Como artista eclético, Gilson Castro produz uma arte com olhar universal, valorizando a sensualidade feminina, a leveza, os traços e a suavidade em relação aos contrastes com a dureza do dia a dia da vida do ser humano.
Gilson Castro nasceu em Teresina-PI e mora desde 1991 em Porto Velho, no estado de Rondônia. É Licenciado em Artes Visuais na Universidade Federal de Rondônia (UNIR). É um artista plástico eclético cujas obras são compostas por pinturas, desenhos e esculturas.
Na infância no Piauí sempre gostou de desenhar com carvão nas calçadas do bairro Monte Castelo. E na escola seu talento era aplaudido, ajudava os colegas na produção das capas dos trabalhos escolares e fazia os melhores desenhos na escola Estadual Estelina Dantas em Teresina, onde chegou a ganhar concurso de desenho.
Tinha a prática de fazer os desenhos e deixava-os guardados, além de contribuir com amigos na produção de artes para festas infantis e painéis com temas do Rei Leão, Pokémon etc.
A mudança para Porto Velho no início da década de 1990 ajudou a aperfeiçoar todo seu talento e com o incentivo de amigos procurou a Secretaria Municipal de Cultura e Esporte para apresentar seus trabalhos.
Artista plástica Rita Queiroz ao lado de Gilson Castro. Fonte: acervo do artista
Nessa ocasião, conheceu a artista plástica Rita Queiroz que o apresentou à secretária de cultura da época, a qual o levou para conhecer o Senhor Fernando Fonseca da Empresa Eletronorte, que depois de apreciar o trabalho de Gilson Castro perguntou o que era preciso para seguir na sua arte.
Foi então que Gilson falou pincel, tinta e tela. E ao retornar à Eletronorte recebeu todo o material necessário para continuar essa caminhada artística, sendo um ótimo incentivo, o que resultou em seu primeiro Vernissage Mutação da Arte em 2001, na Galeria Porto Shopping. Em sua primeira exposição retratou o feminino numa vertente diferenciada, com destaque para as mulheres de todo o planeta, sem fazer distinção de raça ou idade.
Como artista eclético, Gilson Castro produz uma arte com olhar universal, valorizando a sensualidade feminina, a leveza, os traços e a suavidade em relação aos contrastes com a dureza do dia a dia da vida do ser humano.
Ações sociais e culturais
Atuou como professor de Artes no Programa Mais Educação na Escola Estadual Duque de Caixas, trabalhando com desenho e pintura para crianças de várias faixas etárias.
A sua contribuição está registrada por meio de inúmeras matérias jornalísticas, concursos, ilustrações de capas de livros, projeto de arte nas férias na Casa da Cultura Ivan Marrocos e cartilhas educativas, como a do Botinho Tucuxi: o protetor dos navegantes e do meio ambiente produzida pela Delegacia Fluvial de Porto Velho em 2001.
Capa Ilustrada por Gilson Castro. Fonte: Lucileyde Feitosa
Colaborou com ações voltadas para a erradicação do trabalho infantil no Centro Integrado de Criança e Adolescente onde trabalhou com crianças e adolescentes, sendo um projeto de grande alcance social e inclusivo, chegando a atender por turno 100 alunos entre a faixa etária de 7 a 17 anos de idade.
Ministrou aulas de arte para crianças e adultos entre os anos de 2003 a 2004 na Casa da Cultura Ivan Marrocos. Teve uma participação intensa junto a outros artistas plásticos de Rondônia, como fala a renomada artista plástica e integrante da Academia Rondoniense de Letras, Angella Schilling:
Conheci o Gilson Castro logo que cheguei em Porto Velho. Ele chamou minha atenção por ser um artista plástico engajado, trabalhando sempre em prol das Artes em Rondônia. Sempre presente em todas as reuniões importantes para tomadas de decisão a favor da Cultura. Tive oportunidade de conhecê-lo quando frequentávamos as reuniões de cultura do município e do estado, e quando foi meu aluno de Xilogravura, na 1ª Edição do Curso Livre de Xilogravura em 2009. Além de pintor é desenhista, com um traço muito pessoal no qual logo se identifica o trabalho do Gilson, o que engrandece seu trabalho, pois tem identidade própria.
Angella Schilling foi professora de Xilogravura de Gilson Castro e teve a oportunidade de acompanhar sua formação, sendo destacada a expressividade do traço muito pessoal na sua produção artística.
Gilson Castro e Angella Schilling em evento de artes. Fonte: Angella Schilling
Para Gilson Castro duas exposições marcaram sua trajetória: Amazônia Universo em 4 com os trabalhos de Rita Queiroz, Geraldo Cruz, João Zoghbi e Gilson Castro em 2006; e 3º Traço com os trabalhos de Carlos Lourenço, Gilson Castro e Franky Cardoso em 2008, ambas realizadas na Casa da Cultura Ivan Marrocos e patrocinadas pela Empresa Eletronorte. Também participou de vários eventos fora de Rondônia, tendo orgulho de ter representado o estado em um evento ocorrido em Belém-PA.
Além disso, participou do SART, MARIART realizado pela Marinha do Brasil e foi agraciado com medalhas do Exército Brasileiro e Base Aérea de Porto Velho.
Um outro trabalho relevante destacado pelo artista foram os Estudos Artísticos constantes no 1º e 2º Catálogo de Artes de Rondônia organizado pela Secretaria de Cultura do Estado de Rondônia.
De onde vem a inspiração
Um dos artistas que inspira Gilson Castro é Vik Muniz, paulistano, produtor de obras voltadas para a sustentabilidade, sendo conhecido mundialmente pela utilização de técnicas inusitadas e que retrata de uma maneira simples o valor de materiais recicláveis.
A técnica utilizada é mista, sendo um traço marcante um furo em alguma parte do corpo que instiga o pensar, leituras e convida a conhecer mais o universo feminino, na perspectiva de traumas, medos e desafios nas relações cotidianas.
Ao ser perguntado sobre as obras marcantes, destacou duas delas: Lady, inspirada numa mulher inglesa e cabelo de fogo que evidencia a espontaneidade das mulheres, as quais foram o carro chefe da divulgação de suas obras na Amazônia.
Cabelo de fogo por Gilson Castro
Gilson Castro não se define como artista regional amazônico, uma vez que o seu trabalho se difere por evidenciar temas de caráter universal, expressando a força e a beleza do feminismo, especialmente a valorização de todas as mulheres.
As imagens provocam a ternura, dor, deleite estético, todos os sentimentos que podem evidenciar dramas humanos. O artista tem essa capacidade de mostrar as dores e traumas das mulheres, mas sobretudo a capacidade da resiliência. Há muita subjetividade nas imagens e que proporcionam pensar no cotidiano das mulheres, suas fragilidades, forças e lutas.
Que esta experiência artística, com pertencimento e valorização das mulheres, possa ser multiplicada para a definição de campos possíveis de ação nas políticas públicas destinadas às mulheres da Amazônia. Continue nos acompanhando e envie suas sugestões no e-mail: lucileydefeitosa@amazoniaribeirinha.com.
Sobre a autora
Lucileyde Feitosa é professora, Pós-Doutora em Comunicação e Sociedade (Universidade do Minho/Portugal), Pós-Doutora em Geografia pela Universidade do Minho/Portugal, Doutora em Geografia/UFPR, Integrante do Movimento Jornalismo e Ciência na Amazônia e colunista da Rádio CBN Amazônia/Porto Velho.
*O conteúdo é de responsabilidade do colunista