A iniciativa visa empreender através da conservação da floresta e recuperação de áreas degradadas.
Fatores como desmatamento, aquecimento global e mudanças climáticas têm se intensificado desde a Revolução Industrial. No meio disso, há a necessidade de desenvolvimento, mas visando o equilíbrio com a natureza.
Essas questões, aliadas à frequente perda da biodiversidade amazônica, fazem questionar se tem como unir o empreendedorismo com a preservação da natureza.
Nesse contexto, surgiu a iniciativa Café Apuí Agroflorestal, que visa empreender através da conservação da floresta e recuperação de áreas degradadas.
Como surgiu a ideia
No início dos anos 2000, muitos produtores do município de Apuí, distante cerca de 455 quilômetros de Manaus em linha reta, no Amazonas, começaram a abandonar seus cafezais devido à baixa produtividade das safras de café.
Em 2012, o Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável (Idesam) observou que os frutos de cafezais abandonados apresentavam uma qualidade melhor do que os outros que estavam em atividade, devido ao crescimento da floresta ao redor do cafezal, que forneceu sombra ao fruto.
O diretor comercial do Café Apuí Agroflorestal, Jônatas Ibernon, contou ao Portal Amazônia como surgiu a iniciativa.
“Tendo a natureza como inspiração e mentora, o Idesam ‘plantou’ a ideia do projeto Café em Agrofloresta e viabilizou o lançamento de dois produtos: o Café Apuí Agroflorestal e o Café Apuí Orgânico. Por ser plantando em áreas sombreadas combinado com outras espécies, o Café Apuí Agroflorestal e o Café Apuí Orgânico trazem grãos selecionados e colhidos no tempo certo, secado em terreiros suspensos”,
explicou.
Sistema Agroflorestal
O café é produzido por cerca de 30 produtores de Apuí e considerado o primeiro café sustentável da Amazônia. “Ele [o café] é produzido em sistemas agroflorestais que promovem o reflorestamento, por meio da união entre agricultura e floresta e usa uma variedade de robustas Amazônicos que se desenvolveram somente aqui […] Hoje já são mais de 27 mil mudas de espécies nativas plantadas, 92 hectares de áreas reflorestadas e 57 famílias beneficiadas”, ressaltou Ibernon.
Os sistemas agroflorestais consistem em formas de cultivo em que há o equilíbrio ambiental entre a produção do alimento e a natureza. Ao combinar em um mesmo local o plantio de árvores e ervas de espécies variadas, a agrofloresta permite a produção ecológica de alimentos.
Em relação ao tipo de café, o robusta, como mencionado por Jônatas Ibernon, apesar de estar presente em estados como Minas Gerais, São Paulo, Paraná, dentre outros, possui propriedades únicas da região do sul do Amazonas.
De nome científico Coffea Canephora, o café robusta necessita de um clima mais quente e úmido e sua adaptação é boa em solos de baixa altitude. O robusta também é conhecido por ter o percentual de 2,5% de cafeína e ter mais facilidade de crescimento e resistência à parasitas.
Cadeia produtiva
Comercializado em vários Estados do Brasil, toda a cadeia produtiva do empreendimento que une sustentabilidade e inovação é realizada no município de Apuí.
“Dessa forma podemos incentivar a economia local, desde o cultivo do café, feito em sistemas agroflorestais por produtores familiares, o beneficiamento do Café, que é realizado do galpão da Associação ouro Verde, o processo de tornar café seco em grão verde, depois é feito a torrefação e embalamento em Apuí, na Fábrica do senhor Estevão, nosso parceiro local, assim o café já chega em Manaus pronto para ser consumido”,
explicou o diretor comercial.
Confira passo a passo dessa cadeia produtiva:
Identidade visual
Além da produção 100% amazônica, houve a necessidade de mostrar que o produto é produzido pelo povo apuiense, enfatizando características e originalidade. Assim, a nova identidade visual foi desenvolvida em parceria com a Futurebrand em 2021 e foi toda repensada visando a Amazônia e a região de Apuí, desde as cores, os animais, a floresta e até mesmo o produtor, grande personagem dessa cadeia produtiva.