NFT da Amazônia: iniciativa empreendedora de preservação “vende” um pedaço da floresta amazônica

Uma das formas de uso do empreendedorismo é voltada para o uso sustentável de plataformas do metaverso, NFTs e criptomoeda.

O mercado NFT (token não fungíveltem chamado atenção do mercado. O ativo digital que representa objetos do mundo real é negociado de forma online através de moedas digitais. As movimentações são milionárias, como o caso do jogador de futebol Neymar que pagou R$ 6 milhões por um NFT da coleção Bored Ape Yacht Club.

Visando isso, empresas acabaram transformando esse novo mercado em iniciativa para preservação da Amazônia. Uma delas é da empresa MOSS, uma climatech brasileira: o NFT da Amazônia. 

Trata-se de uma iniciativa na qual os compradores do NFT passam a ser titulares dos direitos de uma área correspondente a 1 hectare (equivalente a um campo de futebol da região amazônica) e receberão um certificado digital criptografado, atestando a autenticidade das áreas florestais.

O Portal Amazônia conversou com Luiz Felipe Adaime, co-fundador e CEO da MOSS para entender como funciona.

“A criação da Moss, em 2020, foi uma resposta a uma meta de vida: encontrar um trabalho que trouxesse mais propósito para minha vida e um mundo melhor para minha filha. Como salvar o mundo era demais, resolvi focar na Amazônia e achar uma solução de fazer a floresta valer mais em pé do que cortada. Nessa busca, descobri que pessoas investem em terra como estoque de carbono e ali entendi que havia uma oportunidade para construir um negócio que ajudasse a preservar a natureza. Investi R$ 300 mil reais de crédito de carbono e, com o lucro, comecei a tirar a Moss do papel”,

conta Luiz Felipe.

Foto: Divulgação

Além do NFT da Amazônia, a empresa também criou o MCO2, o primeiro ativo digital verde lastreado em blockchain. Um token de MCO2 equivale a um crédito de carbono, fazendo com que uma tonelada de gás carbônico deixe de ser emitida na atmosfera por iniciativas que fazem parte do mecanismo REDD e REDD+ (Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação florestal somado à conservação do território).

O MCO2 é o primeiro criptoativo de toda a América Latina, listado nas maiores exchanges do mundo, como Coinbase e Gemini. O token também está disponível na rede Celo e faz parte da reserva Celo. No total, por meio da iniciativa de compensação de créditos de carbono com tokenização, a Moss já destinou mais de R$ 150 milhões para projetos de conservação na floresta amazônica.

Os primeiros 100 NFT’s vendidos no valor de mais de R$ 1 milhão, colocados em pré-venda na plataforma OpenSea, se esgotaram em poucas horas.

Os lotes das NFTs ficam localizados na Fazenda Azul, no extremo sul do Estado do Pará. Inclusive, é possível fazer o monitoramento remoto do projeto por meio de uma parceria da Moss com a Descartes Labs, que fornece imagens de satélite atualizadas a cada seis dias, para todos os proprietários.

Esses NFT’s da Amazônia já são emitidos com a chamada “pegada de carbono” calculada e compensada pelos tokens MCO2 correspondentes.

Foto: Reprodução/OpenSea

“O objetivo é facilitar o inventário de emissões geradas pelas atividades administrativas e assim poder neutralizar as pegadas de carbono. Queremos que qualquer empresa, de uma pequena escola a um escritório de advocacia, passando por uma agência de viagem ou publicidade, bem como uma pequena empresa de tecnologia, isso para dar alguns exemplos, possa compensar as emissões de suas atividades administrativas e se torne protagonista da construção de um mundo mais sustentável e produtivo para as próximas gerações”, afirmou.

Para o empreendedor, o MCO2 promoveu uma quebra no mercado ao democratizar o acesso ao ativo, permitindo que companhias de todos os portes e segmentos, além de pessoas físicas, compensem a pegada de carbono de suas atividades de maneira segura e transparente.

“Um estudo realizado pela Schroders mostra que o Brasil poderia se tornar a “Arábia Saudita” do crédito de carbono. De acordo com a gestora britânica, o país poderia certificar 1,5 bilhão de toneladas por ano, 300 vezes mais que o patamar atual. Em todo o mundo, o setor de serviços ambientais já movimenta mais de 1 trilhão de dólares ao ano, já o mercado de compensação de carbono fechou em 2021 na casa dos US$ 400 bilhões. Se dermos vazão ao volume de certificações que podemos realizar, a economia brasileira poderia crescer, apenas com a comercialização dos créditos, 6% a 8% ao ano. É um potencial gigantesco que ainda não é explorado e a Moss está começando a mudar essa realidade“, 

justifica Luiz Felipe.

Futuro no metaverso 

De acordo com o CEO da Moss, a empresa tem planos em desenvolvimento para empreender e explorar também a área do metaverso, visto como um ambiente ainda mais amplo de possibilidades.

“Uma inovação nossa em fase final de desenvolvimento é um projeto que vai avaliar e certificar a documentação de propriedades rurais em áreas da floresta amazônica para que elas se tornem aptas a produzir e comercializar créditos de carbono. Mas, até chegar no passo da documentação, a Moss faz um trabalho de conscientização dos produtores locais, levando-os a entender o valor que a terra tem quando se mantém a floresta em pé. Esse é um mercado ainda muito analógico e a Moss, com seu DNA de blockchain, é focada em desenvolver soluções apoiadas na web3 e acredita nesse canal para agilizar a certificação de propriedades e ampliar a capacidade do mercado brasileiro em gerar créditos de carbono. Com essa iniciativa, reforçamos junto aos proprietários dessas áreas que a geração de créditos de carbono podem fazer as terras tão rentáveis quanto abrir espaço para a agropecuária”, revela.

Amazônia que eu quero

A plataforma ‘Amazônia Que Eu Quero‘ realiza, no dia 20 de maio, o quarto fórum da temporada, dessa vez com a temática ‘Empreendedorismo’. O evento acontece às 20h (hora Manaus/AM) e será transmitido simultaneamente no perfil da Fundação Rede Amazônica no Youtube, no canal de TV Amazon Sat e no Portal Amazônia. O evento faz parte da série de cinco fóruns previstos para a edição ‘Caminhos da democracia’, este ano.

Personalidades de destaque no ramo do empreendedorismo de toda a Região Norte estão confirmadas. Os temas abordados serão: ‘empresas visionárias e empreendedorismo na Amazônia’, ‘negócios sustentáveis’ e ‘apoio a empreendedoras mulheres’. Os convidados também vão dar dicas para quem quer empreender.

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