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Primeira escola em alvenaria do Vale do Javari é inaugurada em Atalaia do Norte

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O Vale do Javari ganhou a primeira escola em alvenaria da Terra Indígena. Foi inaugurada em 18 de maio, com a presença de autoridades e lideranças indígenas, a Escola Municipal Indígena Dunu Mayuruna, na aldeia Flores da etnia Mayuruna/Matsés, localizada no rio Curuçá (distante 135 quilômetros da sede do município de Atalaia do Norte, no Amazonas). A obra é uma realização da prefeitura por meio da Secretaria Municipal de Educação (Semed).

A nova escola dispõe de quatro salas de aula padrão FNDE, que atendem às exigências do Ministério da Educação quanto ao dimensionamento dos espaços educacionais de acordo com práticas pedagógicas; respeitando requisitos e critérios de desempenho técnico das edificações, em consonância com as normas técnicas brasileiras.

Cada sala é projetada para receber 25 alunos e a escola possui internet via satélite Starlink; iluminação LED em todos os ambientes; banheiros; cozinha equipada com freezer, fogão industrial e utensílios; secretaria informatizada; sala do diretor; refeitório amplo e um sistema de energia solar com quatro baterias que suporta a demanda da unidade de ensino municipal.

Foto: Divulgação/PMATN

A prefeitura também esteve presente na aldeia Flores com serviços diversos para atender os indígenas, como os da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), que realizou atendimentos médicos, odontológicos e outros na UBS Fluvial; Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) com atividades dos Programa Criança Feliz, conscientização sobre o combate ao abuso sexual contra crianças e adolescentes; identificação; Cadastro Único; entre outras atividades. 

De acordo com o prefeito de Atalaia do Norte, Denis Paiva (União) “em breve, mais uma escola em alvenaria e outras em madeira serão inauguradas no Vale do Javari, tudo isso parte da política de uma gestão que valoriza os indígenas e ribeirinhos e investe no desenvolvimento da educação”.

Conservação do meio ambiente por meio de saberes ancestrais é comprovado em estudo

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A relação dos povos indígenas e de comunidades tradicionais com o meio ambiente revela-se essencial para a conservação da biodiversidade. Essa é a constatação de um estudo publicado na revista Nature Ecology & Evolution, elaborado por um grupo de pesquisadores de diversas instituições, entre elas o Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Unicamp, e por indígenas da região do Alto Xingu, no Mato Grosso.

O artigo, de revisão bibliográfica, mapeou publicações que investigaram a relação entre a biodiversidade e a cultura desses povos. Por meio do estudo de caso de cinco modelos de conservação bem-sucedidos, denominados pelos pesquisadores de ‘pontos de esperança socioecológica’. 

O trabalho sublinha a importância dos conhecimentos tradicionais, acumulados ao longo de milhares de anos, e a necessidade de esses saberes serem valorizados e assimilados pela comunidade científica na busca por soluções transdisciplinares quando se trata dos problemas enfrentados atualmente pela humanidade.

“Por meio de suas práticas culturais, de sua relação com o ambiente, do seu conhecimento ecológico local, gerado ao longo de milhares de anos, a ação de povos tradicionais resulta em manutenção da diversidade biológica”, sintetiza Maíra Padgurschi, pesquisadora colaboradora do Cepagri, coordenadora do eixo de estudos do programa AmazonFace sobre impactos socioambientais e uma das autoras do artigo.

Visões antagônicas

A ideia de uma dicotomia entre sociedade e natureza perpassa o pensamento urbano e industrial de hoje, determinando a forma como as pessoas manejam a terra e os recursos hídricos. A agricultura atual, por exemplo, apesar de sua alta produtividade, baseia-se na monocultura e, no longo prazo, provoca uma redução da diversidade biológica, um aumento da resistência natural de pragas e um agravamento de fenômenos climáticos adversos. Nesse cenário, consagra-se um ideal na ecologia segundo o qual, para haver preservação do meio ambiente, é necessário separar os seres humanos e a natureza.

O estudo contrapõe essa perspectiva apresentando a visão de mundo dos povos tradicionais, baseada na existência de uma conexão entre todos os elementos que compõem o meio ambiente, incluindo os seres humanos e suas estruturas sociais. Ou seja, não existem fronteiras entre natureza e sociedade. Essa concepção modela a forma como os povos indígenas e as comunidades tradicionais convivem com a natureza, pois trata-se de uma relação negociada, pautada no respeito aos limites impostos pelo meio ambiente. 

“É como se nós nos relacionassemos com uma pessoa próxima, de nossa família, agindo com cuidado para não a desrespeitar”, afirma Padgurschi. Segundo a pesquisadora, em muitos casos, isso transparece nas diferentes cosmologias desses povos, que consideram árvores e rios, por exemplo, entes sagrados, o que vai de encontro ao próprio conceito de ‘recursos naturais’. Todos os elementos da natureza revelam-se sujeitos em interação contínua.

Foto: Antonio Scarpinetti

O artigo questiona a perspectiva tradicional da ecologia ao destacar estudos segundo os quais mais de um terço das áreas naturais conservadas, que sofreram baixo impacto das atividades produtivas, encontram-se dentro de territórios indígenas. 

Para os pesquisadores, esse estado de conservação resulta da visão de mundo desses povos. Padgurschi argumenta que tal conduta humana proporciona benefícios às regiões afetadas, como é o caso da chamada ‘terra preta de índio’, solo fértil encontrado na Amazônia e produto da ação de povos originários. 

“Tudo isso mostra a importância dessas populações para a manutenção da biodiversidade e apresenta formas de manejo que podem ser alternativas”, argumenta.

No trabalho publicado, os pesquisadores destacam cinco experiências observadas no Território Indígena do Xingu. Em uma primeira, o manejo da floresta aumentou a diversidade biológica de culturas alimentares e medicinais. Em outra, implementou-se um modelo bem-sucedido de preservação do pirarucu (Arapaima gigas) no Rio Solimões, peixe sob ameaça de extinção que teve sua população ampliada com o envolvimento de comunidades tradicionais em sua gestão. 

Em uma terceira, o turismo arqueológico-ecológico no Parque Nacional da Serra da Capivara passou a ser gerido por moradores locais, levando a uma melhora. Em uma quarta, o uso de saberes Xavante no manejo do fogo em áreas do cerrado mostrou-se eficiente. E, por fim, houve uma dispersão de sementes de araucária no sul da Mata Atlântica por meio dos deslocamentos de populações indígenas. A respeito desse último tema, diz Padgurschi: “A dinâmica natural desses povos de se deslocar e levar as pinhas das araucárias incrementa a diversidade das araucárias. O deslocamento é um mecanismo de dispersão, assim como fazem as aves, por exemplo”.

Futuro transdisciplinar

O fomento à diversidade biocultural reúne especialistas de diversas áreas em torno de objetivos comuns, entre os quais a incorporação, pelo fazer científico, dos saberes e práticas dos povos originários e de comunidades locais. 

“A transdisciplinaridade envolve as populações tradicionais não apenas como objetos de pesquisa, mas como atores, e engloba visões de mundo diferentes”, afirma a pesquisadora, ressaltando a presença dessa abordagem nos novos acordos mundiais de preservação ambiental. É o caso do Marco Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal, firmado em 2022, na 15ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica, que inclui, em 7 de suas 23 metas, a valorização dos saberes de povos originários. Segundo Padgurschi, o desenvolvimento de pesquisas na área mostra-se um desafio a ser necessariamente enfrentado pela ciência. 

“Vamos conseguir entender problemas complexos e buscar soluções conjuntas quando, por meio do respeito mútuo, compartilharmos visões de mundo diversas e chegarmos a uma transdisciplinaridade real.”

*O conteúdo foi originalmente publicado pelo Jornal da UNICAMP, escrito por Felipe Mateus

Fábrica de mingau instantâneo busca atender demanda de merenda escolar no Amazonas

A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti) do Amazonas recebeu representantes da startup Amazon Porridge no dia 20 de maio e o grupo anunciou ao titular da secretaria, Serafim Corrêa, o investimento na implantação de uma fábrica no Polo Industrial de Manaus (PIM). A fábrica produzirá mingau instantâneo com ingredientes amazônicos, como banana, castanha e tapioca.

A startup deixa de ser uma empresa incubada pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA) para se estabelecer na Zona Franca de Manaus (ZFM), produzindo em grande escala.

De acordo com o fundador e CEO da Amazon Porridge, Vanilson Costa, o investimento de aproximadamente R$ 10 milhões permitirá a implantação da empresa na ZFM. A fábrica estará em funcionamento nos próximos meses e deverá gerar 18 empregos.

“Nós estamos evoluindo de uma startup para nos tornarmos uma indústria. Atualmente, estamos no processo de implantação e estruturação da nossa planta de produção. Acredito que, nos próximos dois meses, teremos a planta totalmente pronta. Já estamos começando a operacionalizar o que temos hoje, que é nossa planta-base inicial”, revela Costa.

A empresa vai trabalhar com as comunidades ribeirinhas para coletar a produção e instalar as plantas em áreas estratégicas do Estado. O processamento inicial ocorrerá nessas áreas, com a finalização sendo feita em Manaus, gerando emprego no interior e um escoamento mais seguro da produção.

Com a nova fábrica, a startup poderá atender à demanda de merenda escolar e apoiar o Estado durante a estiagem, especialmente na alimentação escolar. 

“Atualmente, o que falta para fornecermos merenda escolar é a produção em escala. Com a estrutura que tínhamos antes, não conseguíamos atender a demanda das escolas. Agora, com nossa nova indústria, poderemos atender de forma escalável e é para isso que estamos nos preparando”.

*Com informações SEDECTI AM

Derivados de própolis são desenvolvidos no Mato Grosso para uso na indústria alimentícia

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Uma equipe de pesquisadores da Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat), com apoio via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapemat), está desenvolvendo novos produtos para agregar valores à exploração apícola no Estado. São realizados estudos e experimentos para transformar o extrato aquoso de própolis com a técnica de secagem em leito de espuma, classificando assim seus derivados para diversos usos na indústria.

Conforme o coordenador do projeto, o doutor da área de produtos naturais Rogério Alexandre Nunes dos Santos, própolis é um produto apícola pouco explorado pelas indústrias de alimentos. O extrato aquoso de própolis não apresenta efeito medicinal e nem teor alcóolico, podendo ser usado em formulações alimentícias.

“Os resultados demonstraram que a própolis obtida, através do método usado, apresentou potencial para ser um ingrediente funcional e naturalmente saudável para o uso na indústria  alimentar, como antioxidante em bebidas, produtos lácteos, produtos de panificação, entre outros, preservando as propriedades antioxidantes e antimicrobianas da própolis, garantindo um produto final na qualidade e segurança alimentar, contribuindo para a diversificação e inovação neste setor”,

avaliou o coordenador.

A apicultura é uma atividade econômica rural e geralmente familiar que não requer grandes investimentos e terras para sua exploração, além de estar presente em um grande número de municípios da zona rural brasileira. A utilização destes produtos, além do mel, podem ter um grande impacto na cadeia produtiva apícola e consequentemente um maior impacto social.

“Por isso, a necessidade das informações científicas para o uso alimentício de tais produtos se torna importante nesse processo. A extração de substâncias pode ser feita de diferentes maneiras, a qual envolve normalmente uma extração simples, onde a amostra é deixada em contato com o solvente a frio por um determinado tempo, com ou sem agitação, ou por uma extração exaustiva, que utiliza um aparelho com solvente aquecido, passando continuamente através da amostra, onde foi feita a avaliação do efeito da porcentagem de aditivos (formulação selecionada), sobre a qualidade da espuma, a cinética, e avaliação físico-química do produto seco”, explicou Rogério Alexandre.

O projeto intitulado “Extração aquosa de própolis padronizado e secagem em leito de espuma para uso em alimentos” faz parte do Edital nº 010/2021 Pesquisa com Alto Nível de Maturidade Tecnológica PANMT, da Fapemat, em parceria com a Farmácia Homeopática Naturalis Ltda, e é desenvolvido em Várzea Grande.

*Com informações da Fapemat

Acre é quinto Estado com a maior proporção da população em áreas de risco

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Com a intensificação das mudanças climáticas provocadas pela ação humana no meio ambiente, têm aumentado os desastres ambientais e climáticos em todo o mundo, a exemplo do que ocorre no Rio Grande do Sul. No Brasil, o governo federal mapeou 1.942 municípios suscetíveis a desastres associados a deslizamentos de terras, alagamentos, enxurradas e inundações, o que representa quase 35% do total dos municípios brasileiros.

“O aumento na frequência e na intensidade dos eventos extremos de chuvas vêm criando um cenário desafiador para todos os países, em especial para aqueles em desenvolvimento e de grande extensão territorial, como o Brasil”, diz o estudo do governo federal.

As áreas dentro dessas 1,9 mil cidades consideradas em risco concentram mais de 8,9 milhões de brasileiros, o que representa 6% da população nacional.

O levantamento publicado em abril deste ano refez a metodologia até então adotada, adicionando mais critérios e novas bases de dados, o que ampliou em 136% o número dos municípios considerados suscetíveis a desastres. Em 2012, o governo havia mapeado 821 cidades em risco desse tipo.

Com os novos dados, sistematizados até 2022, os estados com a maior proporção da população em áreas de risco são Bahia (17,3%), Espírito Santo (13,8%), Pernambuco (11,6%), Minas Gerais (10,6%) e Acre (9,7%). Já as unidades da federação com a população mais protegida contra desastres são Distrito Federal (0,1%); Goiás (0,2%), Mato Grosso (0,3%) e Paraná (1%).

O estudo foi coordenado pela Secretaria Especial de Articulação e Monitoramento, ligada à Casa Civil da Presidência da República. O levantamento foi solicitado pelo governo em razão das obras previstas para o Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que prevê investimentos em infraestrutura em todo o país.

Populações pobres

As populações pobres são as mais prováveis de sofrerem com os desastres ambientais no Brasil, de acordo com a nota técnica do estudo.

“A urbanização rápida e muitas vezes desordenada, assim como a segregação sócio-territorial, têm levado as populações mais carentes a ocuparem locais inadequados, sujeitos a inundações, deslizamentos de terra e outras ameaças correlatas. Essas áreas são habitadas, de forma geral, por comunidades de baixa renda e que têm poucos recursos para se adaptarem ou se recuperarem dos impactos desses eventos, tornando-as mais vulneráveis a tais processos”, aponta o documento.

O levantamento ainda identificou os desastres ambientais no Brasil entre 1991 e 2022, quando foram registrados 23.611 eventos, 3.890 óbitos e 8,2 milhões de desalojados ou desabrigados decorrentes de inundações, enxurradas e deslizamentos de terra.

Recomendações

A nota técnica do estudo faz uma série de recomendações ao Poder Público para minimizar os danos dos desastres futuros, como a ampliação do monitoramento e sistemas de alertas para risco relativos a inundações, a atualização anual desses dados e a divulgação dessas informações para todas as instituições e órgãos que podem lidar com o tema.

“É fundamental promover ações governamentais coordenadas voltadas à gestão de riscos e prevenção de desastres”, diz o estudo, acrescentando que o Novo PAC pode ser uma oportunidade para melhorar a gestão de riscos e desastres no Brasil.

“[A nota técnica deve] subsidiar as listas dos municípios elegíveis para as seleções do Novo PAC em prevenção de risco: contenção de encostas, macrodrenagem, barragens de regularização de vazões e controle de cheias, e intervenções em cursos d’água”.

A lista completa conta com 1.942 municípios classificados como os mais suscetíveis à ocorrências de deslizamentos, enxurradas e inundações para serem priorizados nas ações da União em gestão de risco e de desastres naturais. Destes, mais de 200 são dos Estados da Região Norte. Confira se seu município está na lista, a partir da página 12 da nota técnica:

*Com informações da Agência Brasil

Saiba quais estádios da Amazônia irão sediar a Copa do Mundo Feminina 2027 

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A próxima Copa do Mundo Feminina, que será realizada no Brasil em 2027, contará com dois estádios da Amazônia legal na rota dos jogos de futebol. O anúncio aconteceu no Congresso da Federação Internacional de Futebol (FIFA) em Bangkok, na Tailândia, com abertura prevista para 24 de junho e a decisão em 25 de julho, de acordo com o projeto apresentado.

A Arena da Amazônia é um dos dois estádios selecionados. Está localizada no Amazonas e o espaço esportivo já foi palco de quatro jogos da Copa do Mundo FIFA de 2014, e jogos das Olimpíadas de 2016. O centro esportivo, terá a capacidade de abrigar 26.948 torcedores e quatro jogos estão previstos para ocorrem no estádio amazonense na fase de grupos. 

Saiba mais sobre a Arena da Amazônia.

Arena da Amazônia, em Manaus (AM). Foto: Bruno Zanardo/Secom-AM

Outro Estado da Amazônia Legal que irá receber os jogos é Mato Grosso. A Arena Pantanal, em Cuiabá, é que será o centro da festa do futebol mundial feminino no Estado. O local também foi sede de quatro partidas da Copa do Mundo FIFA e ainda de cinco jogos da Copa América 2021. No período da Copa feminina, o estádio comportará 26.386 torcedores e deve receber outros quatro jogos na fase de grupos.

Arena Pantanal, em Cuiabá (MT). Foto: Daniel Meneses/Secom-MT

Experimento com vinho: produto de dissertação gera pedido de patente no Pará 

Produto milenar, consumido em inúmeros países e utilizado em diversas comemorações, o vinho é uma das bebidas alcoólicas mais famosas do mundo. De acordo com dados da Associação Brasileira de Sommeliers (ABS), o brasileiro consome, em média, cerca de dois litros da bebida por ano, número que tende a crescer, principalmente pela popularização e barateamento da bebida.

Quando caem os preços, um alerta vem à tona: a fraude em produtos alimentícios. Um levantamento feito em 2023 pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) apontou que o vinho está entre os cinco produtos mais fraudados do país, o que representa riscos à saúde, pois os componentes adicionados, muitas vezes, são imperceptíveis.

Dessa maneira, buscando garantir a segurança de consumidores, a professora Luiza de Marilac Pantoja Ferreira desenvolveu um sensor nanoestruturado, com base em buckypaper, capaz de identificar alterações em bebidas etílicas.

O buckypaper é um material fino e flexível, semelhante a uma folha de papel, composto de emaranhados nanotubos de carbono que lhe garante uma alta resistência, superior à do aço.

“A versatilidade dos filmes buckypapers reside na facilidade de sua preparação e manuseio. Em geral, eles são produzidos por meio de filtração a vácuo de uma solução de nanotubos de carbono, método que permite o controle de diversos parâmetros durante o processamento, originando filmes com espessura e formatos distintos”, explica a professora.

A pesquisa intitulada ‘Desenvolvimento de ‘Língua Eletrônica’ nanoestruturada baseada em buckypaper e seu uso para autenticação de bebidas etílicas‘ teve como objetivo principal produzir, testar e observar se um elemento sensor era capaz de emitir um sinal resposta ao ser exposto a um estímulo químico, que, nesse caso, seria a amostra de vinho.

“A ideia da pesquisa surgiu durante o pós-doutorado de um dos meus orientadores, o professor Marcos Reis, na Universidade do Porto, em Portugal. Como o grupo de pesquisa do qual participo já vinha trabalhando com filmes buckypapers, surgiu, então, a ideia de testá-los na análise de soluções líquidas, nesse caso, bebidas etílicas como o vinho”, detalha a pesquisadora.

Vinho de açaí deu toque regional ao experimento

E quando se fala em vinho, a região do Vale do Douro, em Portugal, é uma das mais lembradas. Com paisagem reconhecida pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade, a região é um bom exemplo de equilíbrio entre economia e meio ambiente, além de produzir uma das bebidas mais cobiçadas pelas adegas: o vinho do Porto.

Devido à popularidade relacionada à prevenção de doenças, sobretudo as cardiovasculares, o vinho do Porto foi escolhido para análise na dissertação. Contudo, Luiza Ferreira queria que sua pesquisa abrangesse a região amazônica. Sendo assim, ela acrescentou ao estudo uma bebida feita à base de açaí.

“A ideia de testar o ‘vinho de açaí’ veio da necessidade de adequação do projeto de pesquisa ao nosso mercado. O ‘vinho de açaí’ é uma bebida de fabricação artesanal que contém 12% de teor alcoólico. Ela é produzida com a fermentação da polpa do açaí, em um processo de vinificação semelhante ao das uvas, porém, usando etapas químico-laboratoriais. O resultado é uma solução com coloração e sabor adocicado, semelhante ao vinho tinto, por isso recebe a denominação de ‘vinho’ pelos fabricantes”, explica Luiza Ferreira.

A metodologia da pesquisa envolveu análises durante a produção, os testes de utilidade e a eficácia do sensor. “Preparamos dois filmes buckypapers utilizando nanomateriais, em seguida executamos a montagem de amostras com o elemento sensor. Essas amostras foram expostas às bebidas (não adulteradas e adulteradas intencionalmente com água destilada e álcool etílico) e os testes realizados em temperatura ambiente. Os resultados (resposta, tempos de resposta e recuperação) obtidos foram tratados pela técnica de Análise de Componentes Principais (PCA), no intuito de verificar os padrões de similaridades e diferenças nos dados”, conta a pesquisadora.

Resultados satisfatórios geram pedido de patente

Os resultados do trabalho foram satisfatórios e o sensor preparado com buckypaper foi capaz de fazer a distinção entre as bebidas com e sem adulteração.

Com base nisso, Luiza Ferreira e os seus orientadores, os professores Newton Martins Barbosa Neto e Marcos Allan Leite dos Reis, entraram com um pedido de patente e já fazem planos para o futuro: querem utilizar o produto fruto da dissertação para desenvolver um protótipo de ‘língua eletrônica’, um sensor químico para análise de soluções líquidas.

“A ideia final é que a ‘língua eletrônica’ emita o resultado de uma análise em tempo real por meio de um aplicativo de celular e seja utilizada por qualquer pessoa: um consumidor que necessita testar a autenticidade das informações contidas em um rótulo de vinho; um funcionário de uma indústria testando a produção da bebida durante todas as etapas até o engarrafamento; um técnico especialista em fraudes, o qual poderá executar as análises in situ, sem necessitar coletar amostras para análise em laboratório”, finaliza Luiza Ferreira.

*O conteúdo foi originalmente publicado pelo Jornal Beira do Rio, da UFPA, edição 170, escrito por André Furtado

Instituto reúne pesquisadores para combater contaminação por mercúrio na Amazônia

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Instituições públicas, entre elas, cinco universidades federais, estabeleceram um esforço conjunto, para preencher o “apagão” de dados e desenvolver estratégias de enfrentamento à contaminação por mercúrio na Amazônia.

E, para marcar o início dessas ações, foi lançado em 21 de maio o Instituto Amazônico do Mercúrio, em Belém, no Pará.

O Instituto, que vai agregar esforços de grupos de pesquisa, nasce para estabelecer ao menos um polo de testagem de contaminação em cada Estado da região.

A iniciativa será a primeira rede dedicada especificamente ao problema, integrando pesquisa científica, treinamento profissional e engajamento comunitário para enfrentar um dos principais problemas ambientais e de saúde pública.

A coordenadora do Instituto e professora da Universidade Federal do Pará, Maria Elena Crespo López, destaca que a questão não se restringe apenas à Amazônia.

“A ciência já demonstrou que o mercúrio gerado na América do Sul, onde 80% é gerado na Amazônia, chega em regiões como o polo ártico. Se ele chega ao polo ártico, ele chega em todo o Brasil. É por isso que as ações de conscientização serão promovidas em todo o país”.

A presença de mercúrio na Amazônia, metal perigoso para o homem e o meio ambiente, é um problema sistêmico de grande complexidade, com efeitos devastadores sobre a segurança alimentar e saúde das comunidades locais.

Sua utilização na região se dá principalmente pela atividade ilegal de garimpeiros, que utilizam o metal para separar o ouro dos sedimentos encontrados em rios ou na terra. O mercúrio forma uma reação química com o ouro em estado bruto, o que facilita sua extração.

O mercúrio não se decompõe facilmente no meio ambiente, o que o leva a entrar em um ciclo contínuo de deposição e remoção entre o solo, os corpos d’água e a atmosfera.

*Com informações da Rádio Nacional

Exames revelam presença de mercúrio em amostras de cabelo de yanomamis

Observatório da Indústria concentrará centro de inteligência no Pará

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Fornecer uma leitura sistêmica dos diversos cenários econômicos e apontar caminhos para que as indústrias locais consigam desenvolver todo o seu potencial de negócios, são alguns dos motivos que levaram o Sistema Federação das Indústrias do Estado do Pará (Sistema FIEPA) a criar o Observatório da Indústria do Pará, um centro de inteligência dedicado à análise, monitoramento, pesquisa e informações relevantes e atualizadas sobre tendências, desafios e oportunidades do setor industrial do Pará.

Sediado no prédio da FIEPA em Belém, com equipe própria especializada, o Observatório foi inaugurado dia 10 de maio para empresários, entidades parceiras do setor produtivo e instituições acadêmicas e de pesquisa, que puderam conhecer as soluções da nova plataforma de negócios que nasce com a missão de contribuir para a melhoria do desempenho socioeconômico da região.

De acordo com o presidente da FIEPA, Alex Carvalho, a expectativa é de que o Observatório atue como um referencial de informações para subsidiar a tomada de decisões estratégicas para o desenvolvimento das indústrias do Estado.

“A partir do trabalho desenvolvido pelo Observatório, vamos conseguir coletar dados econômicos, estatísticas de produção, análises de mercado e outras fontes de dados confiáveis e relevantes para fornecer uma visão abrangente da atividade industrial e seus impactos na economia do nosso estado, antecipando cenários e formulando projeções futuras”, explicou.

Segundo Carvalho, as informações geradas pela plataforma poderão ser utilizadas por empresas, governos, pesquisadores e outras partes interessadas no perfil econômico e industrial do Estado. “Esse centro de inteligência é um marco para a indústria do nosso Estado e extremamente importante não apenas para nós do setor industrial, mas para qualquer um que tenha interesse em conhecer as potencialidades econômicas e de negócios do Pará, seja para tomar decisões de negócios, seja para o propósito social de contribuir para a formulação de políticas públicas, identificar oportunidades de investimento ou para subsidiar pesquisas e estudos socioeconômicos”, completou o presidente da FIEPA.

Iniciativa da FIEPA, do Serviço Social da Indústria (SESI), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e Instituto Euvaldo Lodi (IEL), o Observatório da Indústria do Pará é credenciado à Rede de Observatórios do Sistema Indústria – mantida pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) – um ecossistema de alto capital intelectual, prospectiva, multidisciplinar e colaborativa, que gera inteligência estratégica para a indústria brasileira, atuando de forma sinérgica e complementar.

Entre as soluções estão a análise, processamento e interpretação de dados; estudos técnicos em áreas específicas da indústria; análise setorial com a identificação dos desafios, tendências e oportunidades nos diferentes segmentos do mercado industrial; e soluções cognitivas a partir de algoritmos, Inteligência Artificial e Big Data para análises mais rápidas do contexto econômico.

É direcionado a empresários locais, nacionais e a potenciais investidores internacionais com interesse em fazer negócios na região. “Ter a informação correta é fundamental para a elaboração de planejamentos, investimentos, acordos, contratações enfim, para que qualquer movimentação ou negociação no mercado seja feita de forma mais segurança e tranquila”, avaliou o presidente da FIEPA.

Para Dário Lemos, diretor do SENAI/PA e superintendente do SESI/PA, o Observatório também subsidiará a atuação do Sistema FIEPA no apoio às empresas do Estado. “O Observatório também se reverte em uma potente ferramenta de inteligência para a nossa instituição, porque a partir dela vamos conseguir enxergar de forma mais sistêmica as necessidades das indústrias e projetar melhores formas de atender a esses anseios, ampliando o alcance das nossas ações no Estado, oportunizando educação básica, qualificação de mão de obra, consultorias em gestão empresarial, suporte para exportações e fortalecimento dos fornecedores locais, entre tantas outras ações”, detalhou Lemos.

Para Eliane Oliveira, representante da Cerpa presente no evento de lançamento, a iniciativa deve contribuir para a tomada de decisões da empresa. “Trabalhei muitos anos na área de dados da CERPA e de outras empresas e sei que a consolidação desses dados é algo importante para os resultados. Então, acredito que com o Observatório teremos um local onde a gente consiga visualizar essas informações do setor industrial do Estado do Pará e, com certeza, esse Observatório veio para somar e fortalecer as nossas tomadas de decisões”, afirmou Oliveira.

Livro destaca necessidade de ações coordenadas contra crimes ambientais na Amazônia

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Nos últimos anos, a Amazônia testemunhou um alarmante aumento dos crimes ambientais, incluindo desmatamento e extração ilegal de recursos naturais. Diante desse cenário, a Plataforma CIPÓ lançou o livro ‘Crimes Ambientais na Amazônia: Lições e Desafios da Linha de Frente’, resultado de um esforço colaborativo para entender e analisar as principais dificuldades enfrentadas na proteção da região.

Com treze capítulos, que abordam desde a tipificação de crimes ambientais até as estratégias de resistência de povos indígenas e comunidades tradicionais, a obra oferece uma visão abrangente dos desafios e das possíveis soluções para a preservação do bioma. Ela foi escrita por 24 autores com diferentes atuações, entre eles promotores, procuradores, policiais federais, pesquisadores e representantes de órgãos públicos e organizações não governamentais.

Segundo Maiara Folly, diretora-executiva da Plataforma CIPÓ e editora do livro, a publicação destaca a necessidade urgente de ações coordenadas e sinérgicas entre órgãos governamentais e sociedade civil para enfrentar a criminalidade na região. Além disso, ressalta a importância da cooperação internacional e da elaboração e implementação de políticas públicas efetivas que incorporem o conhecimento e a experiência dos povos indígenas e quilombolas, que tradicionalmente têm sido guardiões da floresta.

Os pesquisadores do Imazon Paulo Henrique Coelho Amaral e Alexandra Monteiro Alves são autores, juntamente com os promotores do MPPA Dirk Costa De Mattos Junior e Albely Miranda Lobato Teixeira, do capítulo “Cooperação técnica como estratégia de fortalecimento da atuação do Ministério Público Estadual do Pará na prevenção e no combate ao desmatamento ilegal”. No texto, os cientistas e os servidores detalham o uso dos dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) e da plataforma de previsão de derrubada por inteligência artificial PrevisIA, ambos desenvolvidos pelo Imazon, nas ações do órgão com objetivo de proteger a floresta em pé.

“Um grande desafio para otimizar a atuação ministerial para a prevenção e responsabilização de infratores por danos ambientais é ter acesso tempestivo a informações seguras, atualizadas e padronizadas. Para vencer esse desafio, o CAO Ambiental e o Imazon estão atualmente em processo de desenvolvimento do parecer técnico ideal (coloquialmente chamado de “Laudo dos Sonhos”), que deve reunir todas as informações necessárias e padronizadas para que possa ser utilizado pelos órgãos de execução ministerial em procedimentos judiciais e extrajudiciais para a responsabilização do dano ambiental”, informam os autores.

Conforme o capítulo, o modelo de laudo já foi validado e testado em campo nas promotorias de Altamira, Marabá e Santarém. Ele contém:

  1. Identificação do CAR vinculado no alerta:
    a) Documentação do imóvel submetido no CAR;
    a) Dados do imóvel;
    c) Dados do responsável legal do CAR e do cadastrante do mesmo.
  2. Análise dos alertas de desmatamento presentes na propriedade:
    a) Fonte dos dados;
    b) Informações sobre a circunscrição da área do alerta, bem como o estado e o município em que ele se localiza;
    c) Área total do alerta;
    d) Data de detecção do desmatamento;
    e) Imagens em alta resolução mostrando o antes e depois da área afetada;
    f) Cruzamento do alerta com diferentes modalidades territoriais, como: Terras Indígenas, Unidades de Conservação, quilombos, assentamentos e áreas privadas;
    g) Memorial descritivo do alerta;
    h) Metodologia utilizada na análise.
Foto: Divulgação/Imazon

Além disso, os autores listam cinco recomendações necessárias para o fortalecimento da atuação do MPPA no combate aos crimes ambientais:

  1. Especialização e regionalização das Promotorias: É necessário que sejam instituídas mais promotorias especializadas, além do estabelecimento de Coordenações Regionais Ambientais. Essa já é uma visão institucional do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e da Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente (ABRAMPA). Além disso, no ano de 2022, o CAO Ambiental apresentou uma proposta ao Conselho Superior do MPPA acerca da criação de Coordenações Regionais Ambientais, com o objetivo de fomentar uma atuação institucional mais eficaz na prevenção e enfrentamento dos danos ambientais.
  2. Engajamento dos membros do MPPA: Mais do que o interesse pessoal dos promotores com atribuições gerais, a atuação ministerial no tema ambiental deve fazer parte do rol de matérias a serem acompanhadas pelos órgãos de controle (tal como o controle externo da atividade policial), a fim de que a agenda ambiental possua sua prioridade reconhecida formalmente.
  3. Fortalecimento da estrutura das promotorias já existentes: As promotorias do interior do estado do Pará têm condições limitadas para atuação no tema ambiental, seja no que diz respeito ao acesso de informações (internet de baixa qualidade), seja em relação à ausência de uma equipe de apoio especializada no tema, além da escassez de recursos de infraestrutura como veículos, GPS, máquinas (software e hardware), entre outros.
  4. Padronização de atuação nos processos judiciais e nos procedimentos extrajudiciais: Respeitada a independência funcional, é necessária a difusão de boas práticas funcionais para otimizar o trabalho dos membros do MPPA, tanto na atuação extrajudicial como na judicial, a fim de estabelecer estratégias mais eficientes.
  5. Automatização do acesso a dados nos fluxos de procedimentos: As demandas judiciais, a instrução de processos, a análise de procedimentos e as fiscalizações representam uma carga de trabalho já extenuante e que tende a ser mitigada a partir da automatização no fornecimento de informações e condução dos procedimentos.

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*Com informações do Imazon