Com a temática “Está a Amazônia próxima de um ponto de não retorno?” o pesquisador destacou as peculiaridades da floresta amazônica, que consegue gerar umidade e chuva para si mesma, diferente de outros biomas, sendo fator primordial em sua biodiversidade.
“Não estamos, infelizmente, longe desse ponto de não retorno. Se em meados de 2050, este cenário com a mudança climática, o desmatamento em 20% e os efeitos do aumento nos incêndios florestais, teremos uma parte de savana que tornaria as consequências irreversíveis na floresta amazônica”, ressaltou o pesquisador.
Ele apresentou dados que mostram o porquê da necessidade dos órgãos públicos fomentarem a discussão acerca da temática, sobretudo os que estão diretamente envolvidos na preservação da floresta amazônica.
Com a temática “Está a Amazônia próxima de um ponto de não retorno?” o pesquisador destacou as peculiaridades da floresta amazônica, que consegue gerar umidade e chuva para si mesma, diferente de outros biomas, sendo fator primordial em sua biodiversidade.
“A floresta amazônica existe porque não existe uma estação seca, como é o exemplo do cerrado. A floresta gera condições para sua própria existência, gerando chuva, tornando a estação seca muito curta. Essa evolução biológica faz um solo super úmido e, portanto, quando tem uma descarga elétrica, não propaga fogo. Por isso o tamanho da biodiversidade na Amazônia”, explicou o pesquisador Carlos Nobre.
Dados demonstram nível crítico
Ele destacou que o avanço do desmatamento na região e afirmou que as queimadas estão convertendo uma grande parte da Amazônia em espécies de savanas, o que irá refletir diretamente na condição climática da região, podendo influenciar, negativamente, na biodiversidade do bioma amazônico.
Dados do sistema do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) demonstram, segundo Carlos Nobre, que o país tem falhado em conter o desmatamento, com a ausência de ações efetivas de fiscalização.
Desde 2015 os números de desmatamento vêm aumentando, mostrando, ainda, uma tendência de continuidade para os próximos anos. Segundo ele, o desmatamento tem relação direta com o aumento no número de queimadas.
Para o pesquisador, é possível contornar esse ponto de não retorno previsto pelos estudos. Porém, é necessário que se aumentem as ações de controle e combate aos desmatamentos e queimadas na floresta.
Carlos Nobre tem em seu currículo uma extensa dedicação a estudos relativos às questões ambientais. Graduou-se em Engenharia Eletrônica pelo Instituto Tecnológica da Aeronáutica, mas logo em seguida passou a trabalhar no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
Após enxergar maior interesse pela área, fez doutorado em Metereologia no Massachusetts Institute of Technology (MIT). Em 2007, Carlos Nobre, juntamente com a equipe envolvida no projeto, foi vencedor do Prêmio Nobel da Paz, sendo, no mesmo ano, indicado pela Revista Época como um dos 100 brasileiros mais influentes do mundo.