Home Blog Page 103

Veja detalhes dos painéis, oficinas e atrações culturais do primeiro dia da Glocal Amazônia 2025

0

Foto: Clarissa Bacellar/Portal Amazônia

A Glocal Amazônia 2025 chegou a sua terceira edição em Manaus (AM) este ano e deu início a uma extensa programação nesta quinta-feira (28). Debates em painéis temáticos, oficinas práticas e outras atividades constam na programação que segue até sábado (30).

📲 Confira o canal do Portal Amazônia no WhatsApp

Confira alguns destaques e detalhes do primeiro dia:

Abertura da Glocal Amazônia 2025 ocorreu na manhã desta quinta-feira (28) em Manaus. Foto: Thay Araújo
Evento teve diversas atrações acontecendo simultaneamente nas salas do Palácio da Justiça, no Centro de Manaus. Foto: Thay Araújo
Debates da Glocal contaram com tradução para Libras. Foto: Thay Araújo
Convidados puderam participar dos debates de forma presencial e online. Foto: Rebeca Almeida/Portal Amazônia
Oficinas de criatividade e empreendedorismo foram realizadas durante o primeiro dia. Foto: Thay Araújo
Participantes colocaram a mão na massa! Foto: Thay Araújo
Cobertura jornalística do evento leva ao público todos os detalhes. Foto: Thay Araújo
Diretora-presidente da Fundação Rede Amazônica, Claudia Daou Paixão. Foto: Thay Araújo
GLOCAL 2025
Debates também falaram das oportunidades para a sustentabilidade corporativa. Foto: Thay Araújo
Primeiro dia também teve apresentação de orquestra no Teatro Amazonas. Foto: Thay Araújo

Glocal Experience Amazônia 2025

A Glocal Experience Amazônia 2025 é idealizada e operada por DreamFactory, com realização da Fundação Rede Amazônica e tem o apoio de Bono Conta, Clube POP, Amazônica Net, Águas de Manaus, Agência Amazonense de Desenvolvimento Cultural (AADC), Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) e Governo do Amazonas.

Glocal Amazônia 2025: tecnologia verde e sustentabilidade corporativa são discutidas em painéis

0

Foto: Rebeca Almeida/Portal Amazônia

No primeiro painel da terceira edição da Glocal Amazônia em Manaus (AM), nesta quinta-feira (28), abordou um dos temas mais discutidos na atualidade: ‘Tecnologia verde: IA, Big data e inovação para a floresta’. Os especialistas discutiram como tecnologias podem servir para a proteção, monitoramento e conservação da floresta amazônica.

📲 Confira o canal do Portal Amazônia no WhatsApp

O debate reuniu especialistas de diversos setores que ressaltaram como os saberes tradicionais e a inovação podem ser integrados a soluções tecnológicas que podem ajudar e contribuir para a a proteção e a conservação da floresta.

O painel contou com a presença de Paulo Guilherme Molin, coordenador do Centro de Pesquisa e Extensão em Geotecnologias (CePE-Geo) e do Laboratório de Geotecnologias, ambos na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Escola Superior de Agricultura Luiz Queiroz (ESALQ); Carlos Souza Junior, coordenador técnico-científico do SAD Earth Engine e do Projeto MapBiomas, co-fundador da Eco-Lógica Consultoria Socioambiental e da startup Terras App; Justino Rezende Tuyuka, indígena do povo Utãpinopona-Tuyuka, antropólogo, pesquisador e pós-doutorando no ‘Projeto Patrimônio e Territorialidade: percepções passadas, presentes e futuras entre os Tacana, Tsimane e Waiwai’; e Allan Gomes, coordenador do Centro Popular de Comunicação e Audiovisual (CPA). O painel foi mediado pela superintendente adjunta geral da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), Valcléia Lima.

Glocal
Foto: Rebeca Almeida/Portal Amazônia

Leia também: B2B: veja como foi o primeiro dia da Glocal Amazônia em Manaus

De acordo com Allan Gomes, a inovação só é de fato verde se ela for comunitária, ou seja, feita coletivamente em conjunto com o interesse público, principalmente na Amazônia que possui “uma dimensão continental e variedade sociocultural”. Para ele, a Amazônia precisa de tecnologias, mas também de decisões sobre o uso dessas tecnologias.

“É interessante os espaços como a Glocal porque a gente consegue articular vozes plurais de comunidades tradicionais, de cientistas e de organizações do terceiro setor que discutem questões de produção da florestas, que discutem soluções e também apresentam críticas a modelos que estão aí, as vezes aparecendo só para reforçar exclusões”, afirmou.

Valcléia Lima, da FAS, ressaltou a importância de conectar a tecnologia com os saberes tradicionais e a necessidade de considerar tanto soluções quanto preocupações ao implementar novas tecnologias.

“Levar a tecnologia para dentro das comunidades é importante, sem deixar de conectar com os saberes ancestrais, já que as vezes a gente acha que levar uma inovação a gente vai mudar a realidade, quando de fato a gente pode até levar algumas preocupações para esse território. A Glocal é isso, é a gente pensar que existem soluções para uma série de questões. O importante é criar soluções para coisas que muitas vezes são simples de resolver, mas acaba não sendo priorizado”, declarou.

Glocal
Foto: Rebeca Almeida/Portal Amazônia

Leia também: Glocal Amazônia 2025: especialistas convidam público em Manaus para debates sobre sustentabilidade e uma prévia da COP 30

De acordo com Justino Tuyuka, as tecnologias verdes podem ajudar e contribuir, mas não vão solucionar os problemas do mundo, como os conhecimentos tradicionais não são soluções para os problemas do mundo atual, mas as duas, ou inúmeras ciências, podem se complementar e buscar soluções mais adequadas para o mundo de hoje.

“Aposto na questão da interdisciplinaridade que nos ajuda a ampliar nossos conhecimentos e outras possibilidades na questão da ancestralidade. A ancestralidade se refere ao nosso passado e como diziam os indígenas: ‘só o passado que ensina, o futuro não ensina porque não existe’. Então é importante não esquecer a ancestralidade e como o conhecimento era transmitido”, afirmou.

Além disso, os participantes do primeiro painel do evento também exploraram os desafios éticos e técnicos na Big Data e como a coleta de dados precisa trabalhar em larga escala para fazer disso benéfico para todos, os principais objetivos no desenvolvimento de ferramentas de monitoramento remoto dos territórios e como tirar as comunidades da invisibilidade para atender as necessidades e garantir o acesso a programas sociais.

Sustentabilidade pode ser corporativa?

O segundo painel do primeiro dia tratou sobre a ‘Sustentabilidade corporativa: como empresas podem impulsionar o desenvolvimento sustentável e valor de mercado na Amazônia’. O objetivo dos participantes foi pontuar a importância de conectar o conhecimento local com as inovações globais.

Participaram do painel a jornalista Daniela Assayag; a superintendente adjunta geral da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), Valcléia Lima; a CEO da Bee2Be, Simone Ponce; a empresária Priscila Almeida; e o CEO do Grupo Rede Amazônica, Phelippe Daou Júnior.

Foto: Clarissa Bacellar/Portal Amazônia

“Ao promover a transformação social, geramos o cuidado com a região, a valorização de suas riquezas e a otimização do seu aproveitamento. Isso, por sua vez, cria um ambiente propício para o desenvolvimento das pessoas e das empresas”, destacou Simone Ponce sobre os modelos de empreendedorismo amazônicos.

Já Phelippe Daou Júnior enfatizou que a missão dos ambientes corporativos também tem que envolver a valorização dos recursos locais: “Nós promovemos a troca de conhecimento. Valorizamos o que você já tem, e então nós alavancamos e mostramos para o mundo. Não foi uma transformação, não foi uma criação. Foi uma valorização de tudo que é produzido na terra pelas mãos das pessoas que cuidam dessas terras, com os seus conhecimentos milenares, respeitando as relações ecossistêmicas para alimentar o mundo”.

“Nosso objetivo é o desenvolvimento sustentável, sem jamais esquecer que as pessoas que vivem na região são o nosso maior patrimônio. Elas merecem respeito, cidadania e acesso aos seus direitos em todo o mundo”, afirmou.

O evento acontece no Centro de Manaus, entre o Centro Cultural Palácio da Justiça e o Largo de São Sebastião, até o dia 30 de agosto. Confira a programação completa AQUI.

Glocal Experience Amazônia 2025

A Glocal Experience Amazônia 2025 é idealizada e operada por DreamFactory, com realização da Fundação Rede Amazônica e tem o apoio de Bono Conta, Clube POP, Amazônica Net, Águas de Manaus, Agência Amazonense de Desenvolvimento Cultural (AADC), Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) e Governo do Amazonas.

Um continente na copa das árvores amazônicas: o mundo dos insetos

0

Louva-a-deus. Foto: Bernardo Ferraz/@bio_insecta

Dois megaprojetos de pesquisa que começaram em 2024 buscam fornecer em breve a primeira estimativa confiável sobre a diversidade de espécies de insetos da Amazônia, bioma de maior biodiversidade do planeta.

Os insetos são o grupo de maior diversidade (1,1 milhão de espécies) conhecida entre todas as espécies considerando plantas, fungos e animais (cerca de 2 milhões).

📲 Confira o canal do Portal Amazônia no WhatsApp

A identificação das espécies é o primeiro passo de quase todo estudo biológico, mas pode ser desafiadora — e um número impressionante delas permanece sem descrição. As estimativas do número de espécies no planeta variam entre cinco até dez vezes.

Acrescente a esse cenário a complexidade e tamanho da Floresta Amazônica, com seus 700 milhões de hectares e a dificuldade de se acessar os vários estratos da floresta acima do solo: em grandes regiões da Amazônia as árvores têm altura média de 30 a 35 metros.

Com a perda acelerada de espécies e ecossistemas, somada ao risco de colapso da Amazônia nas próximas décadas, em uma combinação entre desmatamento, degradação e mudança climática, acelerar os estudos de grande escala para revelar a biodiversidade é urgente para fomentar a preservação.

Leia também: BioDossel: projeto aponta importância das árvores na manutenção da fauna de insetos

Professor sênior da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, Dalton de Souza Amorim coordena o BioInsecta, um grande projeto temático apoiado pelo Programa Biota da Fundação de Amparo à Pesquisa o Estado de São Paulo (Fapesp) para o estudo da biodiversidade de insetos na Amazônia (2024-2028).

Professor da USP desde 1990, Amorim tem mais de 130 trabalhos publicados em revistas científicas indexadas, e é referência internacional em pesquisas sobre taxonomia, evolução e biodiversidade de insetos tropicais.

Dalton Amorim e José Albertino Rafael coordenam, respectivamente, os projetos BioInsecta e o Biodossel, parceiros na grande empreitada de desvendar a biodiversidade amazônica. Foto Cecília Bastos/USP Imagens

No dia 31 de agosto, parte da equipe embarca para mais uma expedição para trabalho de campo, na reserva ZF-2, do Inpa, nas proximidades de Manaus (AM).

Em entrevista ao Jornal da USP, que acompanhará a expedição, Amorim fala sobre o projeto que coordena e suas principais perguntas e inovações propostas, além de algumas das repercussões esperadas da pesquisa.

“Quantas espécies de insetos são impactadas quando uma área qualquer de 10 mil hectares de floresta é removida, isto é, quantas espécies de insetos existem em uma área qualquer de floresta de cerca de 10 mil campos de futebol? Sabemos que são muitas milhares, mas não sabemos quantas”, explica Amorim.

Sua expectativa é que cientistas da biodiversidade possam usar os dados gerados no projeto “para delinear novas soluções para a conservação e restauração da Amazônia”.

Acompanhe a entrevista completa:

Qual a relevância ecológica dos insetos para as florestas tropicais?

Os insetos são fundamentais na sobrevivência das florestas, mas ainda sabemos muito pouco sobre eles. Os insetos surgiram na Terra a partir de artrópodes ancestrais há mais de 410 milhões de anos. Desde então, os vários grupos que foram surgindo sobreviveram a mudanças muito grandes no planeta, incluindo glaciações brutais, períodos de enorme aquecimento e pelo menos três mudanças radicais na vegetação.

As florestas evoluíram com toda a rede de interações entre plantas, vertebrados, fungos e outros invertebrados, incluindo os insetos. Há insetos coprófagos (comem fezes), micófagos (comem cogumelos), saprófagos (comem cadáveres), polinizadores, parasitóides de outros insetos, decompositores aquáticos e terrestres, predadores de outros insetos, herbívoros (comem folhas), fitosaprófagos (comem partes mortas de plantas), minadores de troncos [se alimentam da seiva das árvores] etc. O desafio é que a biodiversidade de insetos — e seu desconhecimento — é tão grande que não conseguimos desenhar a teia completa de relações entre os insetos e suas funções dentro dos ecossistemas florestais.

Qual a principal motivação para realizar um projeto como o BioInsecta na Floresta Amazônica?

Há mais de 100 anos foi dito pelo biólogo William Beebe que a fauna de insetos na copa das árvores é como se fosse um outro continente. Tem muitas espécies que estão na copa das árvores e que não estão no solo, só que nunca foram estudadas devido à falta de métodos para coletar nesse ambiente. Esse é um dos motivos do projeto ser tão importante, porque ele permitirá estudar as Amazônias acima do solo.

insetos - cupins amazonas
O projeto conta com especialistas de diversas ordens e famílias, e o DNA de centenas de milhares de exemplares de insetos será sequenciado para uma amostragem significativa. Na imagem, cupins, ordem Blattodea. Foto: Tiago Carrijo/@bio_insecta

Os estudos de fauna de insetos eram feitos por meio de projetos individuais, utilizando apenas a identificação por taxonomistas. Isso faz com que o processo de descoberta da biodiversidade não descrita ou desconhecida seja muito lento. O projeto BioInsecta é realizado em parceria com o INCT-BioDossel do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) apoiado pelo CNPq, integrando braços diferentes [taxonomia, sequenciamento de DNA, ecologia, educação e divulgação científica] que trabalham juntos para o conhecimento dessa fauna gigantesca.

Enquanto as equipes de sequenciamento de DNA aceleram o processo de delimitação de espécies, a enorme rede de cientistas da biodiversidade dão significado às sequências geradas, com o reconhecimento dos grupos [ordens e famílias de insetos] aos quais as espécies pertencem, e com o levantamento da sua biologia e o reconhecimento de quais delas são novas. Todas as equipes juntas preparam os trabalhos sobre os padrões gerais de distribuição vertical desta fauna, a complexidade da floresta e o número de espécies existentes em dada área da floresta.

Ao invés de caminharmos por pequenos passos na compreensão da biodiversidade de insetos, damos passos do tamanho da escala do projeto [com a estimativa de mais de 5 milhões de espécimes coletados, e cerca de 500 mil exemplares que serão sequenciados]. Milhares de espécies vão ser descritas e a complexidade da floresta vai ser desvendada. Não há um número preciso agora, mas a proporção geral de espécies ainda desconhecidas em relação às espécies conhecidas pode ser de 90% a 98% da fauna de insetos da Amazônia.

Quais as principais perguntas que o projeto busca responder?

Queremos responder quantas espécies de insetos são impactadas quando uma área de floresta é removida, ou seja, quantas espécies de insetos há em uma área qualquer da Floresta Amazônica de cerca de 10 mil hectares, aproximadamente 10 mil campos de futebol. Sabemos que são muitas milhares, mas não sabemos quantas; nem como essa fauna, com inúmeras biologias, está distribuída na estrutura vertical da floresta; e se as espécies de insetos são as mesmas, do Acre ao Maranhão e do Mato Grosso a Roraima, ou se (como ocorre para vertebrados terrestres e plantas) há “muitas Amazônias”, com uma substituição importante quando se cruzam os grande rios.

Quais inovações a pesquisa traz em relação ao que já foi feito?

Precisamos resolver diversas limitações que impediram as respostas na literatura científica até agora. Há necessidade de acesso ao dossel (a copa das árvores) para coletas eficientes e regulares; de sequenciar o DNA de centenas de milhares de exemplares de insetos para conseguir uma amostragem significativa das várias ordens e famílias; e de uma rede com centenas de especialistas (entomólogos) nos mais diversos grupos — de borboletas a percevejos, de baratas a grilos, de moscas a cigarrinhas. De todas as inovações, talvez a que chama mais a atenção são as “cascatas” de armadilhas.

Uma estrutura incluindo cordas, roldanas e armadilhas alinhadas verticalmente, sustentadas por galhos das árvores mais altas da floresta que crescem acima da altura média do dossel. Sem amostragem, não há conhecimento da biodiversidade, de maneira que essa solução nos permitiu ter acesso à fauna a mais de 25 metros de altura dentro da floresta.

Nossas contas do Instagram (@bio_insecta e @inct_biodossel) têm mostrado o funcionamento dessas armadilhas extremamente eficientes, que estão coletando mais insetos do que as armadilhas, usadas no início de nossos estudos, que foram montadas nas plataformas de uma torre meteorológica de 40 metros de altura na Reserva ZF2 do Inpa. A cada duas semanas, as armadilhas em cascata de cinco níveis estão coletando, em média, 59 mil exemplares de insetos em cada local de estudo. São três áreas de estudo, e em cada local é utilizada uma cascata de armadilhas.

“Cascatas” de armadilhas: solução permitiu acesso à fauna a mais de 25 metros de altura dentro da floresta. Foto: Larissa Queiroz/@bio_insecta

Leia também: Biodiversidade de insetos nas copas das árvores na Amazônia surpreende pesquisadores

Em que consiste a taxonomia integrativa e triagem reversa que é usada na pesquisa?

É uma metodologia que faz uso combinado de informações morfológicas e moleculares para compreender a biodiversidade. Apenas dados moleculares não são capazes de dizer, para um “continente” que teve sua fauna muito pouco sequenciada (estudada com dados de DNA), a qual espécie ou gênero e família os exemplares pertencem, e se elas são novas ou não.

Apenas dados morfológicos resultam em um processo demasiadamente lento, que não permite estudos da fauna completa. Chama-se “reversa” porque o material primeiramente é sequenciado e, depois, identificado ao nível específico, ao contrário do que se faz quando os projetos de biodiversidade focam em um ou alguns grupos presentes nas amostras.

Como o conhecimento sobre a biodiversidade pelos povos originários poderá ser considerado no projeto?

Essa é outra pergunta muito central. Às vezes, falamos em “descobrir” a biodiversidade. As nações originárias têm um conhecimento enorme da biodiversidade. Elas vivem neste continente há milhares de anos, e têm um profundo conhecimento das plantas e dos animais. A ignorância, de fato, é nossa. O que fazemos é organizar nosso conhecimento “novo” de outra maneira.

No Brasil, fala-se mais de 200 idiomas, mesmo depois de cinco séculos de massacre. Em cada um há nomes para elementos da fauna, inclusive de insetos, e conhecimento detalhado da biologia. Parte desses nomes já foram apropriados pela língua portuguesa. Uruçu ou iruçu é o nome genérico para as abelhas sem ferrão maiores (como espécies de Melipona ou Schwarziana); há nomes para outras espécies de abelha, como yataí (jataí, Tetragonisca); para vespas, como cawa, que se aplicam a várias espécies, cada uma com seu próprio nome; nomes para moscas como mberu ou meru e para borboletas como panapanã.

Não há preservação da floresta sem preservação das nações originárias. E não há preservação de uma nação sem a preservação de seu idioma — o silenciamento dos povos sempre foi através do silenciamento de sua língua. Alguns destes idiomas já têm dicionários e vocabulários disponíveis, que são uma janela para o conhecimento da biodiversidade das nações que vivem, conhecem e preservam a floresta há milhares de anos.

Um estudo que coordenou revelou que mais de 60% da biodiversidade de insetos na Amazônia se encontra acima do solo. Isto significa que as áreas já degradadas podem ter eliminado mais de 50% dos insetos da floresta. Quais as implicações disso para a conservação e restauração?

Há perguntas muito complexas que são resultado do projeto e que, de fato, estão além do que é nossa especialidade; vamos precisar trabalhar com especialistas de outras áreas. Os dados de biodiversidade e estrutura vertical da fauna de insetos vai alimentar estudos de ecologia da floresta por muitos anos — feito por ecólogos. Esses dados também vão ser usados por engenheiros florestais e cientistas da conservação para decisões na proteção da floresta. Se mais da metade da biodiversidade da floresta não está próxima do solo, como isso impacta as estratégias de silvicultura, extrativismo sustentável, demarcação de território dos povos originários, implantação de sistemas agroflorestais? Os dados gerados no projeto ajudarão a delinear novas soluções. Mas os próprios estudos de biodiversidade devem ter seus protocolos refeitos, em função de novas soluções para coleta no dossel e do uso da biologia molecular para estudos de biodiversidade de grande escala.

(Entrevista editada pelo Jornal da USP para melhor compreensão)

*O conteúdo foi originalmente publicado pelo Jornal da USP, escrito por Leandro Magrini, bolsista Mídia Ciência da Fapesp vinculado ao projeto BioInsecta (@bio_insecta)

Oficinas de técnicas de estruturação e apresentação de negócios abrem a Glocal Amazônia 2025

0

Foto: Diego Oliveira/Portal Amazônia

A programação do primeiro dia do GlocaLAB, da terceira edição da Glocal Amazônia, sob o tema B2B – Business to Business (voltado para negócios), começou nesta quinta-feira (28) em Manaus (AM). O primeiro tema abordado foi na oficina ‘Business Model Canvas para negócios de impacto’, ministrada por Adrio Hattori, diretor executivo da Hattori Tech e fundador do Clube de Empreendedores e Líderes (CEL).

O encontro apresentou a metodologia do canvas, ferramenta usada para estruturar modelos de negócio de forma prática e visual, auxiliando empreendedores a desenvolver novos produtos, serviços e projetos.

📲 Confira o canal do Portal Amazônia no WhatsApp

Segundo Hattori, o método, composto por nove blocos principais, ajuda o empreendedor a entender o mercado onde atua, definir com clareza o público-alvo, identificar fontes de receita e avaliar formas diversificadas de monetização.

“Às vezes pensamos apenas na venda direta, mas existem várias maneiras de gerar receita com o mesmo produto ou serviço. O canvas abre a mente do empreendedor para essas possibilidades”, explicou.

Foto: Clarissa Bacellar/Portal Amazônia

O especialista destacou ainda a importância de eventos como a Glocal Amazônia para aproximar jovens e futuros empreendedores das ferramentas adequadas para iniciar seus negócios.

“Estimo que 90% dos empreendedores nunca fizeram um modelo de negócio formal. Isso já os coloca em desvantagem. Quem aprende cedo, ainda na universidade, já entra no mercado com uma visão mais ampla e preparada para os desafios”, afirmou.

Adrio ministrou a oficina no primeiro dia da Glocal 2025. Foto: Diego Oliveira/Portal Amazônia

A oficina atraiu estudantes e profissionais interessados em aprimorar suas ideias de negócio. Fernando Negreiros, estudante de design e desenvolvimento de software, já empreende antes mesmo de concluir a graduação.

“Quis participar para aprender mais sobre como apresentar o produto e falar com investidores. É essencial saber ‘vender o peixe’ para quem quer empreender”, comentou.

Para a vendedora digital Luana Dias, o aprendizado foi valioso. “Achei muito legal a forma como o Adrio trouxe o tema. Pude entender melhor como abordar clientes e espero aplicar tudo o que aprendi para alavancar minhas vendas”, disse.

Técnicas de Pitch para empreendedores

Outra atividade do GlocaLAB no primeiro dia foi dedicada ao tema ‘Pitch‘, técnica voltada para a apresentação de ideias de negócios e produtos de forma clara e persuasiva. A oficina também foi conduzida por Adrio Hattori, que é consultor do Sebrae Amazonas. Ele destacou a importância de estruturar a comunicação em dois pilares principais: problemas e soluções.

Segundo Hattori, a proposta de um bom Pitch é mostrar de maneira objetiva qual necessidade o produto ou serviço atende e como se diferencia no mercado.

“Convencer o investidor é essencial, porque ele precisa acreditar que a sua solução resolve de fato um problema real e tem potencial de crescimento. Sem isso, a ideia pode não sair do papel”, afirmou.

glocal 2025 - clocalab pitch dia 1
Foto: Hector Muniz/Portal Amazônia

No encontro, os participantes também conheceram conceitos ligados ao mercado, como o modelo Business to Business (B2B) e o Business to Consumer (B2C).

O B2B, tema do dia, refere-se às transações comerciais realizadas entre empresas, como a venda de insumos ou serviços corporativos. Já o B2C é voltado diretamente ao consumidor final, caracterizando o comércio tradicional em que o cliente é a pessoa física que consome o produto.

A atividade também faz parte da programação que busca aproximar empreendedores de práticas modernas de mercado e ampliar a capacidade de negociação e comunicação em diferentes segmentos da economia.

Entre os participantes estava José Fernandes, fabricante de mel, que destacou os aprendizados obtidos na oficina:

“Aprendi a apresentar meu produto mostrando o problema que ele resolve e a solução que ofereço. Vou aplicar isso nas minhas vendas para explicar melhor os benefícios do meu mel e alcançar novos clientes”.

Foto: Hector Muniz/Portal Amazônia

A oficina de Pitch na Glocal Amazônia reforçou a importância da preparação dos empreendedores para enfrentar cenários competitivos, seja em negociações entre empresas ou no contato direto com o consumidor final.

Após as oficinas de aprendizado, os particpantes também puderam realizar uma sessão de pitching de projetos ligados à bioeconomia, colocando em prática aquilo que o facilitador ensinou durante o dia.

Com foco em inovação, sustentabilidade e empreendedorismo, a Glocal Amazônia segue reunindo especialistas, estudantes e empresários para debater caminhos de impacto positivo para a região e para o mercado nacional.

Leia também: Saiba quais palestras e atrações estão na programação do segundo dia da Glocal Amazônia em Manaus

Glocal Experience Amazônia 2025

A Glocal Experience Amazônia 2025 é idealizada e operada por DreamFactory, com realização da Fundação Rede Amazônica e tem o apoio de Bono Conta, Clube POP, Amazônica Net, Águas de Manaus, Agência Amazonense de Desenvolvimento Cultural (AADC), Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) e Governo do Amazonas.

B2B: veja como foi o primeiro dia da Glocal Amazônia em Manaus

0

Foto: Clarissa Bacellar/Portal Amazônia

A Glocal Amazônia 2025 deu início, nesta quinta-feira (28) em Manaus (AM), a sua terceira edição. Como objetivo de “pensar global, agir local”, o evento conta com debates, workshops sobre sustentabilidade e inovação, oficinas e também atrações culturais que movimentam o cenário.

📲 Confira o canal do Portal Amazônia no WhatsApp

Além da abertura oficial do evento, o primeiro dia teve foco no tema ‘B2B’, com o objetivo de ser um encontro para lideranças empresariais, conectando iniciativas inovadoras de bioeconomia à empresas e investidores que podem impulsioná-las. Confira alguns momentos:

Primeiro dia contou com orientações do Sebrae. Foto: Diego Olivieria/Portal Amazônia
Foto: Thais Araújo/FRAM
glocal amazonia 2025
Foto: Clarissa Bacellar/Portal Amazônia
Foto: Clarissa Bacellar/Portal Amazônia
Estudantes também puderam participar do primeiro dia do evento. Foto: Clarissa Bacellar/Portal Amazônia
A cantora Lucilene Castro abriu o evento. Foto: Clarissa Bacellar/Portal Amazônia
Foto: Clarissa Bacellar/Portal Amazônia
Foto: Diego Oliveira/Portal Amazônia
Foto: Diego Oliveira/Portal Amazônia
Foto: Diego Oliveira/Portal Amazônia

Glocal Experience Amazônia 2025

A Glocal Experience Amazônia 2025 é idealizada e operada por DreamFactory, com realização da Fundação Rede Amazônica e tem o apoio de Bono Conta, Clube POP, Amazônica Net, Águas de Manaus, Agência Amazonense de Desenvolvimento Cultural (AADC), Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) e Governo do Amazonas.

Saiba quais palestras e atrações estão na programação do segundo dia da Glocal Amazônia em Manaus

0

A Glocal Amazônia 2025 segue com uma ampla programação nesta sexta-feira (29), em Manaus (AM). Os debates seguem e a programação conta ainda com yoga, workshops, oficinas e também atrações culturais e musicais com feira e shows, como o do boi-bumbá Caprichoso, direto do Festival Folclórico de Parintins.

📲 Confira o canal do Portal Amazônia no WhatsApp

Veja a programação completa do segundo dia:

Leia também: Glocal Amazônia 2025: especialistas convidam público em Manaus para debates sobre sustentabilidade e uma prévia da COP 30

Glocal Experience Amazônia 2025

A Glocal Experience Amazônia 2025 é idealizada e operada por DreamFactory, com realização da Fundação Rede Amazônica e tem o apoio de Bono Conta, Clube POP, Amazônica Net, Águas de Manaus, Agência Amazonense de Desenvolvimento Cultural (AADC), Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) e Governo do Amazonas.

Glocal Amazônia 2025: especialistas convidam público em Manaus para debates sobre sustentabilidade e uma prévia da COP 30

0

Foto: Clarissa Bacellar/Portal Amazônia

O Palácio da Justiça, no Centro de Manaus (AM), recebe a terceira edição da Glocal Experience Amazônia. Em 2025, o evento reúne palestrantes, organizadores e convidados para debates sobre a importância da sustentabilidade para a Amazônia. A abertura ocorreu nesta quinta-feira (28).

📲 Confira o canal do Portal Amazônia no WhatsApp

Criada há quatro anos no Rio de Janeiro, a Glocal chegou à Amazônia mantendo seus pilares originais, mas ganhou ainda mais força na região.

De acordo com Malu Sevieri, Head da Glocal na Dream Factory, o projeto tem como lema “Pensar Global e Agir Local”, e o seu principal objetivo é reunir pessoas e iniciativas em busca de soluções para o futuro.

“Hoje o coração da Glocal bate na Amazônia, porque aqui o projeto já é muito maior, com engajamento crescente e diversas atividades oferecidas gratuitamente durante os três dias de programação”, disse.

Malu Sevieri, Head do Glocal na Dream Factory, participou da abertura do evento. Foto: Clarissa Bacellar/Portal Amazônia

O evento acontece entre 28 e 30 de agosto. Ainda durante a abertura da nova edição da Glocal, o gestor do evento, Artur Barros, informou as novidades e como é gratificante mais uma vez ocupar o Centro Histórico de Manaus para celebrar a sustentabilidade e democratizar o debate sobre temas ambientais.

“Este ano, a programação foi reformulada: o primeiro dia será dedicado à inovação, startups, empresas e indústria; o segundo, às escolas e universidades; e o terceiro, ao turismo sustentável”, contou Barros.

Saiba mais: Glocal Amazônia 2025 traz programação gratuita a partir de quinta-feira (28); veja a programação

Na parte artística, uma mudança chama a atenção: os bois Caprichoso e Garantido, que costumavam se apresentar juntos, terão dias separados, sexta e sábado, respectivamente. Além disso, o evento traz experiências de realidade virtual com três novos filmes, a mostra ‘Sabores Global’ em parceria com restaurantes locais e diversas atrações gratuitas para toda a família.

COP 30

Outro ponto destacado por Artur Barros foi a preparação para a COP 30, que será realizada em novembro, no Pará. Segundo ele, este ano, a Glocal Amazônia funciona como um aquecimento para o maior evento de sustentabilidade do mundo, iniciando conversas fundamentais que chegarão à conferência.

“No terceiro dia do evento, será realizada uma Masterclass para explicar o que é a COP 30 e qual será seu legado para a Região Norte, esclarecendo ao público a importância das decisões tomadas nesse encontro global. Iniciar esse debate na própria Amazônia é essencial para chegar a Belém com temas já amadurecidos e prontos para serem aprofundados”, afirmou.

Sustentabilidade em foco

A Fundação Rede Amazônica (FRAM) é a realizadora da Glocal Amazônia em Manaus. A diretora-presidente da instituição, Claudia Daou Paixão, exaltou a realização do evento na capital amazonense e reforçou o papel da FRAM em iniciativas voltadas para a sustentabilidade e o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Segundo Claudia, a Glocal se destaca como um espaço de troca de experiências e de valorização da biodiversidade, permitindo discutir soluções locais com impacto global.

“A maior importância da Glocal é essa troca, essa conectividade, dar voz às pessoas que vivem aqui e refletir sobre qual futuro queremos para a Amazônia”, afirmou.

Ela ressaltou ainda que, apesar da programação cultural com shows e entretenimento, os painéis de debate são o ponto central do evento:

“Queremos tratar de assuntos voltados para a Amazônia de forma séria, buscando que, ao pensar localmente, possamos agir de maneira global. Não queremos que a região seja vista apenas por suas belezas naturais, mas sim pelas pessoas que vivem aqui. Nosso papel como Fundação Rede Amazônica é respeitar e dar credibilidade a essas vozes”.

Abertura oficial do Glocal Amazônia 2025. Foto: Clarissa Bacellar/Portal Amazônia

A FRAM vê a Glocal como uma grande aliada na preparação para a COP 30. Segundo a diretora executiva da entidade, Mariane Cavalcante, a sustentabilidade é um dos pilares centrais da fundação e motivou a realização do evento na Amazônia.

De acordo com Mariane, a Glocal aproxima a sociedade do bioma amazônico, permitindo que o público vá além do debate e tenha experiências reais que valorizem a floresta e as populações que nela vivem.

“Queríamos fomentar um espaço em que as pessoas pudessem vivenciar a Amazônia através da arte, de experiências imersivas e da culinária. Isso é pensar global, agir local e construir soluções para um desenvolvimento que preserve o que temos de mais importante, que é a floresta”, destacou.

Eduardo Taveira acredita que a Glocal é uma prévia da COP 30. Foto: Clarissa Bacellar/Portal Amazônia

Também presente na abertura do evento, o secretário de Estado do Meio Ambiente, Eduardo Taveira, concordou que a Glocal é umas das prévias da COP 30. Para Taveira, além de ampliar os debates sobre sustentabilidade, é essencial discutir caminhos concretos para alcançá-la.

“A Glocal tem se firmado como um espaço de construção de soluções, pensando de maneira local, mas agindo para que esse local tenha uma interferência positiva no âmbito global”, comentou.

Leia também: Glocal Amazônia 2025 abre programação com debates sobre sustentabilidade, tecnologia e economia da floresta

Glocal Experience Amazônia 2025

A Glocal Experience Amazônia 2025 é idealizada e operada por DreamFactory, com realização da Fundação Rede Amazônica e tem o apoio de Bono Conta, Clube POP, Amazônica Net, Águas de Manaus, Agência Amazonense de Desenvolvimento Cultural (AADC), Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) e Governo do Amazonas.

Ministério da Cultura alerta sobre risco estrutural de prédios históricos em Manaus

0

Foto: Adneilson Severiano/Acervo Rede Amazônica AM

O Ministério da Cultura reconheceu oficialmente riscos estruturais em prédios históricos do Centro de Manaus (AM). A falta de manutenção e preservação desses imóveis se arrasta há anos, oferecendo perigo para frequentadores e para a população que circula pela região.

Entre os edifícios em situação crítica está o Colégio Amazonense Dom Pedro II, na Avenida Sete de Setembro, uma das áreas mais antigas da cidade.

📲 Confira o canal do Portal Amazônia no WhatsApp

O prédio centenário, com 139 anos, apresenta sinais visíveis de deterioração, como rachaduras em colunas, janelas quebradas, grades enferrujadas e até vegetação crescendo nas fachadas.

No interior da escola, a situação é ainda mais grave. Imagens registradas por estudantes mostram pisos de madeira quebrados, infiltrações, vazamentos no teto e banheiros sem pias. Professores relatam que os problemas levaram à suspensão das aulas em abril deste ano.

Leia também: Relatório técnico aponta risco crítico no Sítio Arqueológico de Paricatuba

Alunos afirmam que vistorias realizadas por órgãos competentes não resultaram em melhorias.

“Principalmente na questão do segundo andar, parece que vai cair. E vai molhando as salas, tanto as lousas. A gente pede urgência, porque são mais de mil alunos todos os dias aqui”, disse a estudante Lara Amorim.

Outros prédios

Além do Colégio Amazonense, o dossiê do Ministério da Cultura aponta outros prédios tombados com problemas estruturais, como o Mercado Municipal Adolpho Lisboa, a Santa Casa de Misericórdia — desativada há mais de 20 anos — e imóveis no entorno do Teatro Amazonas e do Porto de Manaus.

PRÉDIOS - santa casa manaus
Prédio onde funcionou Santa Casa de Misericórdia, em Manaus. Foto: Camila Henriques/Acervo Rede Amazônica AM

O documento foi enviado à Câmara dos Deputados em resposta a um requerimento do deputado federal Amom Mandel (Cidadania-AM).

No ofício, assinado pela ministra Margareth Menezes, o ministério destacou que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) aplicou diversos autos de infração nos últimos dois anos, confirmando a precariedade dos imóveis tombados em Manaus.

*Com informações de Naine Carvalho, da Rede Amazônica AM

Setor hoteleiro registra mais de 90% de ocupação para o período da 54ª Expofeira do Amapá

0

Foto: João FIgueiredo/Arquivo Pessoal

A 54ª Expofeira do Amapá já demonstra sucesso antes mesmo de sua abertura oficial, neste sábado (30). A maior vitrine de negócios sustentáveis da Amazônia, no Parque de Exposições da Fazendinha, em Macapá, movimenta a economia local, gera empregos e atrai visitantes de diferentes regiões do Brasil e do exterior, com mais de 90% de ocupação na rede hoteleira.

De acordo com a Secretaria de Estado do Turismo (Setur), os dados são referentes aos nove dias de programação e refletem diretamente na importância do evento realizado pelo Governo do Amapá. A 54ª Expofeira deve receber delegações de outros estados brasileiros e de países como China e Guiana Francesa, fortalecendo o turismo de negócios e a integração internacional.

“A Expofeira é uma vitrine do potencial produtivo do nosso estado, e os números mostram que o turismo de eventos é um segmento estratégico para o crescimento da economia. Temos turistas de vários estados e até de países vizinhos que vêm prestigiar a feira e movimentar nossa rede de serviços”, destaca a secretária de Estado do Turismo, Syntia Lamarão.

Foto: Jorge Júnior/GEA

O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Amapá (ABIH-AP), Ricardo Bueno, reforçou que o evento representa um marco para o setor de hospedagem e para a economia estadual. Segundo Bueno, os hotéis da capital estão totalmente ocupados, e as hospedagens na região metropolitana já beiram os 100% de lotação.

“A 54ª Expofeira tem gerado uma movimentação econômica muito positiva no Amapá. Estamos com os hotéis lotados, o que impulsiona toda a cadeia produtiva, desde a alimentação até o turismo. É gratificante perceber esse impacto e ver que eventos desse porte estimulam investimentos no setor, garantindo que os visitantes se sintam bem acolhidos em nosso estado”, ressaltou Bueno.

Centro de Atendimento ao Turista (CAT)

Durante a 54ª Expofeira do Amapá os visitantes serão contemplados com o Centro de Atendimento ao Turista (CAT), para que possam oferecer informações e orientações para que aproveitem ao máximo o evento e a capital amapaense.

O CAT será um ponto estratégico de apoio ao público, com serviços que vão desde a divulgação da programação diária até indicações de passeios e locais para degustar as iguarias típicas da região. A iniciativa busca fortalecer o turismo e ampliar a experiência dos visitantes na maior vitrine de negócios sustentáveis da Amazônia.

Expofeira na Rede

A Expofeira na Rede tem o objetivo de valorizar e ampliar o impacto social, cultural, econômico e turístico da tradicional ExpoFeira do Amapá. É uma realização da Fundação Rede Amazônica (FRAM), com apoio do Grupo Equatorial, Tratalyx e Governo do Amapá.

Mais de 112 mil pessoas vivem em áreas de risco alto e muito alto em Manaus

Foto: Divulgação/SGB

O Serviço Geológico do Brasil (SGB) divulgou, nesta quarta-feira (27), os resultados da atualização do mapeamento de áreas de risco geológico de Manaus (AM). O levantamento indica que, aproximadamente, 112 mil pessoas vivem em 438 setores classificados como de risco alto (R3) e muito alto (R4) para desastres como inundações, alagamentos, enxurradas, erosões e deslizamentos. A entrega do relatório foi feita à prefeitura e à Defesa Civil municipal para subsidiar ações de prevenção e planejamento urbano.

De acordo com o estudo, a capital amazonense possui 362 setores de risco alto e 76 de risco muito alto. Em relação ao levantamento anterior, realizado em 2019, é observado um aumento do tamanho de áreas de risco em km², no número de moradias e de pessoas vivendo nessas áreas mapeadas. Na época, havia 73 mil pessoas nos setores classificados como de risco alto e muito alto, agora esse número saltou para aproximadamente 112 mil.

📲 Confira o canal do Portal Amazônia no WhatsApp

A atualização do mapeamento indica que todas as zonas administrativas apresentam áreas de risco, com destaque para as zonas Leste e Norte, que concentram maior número de setores e domicílios vulneráveis. Entre os bairros, os que mais se destacam pelo número de moradias em risco registrado são:

  • Jorge Teixeira,
  • Cidade Nova,
  • Gilberto Mestrinho,
  • Alvorada,
  • Mauazinho
  • e Nova Cidade.

Juntos, esses seis bairros concentram 194 setores de risco alto e muito alto, abrangendo mais de 13 mil domicílios e aproximadamente 52 mil pessoas vulneráveis aos processos geológicos e hidrológicos identificados.

O pesquisador em geociências do SGB, Elton Andretta, explica que o crescimento urbano desordenado de Manaus, observado há décadas, é o principal fator para a existência de áreas de risco. Segundo ele, o cenário se agrava porque a cidade é cortada por diversos igarapés e rios, que atravessam todas as zonas administrativas.

“A ocupação irregular nas planícies de inundação e sobre as drenagens deixa as casas vulneráveis a enchentes, alagamentos, inundações e enxurradas, além de erosões de margem fluvial”, detalha.

O estudo mostra ainda que os meses de janeiro a abril, período de maior intensidade de chuvas, concentram a maior parte dos registros de ocorrências. O SGB também identificou que parte das áreas mapeadas em 2019 passou por intervenções de mitigação, mas o crescimento urbano desordenado e a ocupação de áreas impróprias para habitação continuam sendo fatores que ampliam a vulnerabilidade da população.

mapeamento area de risco manaus
Imagem: Divulgação/SGB

No estudo, o SGB apresenta recomendações para reduzir os riscos existentes, principalmente, nos setores classificados como de risco muito alto.

“Esses 76 setores mapeados devem ser priorizados pelas municipalidades na questão de intervenções estruturais (obras) e não estruturais (alertas, gestão e gerenciamento), visando a mitigação dessas áreas. Para não agravar mais a situação, o planejamento urbano do município é de extrema importância, combatendo as invasões e ocupações irregulares, realizando de obras de urbanização e infraestrutura contínuas por toda a cidade”, ressaltou Andretta.

O mapeamento de áreas de risco é um dos principais trabalhos que o SGB realiza em todo o país para apoiar o poder público em ações de prevenção de desastres. Mais de 1,7 mil municípios brasileiros já receberam esse estudo.

Leia também: Voçorocas: as crateras que se formam na região urbana de Manaus

Atualização do mapeamento de áreas de risco

O levantamento anterior foi realizado em 2019 e, na ocasião, foram identificados 634 setores de risco alto e muito alto, onde viviam, aproximadamente, 73 mil pessoas. A variação no número de setores observada no novo mapeamento decorre da aplicação de metodologias e tecnologias mais precisas e atualizadas.

Para a atualização, o SGB adotou uma nova metodologia, considerando apenas os setores de risco alto e muito alto. Também foram utilizadas tecnologias como imagens de maior resolução e drones, o que permitiu unir em um mesmo setor áreas vizinhas que antes eram contabilizadas separadamente. Além disso, foi usada a base de dados domiciliar do Censo 2022 do IBGE, o que proporcionou maior precisão na estimativa populacional.

*Com informações do Serviço Geológico do Brasil