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Ministério do Turismo negocia inclusão de Belém na rota de cruzeiros para fortalecer turismo regional na Amazônia

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Foto: Alessandra Serrão/MTur

O Ministério do Turismo deu início às tratativas junto à Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (CLIA Brasil), para incluir a cidade de Belém (PA), em novos roteiros turísticos nacionais e internacionais de cruzeiros marítimos nas próximas temporadas no país.

Em ofício endereçado à CLIA Brasil, a Pasta destacou o potencial estratégico do Terminal Portuário de Outeiro, que foi ampliado e modernizado durante as ações preparatórias da COP30, para receber embarcações de grande porte, tornando o terminal apto a consolidar Belém como um ponto de escala e operação de relevância na Região Norte.

Leia também: Como é a experiência de um cruzeiro na Amazônia?

O Ministério também destacou a importância de aspectos logísticos, operacionais e comerciais, com o objetivo de construir itinerários que promovam a integração da capital paraense aos roteiros de cruzeiros, ampliando a oferta turística, potencializando o desenvolvimento socioeconômico local e fortalecendo a presença da Amazônia no segmento.

“Com essa ampliação para Belém, teremos a possibilidade de aumentar, cada vez mais, o número de visitantes nacionais e internacionais para o turismo na Amazônia, oferecendo uma experiência satisfatória. A COP30 foi a prova de que somos capazes disso”, destaca o ministro do Turismo, Celso Sabino.

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mercado ver o peso em belém Foto: Alexandre Costa/Alepa
Foto: Alexandre Costa/Alepa

Belém desperta interesse

Em resposta ao ofício do Ministério do Turismo, a CLIA Brasil também manifestou interesse “em contribuir tecnicamente e internacionalmente para a promoção de Belém e para a construção de um ambiente mais favorável à atração de navios e operações no país”.

A CLIA Brasil ainda se comprometeu a disseminar, junto às 43 companhias associadas, que operam 310 navios (e têm 81 novas embarcações encomendadas até 2036), todas as informações técnicas, contatos institucionais e materiais promocionais relevantes sobre o terminal de Outeiro, infraestrutura portuária e logística, atrativos turísticos, gastronômicos e culturais da região de Belém, possibilidades de conexão com o Sul do Caribe, Amazônia e Norte/Nordeste e outras informações.

*Com informações do MTur

Trabalho comunitário ajuda a preservar tartarugas e tracajás em Oiapoque

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Foto: Divulgação/Iepa

Um trabalho comunitário às margens do Rio Cassiporé, em Oiapoque (AP), ajuda a preservar e repovoar tartarugas e tracajás na Amazônia. A iniciativa começou em 2008 e já devolveu milhares de filhotes à natureza.

O trabalho é liderado por Raimundo Benedito Miranda, de 69 anos, morador da Vila Velha do Cassiporé. Desde o início do projeto, ele já soltou cerca de 20 mil filhotes nos rios da região.

Leia também: Infográfico – Saiba quantas e quais espécies de quelônios existem na Amazônia

Em 2025, mais de 2 mil ovos de tracajás foram coletados. A coleta e incubação são feitas com apoio da família de Raimundo.

“Meus filhos sempre me ajudam a realizar esse trabalho de incubação que já dura tanto tempo. No primeiro ano soltamos mais de 600 desses animais”, conta Raimundo.

O tracajá tem casco arredondado, é menor e vive dentro e fora da água. Já a tartaruga possui casco duro e alongado, cresce mais e passa a maior parte do tempo na água, saindo apenas para desovar.

  • Os filhotes de tracajá levam de 50 a 60 dias para nascer.
  • Já os de tartaruga eclodem entre 45 e 50 dias. Depois desse período, os animais são transferidos para o berçário e, em seguida, soltos no rio.
Trabalho comunitário garante preservação de tartarugas e tracajás no Amapá. Foto: Divulgação/Iepa
Trabalho comunitário garante preservação de tartarugas e tracajás no Amapá. Foto: Divulgação/Iepa

Preocupado com o desaparecimento das espécies, Benedito iniciou o projeto em 2008 com apoio da família. A primeira ideia era incubar os ovos atrás de uma escola, mas, segundo ele, parte da comunidade não aceitou.

Ele então passou a usar o próprio quintal para incubar os ovos com segurança. Depois, os filhotes eram soltos na natureza.

“Vamos em campos, prainha e coletamos os ovos. É com ajuda de cunhado, primos e de outros parentes que fazemos isso. As tartarugas precisam de um cuidado antes de serem devolvidas à natureza. Temos que proteger das chuvas, de outros animais também. Acontece até de uma entrar no casco da outra”, conta.

A irmã de Benedito, Jandira Miranda, afirma que o trabalho trouxe resultados para a fauna e ajudou a conscientizar moradores sobre a preservação.

“É muito importante o trabalho do meu irmão para preservar esses animais. Se ele não fizesse isso, não teria a quantidade que existe hoje. Muita gente não tem essa consciência, só querem destruir o que já existe”, conta.

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Trabalho também promove educação ambiental

Além da soltura, o projeto promove educação ambiental. Estudantes da região participam das atividades e viajam de voadeira até o local para acompanhar o processo.

O manejo comunitário é apontado como essencial para aumentar a população desses animais nos rios da Amazônia.

*Por Crystofher Andrade, estagiário sob supervisão de Rafael Aleixo, da Rede Amazônica AP

Derrubada de vetos pelo Congresso permite manutenção e melhorias na BR-319; entenda

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Governo apelou para que Congresso não derrubasse vetos no licenciamento ambiental da BR-319. Foto:

O Congresso Nacional derrubou nesta quinta-feira (27) parte dos vetos feitos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Lei Geral do Licenciamento Ambiental — o que permite, entre outras medidas, que a manutenção e o melhoramento da BR-319 sejam realizados sem a necessidade de novos processos de licenciamento ambiental.

O que muda?

Com a nova redação legal, “serviços e obras direcionados à manutenção e ao melhoramento da infraestrutura em instalações preexistentes ou em faixas de domínio e de servidão, incluídas rodovias anteriormente pavimentadas” ficam dispensados de licenciamento ambiental. Esse critério vale para trechos que já existiam — o que se encaixa na proposta para a BR-319.

Por que a BR-319 está no centro do debate

A rodovia liga Manaus, no Amazonas, a Porto Velho, em Rondônia, e é considerada um “elo logístico vital” para a região amazônica e para a Zona Franca de Manaus.

Parte significativa dos cerca de 900 km da rodovia — especialmente o chamado “trecho do meio” — segue sem asfalto e com tráfego comprometido. A flexibilização do licenciamento abre caminho para retomar obras e intervenções necessárias.

Leia também: Mapa interativo apresenta dados sobre a BR-319, rodovia que corta a Amazônia

Rodovia BR-319
Foto: Reprodução/Ascom AGU

A proposta original que incluiu o trecho no benefício foi apresentada pelo senador do Amazonas, Eduardo Braga. Segundo ele, no caso da BR-319, a burocracia e a falta de um aparato normativo apropriado tem emperrado a sua recuperação.

“O Brasil não pode sofrer paralisia na manutenção desses equipamentos essenciais para o desenvolvimento econômico e social”, disse.

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Quando apresentou a emenda defendendo sua proposta, o senador do Amazonas reforçou que apenas as novas obras de infraestrutura precisavam, sim, de licenciamento.

“Não faz sentido lógico demandar novo licenciamento desses itens para sua manutenção, sobretudo porque os seus impactos ambientais já foram devidamente avaliados quando de sua construção inicial”, declarou.

A proposta de Braga é que o asfaltamento seja concluído com “governança, áreas de proteção, fiscalização e tecnologia, o que, segundo ele, garantirá a conservação da floresta”.

“Não é porque nós estamos na Amazônia que nós temos que ser aprisionados ao subdesenvolvimento, ao desemprego e ao atraso. Nós precisamos ter uma interligação rodoviária com o Brasil e esta interligação é a BR-319”, contou.

*Com informações da Rede Amazônica AM

Série digital resgata memórias da cultura tradicional do Acre

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Série digital reúne mestres da música acreana. Fotos: Reprodução/Youtube-Baquemirim

O acervo Memórias Musicais da Amazônia traz a trajetórias de artistas que ajudam a manter vivas práticas tradicionais do Acre. A série de vídeos reúne depoimentos, repertórios e histórias dos principais mestres da música acreana.

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A coletânea já está disponível no canal do YouTube do Baquemirim. Dentre esses artistas está a cantora e compositora Zenaide Parteira, referência nos saberes populares e na música regional.

O material apresenta entrevistas e apresentações inéditas, gravadas com mestres e mestras de diferentes gerações.

Cada episódio foca em um artista e nos elementos que marcam sua identidade sonora, desde influências familiares até a relação com comunidades tradicionais e com os ritmos amazônicos.

“A Mostra Cultural Digital nasce do compromisso de registrar e preservar as práticas musicais dos baques acreanos para que sejam acessadas nos circuitos formais de difusão, atendendo todos os públicos, especialmente às novas gerações”, destacou Alexandre Anselmo, coordenador e pesquisador responsável pela curadoria do projeto.

Personagens da série

O primeiro vídeo da série traz Osmar do Cavaquinho, de 87 anos, um dos nomes mais conhecidos da música do Acre.

Com mais de cinco décadas de carreira, ele marcou o repertório local com composições como Beijo Ardente e Muchatita, além de obras que dialogam com ritmos como cumbia, samba, choro, forró e xote.

“A música mora dentro da gente, não adianta fugir. A minha foto vai pra parede e depois vai embora, se estraga. O que fica para a história é minha música, através de trabalhos como este que estamos fazendo aqui”, falou o artista.

O segundo episódio é dedicado a Zenaide Parteira, filha de seringueiros e descendente Kampa (povo Ashaninka). Guardiã de saberes tradicionais e autora de mais de 700 composições, ela ficou nacionalmente conhecida este ao gravar a canção ‘É No Balanço Dela’ com Geraldo Azevedo.

Na entrevista, Zenaide fala sobre o processo criativo, a relação com a ancestralidade e o impacto da música no fortalecimento das comunidades.

Leia também: ‘Vem pra Amazônia’: videoclipe de artista acreano homenageia belezas naturais e povos ancestrais

Série digital resgata memórias da cultura tradicional do Acre
Série destaca memória musical acreana. Foto: Divulgação

A série também registra a trajetória de Nilton Bararu, músico ligado às tradições familiares do acordeão e integrante do grupo Som da Madeira.

O episódio revisita referências como marchinhas, baião e valsas amazônicas, que compõem o repertório preservado ao longo de décadas.

Outro episódio da série apresenta Mestre Zé Bolo (José Pinheiro de Freitas), do povo Nawa, cuja música carrega relatos dos seringais e das lutas territoriais.

O último episódio é dedicado a Francisco Saraiva Soares, natural de Xapuri, que cresceu entre o cavaquinho da família e a vida nos seringais antes de retomar a carreira musical em Rio Branco nos anos 1980.

“Passei por muita coisa na vida, e essa oportunidade de vocês me acolherem para realizar esse trabalho é uma honra pra mim, é uma ajuda muito grande […] me sinto muito feliz com essa possibilidade de registrar um pouco das minhas memórias. Quando novo não tive essa oportunidade e hoje estou tendo, depois de velho estou tendo essa oportunidade”, relembrou.

Por Jhenyfer de Souza e Renato Menezes, da Rede Amazônica AC

Robô para colheita de açaí começa a ser produzido em fábrica no Amapá

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Robô é produzido em fábrica inaugurada em Macapá. Foto: Isadora Pereira/Rede Amazônica AP

AçaíBot, primeiro robô brasileiro criado para colher açaí, foi lançado na segunda-feira (24) em Macapá (AP). A tecnologia é desenvolvida pela empresa paraense KAA Tech, que também inaugurou uma fábrica na cidade.

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O equipamento sobe sozinho nos açaizeiros, corta os cachos e permite que uma pessoa colha até 1 tonelada por dia — dez vezes mais que na colheita manual. Segundo a empresa, a unidade foi instalada na Amazônia para aproximar a inovação de comunidades locais, como ribeirinhos, indígenas e quilombolas.

Reinaldo Santos, idealizador do AçaíBot, explica que o principal objetivo é acabar com os acidentes graves que incapacitam peconheiros todos os anos.

“O robô acaba com o risco de queda, que deixa muita gente com sequelas para o resto da vida. Mulheres e pessoas mais velhas vão poder voltar a trabalhar com segurança. Esse é o nosso sonho: tirar a dureza do trabalho na floresta e levar dignidade pra essas pessoas”, disse.

Leia também: Bio-óleo produzido a partir do caroço de açaí no Amapá pode ser alternativa ao gás e petróleo

Segundo ele, a construção do equipamento é composta por materiais leves. O robô pode ser carregado em uma só mão e manuseado por meio de um pequeno controle intuitivo e possui a mesma tecnologia dos carros elétricos.

Foto: Isadora Pereira/Rede Amazônica AP

Robô foi criado pensando em ajudar comunidades

Manoel de Nazaré, é presidente de uma cooperativa de açaí de Afuá (PA), a produção tem o Amapá como destino. Ele, que vive da colheita de açaí, contou que a criação marca uma nova era.

“Vai revolucionar tudo. Acaba o esforço físico e o medo de cair da árvore. Com o robô a gente colhe muito mais e ganha mais”, contou.

Com a fábrica em funcionamento, a Kaatech planeja ampliar rapidamente a produção do AçaíBot para todos os estados da Amazônia Legal.

A expectativa é transformar o açaí em um dos grandes pilares da economia sustentável brasileira, com segurança no trabalho, maior produtividade e preservação ambiental.

Leia também: Açaí de Bailique, no Amapá, tem Indicação Geográfica reconhecida pelo INPI

Robô para colheita de açaí começa a ser produzido em fábrica no Amapá
Foto: Isadora Pereira/Rede Amazônica AP

Paulo Moisés, presidente da Bio+Açaí uma das principais cooperativas de produtores do Amapá, reforça que a tecnologia chega em um momento estratégico.

“O colhedor deixa de ser artesanal e vira operador de máquina. É inovação chegando na hora certa, com mais renda, menos risco pro peconheiro e mais escala para levar o açaí aos grandes centros”.

O ministro da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, representou o governo federal na inauguração e destacou o alinhamento do projeto com as políticas públicas para a bioeconomia.

“É o que a Amazônia precisa: tecnologia que gera emprego, aumenta a renda e protege a floresta. O presidente Lula já conheceu o robô e apoia totalmente”, explicou.

*Por Isadora Pereira, da Rede Amazônica AP

Serra dos Carajás ganha passeio virtual na plataforma Geo360ºBR

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Floresta Nacional de Carajás. Foto: João Marcos Rosa

O público já pode conferir o passeio virtual pela Serra dos Carajás (PA) na plataforma Geo360º BR do Serviço Geológico do Brasil (SGB). A experiência imersiva permite explorar cavernas, mirantes e formações rochosas únicas sem sair de casa. Essa é também uma oportunidade para compreender os processos geológicos que contribuíram para a formação das paisagens.

A plataforma faz parte do Projeto Fomento ao Geoturismo do SGB. O passeio pela Serra de Carajás tem apoio do Instituto Chico Mendes da Biodiversidade – Floresta Nacional de Carajás e da Prefeitura de Parauapebas (PA).

Entre os atrativos geoturísticos disponíveis na plataforma, estão a Cava da Serra Pelada, Lagoa Três Irmãs, Pedra da Harpia, Gruta da Guarita, Mirante do Paredão Ferradura, Garimpo das Pedras e Cachoeira Águas Claras.

Leia também: Você sabia que existe serra no Pará?

O lançamento do passeio de Carajás ocorreu durante a COP30, em Belém (PA). “Pudemos mostrar Carajás de uma forma diferente, por meio de visitas virtuais com uso de óculos de realidade virtual, deixando o espectador mais imersivo e fazendo com que ele pudesse ter um vislumbre de como é conhecer Carajás e seus atrativos”, enfatizou o pesquisador Almir Costa, coordenador do Projeto Fomento ao Geoturismo.

Costa reforça que a iniciativa do SGB é uma forma de levar a mais pessoas informações sobre os geoparques e parques nacionais.

“O Projeto Fomento ao Geoturismo é importante para disseminar o conhecimento por meio da apresentação da geodiversidade em passeios 360º, mapas e e-books. Isso faz com que o projeto seja relevante tanto para fortalecer o turismo na região quanto para a educação”, disse.

Serra dos Carajás ganha passeio virtual na plataforma Geo360ºBR
Foto: Divulgação/SGB

Serra faz parte do geoturismo

O passeio pela Serra de Carajás tem apoio do Instituto Chico Mendes da Biodiversidade – Floresta Nacional de Carajás e da Prefeitura de Parauapebas (PA).

O geoturismo é uma forma de turismo com base na geodiversidade, ou seja, sua geologia, geomorfologia, dentre outros, da região. O objetivo do SGB é disseminar o conhecimento geocientífico para toda a sociedade e promover um turismo mais educativo e consciente, além de impulsionar o desenvolvimento regional.

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Atrativos geoturísticos na plataforma

Além do passeio virtual à Serra dos Carajás, a plataforma do SGB incentiva o geoturismo oferecendo visitas remotas ao Parque Nacional da Serra da Capivara (PI), Parque Nacional da Serra do Cipó (MG), Seridó Geoparque Mundial da UNESCO, Parque Nacional da Serra da Canastra (MG) e Parque Nacional de Jericoacoara (CE).

*Com informações do SGB

Mais de 72% do material genético do cacau no mundo é conservado no Peru

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Produtores indígenas explicaram a importância do cacau nativo e as oportunidades econômicas relacionadas a essa cultura. Foto: Divulgação/DEVIDA

A Comissão Nacional para o Desenvolvimento e Vida sem Drogas (Devida) apresentou na exposição nacional “Sementes do Peru” os avanços alcançados na conservação do cacau nativo e na geração de oportunidades econômicas para famílias ligadas ao desenvolvimento alternativo.

Leia também: Origem amazônica do cacau é comprovada por meio de DNA e revela forte rede de comércio pré-colombiana

A apresentação ocorreu no âmbito da 11ª reunião do Conselho de Administração do Tratado Internacional sobre Recursos Fitogenéticos para a Alimentação e a Agricultura, organizada pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em colaboração com os governos do Peru e da Suíça. 

A exposição em Lima foi organizada pelo Instituto Nacional de Inovação Agropecuária (INIA) e reuniu instituições nacionais e delegações estrangeiras empenhadas na proteção da agrobiodiversidade. 

Neste espaço, a Devida participou na zona ‘Inovação e Valor Agregado’ com um módulo que apresentava informações técnicas sobre as áreas produtoras onde a entidade atua e sobre as 14 variedades genéticas identificadas nas áreas de intervenção da entidade.

Leia também: De origem amazônica, o cacau era consumido na floresta há 5,5 mil anos

Material genético

A Comissão destacou que o Peru preserva mais de 72% do material genético mundial do cacau, incluindo 18 dos 25 grupos conhecidos.

“Um patrimônio que sustenta a sustentabilidade da cultura e a competitividade dos cacaus finos e aromáticos produzidos por milhares de famílias de desenvolvimento alternativo”.

Cacau cultivado em Rondônia, no Brasil.
Cacau cultivado em Rondônia, no Brasil. Foto: Irene Mendes/Secom RO

Além disso, a ‘degustação de diversidade’ foi realizada com o objetivo de demonstrar que, mesmo mantendo todos os insumos constantes, o grupo genético do grão transforma completamente o sabor e o aroma do chocolate. 

“Vários participantes tiveram a oportunidade de experimentar uma degustação sensorial das diversas variedades de cacau com as quais os produtores de desenvolvimento alternativo trabalham”, afirmou a instituição em um comunicado à imprensa.

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Porta-vozes de campo

Durante os três dias do evento, dois produtores e duas produtoras de comunidades indígenas atuaram como porta-vozes, explicando a importância do cacau nativo, dos sistemas agroflorestais e das oportunidades econômicas que hoje fortalecem o desvinculamento de suas comunidades do narcotráfico.

A intervenção da Devida no cultivo de cacau alcança atualmente 34.667 famílias de produtores, 45.516 hectares assistidos e 140 organizações fortalecidas em processos de qualidade, marketing e sustentabilidade. 

“Esses avanços consolidam alternativas econômicas legítimas para milhares de famílias que agora estão construindo territórios mais seguros e menos vulneráveis ​​ao tráfico de drogas”, destacou a organização.

*Com informações da Agência Andina

Consciência Limpa promove oficina para formação de Pelotão Mirim Ambiental em Rio Branco

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Foto: Matheus Aquino/FRAM

Já pensou em ter um ‘Pelotão Mirim Ambiental’ formado para ajudar a difundir informações sobre a preservação do meio ambiente? Pois essa é a ideia da oficina que recebe este nome, realizada em Rio Branco (AC) por meio do projeto Consciência Limpa, da Fundação Rede Amazônica (FRAM).

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Pela primeira vez na capital acreana, o projeto realiza diversas ações entre os dias 27 e 29 de novembro e, entre elas, o pelotão mirim, que acontece na escola estadual Dr. Pimentel Gomes no Bairro São Francisco.

A oficina busca incentivar crianças do 4° ano do ensino fundamental a terem maior consciência ambiental e cidadã, com foco na distinção dos tipos de resíduos sólidos e seu descarte adequado, nos 3R’s da sustentabilidade (Reduzir, Reutilizar e Reciclar) e em gincanas para estimular o aprendizado das crianças sobre o tema.

Leia também: Confira a programação completa das ações do projeto Consciência Limpa em Rio Branco

“Está sendo tudo muito bom, eu ganhei a corrida (gincana de corrida sustentável), todos passaram direto e eu encontrei o papel alumínio e minha equipe que é a amarela, venceu. Eu gostei muito, muito mesmo. Aprendemos a importância de jogar os resíduos nos locais certos, não jogar os lixos no meio do mato e nem na beira do rio, pois pode escorregar para dentro dele e poluí-lo”, disse João Pedro Negreiros Lima, da turma matutina 4B, no primeiro dia da ação.

Da turma vespertina 4D, Livya Emmanuelle da Silva Lima também conseguiu encontrar o resíduo indicado na gincana e, com sua equipe, venceu a corrida sustentável. “Eu achei muito legal, gostei muito, aprendi várias coisas e eu queria que esse tipo de ação acontecesse em todas as escolas”, disse.

Foto: Larissa Marinho

A diretora da escola, Sebastiana da Silva, afirmou que esse tipo de projeto é importante para a conscientização da comunidade: “Além de criativo, complementa o currículo da escola e para o aprendizado das crianças, nem se fala”.

O professor Rodrigo Gomes, do CATRAIA Soluções Ambientais, levou uma reflexão sobre como projetos desse porte promovem o pensamento sobre os hábitos praticados pelas crianças. “É um momento que de fato damos uma pausa na rotina da escola e colocamos eles dentro desse contexto, até porque esses aprendizados são válidos para que eles apliquem no dia a dia e no contexto familiar, o que é necessário para que esse mudança que ocorre de forma gradual, aconteça”, justificou.

Com linguagem acessível, abordagem comunitária e estratégias de multiplataforma, a campanha Consciênciua Limpa reforça a democratização do conhecimento, o fortalecimento da cidadania ambiental e a promoção de soluções sustentáveis para a Amazônia.

Para o coordenador de projetos da FRAM, Matheus Aquino, as oficinas são o coração do Consciência Limpa. “Quando vemos crianças e adolescentes engajados, fazendo perguntas, compartilhando experiências e entendendo seu papel como agentes de mudança, percebemos a potência transformadora do projeto. O Pelotão Mirim Ambiental não forma apenas multiplicadores de conhecimento, mas jovens protagonistas comprometidos com o futuro do Igarapé São Francisco e de toda a cidade”, afirma.

Ao longo dos três dias, moradores tem acesso a oficinas práticas, palestras de conscientização, ações de mobilização e o ‘DIA D’, que reúne serviços gratuitos, apresentações culturais. A formatura do ‘Pelotão Mirim Ambiental’, iniciativa que trabalha educação socioambiental com crianças do entorno do igarapé São Francisco está marcada para ocorrer no sábado (29).

Leia também: Projeto Consciência Limpa promove ações de educação ambiental para preservação de igarapé em Rio Branco

Consciência Limpa

O projeto Consciência Limpa é realizado pela Fundação Rede Amazônica (FRAM) com o apoio de: Federação das Indústrias do Estado do Acre (FIEAC), Serviço Social da Indústria (SESI), Energisa, Catraia Soluções Ambientais, Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Turismo, Tecnologia e Inovação (SDTI), Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Prefeitura de Rio Branco.

Biodiversidade desconhecida começa a ser revelada nas diferentes alturas da floresta amazônica

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Pesquisadores buscam conhecer biodiversidade dos insetos da Amazônia no alto das árvores. Foto: Luiza Caires/USP Imagens

Do alto de uma torre de 40 metros em uma reserva nas proximidades de Manaus (AM), o biólogo Dalton Amorim se assombra.

“O que vemos aqui é de tal beleza e complexidade que explode o coração. Temos 360 graus, até o limite do horizonte, de floresta primária pura, com todos esses tons de verde-limão, verde-acinzentado, verde-alaranjado, verde-amarronzado, verde-escuro… Cada copa tem um formato diferente. É uma riqueza brutal e linda, até difícil de explicar para quem não pode vir aqui”.

Essa está longe de ser sua primeira incursão na Floresta Amazônica ou subida na torre da Reserva ZF-2, do Inpa, mas desta vez o professor da USP partiu de Ribeirão Preto (SP) com o objetivo de encerrar a primeira etapa de um trabalho sobre a biodiversidade de insetos da Amazônia, acompanhado pelo Jornal da USP. 

O entomólogo (estudioso de insetos) tem várias décadas de experiência no laboratório e em campo, mas nunca deixa de se surpreender com o que encontra. Nem poderia. O que os cientistas já conhecem da fauna amazônica, especialmente dos insetos, são algumas gotas d’água num oceano de espécies, habitando cada canto da floresta e cada altura – daí a importância da torre e outras técnicas inovadoras de coleta.

Expandir o conhecimento sobre os insetos da Amazônia está, na verdade, no centro dos planos de um megaprojeto que o professor sênior coordena, o BioInsecta – e que é parceiro de outra enorme empreitada, o BioDossel. Este último tem sede no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), e é liderado pelo professor da instituição José Albertino Rafael.

Leia também: Biodiversidade de insetos nas copas das árvores na Amazônia surpreende pesquisadores

Vista do alto da torre ZF-2, na reserva do INPA em Manaus onse pesquisa sobre biodiversidade de insetos é realizada- Foto: Cecília Bastos/USP Imagens
Vista do alto da torre ZF-2, na reserva do INPA em Manaus – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

Os espécimes com que os projetos vão trabalhar alcançam números grandiosos, na casa das centenas de milhares a serem identificados e estudados, com a perspectiva de várias novas espécies sendo descritas. “A gente não pode fazer isso com meia-dúzia de pesquisadores de uma ou de duas instituições. Precisamos reunir a força taxonômica do País, e inclusive a de outros países, para que a gente consiga chegar ao elemento essencial da pesquisa, que é a espécie”, diz Rafael.

Amorim estima que a proporção de espécies ainda desconhecidas em relação às conhecidas pode ser de 90% a 98% da fauna de insetos da Amazônia. Um estudo dele e de colaboradores, publicado em 2022, aponta que mais de 60% da biodiversidade de insetos na Amazônia vive acima do solo, indo de 8 a 30 metros de altura, no chamado dossel da floresta.

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Graças à parceria com o Inpa, a coleta não se limita a apenas um ponto da floresta. A partir de um experimento anterior, coletando espécimes de maneira estratificada nas alturas de 8, 16, 24 e 32 metros, os pesquisadores verificaram que a fauna que vive na parte alta da floresta (dossel) é muito diversa da fauna que habita a área onde hoje normalmente são feitas coletas, o solo – onde há mais facilidade de acesso. “Foi um resultado surpreendente e isso nos estimulou a desenvolver um projeto mais consolidado com coletas temporalmente mais extensas”, conta Rafael.

Inseto encontrado na Floresta Amazônica. Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

Assim, o trabalho recente aconteceu durante 14 meses em três interflúvios, que são as áreas limites entre bacias hidrográficas, separadas por grandes rios (Amazonas, Madeira e Solimões). O professor do Inpa explica que o objetivo é conhecer a fauna que habita cada ponto e também ver o quanto há de “turnover faunístico”, ou seja, de substituição de fauna entre um ponto e outro.

“A partir do momento em que a gente tiver esses dados, poderemos começar a extrapolar os resultados para a Amazônia como um todo e sensibilizar os órgãos financiadores da importância de realizar coletas em outros locais. Esse tipo de coleta agora está centrado nas proximidades de Manaus, com um ponto fora do triângulo que é no Maranhão, em Gurupi, onde a gente conta com a parceria da Universidade Estadual do Maranhão. Mas a Amazônia é imensa”, reitera.

O conhecimento gerado sobre as espécies não ficará restrito aos taxonomistas, que identificam e classificam os seres vivos. “Os dados de biodiversidade e estrutura vertical da fauna de insetos vão alimentar estudos de ecólogos da floresta por muitos anos. Esses dados também vão ser usados por engenheiros florestais e cientistas da conservação para decisões na proteção da floresta”, exemplifica Amorim em entrevista anterior a Leandro Magrini no Jornal da USP.

Pesquisadores trabalham na coleta de exemplares dos insetos. Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

Inovação nas armadilhas

“Os insetos são extremamente importantes devido à sua interatividade com a dinâmica da floresta e também com as populações que vivem nela, mas desconhecemos a maioria das espécies e sua distribuição, principalmente os que vivem no alto das árvores – o lugar menos coletado e estudado na região amazônica e em outros biomas”, diz o técnico do Inpa Francisco Felipe Xavier Filho – o Chico, enquanto trabalhava na retirada de uma armadilha.

Coletar além do nível do solo exige um grau maior de complexidade. O pontapé inicial para esta amostragem da vida nas alturas se deu na torre ZF-2. “Essa torre foi construída numa cooperação com o Japão no final da década de 1970, especialmente para medidas meteorológicas. E desde o começo da década de 1980, os pesquisadores do Inpa têm coletado insetos dessa floresta, em várias alturas. Isso já foi mostrando uma diversidade muito especial no dossel da Amazônia”, relata Dalton Amorim.

Em 2017, José Albertino Rafael e seu grupo colocaram armadilhas de interceptação de voo encaixadas em vários pontos: no solo, a 8, 16, 24 e a 32 metros. “Foi aí que a gente viu realmente o impacto que um projeto do tipo poderia ter”, ressalta Amorim.

Nesse primeiro piloto, com a torre metálica, os cientistas praticamente não tiveram problemas. Mas com os dois novos megaprojetos, o objetivo passou a ser comparar diferentes áreas, e construir torres em cada uma delas teria um custo extremamente alto.

“Então tínhamos que desenvolver uma estratégia para coletar de maneira estratificada, e para isso nós buscamos um desenho, rabiscamos muitos papéis, e fomos ao campo testar a elevação das armadilhas”, relembra Rafael.

Cascata de armadilhas para coleta dos insetos. Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

Os pesquisadores buscaram as árvores emergentes, aquelas que crescem e se abrem somente acima dos 30 metros, chegando até cerca de 60 metros de altura (mas com alguns registros de árvores com até 80). Elas passaram a fazer o papel da torre, com as armadilhas ancoradas nos seus galhos mais fortes. “Após conseguir passar uma corda nesses galhos, levantamos as armadilhas e elas ficam suspensas em intervalos padronizados, de sete em sete metros, chegando até os 28 metros, que é a altura média do dossel na Amazônia Central”, detalha o professor do Inpa.

Leia também: Você sabe quem está por trás de uma pesquisa científica sobre insetos?

Ao bater na tela das armadilhas, os insetos caem em coletores com álcool absoluto – para preservar o DNA – pendurados nas pontas delas. Depois de duas semanas, quando chega o momento da coleta, os frascos ficam repletos de moscas, mosquitos, grilos, pernilongos, louva-a-deus, gafanhotos, mutucas e mariposas, entre outros. São centenas de milhares de exemplares que terão um pedaço do DNA sequenciado e seguirão para uma enorme rede de especialistas em cada um dos grupos de insetos. Eles vão identificar os que forem de espécie conhecida, e descrever aqueles cujas espécies forem novas.

“A gente está coletando em uma escala em que nunca ninguém coletou e nossos resultados vão ser inéditos na literatura científica”, anima-se Amorim.

Mas como conhecimento vale muito mais quando compartilhado, um artigo recém-publicado pelos pesquisadores inclui uma espécie de manual de construção da cascata de armadilhas. No texto, eles ressaltam que o sistema pode ser replicado em todo o mundo, em qualquer floresta, para explorar a diversidade de insetos e sua dinâmica.

Imagens: Reprodução do artigo – Rafael e colaboradores, Scientific Reports (2025)

Biologia molecular: os desafios do sequenciamento

Como sequenciar tantas amostras num espaço de tempo relativamente curto, seja nos laboratórios do BioInsecta, em Ribeirão Preto, ou nas instalações do Inpa, em Manaus? Quem explica é Miriam Silva Rafael, pesquisadora do Inpa há mais de 30 anos que integra o BioDossel com foco no sequenciamento de DNA.

“A nossa meta a atingir é de 320 mil espécimes sequenciados. Ela é pautada no barcode [código de barras], usando um método bem eficiente que permite sequenciar muitos bichos de uma só vez numa placa de 96 poços. O que dá uma perspectiva bem promissora de que em dois anos, três no máximo, podemos sequenciar todo esse material e enviar aos especialistas para as suas respectivas análises de interesse”, anuncia ela, ressaltando, porém, que isso só está sendo possível após uma série de atualizações nos procedimentos.

Trabalho de análise é realizado nos laboratórios do Inpa em Manaus. Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

“O método que a gente segue já sofreu bastante adaptações, exatamente para que não tenhamos tropeços. E já temos uma boa quantidade de bichos sequenciados com essa metodologia, que foi realmente padronizada para trabalharmos com as amostras” comemora a cientista, ao lembrar dos desafios vencidos.

“A gente já superou os maiores desafios, entre eles, conseguir amplificar o DNA do maior número de espécies em cada placa de PCR, sendo que temos bichos de diferentes tamanhos, variando entre ‘PP’, pequeno, médio e grande”.

A PCR à qual a cientista se refere é a sigla em inglês para Reação em Cadeia da Polimerase, uma técnica que produz milhões de cópias de uma determinada região de DNA partindo de uma quantidade bem pequena. Isso é o que os pesquisadores chamam de amplificar o DNA.

Nesta etapa, a professora do Inpa conta que a maior dificuldade foi fazer adaptações para os diferentes tamanhos dos insetos e dos fragmentos de DNA, adequando o tempo de programação de ciclagem – processo de aquecer e resfriar repetidamente a amostra, permitindo a amplificação de sequências específicas (cada repetição do ciclo dobra a quantidade de DNA). “Esses foram os nossos maiores gargalos – mas ainda bem que já ‘foram’, com o verbo no passado”.

Educadores em ação

Levantar informações para os cientistas é só um dos braços do projeto BioInsecta, que tem ações voltadas para educação, extensão e divulgação científica. Um primeiro produto neste sentido é o podcast Antena Cultural, que traz o diálogo entre o cotidiano das pessoas e aspectos culturais relacionados aos insetos. Os primeiros episódios foram feitos por alunos de iniciação científica para um edital da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), e o podcast continua, agora com bolsas da Universidade e da Fundação da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP.

Os programas alternam uma discussão sobre o fazer científico e sobre o inseto no cotidiano. “Escolhemos um inseto e, a partir dele, buscamos relações com a arte, literatura, música, e com narrativas que vêm da infância – memórias afetivas que têm a ver com esses insetos, da culinária, das superstições e da religião”, explica Marcelo Motokane, professor da USP em Ribeirão Preto que integra o BioInsecta.

“A ideia é que o inseto não está presente só em casa, na floresta ou no jardim, mas está presente na sua cultura. É mostrar para as pessoas que a biodiversidade tem a ver com a cultura delas e que, uma vez que acabamos com a biodiversidade, um pedaço da cultura vai junto.”

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Em outubro, no mês das crianças, o inseto escolhido foi a abelha. “Fomos a uma creche ouvir o que as crianças sabem sobre abelhas”. O formato é sempre esse, entrevistas com as pessoas em geral e também um especialista falando daquele inseto. No episódio, um especialista em abelhas e uma criança de três anos falam.

“E aí a gente pergunta para essa menininha: ‘Toda abelha pica?’. Ela fala: ‘Não, arapuã não pica’.” E o pesquisador conta que nem toda abelha tem ferrão, nem toda abelha pica, nem toda abelha vive em sociedade. Existe um conhecimento da ciência que uma criança de três anos também tem”, diz Motokane.

Inseto encontrado na floresta amazônica. Foto: Cecília Bastos / USP Imagens

Em outra ação de extensão, a nutróloga Suzane Torquato, da etnia Sateré Mawé, foi convidada para falar sobre o uso de formigas na gastronomia, em um ciclo de palestras que envolve diferentes cosmovisões sobre a biodiversidade. Suzane deu ainda uma oficina gastronômica para jovens no Sesc em Ribeirão Preto. “A gente tem feito essas trocas e diálogos, nas confluências entre outras epistemologias e a ciência biológica”, diz o professor da USP.

O tema insetos é também alvo de pesquisas com foco na educação, orientadas por Motokane. “Tenho alunos que relacionam a literatura, os insetos e a educação para a biodiversidade, em busca de metodologias de ensino mais adequadas para a questão da conservação.” Uma pesquisa de mestrado, por exemplo, trabalha com A Metamorfose, de Franz Kafka, fazendo relações com o medo de insetos. Um outro projeto trabalha com narrativas de povos originários sobre formigas.

Até mesmo os produtos de extensão do BioInsecta viram temas de pesquisa em educação. “Em uma das pesquisas, a gente usa os podcasts em sala de aula para entender como podem ajudar o professor a aproximar os alunos da ciência e da conservação da biodiversidade.”

O jornalismo científico completa o rol de ferramentas utilizadas pelo BioInsecta para chegar além dos muros da academia. O doutor em Biologia Comparada Leandro Magrini, que também se especializou em divulgação científica, toca esta parte, produzindo uma série de matérias publicadas em diferentes veículos, atendendo a pedidos de outros jornalistas que desejam noticiar os trabalhos, e cuidando da página do projeto no Instagram, @bioinsecta. O apoio é da Fapesp, pelo programa Mídia Ciência.

Mais ao norte do País, o BioDossel, do Inpa, também investe nas ações de extensão. “A gente vai às escolas de Manaus mostrar o que fazemos dentro da floresta aos estudantes, com idade de 8 a 17 anos”, conta o técnico do Inpa Francisco Xavier Filho.

“Eles ficam apaixonados ao saber que existe esse tipo de trabalho científico dentro da floresta, do lado da cidade em que moram. Perguntam, ficam curiosos e vibram quando a gente mostra os frascos com os insetos: ‘Nossa, existe tudo isso?’. Alguns até perguntam: ‘Mas vocês matam esses insetos?’. Aí a gente explica que eles foram sacrificados, que alguns exemplares deram a vida para que outros bilhões de insetos e outros animais e plantas da floresta sejam mais bem conhecidos e, assim, preservados”, relata.

“Os estudantes ficam empolgadíssimos, querem conhecer os lugares onde a gente trabalha, e até se vestir como a gente, falar como os cientistas e técnicos. A maioria deles nunca caminhou nessa floresta que está do lado de casa, então começam a pensar diferente quando recebem estas informações de alguém que por esses anos todos caminhou, como eu e outros colegas. A mentalidade muda sobre termos que cuidar dessa floresta, usando seus recursos de uma forma correta e sustentável”.

*O conteúdo foi originalmente publicado pelo Jornal da USP, escrito por Luiza Caires

O sol que brilha

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Foto: Dudu Monteiro de Paula/Acervo pessoal

Por Dudu Monteiro de Paula

Na vida, muitas vezes somos surpreendidos com mensagens que nos fazem refletir sobre nosso comportamento passado. No meu trabalho na Rede Amazônica, cheguei a atuar em todas as áreas sociais da vida. Lembro de acompanhar de perto um grupo de dança, cujo nome era Ritmo Quente, comandado por um grande amigo e ótimo dançarino, que estava completando um livro de dez anos de atividades e junto com uma bela companheira chamada Claudia. A gravação do festejo veio precedida de outras matérias, sempre com esta dupla especialmente simpática.

Passados alguns dias, estava eu na redação da TV Amazonas escrevendo sobre as minhas matérias quando fui comunicado de que Claudia tinha chegado e solicitaram que eu a atendesse. Imediatamente fui recebê-la. Na sala da recepção a encontrei bastante emocionada e imediatamente me falou: “Dudu, você é meu pai!”.

Me surpreendi e, olhando nos olhos dela, me coloquei a escutar a história que me contava. “Quando você trabalhava na STAR SHIP (eu era DJ), você conheceu minha mãe e estiveram juntos algumas vezes, e em consequência disso ela ficou grávida e jurou que nunca você saberia. E assim foi feito até que, lamentavelmente, ela veio a óbito. Como sempre quis lhe falar, estou livre para te comunicar. Não quero nada! Tudo que quero é que você saiba”.

Tivemos uma longa conversa e, como tinha que apresentar o Globo Esporte, combinei com ela para encontrá-la no sábado para uma aproximação maior durante um café da manhã. Nos abraçamos longamente e dei um beijo na sua testa. Fiquei ansioso para ouvir mais, além de começar a pensar no que fazer para ajudá-la mais.

Foi uma semana longa, e na sexta-feira recebo um comunicado, um telefonema de alguém que não se identificou, me comunicando que Claudia tinha sofrido um acidente e tinha falecido. Ela estava na parada de ônibus em frente a antiga Universidade de Tecnologia do Amazonas (Utam) e um carro capotou na curva e a atropelou. A pessoa disse mais: que ela já tinha sido enterrada e desligou.

Foi um grande impacto! Foi o fim do início de uma bela história. Hoje, passado tanto tempo, me pergunto: será que ela veio se despedir para concluir um ciclo de vida? Como nada sabia dela, além do que ela me falou, fica para sempre a alegria de tê-la conhecido antes da partida. Sempre a amarei pelo pouco que convivemos como pai e filha. Deus te ilumine.

Foto: Dudu Monteiro de Paula/Acervo pessoal

Por hoje é só. Semana que vem tem mais! Fuiii!!!

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Sobre o autor

Eduardo Monteiro de Paula é jornalista formado na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), com pós-graduação na Universidade do Tennesse (USA)/Universidade Anchieta (SP) e Instituto Wanderley Luxemburgo (SP). É diretor da Associação Mundial de Jornalistas Esportivos (AIPS). Recebeu prêmio regional de jornalismo radiofônico pela Academia Amazonense de Artes, Ciências e Letras e Honra ao Mérito por participação em publicação internacional. Foi um dos condutores da Tocha Olímpica na Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista