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Festival de Parintins 2025 bate recordes de público e movimentação econômica com 120 mil visitantes na ilha

Foto: Divulgação/Marinha do Brasil

O 58º Festival Folclórico de Parintins, realizado entre os dias 27 e 29 de junho de 2025, registrou números inéditos e consolidou-se como um dos maiores eventos culturais da Região Norte. Segundo balanço apresentado no dia 1º de julho pelo governador do Amazonas, Wilson Lima, a edição deste ano recebeu mais de 120 mil visitantes, superando todas as estimativas anteriores.

“Este ano, tivemos um evento grandioso. O Estado, juntamente com as principais secretarias envolvidas no processo, levou uma estrutura muito grande. E aqui eu quero publicamente parabenizar os servidores estaduais, porque são eles que efetivamente fazem isso acontecer, juntamente com o povo de Parintins, com a prefeitura e com os trabalhadores de Garantido e Caprichoso”, declarou o governador durante a apresentação dos dados.

A mobilização logística do festival foi expressiva. Foram registradas mais de mil operações aéreas no Aeroporto Júlio Belém, o que representa um aumento de 146% em relação ao último ano com dados comparáveis, 2019. A média foi de 209 operações por dia em 2025. No transporte fluvial, 691 embarcações atracaram em Parintins, movimentando mais de 105 mil passageiros – 25% a mais do que em 2024.

Entre os eventos paralelos, a Festa dos Visitantes atraiu 27 mil pessoas, alcançando arrecadação de cerca de 40 mil itens alimentícios. Já no Bumbódromo, palco das apresentações dos bois Caprichoso e Garantido, a média de público foi de 18 mil pessoas por noite.

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A estrutura estadual envolveu mais de 5 mil servidores de cerca de 20 órgãos do governo. Só na área da segurança pública, mil agentes foram destacados para atuar no município. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, houve redução de 24% nos furtos de celulares e de 41% nos casos de lesão corporal, na comparação com 2024.

Uma das inovações deste ano foi o uso do Sistema Paredão, que emprega tecnologia de reconhecimento facial e leitura de placas. Com 80 câmeras instaladas em pontos estratégicos, o sistema contribuiu para a prisão de dez pessoas durante os dias de festa. Também foram utilizados drones para monitoramento, além do programa RecuperaFone, da Polícia Civil, e uma embarcação especializada no combate a incêndios.

No setor do turismo, dados da Empresa Estadual de Turismo do Amazonas (Amazonastur) indicam que, entre 2019 e 2025, o Festival de Parintins atraiu mais de 527 mil visitantes, com média anual de 105 mil, mesmo com a interrupção do evento em 2020 e 2021 devido à pandemia. A movimentação econômica estimada para 2025 é superior a R$ 184 milhões, com expectativa de que o acumulado dos últimos anos se aproxime dos R$ 700 milhões.

Foto: Clarissa Bacellar/Portal Amazônia

Durante cinco dias, o Turistódromo instalado na Praça da Catedral de Nossa Senhora do Carmo recebeu uma média de 50 mil pessoas por dia. No local, funcionaram feiras de artesanato e economia solidária, que somaram R$ 2,7 milhões em vendas. A Mostra de Artesanato e Economia Solidária, organizada pela Secretaria Executiva do Trabalho e Empreendedorismo, contou com 73 artesãos e resultou na venda de 64,5 mil itens, movimentando mais de R$ 1,8 milhão.

A 5ª Feira de Artesanato Indígena também teve crescimento significativo. Com a participação de 115 artesãos, a iniciativa alcançou um volume de vendas de mais de R$ 950 mil, um aumento de 50% em relação ao ano anterior, segundo a Fundação Estadual dos Povos Indígenas do Amazonas (Fepiam).

Entre os investimentos recentes no município, o governador assinou, durante a abertura do festival, o contrato para elaboração do projeto do novo Bumbódromo. Desde 2019, já foram aplicados R$ 21,2 milhões na revitalização da arena. Para a edição deste ano, foram investidos R$ 4,4 milhões em reforma preventiva e mais R$ 10 milhões repassados diretamente para os bois Caprichoso e Garantido.

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Nos dias que antecederam o festival, também foram realizadas entregas como a primeira etapa do Programa de Saneamento Integrado (Prosai), que garantiu abastecimento de água tratada em toda a cidade. Além disso, foram inaugurados a nova sede do Cetam, o Ginásio Poliesportivo Elias Assayag, o serviço de Telessaúde e o próprio Turistódromo.

Com esse conjunto de ações, Parintins se tornou o centro das atenções do país durante os dias de festival, reunindo cultura, tradição, tecnologia e grandes volumes de circulação de pessoas e recursos.

Jovens de comunidades tradicionais da Amazônia lançam carta em defesa dos territórios e do clima rumo à COP30

Jovens de comunidades tradicionais da Amazônia. Foto: divulgação

Fortalecimento de políticas públicas, financiamento direto para organizações comunitárias, educação e saúde contextualizadas com a realidade amazônica, apoio técnico, político e financeiro, fortalecimento das economias da sociobiodiversidade, segurança territorial, entre outras pautas, compõem a Carta Regional das Juventudes de Povos e Comunidades Tradicionais.

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O documento foi elaborado por mais de 400 jovens indígenas, quilombolas, ribeirinhos e extrativistas, após intensos debates e trocas de saberes durante o Encontro das Juventudes de Povos e Comunidades Tradicionais, realizado na última semana.

O evento destacou o protagonismo de jovens das florestas e águas da Amazônia, e ocorreu no Quilombo São Francisco do Bauana, localizado entre o município de Alvarães e a Floresta Nacional (Flona) de Tefé (a 531 km de Manaus) — região duramente impactada pela crise climática, com a morte de centenas de botos-cor-de-rosa, peixes e outros animais, além do isolamento de milhares de famílias, reflexo direto do aumento da temperatura global e da forte estiagem que atingiu o Amazonas nos últimos dois anos.

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Jovens de comunidades tradicionais da Amazônia
Jovens de comunidades tradicionais. Foto: divulgação

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Além das discussões políticas e ambientais, o encontro também celebrou marcos históricos: os 40 anos do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), os 35 anos de criação das Reservas Extrativistas (Resex) e os 14 anos do projeto “Jovens como Protagonistas pelo Fortalecimento Comunitário”.

Para viabilizar a participação dos jovens, foi realizada uma operação logística envolvendo voos, traslados por estradas de barro, rios, barcos regionais e dezenas de canoas que percorreram diversas comunidades da região de Tefé. Mais de 60 famílias do quilombo acolheram os participantes, oferecendo espaços da escola, refeitório, centro comunitário, casas de moradores, além do campo e da quadra de futebol.

Denise Godim do Carmo, jovem da comunidade Bauana (RDS Uacari, em Carauari – a 788 km de Manaus), participou pela primeira vez do evento. Para ela, foi uma oportunidade concreta de construção de políticas públicas com a participação da juventude. “Nós, jovens, podemos atuar, dar nossas vozes e falar sobre nossa emancipação dentro do território, sobre os trabalhos que desenvolvemos e, principalmente, sobre as políticas públicas que desejamos e almejamos conquistar”, afirmou.

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Documento de reivindicação política

A Carta Regional das Juventudes de Povos e Comunidades Tradicionais traz reivindicações claras aos governos e à sociedade civil, com foco na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que acontecerá neste ano, em Belém (PA).

Jovens de comunidades tradicionais. Foto: divulgação

O texto reforça que a Amazônia é um território vivo e habitado, e não um “vazio” a ser explorado, como ainda é tratado por muitas políticas públicas e pelo mercado. Os jovens relatam que as mudanças climáticas afetam diretamente suas vidas, dificultando a pesca, agricultura, navegação e o acesso à educação. Ainda assim, continuam cuidando das florestas, rios, saberes e culturas.

“Vivemos grandes avanços na construção de uma carta de reivindicação dos povos e comunidades tradicionais — que será revisada e entregue às autoridades na COP30 e ao Governo Federal. A juventude está presente, sonhando e propondo alternativas para manter a floresta em pé. Porque decidimos estar nesses espaços de decisão coletiva”, afirma Wendel Araújo, secretário de Juventude do CNS.

Atividades culturais

Durante o encontro, também foram realizadas diversas manifestações culturais. Os moradores do Quilombo Bauana apresentaram um desfile com imagens em defesa da fauna, da flora amazônica e das economias da sociobiodiversidade. No segundo dia, encenaram a tradicional dança do agricultor, com moradores carregando utensílios das roças.

Jovens de comunidades tradicionais. Foto: divulgação

Além disso, no terceiro dia, uma instalação artística em uma árvore chamou a atenção para a defesa dos saberes e da importância das populações extrativistas na luta contra as mudanças climáticas.

A iniciativa foi promovida pelo Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), Memorial Chico Mendes (MCM), Jovens Protagonistas (JP) e Associação dos Moradores e Produtores Agroextrativistas da Flona de Tefé e Entorno (APAFE), com apoio do Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), SOS Amazônia, Instituto Clima e Sociedade (ICS), Fundação Amazônia Sustentável (FAS), Rainforest Noruega (RFN), GIZ, ICMBio, Prefeitura de Alvarães, Câmara de Vereadores de Alvarães, CONAQ-AM, grupo Mulheres Protagonistas da Flona Tefé, Quilombo São Francisco do Bauana, Rede Maniva de Agroecologia (REMA), entre outras organizações locais.

Leia a carta completa abaixo:

Estudo fortalece a participação da sociedade civil nas negociações climáticas

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Floresta no Acre. Foto: Marcos Vicentti/Secom-AC

A construção de soluções climáticas eficazes e duradouras exige, mais do que nunca, a integração ativa da sociedade civil nos grandes fóruns internacionais. Essa é a principal conclusão do relatório Promovendo o Engajamento Inclusivo da Sociedade Civil na COP30 e Além, a partir de entrevistas com lideranças de seis das últimas oito COPs do Clima, além de representantes de atores estatais e organizações da sociedade civil.

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Elaborado pelo WWF e o Boston Consulting Group (BCG), o estudo também se baseia na análise de mais de 30 fontes públicas e nas diretrizes da UNFCCC – Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima.

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Estudo fortalece a participação da sociedade civil nas negociações climáticas
Seca no Amazonas. Foto: divulgação

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O trabalho reúne e sistematiza as melhores práticas para assegurar que a participação da sociedade civil seja de fato significativa, contribuindo de forma concreta para a governança climática global, destacando que o sucesso da COP vai além dos acordos entre governos.

Para que a conferência seja realmente transformadora, é essencial que ela promova inclusão, transparência e uma atuação climática contínua, construída em diálogo com organizações da sociedade civil, povos indígenas, comunidades tradicionais, juventudes, movimentos sociais e demais grupos historicamente pouco representados.

Para isso, o estudo propõe estratégias práticas que ajudam a aproximar a sociedade civil dos objetivos da conferência – como a criação de redes colaborativas, ajustes logísticos que ampliem a acessibilidade e o desenvolvimento de espaços integrados, voltados à construção de soluções concretas.

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Estudo fortalece a participação da sociedade civil nas negociações climáticas
Influência do fenômeno El Ninõ. Foto: Alex Pazuello/Secom-AM

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A proposta inclui ainda, mecanismos de acompanhamento que assegurem a continuidade do engajamento antes, durante e após o evento e recomenda que a presidência da COP30 exerça um papel estratégico de catalisação e articulação institucional para promover escutas e a inclusão da sociedade civil no processo de tomada de decisões da Conferência.

Apesar de os avanços no reconhecimento do papel da sociedade civil nas negociações climáticas, o relatório aponta que ainda há barreiras significativas a serem enfrentadas. As tensões geopolíticas e as disparidades econômicas seguem desafiando o multilateralismo, dificultando a integração plena de vozes diversas nos espaços decisórios.

Além disso, restrições logísticas e financeiras limitam a presença de grupos sub-representados, sobretudo em regiões com menos recursos. A complexidade dos processos de credenciamento e a ausência de mecanismos eficazes para acompanhar os compromissos voluntários assumidos também enfraquecem o impacto da participação social.

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Imagem aérea de queimadas na cidade de Altamira, Estado do Pará. Foto: Victor Moriyama/Greenpeace

Superar esses obstáculos requer reformas estruturais que promovam inclusão, transparência e co-responsabilidade no processo, além de um redesenho dos critérios que definem o sucesso das COPs, colocando o engajamento social como um dos pilares centrais.

Tatiana Oliveira, especialista em Políticas Públicas do WWF-Brasil, afirma que “mais do que uma proposta técnica, o relatório é um chamado à ação coletiva. Ele aponta caminhos que podem ser úteis para a COP de Belém, de modo que ela seja mais inclusiva e potencialize as conexões e parcerias entre sociedade civil, governos e outros atores relevantes na agenda, valorizando a pluralidade de perspectivas como elemento central para enfrentar a crise climática global”.

Para a especialista, a realização da COP30 em solo brasileiro representa uma oportunidade histórica para o país liderar, pelo exemplo e com responsabilidade, um novo capítulo da governança climática. “Diante de um cenário internacional marcado por desafios geopolíticos e desigualdades profundas, fortalecer o multilateralismo e o diálogo entre diferentes setores é fundamental. Nesse contexto, o evento se configura como uma possibilidade única para demonstrar que somente com cooperação internacional, participação cidadã efetiva e compromisso político é possível construir soluções sustentáveis e justas para o planeta”, afirma.

*Com informações da WWF-Brasil

Simpatia da Juventude aborda autismo e vai para participar de competição junina nacional

A quadrilha junina Simpatia da Juventude foi a grande campeã do 7º Forrozão do Primo Sebastian durante o Arraiá do Povo, realizado pelo Governo do Amapá. Com 80,3 pontos, o grupo conquistou o título e garantiu o passaporte para representar o estado no Campeonato Brasileiro de Quadrilhas, que acontece de 25 a 27 de julho em Alagoas.

Após dividir o 1º lugar na categoria estilizado com ‘Luar do Sertão’ no 6º Festival Municipal Sandro Rogério, a agremiação junina mostrou que o ‘Autismo, o Mundo Azul da Fera’ possui um forte impacto social e o quanto inclusão e o respeito às pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) são importantes.

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O 7° Forrozão do Primo Sebastian é uma realização da Federação das Entidades Juninas e Folclóricas do Amapá (Fejufap), com apoio do Governo do Estado, e integra a programação do Arraiá do Povo 2025. O evento reuniu sete quadrilhas juninas de diferentes municípios do Amapá e das ilhas do Pará, promovendo a cultura popular e incentivando a valorização das tradições regionais.

Arraiá Amazônico

O Arraiá Amazônico é uma realização da Fundação Rede Amazônica (FRAM) em parceria com a Central Única das Favelas (CUFA-Amapá), Associação Casa da Hospitalidade, Lar Betânia – Casa da acolhida Marcello Candia; e apoio da Secretaria de Cultura do Estado do Amapá (Secult), Governo do Amapá e Tratalix Serviços Ambientais.

Mapa interativo inédito reúne obras de transporte previstas pelo governo federal na Amazônia

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Mapa interativo inédito reúne obras de transporte. Foto: Dnit

O Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA) lançou uma nova plataforma interativa que mapeia, pela primeira vez, os principais projetos federais de infraestrutura de transporte previstos para o país, com foco na Amazônia Legal.

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A ferramenta reúne dados públicos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), do Plano Plurianual 2024-2027 (PPA) e das ferrovias autorizadas pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), proporcionando uma visão integrada e acessível do que está em curso ou em planejamento para o transporte de cargas no Brasil. Navegue pela ferramenta.

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Mapa interativo inédito reúne obras de transporte
Mapa interativo inédito reúne obras de transporte. Foto: Observatório BR-319

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A plataforma tem como objetivo principal auxiliar na ampliação da transparência e facilitar o acompanhamento da sociedade sobre os investimentos em infraestrutura propostos, com destaque para os empreendimentos localizados na região Amazônica ou conectados a ela. A proposta surgiu para trazer um olhar integrativo e estratégico, mostrando não apenas o volume das intervenções, mas também a forma como elas se articulam territorialmente.

“No contexto em que são analisados de forma fragmentada, os projetos logísticos podem comprometer a eficiência econômica e gerar impactos sociais e ambientais significativos que poderiam ser evitados. Ao reunir esses dados em uma único local, a ferramenta oferece subsídios importantes para que comunidades ribeirinhas, indígenas, quilombolas e demais populações afetadas possam ter uma visão estratégica dos projetos e se organizar, buscar informações e se posicionar antes da chegada das obras em seus territórios.”, explica Raissa Gomes, pesquisadora no Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA).

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Foto: divulgação

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Entre os destaques da plataforma estão a identificação de projetos em três grandes corredores de escoamento na Amazônia Legal: Madeira, Tocantins-Araguaia e Tapajós-Xingu. Vistos por alguns setores econômicos da sociedade como rotas para escoar a exportação de grãos e minérios, esses projetos, se implementados, podem provocar impactos socioambientais significativos sobre o território e as comunidades amazônicas.

Em nota técnica divulgada em conjunto com o Instituto Socioambiental (ISA), o GT Infraestrutura, o Ibraop e a Transparência Internacional, o IEMA defende que a definição de prioridades de investimento deve levar em conta a viabilidade econômica, os riscos socioambientais e a escuta qualificada da população.

A elaboração do Plano Nacional de Logística 2050 (PNL 2050) é o momento para que isso seja feito. A expectativa é de que o PNL 2050, o primeiro em que há abertura efetiva para participação da sociedade, incorpore diretrizes que fortaleçam um processo decisório pautado em critérios técnicos e socioambientais, com análises de alternativas que atendam efetivamente às necessidades da população brasileira.

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Entendendo as siglas

No Brasil, os investimentos em infraestrutura são viabilizados por meio de duas grandes frentes institucionais:

Comércio de Porto Velho. Foto: Daiane Mendonca
  • Plano Plurianual (PPA): os projetos priorizados pelo PNL podem ser inseridos no planejamento orçamentário do governo federal, ganhando previsão de recursos públicos para sua realização;
  • Programa de Parcerias de Investimentos (PPI): os projetos são estruturados para concessão, privatização ou parcerias público-privadas, permitindo que empresas privadas executem e operem os empreendimentos, com base em diretrizes estabelecidas.

Ambos podem ser empregados dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), uma iniciativa do atual governo federal voltada à realização de grandes obras públicas estratégicas, incluindo no setor de transportes. Os projetos de planos, como por exemplo o Plano Nacional de Logística, podem ser incorporados ao PAC como forma de garantir prioridade política, coordenação interinstitucional e recursos federais para sua implementação.

Mato Grosso consolida protagonismo na produção mundial de grãos e fibras

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Nesta safra, a estimativa é de 50,89 milhões de toneladas de soja – Foto: Marcos Vergueiro/Secom-MT

Mato Grosso tem se consolidado ao longo dos anos como potência global na produção de grãos e fibras e reforça seu papel estratégico na economia brasileira ao manter desempenho de destaque na safra 2024/2025.

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O estado segue liderando a produção agrícola nacional e contribuindo de forma expressiva para o abastecimento de mercados internacionais, com impacto direto na geração de empregos, arrecadação e no fortalecimento das cadeias produtivas.

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Mato Grosso consolida protagonismo na produção mundial de grãos e fibras
Produção de soja. Foto: divulgação

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Nesta safra, a estimativa é de que Mato Grosso colha 50,89 milhões de toneladas de soja, 50,38 milhões de toneladas de milho e 6,71 milhões de toneladas de algodão (considerando caroço e pluma), totalizando mais de 104 milhões de toneladas. O volume coloca o estado entre os maiores produtores do mundo em todas essas culturas.

Em comparativo feito a partir de dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), Mato Grosso responde por cerca de 12% da produção mundial de soja, volume aproximadamente 2,5 vezes maior que o da China e 17 vezes superior ao da União Europeia.

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Algodao agroecologico cultivado no estado. Foto: UFMT

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Na produção de milho, o estado contribui com 4% da oferta global, ajudando o Brasil a se manter na sexta posição do ranking dos maiores produtores do planeta. Já o algodão mato-grossense representa cerca de 10% da produção mundial, o que mantém o país na quinta colocação global.

O secretário de Desenvolvimento Econômico de Mato Grosso, César Miranda, afirmou que o desempenho da atual safra é resultado direto do amadurecimento do setor agropecuário no estado.

“Esses números refletem o resultado de décadas de investimento em tecnologia, gestão e logística no campo. Mato Grosso não é apenas um celeiro do Brasil, é uma referência global de produtividade e eficiência na agricultura.”

Marco histórico: lançamento do Plano Diretor da Bacia Hidrográfica do Rio Araguari garante segurança hídrica ao maior rio do Amapá

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Lançamento do Plano Diretor da Bacia Hidrográfica do Rio Araguari. Foto: Alexandra Flexa/GEA

Utilizado como instrumento de democratização dos recursos hídricos, o Plano Diretor da Bacia Hidrográfica do Rio Araguari (PDBH), estabelece diretrizes para o uso sustentável das águas, conciliando preservação ambiental e desenvolvimento socioeconômico com foco no bem-estar da população e do meio ambiente.

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Lançado no dia 25 de junho, o plano foi construído após um ciclo de escutas públicas e oficinas participativas promovidas em diversos municípios sob a coordenação da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema). A iniciativa complementa o Plano Estadual de Recursos Hídricos, lançado neste mês de junho, e se articula com outras políticas públicas, como o Código de Governança Socioambiental, o Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) e o Atlas Solar do Amapá.

lançamento do Plano Diretor da Bacia Hidrográfica do Rio Araguari
Lançamento do Plano Diretor da Bacia Hidrográfica do Rio Araguari. Foto: Alexandra Flexa/GEA

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O conselheiro do Comitê da Bacia e presidente da Colônia de Pescadores de Pedra Branca do Amapari, Carlos Oliveira, 53 anos, enfatiza a importância da regulamentação para as atividades que utilizam o rio, consumo e a segurança de conservação do recurso natural.

“É uma honra poder participar dessa entrega e poder contribuir com ideias e opiniões, até porque a gente vive desse rio. Eu como pescador e presidente de colônia sei da importância da utilização do rio e, para manter é indispensável dar o direcionamento correto para o uso responsável da água, tanto na pesca, quanto na psicultura e produtores rurais que trabalham com irrigação”, declarou Carlos.

A secretária de Estado do Meio Ambiente, Taisa Mendonça, destacou a relevância do plano como ferramenta de ordenamento, conservação e segurança jurídica para os diferentes usos das águas no território.

Lançamento do Plano Diretor da Bacia Hidrográfica do Rio Araguari. Foto: Alexandra Flexa/GEA

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“Sob a condução do governador Clécio Luís, essa é mais uma entrega histórica, o Plano é mais um importante instrumento de política pública ambiental, mas acima de tudo, uma ferramenta de gestão dos recursos hídricos da bacia hidrográfica que abrange 11 municípios. É uma política pública ambiental que reafirma o compromisso de uma gestão pública responsável e alinhada à sustentabilidade. Este plano orienta o uso das nossas riquezas hídricas, respeitando os modos de vida de quem habita sob a copa das árvores e às margens dos rios”, destacou a secretária de Estado do Meio Ambiente, Taisa Mendonça.

O instrumento gestor é uma ferramenta que reforça o papel do Estado na articulação entre o setor público, sociedade civil e usuários de recursos hídricos, servindo como base técnica para decisões estratégicas e atração de investimentos. Também fortalece o alinhamento com a Política Nacional de Recursos Hídricos, valorizando a participação social e a conservação dos ecossistemas aquáticos.

O documento traz um diagnóstico completo da bacia e propõe ações voltadas à gestão integrada e participativa das águas. Entre os principais eixos, estão:

  • Diagnóstico dos usos e potenciais hídricos: abastecimento humano, energia,    agricultura, pesca, turismo e conservação;
  • Propostas para prevenção de conflitos pelo uso da água;
  • Subsídios ao licenciamento ambiental e ao zoneamento ecológico-econômico;
  • Diretrizes para segurança jurídica e investimentos;
  • Avaliação de cenários frente às mudanças climáticas.
Lançamento do Plano Diretor da Bacia Hidrográfica do Rio Araguari. Foto: Alexandra Flexa/GEA

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O diretor de Desenvolvimento Ambiental, Marcos Almeida, enfatiza que o instrumento gestor, além de ser um marco estratégico para a gestão dos recursos hídricos no estado, apresenta o diagnóstico quali-quantitativo das águas superficiais e subterrâneas, a análise das demandas atuais e futuras, o prognóstico de cenários hídricos para os próximos 5, 10 e 20 anos e a elaboração de programas de ação com metas e diretrizes claras.

“Esses resultados foram construídos de forma participativa, com oficinas, seminários e escutas em campo, permitindo que o plano reflita a realidade territorial e as necessidades de quem vive e produz na bacia. O documento consolidado inclui ainda propostas para cobrança pelo uso da água, mecanismos de outorga, diretrizes para enquadramento dos corpos d’água, e um robusto banco de dados georreferenciado”, destacou.

A grande inovação do Plano está na sua capacidade de integrar diferentes atores e setores em torno de uma governança compartilhada. Ele estabelece um modelo de gestão articulada entre o Comitê da Bacia, o poder público, o setor produtivo, as comunidades tradicionais e a sociedade civil organizada, alinhando-se ao Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Isso garante maior previsibilidade aos empreendimentos, promove segurança jurídica e contribui para a sustentabilidade ambiental e econômica da região.

Lançamento do Plano Diretor da Bacia Hidrográfica do Rio Araguari. Foto: Alexandra Flexa/GEA

“Estamos entregando uma ferramenta viva, que orientará as políticas públicas hídricas do Amapá com base em ciência, participação social e respeito aos nossos ecossistemas. Este plano representa um marco técnico e político para o Amapá. Foram 12 meses de trabalho intenso, com pesquisas, oficinas e escutas públicas. Ele inaugura um novo modelo de desenvolvimento regional, baseado na valorização dos recursos naturais e na articulação institucional”, finalizou Almeida.

Esforço conjunto

A elaboração do instrumento gestor contou com empenho e articulação do senador da República, Davi Alcolumbre, junto a Eletrobrás, propulsora do Plano construído em conjunto com os povos tradicionais, setor público, privado, sociedade civil, órgãos gestores ligados ao recurso, demais usuários e apoio do Ministério do Desenvolvimento Regional (MIDR).

Lançamento do Plano Diretor da Bacia Hidrográfica do Rio Araguari. Foto: Alexandra Flexa/GEA

Comitê Gestor

O Comitê Gestor é coordenado pela Sema é formado por 42 membros: 14 representantes do poder público, 14 da sociedade civil e 14 do setor de usuários de recursos hídricos. O colegiado é responsável pela deliberação, regulamentação e definição de critérios para o uso das águas da bacia, inclusive a cobrança pelo uso.

Bacia do Rio Araguari

Com cerca de 42.710 km², a Bacia Hidrográfica do Rio Araguari é a maior do Amapá, abrangendo cerca de 30% do território estadual. Sua rede hidrográfica inclui os rios Falsino, Amapari, Cupixi, Mutum e o próprio Araguari. A bacia é vital para a geração de energia, abastecendo empreendimentos estratégicos como as usinas hidrelétricas de Coaracy Nunes, Ferreira Gomes e Cachoeira Caldeirão.

A região abrange 11 municípios: Serra do Navio, Pedra Branca do Amapari, Porto Grande, Ferreira Gomes, Tartarugalzinho, Pracuúba, Amapá, Calçoene, Cutias, Itaubal e Macapá. Além de sua importância econômica, a bacia sustenta populações ribeirinhas e atividades tradicionais, sendo essencial para a mobilidade, produção e segurança hídrica no estado. 

*Com informações do Governo do Estado do Amapá

Frio de Curitiba não impede homenagem ao Festival de Parintins feita por escola durante festa junina

Foto: Reprodução/Instagram-colegiomedianeiractba

Em meio à forte onda de frio que atinge Curitiba (PR) nos primeiros dias de julho, alunos do 4º ano do Ensino Fundamental do Colégio Medianeira têm aquecido corações com uma homenagem inusitada e emocionante: uma festa junina inspirada no Festival Folclórico de Parintins. A celebração, marcada para o dia 5 de julho, vai recriar no Sul do Brasil um dos maiores espetáculos culturais da região Norte, levando para dentro da escola a vibrante rivalidade entre os bois-bumbás Caprichoso e Garantido.

“Alunos do Ensino Fundamental de Curitiba homenageiam o Festival Folclórico de Parintins durante festa junina. A disputa entre Garantido e Caprichoso foi escolhida para enriquecer o repertório cultural das crianças do 4º ano. Festejo acontece no próximo sábado (05), no Colégio Medianeira”, informa a escola nas redes sociais.

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A proposta pedagógica partiu de uma comissão formada pelos professores Angélica Laurino, Marcelo Ferreira, Isabela Caldeira e Débora Oliveira, com apoio dos especialistas Fernanda Almeida, Laís Bifon e Léo Pimentel. O objetivo era escolher um tema que, além de integrar os conteúdos curriculares, permitisse aos estudantes vivenciarem manifestações culturais brasileiras nem sempre visibilizadas em outras regiões do país.

“Queríamos trazer algo genuinamente brasileiro, mas que muitas vezes não recebe destaque fora da sua região. Foi assim que surgiu a proposta de homenagear o Festival de Parintins”, contou o professor de Língua Portuguesa, Marcelo Ferreira.

O Festival de Parintins, realizado anualmente no Amazonas, é uma das maiores celebrações do folclore brasileiro, conhecido por seus desfiles temáticos, lendas amazônicas, referências aos povos indígenas e africanos, religiosidade e riqueza estética. Essa multiplicidade de elementos despertou o interesse dos educadores, que viram no projeto uma oportunidade de ampliar o repertório dos estudantes de forma lúdica e significativa.

“Além da beleza artística e simbólica, os temas apresentados no festival, como lendas amazônicas, povos originários, religiosidade e tradições da região Norte dialogam diretamente com conteúdos do currículo do 4º ano, que contempla o estudo das culturas indígenas e africanas na formação do povo brasileiro”, explicou a professora e supervisora Angélica Laurino.

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O projeto foi apresentado aos alunos com o apoio de vídeos, músicas e imagens de edições anteriores do festival. A resposta foi imediata: encantamento e curiosidade tomaram conta das salas de aula. As quatro turmas do 4º ano foram divididas em dois grupos, cada um representando um dos bois. Os estudantes estão preparando coreografias, fantasias, bandeiras, tiaras e elementos cênicos inspirados no universo dos bumbás.

“As crianças ficaram encantadas, e se surpreenderam com a grandiosidade do festival, os figurinos exuberantes, as toadas marcantes e a força das lendas e das raízes indígenas que dão vida ao espetáculo”, disse Laurino.

Para deixar a homenagem ainda mais fiel, elementos típicos do festival foram adaptados para a apresentação escolar. Dois itens do espetáculo original serão representados: o item 6, “amo do boi”, com crianças declamando poemas exaltando seu boi e provocando o adversário com humor; e o item 19, “galera”, com a participação ativa de familiares nas torcidas organizadas, representando a energia das arquibancadas do Bumbódromo.

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Apesar do clima de disputa, o colégio deixou claro que a rivalidade será apenas simbólica:

“Sobre a rivalidade entre os grupos, importante dizer que de forma simbólica e com um olhar pedagógico, não buscaremos eleger um boi vencedor. O objetivo é recriar o clima de rivalidade saudável presente no festival, valorizando igualmente os dois grupos. O foco está no respeito, na cooperação e em tudo o que foi aprendido ao longo do processo”.

Mesmo com as baixas temperaturas, os ensaios seguiram firmes. “Foi um desafio, adaptamos para espaços fechados e aquecidos, mas ninguém quis abrir mão dos ensaios. Isso mostra o quanto os alunos estão envolvidos”, relatou Marcelo Ferreira.

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Esta é a segunda vez que o Colégio Medianeira presta homenagem ao Festival de Parintins. A primeira aconteceu há dez anos, com os alunos do 3º ano. Agora, em 2025, o evento volta ao cenário escolar como símbolo de integração, diversidade e valorização das culturas brasileiras.

“A região Norte guarda saberes ancestrais e expressões artísticas grandiosas como o Festival de Parintins. Ao valorizar essa diversidade, formamos cidadãos mais conscientes, empáticos e orgulhosos do Brasil”, concluiu Ferreira.

Pesquisa investiga fatores responsáveis pela mudança nos hábitos alimentares em comunidades ribeirinhas

Foto: Divulgação/Instituto Mamirauá

Em um cenário de profunda diversidade socioambiental, um estudo inédito nas Reservas de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e Amanã, estado do Amazonas, tem se debruçado sobre uma questão vital: quais são as causas das mudanças na alimentação em comunidades ribeirinhas da região? Conduzida por uma equipe multidisciplinar ligada à Universidade de Lisboa, à Universidade Federal do Amazonas e ao Instituto Mamirauá, o estudo busca entender os fatores que impulsionam a chamada transição alimentar nesses territórios tradicionais.

A pesquisa, intitulada ‘Diversidade biocultural alimentar e resiliência: o caso da Amazônia brasileira em transição’, é liderada pela pesquisadora Daiane Soares Xavier da Rosa, doutoranda em Ciências da Sustentabilidade pela Universidade de Lisboa e associada ao Instituto Mamirauá, no Grupo de Pesquisa em Territorialidades e Governança Socioambiental na Amazônia.

Com orientação e apoio de pesquisadores do Brasil e Portugal, o estudo une métodos quali-quantitativos para captar, com profundidade, os hábitos e mudanças no consumo de alimentos em seis comunidades ribeirinhas da região do Médio Solimões e como essas transformações impactam a cultura alimentar, a saúde e a resiliência socioecológica dessas comunidades amazônicas.

Alimentação em mudança

Abrigo de mais de 3 milhões de hectares de floresta tropical, as Reservas de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e Amanã estão entre as mais importantes áreas protegidas da Amazônia brasileira. Reconhecidas por sua vasta biodiversidade e por serem o território de comunidades tradicionais, essas reservas desempenham papel estratégico na conservação ambiental e no desenvolvimento sustentável da região, frente os efeitos acelerados das mudanças climáticas e o avanço de atividades predatórias de larga escala, como a mineração.

É nesse panorama complexo que a pesquisa busca compreender como essas comunidades têm vivenciado transformações em seus hábitos alimentares.

Foto: Divulgação/Instituto Mamirauá

De acordo com Daiane da Rosa, as comunidades selecionadas para o estudo — três na Reserva Mamirauá e três na Reserva Amanã — apresentam diferentes graus de proximidade com centros urbanos, o que pode influenciar o acesso a alimentos industrializados. Esse é um dos fatores que vem sendo analisado como determinante na transformação dos hábitos alimentares locais.

“Desenvolvemos essa pesquisa em comunidades com diferentes acessos aos centros urbanos e aos supermercados. Estamos investigando como isso pode estar influenciando no consumo de alimentos industrializados, em especial os ultraprocessados”, explica a pesquisadora.

Essa etapa da pesquisa, desenvolvida entre os anos de 2023 e 2024, envolveu questionários aplicados a diferentes perfis dentro das comunidades — líderes comunitários, merendeiras e gestores das escolas, anciãos, cozinheiras (os) e unidades familiares — com destaque para as entrevistas com foco em questões socioeconômicas e na chamada “biografia alimentar”, realizada em cerca de 25% das casas de cada comunidade.

“Este bloco de entrevistas que engloba questões socioeconômicas e de hábitos alimentares durou cerca de 2 horas e nos deu uma grande riqueza de informações. A partir delas, conseguimos entender as decisões alimentares em nível familiar”, afirma.

O desenvolvimento dos questionários e das perguntas que fizeram parte da pesquisa de campo teve como base uma ampla revisão da literatura especializada, realizada pela pesquisadora e co-autores, buscando entender, em nível global, quais são os fatores responsáveis por mudanças na alimentação em povos indígenas e comunidades locais.

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Dados censitários das Reservas Mamirauá e Amanã levantados entre 2018 e 2019, pelo Sistema de Monitoramento Demográfico e Econômico (SIMDE) desenvolvido pelo Instituto Mamirauá, também foram utilizados, com o objetivo de selecionar comunidades com o maior número possível de variáveis associadas aos objetivos da pesquisa.

“A revisão de literatura em escala global nos proporcionou entender as transições alimentares em populações tradicionais em nível macro, possibilitando o desenvolvimento de perguntas robustas e que fizessem sentido localmente”, afirma Daiane.

Tradições resistem, mas enfrentam desafios

Entre os resultados preliminares, um dado chama atenção: a base da alimentação ribeirinha nessa região da Amazônia permanece centrada no pescado e na farinha de mandioca, complementada com alimentos in natura e minimamente processados, adquiridos no supermercado No entanto, há indícios de mudanças significativas entre gerações.

Segundo os anciãos e os chefes familiares, os jovens e adolescentes das comunidades consomem mais alimentos ultraprocessados do que os adultos — um reflexo, segundo a pesquisa, da influência crescente da merenda escolar.

“As pessoas que tomam as decisões alimentares, ou seja, o que será comprado no supermercado e servido nas refeições familiares, têm hoje, em média. 40 anos de idade, e seus hábitos estão ligados à cultura alimentar regional, mais tradicional. Entretanto os chefes familiares relataram que os hábitos alimentares de crianças e adolescentes estão cada vez mais voltados para as comidas de supermercado”, observa Daiane.

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Foto: Divulgação/Instituto Mamirauá

Em comunidades mais distantes de centros urbanos, especialmente aquelas situadas em áreas de paleovárzea (menos afetadas pelas dinâmicas de secas e cheias dos rios da região), observou-se uma maior diversidade alimentar.

“A agricultura familiar e de subsistência tem um papel essencial. Para além da roça, os alimentos que são plantados nos quintais e nos sítios aumentam consideravelmente a diversidade alimentar. Comunidades em áreas de várzea acabam ficando mais vulneráveis na cheia, e aí recorrem ao supermercado com mais frequência”, destaca.

A merenda escolar como vetor de mudança

O estudo também analisou o papel da alimentação nas escolas e identificou uma alta incidência de ultraprocessados na lista de itens da merenda escolar. Segundo Daiane, essa é uma descoberta significativa no contexto das mudanças alimentares, pois indica que a escola introduz hábitos diferentes daqueles tradicionalmente praticados nas famílias, influenciando o processo de transição alimentar.

“Esses hábitos se estabelecem. As crianças aprendem a comer de determinada forma na escola e levam isso para casa, influenciando, inclusive, a alimentação do restante da família. É um ciclo de transformação que está em processo”, observa a pesquisadora.

Os chamados alimentos ultraprocessados são formulações industriais feitas majoritariamente de substâncias extraídas ou derivadas de alimentos, como óleos, gorduras, açúcares e aditivos químicos, com pouco ou nenhum alimento in natura em sua composição. Produtos conhecidos das prateleiras de supermercados como refrigerantes, biscoitos recheados, embutidos, carnes enlatadas, salgadinhos e refeições prontas, associados a diversos problemas de saúde, como obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares.

De acordo com o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (NUPENS/USP), referência internacional no tema, o consumo crescente desses produtos está diretamente ligado à perda de práticas alimentares tradicionais e ao aumento de doenças crônicas não transmissíveis.

Olhar para o passado para entender o presente

Outro eixo da pesquisa envolveu conversas com os anciãos das comunidades, que ofereceram um panorama histórico da alimentação local. Esses relatos revelaram que os primeiros contatos com alimentos industrializados remontam ao início do século XX, por meio dos regatões — grandes embarcações que circulavam nos rios da região vendendo e trocando alimentos industrializados tais como café, açúcar, bolachas e manteiga, por alimentos e produções locais.

Segundo a pesquisadora, esta pode ter sido uma época em que a primeira onda de mudanças alimentares ocorreu na região, partindo de uma dieta majoritariamente in natura e processada localmente (como a farinha de mandioca, bolos de massa e tapioca), para uma alimentação incluindo itens alimentares minimamente processados. A partir desse momento na história recente da região, itens como o café, o açúcar e o arroz começaram a se fazer presentes e se tornar parte da mesa de famílias ribeirinhas.

Foto: Divulgação/Instituto Mamirauá

Essa memória viva tem sido essencial para entender como as populações ribeirinhas vêm adaptando suas práticas alimentares diante de mudanças econômicas, ambientais, sociais e culturais.

Oficinas de devolutiva às comunidades: do conhecimento à ação

Como parte do compromisso ético com as comunidades envolvidas, a equipe da pesquisa promoveu, no primeiro semestre de 2025, oficinas de devolutiva em cinco das comunidades participantes: Ubim, São João do Ipecaçu, Jubará, Ponto X e São Francisco do Aiucá. Nelas, os resultados preliminares da pesquisa foram apresentados de forma acessível, acompanhados de atividades de educação e sensibilização alimentar.

“Percebemos, a partir das interações com as comunidades, que existe uma carência muito grande de informação sobre alimentação e saúde. Por isso, a devolutiva se tornou também uma oportunidade de informar essas pessoas para que possam fazer melhores escolhas alimentares no dia a dia”, diz Daiane.

Durante as oficinas, os moradores aprenderam a interpretar rótulos de alimentos, identificar ingredientes nocivos à saúde e entender os impactos para a saúde do consumo de ultraprocessados. A iniciativa foi bem recebida pelos participantes, que destacaram a importância de levar esse conhecimento para as escolas e para o cotidiano familiar.

“Hoje em dia, percebemos que muita gente vem se alimentando de forma desregrada. Foi muito importante que o projeto trouxe informações práticas, para a gente aplicar na escola e em casa também”, afirmou o professor Elionaldo Costa, da comunidade São Francisco do Aiucá.

Foto: Divulgação/Instituto Mamirauá

Alessandro Brandão, professor de História na mesma comunidade, refletiu sobre como conteúdo das oficinas pode ser utilizado em sala de aula. “Na escola, eu vou fazer esse papel de abordar questões alimentares, que foram utilizadas pelos nossos antepassados, e hoje estão se perdendo. Essas informações nos ajudam a elaborar conteúdos educativos para o resgate da nossa cultura, que é indígena, inclusive na alimentação”.

Alaíde Bezerra é uma das moradoras mais antigas da comunidade Jubará, na Reserva Mamirauá. Com mais de 6 décadas de vivência e conhecimento do território, durante a oficina, ela compartilhou a memória de tempos antigos da alimentação local, com uma dieta mais farta e composta de alimentos colhidos da terra. “Na minha vida, eu bebi muito tacacá, mingau de banana, mingau de massa com castanha, mingau de farinha com leite de sova. Eu comi muito michuá naquele tempo, frito, com café”.

Já a estudante Rayara Souza, de 15 anos, relatou que ficou impressionada com as informações aprendidas na oficina. “Eu fiquei muito chocada com algumas coisas, como pode um só alimento conter tantas substâncias, algumas que até podem fazer mal pra gente? Foi legal entender como a alimentação está mudando, e isso me deu até ideias para o futuro, do que eu quero fazer daqui pra frente”, contou.

O jovem Yuri Pereira, de 21 anos, morador da comunidade Ubim, também destacou o quanto a oficina foi transformadora: “A gente achava que as coisas industriais, que eram gostosas, não faziam tanto mal como as coisas naturais que a gente tem aqui na nossa comunidade mesmo”, conta. “Uma das coisas também que eu aprendi, que acho que vou levar para o resto da minha vida, é sobre o ‘T’ das embalagens, de transgênico, que é uma mistura. Como na lata de milho, que é diferente de um milho natural, plantado na comunidade”.

Um olhar sobre o futuro

Ao fim da pesquisa, a equipe espera desenvolver um índice de diversidade biocultural alimentar — uma ferramenta que poderá indicar o grau de resiliência das comunidades diante das mudanças alimentares. A intenção é que esse índice sirva tanto para análises acadêmicas quanto para a formulação de políticas públicas voltadas à segurança alimentar e à saúde das populações tradicionais.

Com uma abordagem que une ciência, tradição e participação comunitária, o estudo pretende contribuir para um debate global sobre os impactos das transições alimentares — e o que elas significam para a cultura, a saúde e a sustentabilidade das comunidades tradicionais, na Amazônia e além dela.

O estudo é uma parceria entre a Universidade de Lisboa, através do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais (cE3c) da Faculdade de Ciências e do Instituto de Ciências Sociais, o Grupo de Pesquisa em Territorialidades e Governança Socioambiental na Amazônia do Instituto Mamirauá, e o Grupo de Pesquisa RESILIDADES da Universidade Federal do Amazonas.

*Com informações do Instituto Mamirauá

Veja como foram as notas dos itens individuas em cada noite do 58º Festival de Parintins

Fotos: Reprodução/AmazonasTur

O Boi Garantido conquistou o título do 58º Festival Folclórico de Parintins, encerrado no domingo (29/06), ao somar 1.259 pontos, superando por 1,1 ponto o Caprichoso, que obteve 1.257,9 pontos. A disputa acirrada foi definida nos detalhes dos 21 itens avaliados pelos jurados ao longo das três noites de espetáculo.

Entre eles, nove são considerados itens individuais, que têm peso decisivo na apuração e concentram boa parte da rivalidade entre os bumbás.

Leia também: Saiba quem são os itens individuais de Caprichoso e Garantido que disputam o 58º Festival de Parintins

Veja como cada um dos itens individuais contribuiu para o resultado final e como se desenhou o duelo direto entre os representantes dos bois:

Item 1 – Apresentador

Noite 1Noite 2Noite 3
Boi Caprichoso10, 10, 109.9, 9.9, 9.99.9, 9.8, 9.9
Boi Garantido10, 10, 1010, 10, 1010, 10, 10

Israel Paulain (Garantido) recebeu a nota máxima em todas as noites, enquanto Edmundo Oran (Caprichoso) perdeu décimos em duas delas.

Item 2 – Levantador de Toada

Noite 1Noite 2Noite 3
Boi Caprichoso10, 10, 1010, 9.8, 1010, 9.8, 10
Boi Garantido10, 10, 1010, 10, 1010, 10, 10

O experiente levantador do Garantido, David Assayag, não perdeu décimos; já Patrick Araújo, do Caprichoso, teve pequenas variações.

Item 5 – Porta-Estandarte

Noite 1Noite 2Noite 3
Boi Caprichoso9.9, 10, 1010, 10, 109.9, 10, 10
Boi Garantido10, 9.9, 9.910, 9.9, 9.910, 10, 10

No caso das porta-estandartes, Marcela Marialva (Caprichoso) foi mais constante e teve menos variações em relação a Jeveny Mendonça (Garantido).

Item 6 – Amo do Boi

Noite 1Noite 2Noite 3
Boi Caprichoso10, 9.8, 1010, 9.9, 1010, 10, 10
Boi Garantido9.9, 9.9, 9.910, 9.9, 9.99.9, 10, 9.9

Caetano Medeiros, do Caprichoso, foi mais bem pontuado em todas as noites, enquanto João Paulo Faria, do Garantido, teve mais oscilações entre 9.9 e 10.

Item 7 – Sinhazinha da Fazenda

Noite 1Noite 2Noite 3
Boi Caprichoso9.8, 9.9, 109.8, 9.9, 9.99.9, 9.9, 9.9
Boi Garantido10, 10, 1010, 10, 1010, 10, 10

Na disputa entre as “Valentinas”, a sinhazinha do boi vermelho, Valentinna Coimba, teve as maiores pontuações nas três noites. Já Valentina Cid, do boi azul, teve muitas oscilações nas notas.

Item 8 – Rainha do Folclore

Noite 1Noite 2Noite 3
Boi Caprichoso10, 10, 1010, 9.9, 9.910, 10, 10
Boi Garantido10, 10, 1010, 10, 1010, 10, 10

Garantido levou a melhor nas notas novamente, com Lívia Christina se destacando por manter regularidade máxima nas notas, enquanto Cleise Simas, do Caprichoso, levou duas notas 9.9.

Item 9 – Cunhã-Poranga


Noite 1
Noite 2Noite 3
Boi Caprichoso9.9, 9.9, 109.8, 10, 109.9, 10, 10
Boi Garantido10, 10, 1010, 9.9, 9.810, 10, 9.9

A disputa entra as cunhãs surpreendeu, pois o resultado foi um empate técnico. Ambas, Marciele Albuquerque (Caprichoso) e Isabelle Nogueira (Garantido) tiveram performances com pequenas oscilações, sem vantagem clara.

Item 10 – Boi-Bumbá Evolução (Tripa do Boi)

Noite 1Noite 2Noite 3
Boi Caprichoso9.9, 10, 109.8, 10, 109.9, 9.9, 10
Boi Garantido10, 9.9, 1010, 10, 1010, 10, 10

Entre os itens individuais, um dos mais aguardados é claro que é o boi. Neste quesito, Garantido pontuou melhor, com as apresentações de Denildo Piçanã tendo mais notas 10. Alexandre Sima, do Caprichoso, recebeu mais notas abaixo da pontuação máxima.

Leia também: Denildo Piçanã se despede como tripa do Garantido após 30 anos e passa legado ao filho

Item 12 – Pajé

  • Caprichoso: Erick Beltrão (apresentações consistentes, com notas 10)
  • Garantido: Adriano Paketá (uma variação para 9,9)
Noite 1Noite 2Noite 3
Boi Caprichoso9.9, 10, 109.9, 10, 109.9, 10, 10
Boi Garantido9.9, 10, 1010, 10, 1010, 10, 9.9

Outro empate técnico que surpreendeu foi entre os pajés Erick Beltrão (Caprichoso) e Adriano Paquetá (Garantido). Ambos tiveram forte desempenho e mínimas diferenças.

Resumo do confronto direto dos itens individuais:

  • Garantido venceu nos itens 1 (Apresentador), 2 (Levantador), 7 (Sinhazinha), 8 (Rainha) e 10 (Tripa)
  • Caprichoso levou vantagem nos itens 5 (Porta-Estandarte) e 6 (Amo do Boi)
  • Empate técnico nos itens 9 (Cunhã-Poranga) e 12 (Pajé)

O placar simbólico entre os nove itens individuais seria:

Garantido 5 x 2 Caprichoso, com dois empates.

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Esses resultados refletem o equilíbrio técnico entre os bois, mas mostram a força do Garantido na composição de seus destaques individuais em 2025. Apesar das mínimas diferenças nas notas gerais, o somatório desses desempenhos foi essencial para garantir a vitória por 1,1 ponto ao bumbá vermelho.

Além dos itens individuais, o festival avalia outros quesitos como coreografia, alegorias, galera, lendas e ritmos, compondo um julgamento técnico que vai além da emoção do espetáculo.