade na mídia esportiva.
O levantamento aponta que há 2.443 brasileiros registrados com o nome Neymar, sendo 98% do sexo masculino. A média de idade dessas pessoas é de 11 anos, o que indica que a maioria nasceu durante o auge da carreira do jogador — especialmente entre 2010 e 2015, quando o atleta conquistou títulos importantes e se transferiu para o Barcelona, um dos maiores clubes do mundo.
Neymar na Arena da Amazônia em Manaus. Foto: Reprodução/CBF
Neymar segue escolha popular
Entre os anos de 2020 e 2022, o estudo identificou 131 novos registros do nome em todo o país, demonstrando que a influência do jogador permanece presente mesmo após mais de uma década de carreira.
O IBGE destacou que a escolha do nome de figuras públicas é um fenômeno recorrente no país. Nomes de artistas, atletas e personalidades costumam registrar picos de popularidade após momentos de destaque na mídia, como títulos esportivos, prêmios ou grandes aparições públicas.
No Amazonas, a escolha do nome também reflete o alcance do futebol entre as populações do interior. Em municípios como São Paulo de Olivença e Santo Antônio do Içá, o esporte é uma das principais formas de lazer, e a figura de Neymar se tornou símbolo de sucesso no cenário esportivo nacional.
Disputa rara entre tatus da maior espécie do mundo. Foto: Reprodução/Instagram-reservaaguadoce
Um registro inédito feito por câmeras de trilha na Reserva Água Doce, em Cacoal (RO), revelou um comportamento raramente observado na natureza: dois tatus-canastra machos em confronto. A disputa durou cerca de 34 minutos.
As imagens foram captadas por uma câmera instalada próximo a um barreiro apelidado de “Lost”, área frequentemente usada por diversos animais da floresta. Ao Grupo Rede Amazônica, o fundador e administrador da reserva, Jorge Antônio Cavallet, informou que nunca havia presenciado uma disputa tão longa e intensa entre dois tatus-canastra.
“Temos outros registros de comportamento natural — alimentação, deslocamentos, marcação de território —, mas uma briga entre machos adultos dessa espécie é raríssima”, disse.
O tatu-canastra, que pode ultrapassar um metro de altura e chegar a 60 quilos, é o maior tatu do mundo e está ameaçado de extinção. Encontrá-lo já é um evento raro; observar dois machos adultos em confronto é ainda mais incomum.
Segundo Jorge, o que mais chama a atenção nas imagens é a resistência e a força dos animais. Para ele, a cena ajuda a compreender melhor o comportamento da espécie.
“O que mais impressiona é a resistência física e a força dos animais, que se enfrentam de forma instintiva, sem ferimentos graves aparentes. O som da mata ao redor permanece constante, mostrando que a natureza segue seu curso, sem intervenção humana”, disse.
O registro inédito é resultado de um trabalho contínuo de monitoramento iniciado há seis anos. Além dos tatus, outros animais selvagens já foram flagrados passeando pela reserva.
“Ao longo desse período foram feitas centenas de gravações que documentam a presença de onças, antas, veados, capivaras, tatus e inúmeras aves, como harpia e o gavião-de-penacho”, relata o fundador.
Conflito e conservação
Para Jorge, só em áreas preservadas é possível registrar cenas como essa. Manter a floresta protegida e monitorada ajuda a cuidar dos animais, conhecer melhor a natureza e fazer as pessoas perceberem a importância de conservar a vida selvagem.
“Essas cenas ajudam pesquisadores a compreender melhor o comportamento reprodutivo e os limites de convivência entre indivíduos da espécie, informações valiosas para a conservação.”
O tatu-canastra é territorial, especialmente entre machos. Segundo Jorge, durante o período de acasalamento, podem ocorrer confrontos para definir dominância ou acesso à fêmea.
“Cada imagem registrada é um lembrete de que a floresta não precisa de espetáculo — ela é o próprio espetáculo da existência”, disse.
De acordo com o biólogo Flávio Terassini, o confronto registrado entre os tatus-canastra é um evento raríssimo que ajuda a compreender o comportamento reprodutivo da espécie. Segundo ele, provavelmente havia uma fêmea dentro da toca, e os machos disputavam o acesso a ela.
“Esses dois machos, a gente pode observar que um já é um adulto, e o outro, provavelmente um jovem, estão brigando. Esse é o ritual, e aquele que ganhar essa briga, é claro que ele vai ter como recompensa o poder de ficar com a fêmea”, explicou.
Terassini informou que o tatu-canastra é considerado um animal pré-histórico, descendente de tatus gigantes que construíam tocas enormes conhecidas como paleotocas. Hoje, a espécie é vulnerável à extinção devido à perda de habitat, à caça e à fragmentação da floresta, mas ainda é relativamente mais comum em áreas preservadas da Amazônia.
O registro revela características da espécie que impressionam até os especialistas.
“Como a gente está vendo aí nesses mamíferos, é algo fantástico. Confesso que foi a primeira vez que eu vi, fiquei impressionado”, comenta Flávio.
*Por Amanda Oliveira e Luciana Kuster, da Rede Amazônica RO
Ao abrir a COP30, Lula afirmou que o Brasil quer inspirar o mundo a transformar compromissos em ação concreta. Foto: Ricardo Stuckert/PR
A 30ª Conferência das Partes da Convenção‑Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) começou oficialmente nesta segunda-feira (10), em Belém (PA), no coração da Amazônia. Pela primeira vez, a principal conferência mundial sobre clima acontece na região que simboliza a urgência e a esperança do planeta. Durante duas semanas, líderes e negociadores de todo o mundo discutirão caminhos para transformar compromissos em ação e fortalecer as alianças globais pelo clima.
Na cerimônia de abertura, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu que trazer a COP30 para Belém foi “uma decisão política e simbólica”, com o objetivo de mostrar que a Amazônia é parte essencial da solução climática, e não apenas um tema de debate.
“O bioma mais diverso da Terra é a casa de quase 50 milhões de pessoas, incluindo 400 povos indígenas. A Amazônia não é uma abstração, é um lar, é economia, é cultura, é vida. Trazer a COP para o coração da Amazônia foi árduo, mas necessário. Quando deixarem Belém, os delegados levarão o compromisso de agir, e o povo da cidade ficará com os investimentos que esta conferência trouxe. O mundo, enfim, poderá dizer que conhece a realidade da Amazônia”.
O presidente também apontou três eixos de ação que deverão orientar as negociações da COP30: o cumprimento dos compromissos climáticos já assumidos, o fortalecimento da governança global e a colocar as pessoas no centro das decisões sobre o clima.
Entre as propostas, Lula defendeu a criação de um Conselho Global do Clima vinculado à Assembleia Geral da ONU, para garantir maior coordenação e responsabilidade política entre os países. “Precisamos de instituições à altura da crise que enfrentamos”, assegurou.
Ao projetar o papel da COP30 no cenário global, o presidente Lula reafirmou o objetivo de que esta seja a COP da Verdade, um espaço de enfrentamento à desinformação e de valorização da ciência, e também a COP da Implementação, marcada pela transformação dos compromissos em ações concretas. Ele reiterou que, apesar dos avanços alcançados desde o Acordo de Paris, o ritmo global ainda é insuficiente para conter o aquecimento do planeta. “Estamos andando na direção certa, mas na velocidade errada”.
“A mudança do clima já não é uma ameaça do futuro, é uma tragédia do presente”, afirmou o presidente ao lembrar das recentes enchentes no Sul do Brasil e o furacão Melissa, no Caribe. “Vivemos uma era em que os obscurantistas rejeitam as evidências científicas e atacam as instituições. É hora de impor uma nova derrota ao negacionismo”.
Na mesma linha, o presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, ressaltou durante a cerimônia que a conferência marca uma transição histórica: o início da década da implementação do Acordo de Paris.
“Esta COP precisa ser lembrada como a COP da ação, uma conferência que transforma compromissos em resultados. É o momento de integrar clima, economia e desenvolvimento, criando empregos, reduzindo desigualdades e fortalecendo a confiança entre as nações”.
Corrêa do Lago também destacou o esforço coletivo que tornou possível sediar a conferência na Amazônia, agradecendo o empenho das equipes técnicas e do governo brasileiro. “O mundo vê no Brasil um exemplo de união e de propósito. A COP30 é fruto de um mutirão, uma palavra brasileira que o mundo aprendeu e que simboliza a essência desta conferência: trabalhar juntos”.
Lula com chefes de Estado e de Governo na ‘foto de família’ da Cúpula do Clima, em Belém (PA): ‘As decisões que tomarmos com relação ao setor energético definirão nosso sucesso ou nosso fracasso na batalha contra a mudança do clima’. Foto: Ricardo Stuckert / PR
O secretário-executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, sigla em inglês), Simon Stiell, salientou o papel central da COP30 como ponto de inflexão para o processo climático global.
“Estamos na foz do maior rio do mundo, e o que ele nos ensina é que grandes resultados vêm da convergência de muitos fluxos. A COP precisa funcionar da mesma forma, impulsionada pela cooperação e pela coragem”, disse Stiell. E completou: “A economia da transição é inegável. As renováveis já superaram o carvão como principal fonte de energia global. Agora é hora de transformar ambição em ação concreta. É assim que mostramos ao mundo que o multilateralismo ainda entrega resultados”.
Da COP29 à COP30: a era da entrega
O presidente da COP29, Mukhtar Babayev, entregou simbolicamente o comando do processo climático global à presidência brasileira, destacando que o mundo entra em “uma nova era de implementação”.
“A COP30 inaugura o primeiro ciclo de entrega total do Acordo de Paris. A partir de agora, não há mais espaço para promessas sem ação. Esta é a década da execução, da solidariedade e da credibilidade”, comentou.
Babayev relembrou que a conferência anterior, em Baku, consolidou um acordo financeiro histórico e enfatizou que a COP de Belém deve aprofundar os compromissos firmados, “com foco em resultados tangíveis e justos, especialmente para os países em desenvolvimento”.
Osvaldo Duarte lança livro de poesias na ABL. Foto: Divulgação
Por Júlio Olivar – julioolivar@hotmail.com
Professor no campus da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) em Vilhena, o premiado poeta Osvaldo Duarte teve o seu livro “À sombra do escondido” lançado em Portugal. E neste mês de novembro saiu a edição brasileira (Inmensa Editorial) em capa dura. E não é só isso: Duarte lança seu livro, dia 13 de novembro, na Academia Brasileira de Letras (ABL), no Rio de Janeiro.
Guns N’ Roses atrai 40 mil pessoas em Cuiabá
A banda norte-americana Guns N’ Roses reuniu uma multidão de 40 mil pessoas na Arena Pantanal, em Cuiabá (MT), no dia 31 de outubro. O espetáculo atraiu fãs de várias partes do Brasil e até da Bolívia: cerca de 33% do público era formado por turistas.
Entre os que encararam a viagem estavam muitos rondonienses. Uma delas foi a professora e jornalista Magda Hussein, 51 anos, apaixonada por rock. Trabalhando na comunicação do Governo de Rondônia, Magda partiu de Porto Velho rumo a Cuiabá – 1400 km de estrada (ou o dobro disso na ida-e-volta) – para viver a experiência de ver os “gringos” de perto.
Produzido pela Escola Municipal Felipe Rocha de Lima da cidade de Vilhena (sul de Rondônia) com o apoio técnico da Secretaria Municipal de Comunicação, o documentário “Vilhena: Minha Cidade Tem História” conquistou o 3º lugar no 15º Prêmio da Editora Opet, realizado em Curitiba. A premiação contou com 154 trabalhos inscritos de diversas regiões do país.
Sob a coordenação da professora Josy Mari, o filme destaca os principais pontos históricos de Vilhena, com ênfase na Casa de Rondon, considerada o marco-zero da cidade. Desde 2019, a educadora lidera o projeto, que tem como objetivo valorizar a memória local e despertar o interesse dos alunos pela história regional. A conquista representa um reconhecimento nacional ao trabalho desenvolvido na rede municipal de ensino e reforça a importância da educação como ferramenta de preservação cultural.
Cantor John Douglas brilha na cena artística europeia
Jhon Douglas durante show em Paris. Foto: Divulgação
Nascido em Vilhena, o cantor, compositor e multi-instrumentista Jhon Douglas tem levado seu talento muito além das fronteiras brasileiras. Atualmente radicado em Portugal, o artista se apresenta em diversos palcos da Europa, encantando públicos com sua versatilidade musical e presença cativante.
Apesar da distância, ele mantém viva a conexão com suas raízes: “Vilhena está comigo para onde eu vou”, afirma com orgulho.
Além da música, Jhon Douglas também se destaca como artista plástico, demonstrando sensibilidade em todas as formas de expressão que abraça.
O adeus ao premiado escritor rondoniense Carlos Paraguassu
Vítima de câncer, faleceu no dia 3 de novembro, em Porto Velho, aos 64 anos, o escritor premiado, ex-superintendente do Ibama em Rondônia e professor universitário Carlos Alberto Paraguassu-Chaves.
Membro da Academia Rondoniense de Letras, ele deixa, segundo nota da instituição, “uma trajetória marcada pela educação, pela pesquisa e pelo amor por Rondônia”.
Carlos Paraguassu, falecido em Porto Velho. Foto: Divulgação
Reconhecido como referência na ciência e na educação, Paraguassu-Chaves era professor titular do Departamento de Geografia da Universidade Federal de Rondônia (Unir). Doutor em Ciências da Saúde, conquistou em 2013 o Prêmio Internacional de Literatura Científica da Racco Europa, com a obra Geografia Médica ou da Saúde: Espaço e Doença na Amazônia Ocidental.
Ao longo de sua carreira, publicou diversos livros que investigam a relação entre saúde, espaço e sociedade na Amazônia, entre eles Aspectos Fundamentais da Sanologia e Trajetória à Imortalidade. Suas pesquisas e publicações consolidaram um legado de dedicação à academia e ao desenvolvimento científico da região, tornando-o uma das vozes mais respeitadas da intelectualidade rondoniense.
Júlio Olivar é jornalista e escritor, mora em Rondônia, tem livros publicados nos campos da biografia, história e poesia. É membro da Academia Rondoniense de Letras. Apaixonado pela Amazônia e pela memória nacional.
Roraima tem a 9ª maior população de rua do Brasil, segundo relatório. Foto: Ivonisio Lacerda Júnior/Rede Amazônica RR
Roraima concentra quase metade da população de rua da região Norte e está entre as 10 maiores do Brasil. É o que mostra um relatório do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua (ObPopRua-POLOS), vinculado à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
No total, são 9.954 pessoas em situação de rua. O número coloca o estado em 9º lugar no ranking nacional e supera o de estados mais populosos, como Pernambuco (8.066) e Goiás (5.725). Os dados do relatório são coletados com base no Cadastro Único (CadÚnico) do governo federal.
Plataforma do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, o CadÚnico reúne dados de famílias de baixa renda e pessoas em situação de vulnerabilidade social para que possam acessar benefícios e programas do governo.
A população em situação de rua de Roraima se concentra quase totalmente na capital. Do total, 9.928 dessas pessoas estão em Boa Vista – apenas 26 estão em outros municípios. O número coloca a cidade em 6º lugar no país com mais pessoas nesta situação, acima de metrópoles como Brasília (8.970) e Porto Alegre (6.420).
O coordenador do Observatório, professor André Luiz Freitas Dias, explica que o número de pessoas em situação de rua no estado têm relação, principalmente, com o contexto migratório venezuelano.
Contexto: Na fronteira do Brasil com a Venezuela, Roraima é, desde 2015, a principal porta de entrada para venezuelanos que buscam melhores condições de vida no país. Mais de 1 milhão de pessoas cruzaram a fronteira, e mais da metade permanece no país, atraída pela política brasileira de acolhimento e interiorização.
Dias disse ainda que esses números de Roraima são vistos com “bastante preocupação”. Além disso, refletem uma complexidade local constatada durante uma visita técnica ao estado em 2023, a convite do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
“Pudemos perceber o quanto as sobreposições de violências e violações de direitos atingem diversos grupos vulnerabilizados no estado, como a população em situação de rua, migrantes, indígenas e refugiados”, afirma Dias.
O coordenador também explicou que o crescimento da população em situação de rua a nível nacional foi influenciado pela precarização do período da pandemia de Covid-19 e a ausência de políticas públicas de moradia.
Pertences de migrantes venezuelanos em alojamentos improvisados. Foto: Yara Ramalho/Rede Amazônica RR
Cenário na região Norte
Sozinho, Roraima concentra 49,2% de toda a população em situação de rua na região Norte: são 20.220 pessoas nesta condição ao todo. O segundo estado da região com mais registros é o Pará, com 4.100, seguido pelo Amazonas, com 3.346.
Entre as capitais, a disparidade é ainda maior. Boa Vista tem mais que o triplo de pessoas em situação de rua em relação a Manaus, que é a segunda colocada no ranking, com 2.971 casos, e mais de quatro vezes a de Belém (2.195).
Estados do Norte que têm um número de habitantes total semelhante à de Roraima, segundo o Censo de 2022, como Acre (830.026 habitantes) e Amapá (733.580 habitantes) figuram entre os três últimos no ranking regional de população em situação de rua.
Roraima registra alta desde 2018
O relatório também fornece dados comparativos de 2018 a 2024, que revelam aumentos consecutivos na população em situação de rua de Roraima nos últimos anos.
Em 2018, o estado registrava 1.046 pessoas em situação de rua e saltou para 7.206 em 2024. A capital Boa Vista acompanhou o salto e subiu de 1.029 pessoas em 2018 para 7.168 em 2024.
No último ano, o estado deu continuidade à série histórica, e foi de 7.206 em 2024 para os 9.954 registrados no levantamento mais recente, um aumento de mais de 38% em menos de um ano.
Carlos Nobre é um dos mais respeitados cientistas climáticos do mundo. Foto: Daniel Antônio/Agência Fapesp
A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), entre 10 e 21 de novembro em Belém, no Pará, terá de ser a mais importante de todas as edições do evento em termos de avanços em ações efetivas para combater as mudanças climáticas, afirma Carlos Nobre, um dos mais respeitados cientistas climáticos do mundo.
Pesquisador sênior do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP) e copresidente do Painel Científico para a Amazônia, Nobre concedeu uma entrevista para a Agência FAPESP em que sublinhou a necessidade de todos os países reduzirem suas emissões de gases de efeito estufa a fim de mitigar os riscos de um aumento do aquecimento global acima de 2 °C até 2050.
“Se chegarmos a 2050 com 2 °C ou, até pior, 2,5 °C de aquecimento, vamos disparar vários pontos de não retorno”, estimou o cientista, alertando que, nesse cenário, a Amazônia deixaria de funcionar como floresta e passaria a emitir mais carbono do que absorve.
Primeiro coordenador científico do Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera da Amazônia (LBA), Nobre avalia que a iniciativa representou o maior projeto científico em floresta tropical no mundo e inaugurou uma era de implantação de grandes experimentos e infraestruturas de pesquisa multiusuários na floresta amazônica.
Qual sua expectativa em relação à COP30?
Carlos Nobre – Não tenho dúvida de que essa terá de ser a mais importante das 30 COPs. Sem dúvida, a mais importante [até agora] foi a que aconteceu em 2015, a COP21, em Paris. Foi a primeira vez que todos os países apresentaram as suas metas voluntárias de redução das emissões, em inglês NDCs, de Nationally Determined Contributions.
Em 2015 foi dito: “Não podemos, de jeito nenhum, deixar a temperatura global passar de 1 °C até idealmente 1,5 °C, mas não 2 °C”. E todos os países se comprometeram a reduzir em 70% as emissões até 2050 e zerar as emissões até 2100. Mas aí um belíssimo relatório especial do IPCC, de 2018, mostrou que se passasse de 1,5 °C de aumento da temperatura representaria um enorme risco do que nós chamamos de pontos de não retorno.
E o que ficou muito famoso ali, até porque os oceanos já estavam ficando mais quentes, era a extinção de recifes de corais. E mostrou que, se a temperatura passar de 1,5 °C e chegar a 2 °C, no próximo século a extinção atingirá mais de 99% das espécies de recifes de corais, que mantêm 25% da biodiversidade oceânica. A COP26, em 2021, em Glasgow, na Escócia, foi a segunda mais importante porque todos os países concordaram em não deixar a temperatura passar de 1,5 °C.
Para isso, a ciência mostrava ser preciso reduzir 43% das emissões até 2030 em relação às emissões de 2019 e zerar o saldo de emissões líquidas até 2050. Mas, até o ano passado, não estávamos indo nessa direção. As emissões mais altas foram em 2024. Este ano não se sabe se elas vão pelo menos estabilizar. No primeiro semestre ainda continuaram altas e temos de esperar terminar o ano, mas parece muito difícil reduzir 43% as emissões até 2030.
Estudos mostram que, com as metas que todos os países colocaram em suas NDCs – e, na verdade, esses estudos foram feitos antes desse presidente americano ser eleito –, reduziríamos até uns 3% em 2030 das emissões, e não 43%. Aí o risco de passarmos de 2 °C em 2050 até chegar a 2,5 °C é altíssimo.
Portanto, na minha opinião, a COP30, mesmo sem a presença dos Estados Unidos – que de 1850 até o presente é o que mais emitiu, com 20% de todas as emissões de gás de efeito estufa, e hoje são o segundo, atrás da China, que é o primeiro –, tem que ser, assim como foi a COP21, com o Acordo de Paris, e depois a COP26, a COP mais importante.
Todos os países, ainda que os Estados Unidos não estejam dentro, têm de acelerar demais a redução das emissões. É um enorme desafio. A China colocou pequenas metas de redução até 2035. Precisa acelerar demais. Hoje é o país que mais emite, junto com a Índia. Já os Estados Unidos têm de esperar que o próximo presidente mude essa política. No primeiro governo deste presidente, de 2017 até 2020, as emissões aumentaram e é praticamente certo que este ano vai aumentar também, quase certamente todos os outros três anos também.
E quais são os riscos?
Carlos Nobre – Se chegarmos em 2050 com 2 °C ou, até pior, 2,5 °C de aquecimento, vamos disparar vários pontos de não retorno. A ciência hoje já conhece mais de 20 pontos de não retorno. Até o próximo século haverá uma grande extinção dos recifes de corais e inúmeras espécies oceânicas, mas também espécies dos continentes. Já há muitas extinções de espécies na Amazônia.
Se a temperatura passar de 2 °C de aquecimento, nós vamos fazer com que descongele o solo congelado da Sibéria, norte do Canadá e norte do Alasca, o chamado permafrost, que congelou há milhões e milhões e milhões de anos e represou uma quantidade gigantesca de gás de efeito estufa, como o metano, que é 28 a 30 vezes mais poderoso para reter o calor em comparação com o gás carbônico.
E já começou a descongelar. Até 2100, mais de 200 bilhões de toneladas desses gases do permafrost vão ser lançados na atmosfera. Nós vamos acelerar demais o derretimento do manto de gelo na Groenlândia. Isso vai aumentar muito o nível do mar e também de parte da Antártica Ocidental. Vamos praticamente derreter o gelo do mar Ártico e ali do oceano do lado da Antártica. E vamos perder a Amazônia. Então a COP30 tem de ser tão importante quanto foi a COP21, com o Acordo de Paris, depois a COP26.
Carlos Nobre – Todos os países têm que concordar em acelerar muito a redução das emissões e ao mesmo tempo, como foi colocado na COP29. O embaixador André Corrêa do Lago já falou que vai levar essa questão para a COP30, que é a necessidade da aprovação do fundo verde para o clima. Era um fundo muito pequeno, com US$ 100 bilhões e até 2025. De 2026 a 2035, um estudo lançado na COP29 no Azerbaijão mostrou que esse número tinha de ser de US$ 1,3 trilhão, sendo cerca de US$ 800 bilhões por ano até 2035 para dar uma superacelerada na transição energética.
Energia renovável é totalmente factível. Solar e eólica já são muito mais baratas. A maior causa de poluição urbana do mundo é a queima de combustíveis fósseis, carvão, petróleo, diesel. Isso leva a 6 a 7 milhões de mortes por ano devido à poluição urbana. Na cidade de São Paulo, o professor Paulo Saldiva, da USP, há décadas faz estudos e já mapeou a expectativa de vida do paulistano e da região metropolitana toda de São Paulo, que é dois a quatro anos menor por causa da poluição.
Então, essas energias renováveis vão melhorar a qualidade do ar e diminuir muito as emissões. Assim, é preciso US$ 800 bilhões por ano até 2035 para melhorar muito a capacidade de adaptação, de aumentar a resiliência. Nós temos mais de 2 bilhões de habitantes do mundo totalmente vulneráveis a esses eventos extremos, às ondas de calor, às secas, aos incêndios florestais, às superchuvas e inundações, alagamentos, deslizamentos na costa. Então é preciso mais uns US$ 500 bilhões por ano para melhorar demais a capacidade de adaptação.
Foto: Reprodução/Arquivo/Ipaam
Há riscos para o Brasil?
Carlos Nobre – Aqui no Brasil nós temos milhões e milhões de brasileiros que moram em áreas de risco de chuvas intensas, como aconteceu no Rio Grande do Sul no ano passado. Um estudo recente do comitê de ciência e tecnologia de adaptação lá no Rio Grande do Sul já calculou que há mais de 500 mil pessoas hoje morando em áreas de risco de alagamento, inundação e deslizamentos na costa. No Brasil esse número certamente é mais do que 4 milhões.
O Cemaden [Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais] está fazendo um estudo agora, e fez um em 2018, que apontou que há mais de 2 milhões de brasileiros em altíssimo risco. Isso não pode continuar. Só para dar um número ali de quanto dinheiro é preciso para tirar essas pessoas dessas áreas de risco. E o evento extremo que mais causa mortes não são as chuvas intensas, mas as ondas de calor, que causam muito, muito, muito mais mortes.
Estudos começam a indicar mais de 500 mil mortes por ano em todo o mundo. Aqui no Brasil também há um grande número de mortes. Tivemos um recorde de ondas de calor em 2023, mas principalmente 2024 e no começo de 2025. Então, a adaptação às ondas de calor é bastante complexa. Por exemplo, uma cidade como Barcelona, depois da onda de calor de 2022 e 2023, criou um monte de locais com piscina, ar condicionado, médicos, e todas as pessoas idosas, bebês, pessoas doentes são mapeadas.
E quando a previsão meteorológica prevê uma onda de calor muito forte, essas pessoas são convidadas a ficar lá dias e dias até o fim da onda de calor. Essa é uma forma de adaptação. Outra adaptação muito importante é a restauração florestal urbana. Quando se plantam muitas árvores, você diminui a temperatura máxima até alguns graus, por exemplo, na Grande São Paulo – ou até mais de 5 °C.
A restauração florestal também remove 20% a 30% dos poluentes, mantém aquele clima embaixo das árvores muito mais saudável. A cidade mais verde do mundo é Singapura. Todo mundo cultiva plantas no telhado, no topo de todos os edifícios, nas sacadas. Isso baixa bastante a temperatura. Nós não temos esse hábito no Brasil.
O senhor foi o primeiro coordenador científico do LBA. Como surgiu a iniciativa de criar e implementar o experimento?
Carlos Nobre – Estive desde o início do que depois tornou-se o Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia, ao qual demos o nome de experimento LBA. A primeira reunião em que começamos a falar sobre a importância de termos um experimento de grande escala na Amazônia foi em novembro de 1993. Eu tinha passado um ano na Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, e conheci vários pesquisadores – incluindo o [Piers] Sellers [1955-2016], que trabalhava na Nasa [a agência espacial norte-americana] e chegou a ser astronauta –, além do professor [Jagadish] Shukla. Eu também já vinha fazendo muita parceria com o Centro de Ecologia e Hidrologia do Reino Unido, localizado na cidade de Wallingford [na Inglaterra].
E nessa pesquisa de hidrologia já tínhamos colocado instrumentos para medir como a floresta e a pastagem interagem com a atmosfera. Começamos esse experimento com duas torres, sendo uma na floresta e outra em área de pastagem. A primeira foi instalada em 1990, um pouquinho ao norte de Manaus, e a segunda no sul do Pará, em Marabá. No mesmo ano, foi instalada uma terceira torre, em Rondônia. E em uma reunião na Nasa, em novembro de 1993, nós reunimos essas pessoas e falamos: “Temos que criar um experimento de grande escala para a Amazônia”.
A partir de 1994 começamos a discutir isso, reunindo cientistas da Amazônia – de vários países amazônicos –, além dos Estados Unidos e de seis países europeus. Depois fizemos uma reunião em São José dos Campos, em agosto de 1996, e aprovamos uma proposta completa. Em agosto de 1998, começamos a montar todo o experimento e ele começou a funcionar, de fato, em janeiro de 1999. E aí rapidamente fomos colocando uma série de locais de medição.
Em parceria com os britânicos, já tínhamos três locais com torres com uma série de instrumentos que mediam como a floresta troca calor, vapor d’água e gás carbônico, e fazíamos isso do topo da floresta até o solo e as pastagens. Em menos de dois anos já tínhamos 25 locais com torres, inclusive alguns no Cerrado. Também fizemos várias parcerias com aviões de pesquisa dos Estados Unidos, de instituições como a própria Nasa e a NOAA [a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional, uma agência científica ligada ao Departamento de Comércio dos Estados Unidos], além da Grã-Bretanha e do Inpe.
Esses aviões foram fazendo uma série de medidas, cobrindo toda a floresta amazônica. Um pouco ao norte de Belém, perto do oceano, foi colocado um experimento em que foi bloqueada a maior parte da água da chuva para avaliar quantas árvores não sobreviveriam se o clima da Amazônia mudasse, porque eu havia publicado em 1990 e 1991 os dois primeiros artigos em que usei o nome de “savanização” da Amazônia.
Se tivesse muito desmatamento, nós passaríamos do ponto de não retorno. Grande parte da Amazônia ficaria savanizada, com poucas árvores. Então, o experimento era para verificar quais árvores sobreviveriam, e esse estudo existe até hoje, envolvendo muitos países. Foi o maior experimento de floresta tropical feito naquela época e continua até hoje. Lógico que hoje diminuíram muito os pontos de medição, mas o experimento continua.
O LBA já apontava ponto de não retorno?
Carlos Nobre –Na época em que eu trabalhava no Ministério da Ciência e Tecnologia, entre 2011 e 2014, onde fui secretário [nacional de políticas de pesquisa e desenvolvimento], trabalhamos bastante para conseguir a aprovação de uma parceria com a Alemanha, com o Instituto Max Planck, e foi construída uma torre de 325 metros de altura ao norte de Manaus [o Observatório de Torre Alta da Amazônia, ATTO], que existe até hoje. É uma torre que está permitindo inúmeros bons experimentos sobre o que está acontecendo na Amazônia em uma escala grandiosa porque o vento que vem de milhares de quilômetros passa por ali e eles medem todos os compostos químicos e tudo para saber o que está acontecendo, se a Amazônia está muito próxima de um ponto de não retorno.
Carlos Nobre. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
E o experimento LBA foi o que mais mostrou isso, porque várias pesquisas do experimento mostraram que em toda a região sul da Amazônia, do Atlântico até a Bolívia, passando pela planície na Colômbia e no Peru, a estação seca já está quatro a cinco semanas mais longa do que era há 40, 45 anos. É uma semana por década. Luciana Gatti, do Inpe, começou a fazer medidas entre 2008 e 2009 em toda a Amazônia em quatro pontos da floresta: sudeste, nordeste, noroeste e sudoeste.
Ela utilizou dados de instrumentos e de aviões que voavam até vários quilômetros de altura para medir os gases de efeito estufa, o gás carbônico e também o monóxido de carbono. E esse experimento mostrou uma coisa muito preocupante. O primeiro artigo, publicado na revista Nature, em 2021, mostrou que no sudeste da Amazônia, sul do Pará e norte de Mato Grosso a floresta já virou fonte de carbono. Globalmente, todos os biomas do mundo removem gás carbônico.
Nós jogamos atualmente quase 40 bilhões de toneladas de gás carbônico por ano, mas também tem desmatamento, e a floresta sempre removeu um terço do que nós jogamos, senão a temperatura já teria passado de 2 °C de aquecimento há muito tempo. Na década de 1990, a Amazônia removia até 1,5 bilhão de toneladas por ano. Diminuiu demais.
A Amazônia perdeu essa capacidade, remove muito menos, algumas centenas de milhões de toneladas hoje, e naquele lugar, ou seja, o sudeste da Amazônia, sul do Pará e norte de Mato Grosso, a floresta desde 2010 virou fonte de carbono, ou seja, a floresta perde carbono. Outros estudos do experimento LBA também mostraram um enorme aumento da mortalidade de árvores em grande parte da Amazônia. Então, o LBA foi o que, de certo modo, mostrou que nós estamos muito próximos do ponto de não retorno. Por meio do experimento também foi possível formar mais de 1.500 mestres e doutores em todos os países amazônicos, além de fora da Amazônia, nos Estados Unidos e países europeus, e também publicar mais de 2.500 artigos científicos.
Então, o LBA de certa forma inaugurou uma fase de grandes experimentos e infraestruturas de pesquisa multiusuários sobre a Amazônia?
Carlos Nobre – Sem dúvida. É lógico que o LBA foi criado muito para entender o risco que a Amazônia tinha e tem de passar do ponto de não retorno, mas ele foi muito complementar [em relação a outras questões]. Ele foi olhar muito como o aquecimento global, o desmatamento e a degradação afetam a biodiversidade, tanto a terrestre como a fluvial.
A Amazônia recicla muito bem a água. Mais ou menos 45% de todo o vapor d’água que entra do oceano Atlântico para a bacia amazônica não volta pelo rio Amazonas para o Atlântico. Ele sai para o sul um pouquinho, vai para os Andes. Grande parte vem para o sul e explica grande parte da chuva do Cerrado, além de 15% da chuva do Sudeste, bastante da chuva do Sul, Uruguai, Paraguai, norte da Argentina e a manutenção da Mata Atlântica. Então são serviços ecossistêmicos, resultados de uma evolução de dezenas de milhões de anos, e que são muito importantes.
O experimento LBA olhou tudo isso e, mais recentemente, a torre ATTO mostrou uma importância muito grande da floresta como um todo, a perturbação que o desmatamento, as queimadas e a degradação estão fazendo, e quão eficiente é a floresta para reciclar água. E o Amazon Face vai dizer se, ao continuarmos jogando esses gases na atmosfera, nós vamos chegar a 560 partes por milhão antes de 2100. Aí a floresta vai fazer um papel de ajudar muito a combater removendo bastante gás carbônico ou não? Os problemas de nutrientes no solo não vão deixar a floresta ser muito eficiente?
Os impactos dos cortes de recursos dos Estados Unidos para a ciência já têm sido sentidos nessas colaborações com o Brasil em ciências climáticas?
Carlos Nobre – Os parceiros do experimento LBA já estão sentindo o custo da quebra de orçamento que várias universidades e instituições tiveram. Os Estados Unidos foram o país que mais colaborou cientificamente e também com o apoio financeiro, participação de pesquisadores e na parte de infraestrutura. A maioria dos aviões de pesquisa veio de lá. E agora vamos ver o que vai acontecer, porque quatro anos com um presidente negacionista como esse e cortando o orçamento de vários parceiros que continuam no LBA, isso pode ter um impacto. Mas, felizmente, o Brasil também já assume uma liderança muito grande.
Assista a íntegra da entrevista de Carlos Nobre ao Centro de Memória FAPESP.
*O conteúdo foi originalmente publicado pela Agência FAPESP, escrito por Elton Alisson
Pesquisadores encontraram fóssil de Stupendemys geographicus, maior espécie de tartaruga de água doce do mundo, às margens do rio Acre. Fotos: Equipe USP/Ufac/Unicamp
Por pouco, o fóssil de uma tartaruga gigante não passou despercebido por pesquisadores que faziam uma expedição científica em Assis Brasil, no Acre, próximo à fronteira com o Peru e a Bolívia. O paleontólogo Francisco Ricardo Negri, da Universidade Federal do Acre (Ufac), decidiu parar e vasculhar na margem de um paredão à beira do rio Acre enquanto outros dois colegas se dirigiam para uma área próxima.
“De repente, Negri passou a gritar e gesticular para a gente, eufórico. Havia um casco aflorando no chão”, lembra uma das líderes da expedição, a paleontóloga Annie Schmaltz Hsiou, do campus de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP).
Tratava-se de Stupendemys geographicus, considerada a maior espécie de água doce do mundo, que viveu entre 10,8 milhões e 8,5 milhões de anos atrás, durante o período conhecido como Mioceno.
“É o fóssil mais completo de uma tartaruga gigante já encontrado no Brasil”, ela conta.
A descoberta ocorreu em meados de junho, logo no primeiro dia de campo. Foram necessários quatro dias para escavar todas as partes encontradas. “Identificamos fragmentos da carapaça, ossos da cintura pélvica, parte de um fêmur e até outros elementos ósseos da perna”, diz Hsiou.
O casco preservado media mais de 1 metro, e dados preliminares indicam que o animal completo teria cerca de 2 metros de comprimento, próximo ao descrito na Venezuela em 2020, o maior que se tinha registro até então. A equipe de 16 pessoas não estava preparada para localizar um fóssil dessa magnitude e precisou improvisar uma base de madeira para transportá-lo.
Hsiou, que estuda fósseis no Acre há 20 anos em parceria com a Ufac, já havia passado por aquela região em 2022 junto com o paleontólogo Edson Guilherme da Silva, da Ufac – na ocasião, ficou nove dias sem comunicação. Dessa vez, a equipe contou com internet via satélite enquanto permaneceu acampada na beira do rio.
A viagem integra um dos 22 projetos de expedições científicas financiadas por um edital da Iniciativa Amazônia+10, inicialmente uma articulação entre as fundações de amparo à pesquisa (FAP) dos nove estados da Amazônia e a FAPESP (daí o nome +10), que foi ampliada e hoje reúne o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), instituições e agências de fomento de 25 estados brasileiros e de países como Reino Unido, Alemanha, Suíça, China, França e Guiana.
Ao todo, os projetos selecionados reúnem 733 pesquisadores de 87 instituições, participando de incursões à floresta para coletar dados, espécimes biológicos e minerais e peças da cultura nativa e popular da região. Segundo Rafael Andery, secretário-executivo da Iniciativa Amazônia+10, sete projetos já começaram seus trabalhos de campo, enquanto outros estão em fase de preparação.
Uma das exigências do edital era de que as expedições tivessem equipes multidisciplinares coordenadas por pesquisadores financiados por ao menos duas fundações estaduais que aderiram à chamada, sendo um deles vinculado a instituições de ensino superior ou de pesquisa com sede na Amazônia Legal.
As expedições têm a ambição de ampliar a compreensão sobre a diversidade social e biológica da Amazônia, levantando dados em regiões pouco exploradas anteriormente.
“Partimos de quatro objetivos nessa chamada. O primeiro foi superar vieses espaciais e taxonômicos, incentivando pesquisas em áreas e grupos pouco estudados. O segundo, valorizar trabalhos de campo ambiciosos, apoiados com recursos para logística, infraestrutura e equipamentos”, explica Andery.
Os outros, segundo ele, foram garantir relação respeitosa com os territórios, com participação efetiva de indígenas, ribeirinhos e quilombolas nas equipes de pesquisadores; e investir em planos de armazenagem dos dados, preferencialmente em instituições da Amazônia Legal.
Bolsistas indígenas, biólogos, botânicos e militares coletaram mais de mil amostras de fungos, solos e plantas em locais como a serra da Bela Adormecida, no Amazonas, em uma das expedições. Fotos: Charles Eugene Zartman
Entre os dados disponíveis sobre a biodiversidade da Amazônia, de acordo com o edital, há uma predominância de informações sobre plantas e aves, enquanto insetos, como borboletas, por exemplo, além de fungos e bactérias, permanecem pouco conhecidos. Um dos projetos selecionados busca ajudar a suprimir parte dessa lacuna.
No primeiro trabalho de campo, que ocorreu em julho, um grupo formado por biólogos, botânicos, indígenas e militares coletou mais de mil amostras de fungos, solos, angiospermas, samambaias e briófitas, às margens do rio Curicuriari, região conhecida como serra da Bela Adormecida, próxima a São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas e em outras áreas ao redor da cidade, como na comunidade Itacoatiara-Mirim.
A serra alcança 1.200 m de altitude e para chegar até lá o grupo seguiu por três horas de barco até a comunidade São Jorge e, de lá, mais meia hora de trilha pela mata. “Em 10 dias de trabalho, alcançamos apenas metade da subida, devido à grande quantidade de espécies encontradas. Muitas delas parecem ser desconhecidas e agora serão analisadas”, explica o botânico Charles Zartman, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), um dos coordenadores da expedição.
O projeto conta com 11 bolsistas indígenas com nível de ensino médio apoiados pelo CNPq, das etnias Yanomami, Tucano, Baré, Nheengatu e Baniwa. “A ideia também é despertar o interesse dos jovens em plantas e fungos que fazem parte do cotidiano de suas aldeias”, explica Zartman. Os pesquisadores participaram de um encontro promovido pela Associação de Mulheres Yanomami na região, quando apresentaram a pesquisa e ouviram a comunidade sobre suas demandas.
“Muitas mulheres mais velhas pediram que auxiliássemos na criação de catálogos de plantas medicinais tradicionais, porque suas filhas já não acreditam em suas receitas”, conta. “Uma de nossas ações será construir, junto a elas, um catálogo ilustrado com fotos, nomes científicos e nomes indígenas, além de registros de usos tradicionais”.
O principal custo da expedição, segundo Zartman, está nos deslocamentos. “Mais de 60% do nosso orçamento é voltado para pagar combustível para os barcos”. Foram utilizados bongos, grandes canoas feitas de madeira adaptadas com motor de rabeta, mas de velocidade lenta. Já as voadeiras, que são barcos de porte menor, são usadas para viagens mais rápidas.
“De São Gabriel até o distrito de Pari-Cachoeira, próximo à Colômbia, são três dias de voadeira, e de bongo cerca de uma semana”, explica o botânico. O projeto conta com apoio de sete FAP – do Amazonas, Pará, Maranhão, Paraíba, São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal –, tem apoio internacional do UK Research and Innovation (Ukri), principal agência de fomento à pesquisa do Reino Unido, e do Natural History Museum, de Londres.
Ainda na serra da Bela Adormecida, outra expedição foi a campo em outubro e deve fazer incursões em áreas de altitude acima de 500 metros no Pará e em Roraima. Os pesquisadores buscam insetos aquáticos, com destaque para as libélulas, além de zooplâncton, camarões e caranguejos. Boa parte desses animais nas coleções da Amazônia provêm de coletas em áreas próximas aos grandes centros como Manaus e Belém.
“Vamos a locais que nunca foram amostrados. Quase nada se sabe sobre os insetos aquáticos dessa região”, conta o biólogo Renato Tavares Martins, que estava no Inpa quando o projeto foi aprovado e atualmente trabalha na Fiocruz do Rio de Janeiro.
Vanessa Nambikwara, moradora da Terra Indígena Tirecatinga, em Sapezal (MT), mostra a araruta, um dos cultivos que ainda resistem à perda de alimentos tradicionais. Fotos: Irene Lôbo e Moacir Haverroth
Ele explica que, hoje, muitos modelos de distribuição de espécies se baseiam em dados de áreas de baixa altitude da Amazônia, enquanto faltam informações representativas de regiões mais altas, cuja fauna é adaptada a diferentes condições, como temperaturas mais baixas. “Com as mudanças climáticas, é provável que várias espécies se desloquem para ambientes de maior altitude. Conhecer essa fauna é fundamental para aperfeiçoar estratégias de conservação”, observa Martins.
Um terceiro eixo do projeto é o ensino e a divulgação científica, e a equipe pretende, em diálogo com os povos originários, produzir livros sobre biologia e ecologia de insetos em línguas indígenas – o primeiro deles foi lançado em outubro em português, tukano e nheengatu, e aborda o que são os insetos aquáticos. A equipe reúne pesquisadores em diferentes estados – Amazonas, Roraima, Pará, Goiás, São Paulo, Santa Catarina e Rio de Janeiro.
Um projeto que também já fez sua primeira viagem a campo busca resgatar costumes culinários e reduzir a insegurança alimentar em aldeias da Terra Indígena Tirecatinga, em Sapezal, em Mato Grosso. Em agosto, pesquisadores das universidades federais de Mato Grosso (UFMT) e de Goiás (UFG) e da Embrapa Alimentos e Territórios, de Maceió (AL), visitaram aldeias, como a Serra Azul, e fizeram entrevistas com moradores do local. “A Terra Indígena está em região de Cerrado cercada por grandes fazendas de algodão, milho e outras culturas, o que gera forte pressão sobre as comunidades locais”, explica o biólogo Moacir Haverroth, da Embrapa, pesquisador integrante do projeto.
“As aldeias são pequenas e dispersas. Esse contexto resultou em perda de sementes tradicionais e dificuldades para garantir a segurança alimentar. Ao mesmo tempo, avançou o consumo de alimentos industrializados e ultraprocessados”.
O intuito é resgatar variedades de importância alimentar e adaptadas ao ambiente, que os indígenas relatam ter perdido. “Entre elas estão o milho tradicional ‘fofo’, de grãos coloridos, comum entre os povos indígenas, além do milho de pipoca e do amendoim, hoje ausentes ou restritos em algumas comunidades”, diz Haverroth.
Outra etapa do projeto envolve a avaliação dos modos de preparo nas aldeias. “A ideia é pensar, junto com as comunidades, em formas alternativas para ampliar o armazenamento e a durabilidade dos alimentos, e de promover o aproveitamento integral deles, a fim de que possam, inclusive, ser comercializados”, conta o biólogo.
As expedições ainda buscam explorar o conhecimento de outros povos tradicionais. “Também os quilombolas têm uma forte ligação com a floresta amazônica”, explica o engenheiro ambiental Celso Henrique Leite Silva Junior, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), coordenador de um projeto que fará sua primeira expedição no ano que vem – e conta com o financiamento de quatro FAP, incluindo a FAPESP, além de apoio internacional. “Analisamos mapas que mostraram a sobreposição entre lacunas de dados de biodiversidade e territórios quilombolas na Amazônia”.
A ideia é usar tecnologias como sensoriamento remoto e sequenciamento de DNA ambiental para fazer inventários da biodiversidade, e as expedições devem ocorrer em duas comunidades no Pará e uma no Amazonas. O projeto conta com cerca de 50 cientistas, dois deles quilombolas.
“Geralmente, pesquisadores de fora vão para a Amazônia, coletam os dados de que precisam com a ajuda dos povos tradicionais, depois publicam seus artigos e nunca mais aparecem. Queremos criar um tipo de monitoramento de longo prazo a que os próprios quilombolas possam dar continuidade”.
A reportagem acima foi publicada com o título “Floresta desconhecida” na edição impressa nº 357, de novembro de 2025.
*O conteúdo foi originalmente publicado pela Revista Pesquisa Fapesp, escrito por Sarah Schmidt
Dudu Monteiro de Paula, apresentador do videocast Igarapod Amazon Sat. Foto: Willame Sousa
O videocast Igarapod, apresentado pelo jornalista Dudu Monteiro de Paula no canal Amazon Sat terá uma edição especial dedicada à 44ª Exposição-Feira Agropecuária de Roraima (Expoferr 2025), maior e mais tradicional feira agropecuária de Roraima.
Realizada em Boa Vista entre 4 e 8 de novembro no Parque de Exposições Dandãezinho, a feira tem como objetivo promover os novos negócios e contribuir para a economia regional.
Reunindo mais de 300 expositores e 200 pequenos empreendedores dos setores de alimentação, artesanato e produtos regionais, a Expoferr Show 2025 é considerada a maior feira de negócios agropecuários da região Norte.
Igarapod especial
O Igarapod especial vai ao ar no dia 11 de novembro, às 18h, no canal do Amazon Sat e também no Portal Amazônia.
“A proposta vai muito além da produção de conteúdo. Com o videocast no evento, cria-se uma conexão mais próxima com o público presente, o que permite que os entrevistados se envolvam, compartilhem suas experiências e discutam, muitas vezes em tempo real, o que está acontecendo no próprio evento”, destacou o coordenador do Amazon Sat, Lemmos Ribeiro.
A edição abordará diversos temas referentes à programação da feira.
Foto Willame Sousa
De acordo com Victor Costa, supervisor multimídia do Amazon Sat, o objetivo do programa é bater um papo com os idealizadores do evento para aprofundar temas que normalmente os visitantes não têm a oportunidade.
“A gente vai trazer isso um pouquinho mais para perto dos espectadores, levar a Expoferr para perto de quem está assistindo”, assegura.
Expofeira na Rede
O projeto Expofeira na Rede é uma realização da Fundação Rede Amazônica (FRAM), com apoio de Amatur, Dois90, Secretaria de Agricultura, Desenvolvimento e Inovação (Seadi) e Governo de Roraima.
Mercado Ver-o-Peso é um dos principais pontos turísticos da capital paraense. Foto: Rafael Medelima/COP30
Em uma ação inédita, a Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur) lança, por meio do EmbraturLAB, o ‘What’s UP, Belém?’. O guia turístico interativo utiliza Inteligência Artificial (IA) para qualificar a experiência dos visitantes durante a COP30, em Belém (PA).
A ferramenta, já em operação, funcionará como o canal oficial de informações turísticas sobre a cidade ao longo do evento. Acesse o guia turístico aqui.
Desenvolvido pela Agência e a startup SmartTalks.ai, em parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF), com apoio da Universidade Federal do Pará (UFPA), o agente de IA conversacional multilíngue interage em tempo real com os usuários. Além disso, a ferramenta oferece informações precisas, verificadas e georreferenciadas sobre logística, segurança, transporte, cultura, gastronomia e turismo sustentável.
O canal será o WhatsApp, o que dispensa o download de aplicativos. Para acessar a assistente, QR Codes estão distribuídos em pontos estratégicos, como Centros de Atendimento ao Turista (CATs), totens informativos e postos de hospitalidade da COP30.
Segundo o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, o projeto reforça o papel da Agência como indutora de inovação e sustentabilidade no turismo brasileiro.
“A COP30 é a maior vitrine que o Brasil terá para mostrar ao mundo seu compromisso com o meio ambiente e sua capacidade de organização. O ‘What’s UP, Belém?’ é uma resposta da Embratur a esse desafio com uma tecnologia a serviço da hospitalidade, do combate à desinformação e da promoção de um turismo autêntico e responsável”.
Durante a COP30, o foco das informações será em logística, segurança, transporte e serviços, com atenção especial ao turismo de base comunitária e às experiências alinhadas aos princípios ESG. A iniciativa também permitirá à Embratur coletar dados sobre o perfil e as demandas dos visitantes, fortalecendo políticas públicas e ações de promoção turística voltadas à sustentabilidade.
Para compor a base de informações do agente conversacional, a Universidade Federal do Pará (UFPA) realizou uma ampla identificação da oferta turística de Belém. O levantamento reuniu dados sobre atrativos culturais, serviços e equipamentos turísticos, garantindo que o conteúdo oferecido pela ferramenta seja preciso, atualizado e representativo da diversidade local.
Para esse trabalho, foi utilizado o aplicativo desenvolvido pela UFF em parceria com a Embratur no Projeto de Identificação da Oferta Turística da Cidade do Rio de Janeiro. Este passo foi essencial para assegurar que o ‘What’s UP, Belém?’ reflita a identidade amazônica e contribua para uma experiência turística mais autêntica e qualificada durante a COP30.
Além disso, o agente conversacional foi estruturado com filtros de ESG e acessibilidade, possibilitando que a Inteligência Artificial responda a consultas complexas, como: recomende um restaurante acessível para cadeirantes, próximo ao local da COP30, que tenha práticas sustentáveis comprovadas.