Conheça o povo Ashaninka, os anfitriões dos indígenas Kayapó

Segundo historiadores, um grupo Ashaninka migrou para o Brasil no final do século XIX devido a conflitos com seringueiros peruanos e se estabeleceu na região noroeste do Acre, no Alto Juruá.

Um dos povos indígenas mais populosos da América do Sul, com mais de 90 mil integrantes, os Ashaninka vivem há cerca de 5 mil anos no coração do continente, mais precisamente na Amazônia peruana. Eles pertencem à família linguística Aruak e, ao longo de sua história, já foram identificados por vários nomes como Ande, Anti, Chuncho, Pilcozone, Tamba, Campari e, mais frequentemente, por Campa ou Kampa. Ashenĩka ou Ashaninka é como eles se autodenominam e a tradução seria algo como “minha gente”, “meu povo”.

Durante o século XV, estabeleceram relações políticas e comerciais com os Incas, que viviam nas montanhas dos Andes, cordilheira vizinha ao território Ashaninka. Segundo historiadores, um grupo Ashaninka migrou para o Brasil no final do século XIX devido a conflitos com seringueiros peruanos e se estabeleceu na região noroeste do Acre, no Alto Juruá, onde seus descendentes vivem até os dias de hoje e de onde já precisaram expulsar seringueiros e madeireiros.

Foto: Dante Novaes/FUNBIO

Atualmente, cerca de 2,5 mil pessoas deste povo vivem em sete terras indígenas homologadas na região. São elas: Riozinho do Alto Envira, Kaxinawa do Rio Humaitá, Kaxinawa/Ashaninka do Rio Breu, Kampa e Isolados do Rio Envira, Kampa do Igarapé Primavera, Jaminawa/Envira e Kampa do Rio Amônea. Nesta última, reconhecida há anos pela gestão organizada e pela adoção de processos produtivos sustentáveis, fica a aldeia Apiwtxa, a maior dos Ashaninka no Brasil. Ela está localizada no município de Marechal Thaumaturgo, no oeste do Acre, que entre 2018 e 2022 teve um Ashaninka como prefeito.

Sua cultura, riquíssima, possui características únicas e que se diferenciam das tradições de muitos povos originários do Brasil. Os Ashaninka, por exemplo, sempre usaram roupas. A kushma é a veste tradicional deste povo. São longas túnicas normalmente produzidas pelas mulheres e com características específicas dependendo de quem for usar. Para os homens, o decote é em “V” e a estampa tem linhas verticais. Já as mulheres usam o decote em “U” com linhas horizontais na estampa.

O amatherentsi, um chapéu, é um acessório característico da etnia. Feito com palha de palmeira de cocão, ele é enfeitado com penas de arara e indispensável sempre que alguma liderança deixa a aldeia para um compromisso oficial, o que não é raro. Apesar de viverem no coração da Amazônia e preservarem suas tradições, são bastante conectados ao mundo contemporâneo.

A espiritualidade também é parte essencial da cultura Ashaninka e se baseia na crença em espíritos que habitam elementos da natureza, como as árvores, os rios, os animais e as montanhas. É o que chamam de “mundo invisível”, visto como parte integrante do universo Ashaninka. A conexão com ele, feita através de rituais, é fundamental para a manutenção do equilíbrio e da harmonia entre as pessoas e a natureza. Neles, os indígenas pedem ajuda e orientação aos espíritos e deuses para resolver seus problemas e enfrentar desafios.

Uma das formas de se conectar com esse outro plano é através da ayahuasca, bebida tradicional feita a partir da combinação de duas plantas nativas da Amazônia. Para eles, ela tem propriedades curativas e pode ajudar a tratar problemas físicos e psicológicos. A folha de koka e o pó de ichiko também são fontes de elevação espiritual para a etnia. 

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

75% das cidades no Amapá despejam resíduos sólidos em lixões, aponta IBGE

Apenas quatro municípios do estado não registraram a presença destes resíduos em lixões, devido ao aterro controlado como destinação final, são eles: Itaubal, Macapá, Pedra Branca do Amapari e Santana.

Leia também

Publicidade