A COP das Baixadas é um movimento formado por 10 organizações que defendem a participação de periferias urbanas nas discussões climáticas. Foto: Hugo Chaves
A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que acontece de 10 a 21 de novembro em Belém, no Pará, tem reunido líderes de quase 200 países entre cientistas, empresários, autoridades políticas, organizações não governamentais e representantes da sociedade civil para discutir ações e estratégias de combate às mudanças climáticas.
Leia também: Por que Belém? Entenda como a capital paraense se tornou sede da COP30
Mas você sabia que existe um movimento social que dá voz e vez para a periferia no debate mundial do clima? É a COP das Baixadas, projeto social que coloca moradores, ativistas comunitários e coletivos de áreas periféricas da capital paraense nas discussões climáticas da conferência mundial.
A iniciativa popular busca fortalecer a participação das periferias urbanas nos debates e na tomada de decisões sobre o clima no evento global.
🌱💻 Saiba mais sobre a COP30 aqui
O que é COP Das Baixadas?
Fundada em 2023, a COP das Baixadas é uma coalizão formada por uma rede de 10 organizações de diferentes contextos e partes de território amazônico, que têm em comum a articulação e o fortalecimento de pautas relacionadas à justiça climática das periferias urbanas da Amazônia.
O termo “baixada” se refere às áreas urbanas localizadas nas regiões “baixas” de Belém, consideradas periféricas e distantes da visão do poder público.
O grupo surgiu, inclusive, dentro do bairro Coração de Jurunas, localizado em área periférica da cidade-sede da 30ª edição da maior conferência mundial do clima.
Através de ações de educação climática, atividades culturais, de lazer e esporte, a COP das Baixadas nasceu com o intuito de promover a inclusão dessas comunidades periféricas na discussão das estratégias globais acerca da crise climática.
Leia também: Portal Amazônia responde: o que é a COP 30?

Programação na COP 30
Em sua terceira edição, a COP das Baixadas promove em 2025 uma programação ampla e diversificada durante as duas semanas da conferência climática em Belém. O grupo criou as “Yellow Zones” (Zonas Amarelas), espaços dedicados para o envolvimento da comunidade periférica no ambiente da COP30.
Os espaços foram inspirados na estrutura oficial da conferência, denominados de Blue Zone (Zona Azul, para negociações diplomáticas) e Green Zone (Zona Verde, voltadas à sociedade civil), e visam descentralizar o tema da COP30 para as periferias e comunidades.
Nas “Yellow Zones” a programação consiste em várias atividades paralelas como oficinas, rodas de conversa, atos culturais e palestras, que funcionam como grandes polos de mobilização popular, formação e resistência amazônica.
Os espaços acontecem em territórios espalhados de Belém, Ananindeua e Castanhal, nas sedes das organizações integrantes do movimento, e visam integrar os moradores de regiões periféricas dessas cidades dentro do ambiente da COP30.
“As Yellow Zones são zonas de envolvimento comunitário, porque quando a gente começou a ter oportunidade de chegar nessas conferências internacionais, a gente viu que a população não se fazia presente porque era uma área muito restrita. Então pensamos em de que modo a gente podia fazer esse envolvimento comunitário aqui em Belém. Assim surgem as Yellow Zones”, explicou a cofundadora da COP das Baixadas, Ruth Ferreira, quando esteve na Blue Zone, nas redes sociais.
A programação completa da COP das Baixadas pode ser conferida no perfil oficial do movimento no Instagram.
Voz e resistência
Além de dar voz e vez às populações periféricas nas decisões climáticas do planeta, a COP das Baixadas também tem como missão a defesa pelo direito à permanência desses territórios. Uma das lutas do movimento é a reivindicação pelo reconhecimento das baixadas nos censos oficiais. O IBGE, por exemplo, classifica essas regiões como “favelas e comunidades urbanas”, favorecendo uma visão marginalizada e a exclusão das periferias das políticas públicas de infraestrutura e saneamento.
📲 Confira o canal do Portal Amazônia no WhatsApp
Prova dessa resistência será o Ato Pela Vida e Defesa dos Territórios, manifestação que ocorre no dia 21 de novembro, último dia da COP30 e encerra a participação da COP das Baixadas na conferência popular. O evento será realizado no bairro de Jurunas, e tem como objetivo reafirmar o compromisso das comunidades amazônicas com a defesa do direito à permanência nos territórios e com a continuidade da luta por justiça climática além da COP30.
No último sábado, 15, a COP das Baixadas foi uma das organizadoras da Marcha Mundial pelo Clima, evento que reuniu mais de 70 mil pessoas nas ruas de Belém.

