Práticas de acolhimento beneficia alunos indígenas de Porto Velho

O objetivo das práticas foi apresentar reflexões de como se deram o acolhimento, apoio e acompanhamento de alunos indígenas no processo de ensino e aprendizagem com reconhecimento da diversidade cultural.

Foto: Equipe escolar na acolhida aos alunos indígenas. Fonte: Acervo da escola, 2023.

A Escola Municipal de Ensino Fundamental São Pedro, localizada no bairro Pedrinhas no município de Porto Velho, teve destaque no ‘VIII Seminário Internacional Web Currículo: espaços, tempos e contextos híbridos’ ocorrido em São Paulo nos dias 21 a 23.11, quando o artigo ‘A Diversidade no Espaço Escolar: Acolher e Educar com pertencimento e Sensibilidade’ foi apresentado na Modalidade Relato de prática pedagógica em ação de ensino e aprendizagem.

O objetivo das práticas foi apresentar reflexões de como se deram o acolhimento, apoio e acompanhamento de alunos indígenas no processo de ensino e aprendizagem, na perspectiva de exercitar valores ligados à vida e realizar adequações no currículo a fim de promover transformação das práticas baseadas no reconhecimento da diversidade cultural.

Foto: Mãe indígena apresenta artesanato. Fonte: Acervo da escola, 2023.

Tal iniciativa partiu da gestão escolar, sendo desenvolvido no período de 12 de fevereiro a 14 de setembro de 2023 e contou com a participação da Direção, Supervisão, Orientação, docentes, coordenadora de projetos e docente convidada do Departamento de Geografia da Universidade Federal de Rondônia.

Os alunos participantes das práticas foram 12 alunos indígenas, na faixa etária entre 6 e 13 anos das etnias Ticuna (3), Karipuna (4), Parintintim (1), Apurinã (2) e Diahui (2), que se matricularam na Escola São Pedro, os quais se sentiam desconectados do ambiente escolar da área urbana, não falavam muito de suas culturas, nem de suas tradições, havendo um certo silenciamento em relação às práticas culturais indígenas.

Fonte: Mãe e filho participam da prática de acolhimento. Fonte: Acervo da escola, 2023.

A partir do momento que a direção identificou essa problemática, organizou práticas de acolhimento e convidou alunos e familiares para falarem de suas culturas, tradições, sendo possível esse diálogo por meio da socialização de artesanatos, tais como: tapetes e cestas produzidas com palhas, arco, flecha, cocar, cujos pais tiveram a oportunidade de divulgar tais saberes tradicionais.

Para a professora doutora Domingas Luciene Feitosa Sousa, que fez a apresentação desse relato de prática pedagógica no dia 21 de novembro foi um momento de reconhecimento do trabalho desenvolvido na escola sob a direção da Profa. Eni Guimarães Pinto, onde se teve a oportunidade de falar da importância da acolhida aos alunos indígenas e da importância do educar com pertencimento.

A equipe escolar se preocupou em realizar adaptações curriculares para melhor atendimento aos indígenas, ressaltando-se que a proposta orientadora para o ensino na área urbana é engessada, pois não dialoga com a realidade das populações tradicionais da Amazônia, o que significou incluir nos eventos da escola a participação da família indígena, que teve a oportunidade de divulgar sua cultura por meio do artesanato.

Foto: Acolhimento à cultura indígena. Fonte: Acervo da escola, 2023.

Os resultados dessa iniciativa contribuíram para a melhoria da aprendizagem, socialização e convivência dos alunos indígenas na escola, possibilitando maior interação com os não-indígenas. Por exemplo, as famílias indígenas começaram a participar dos eventos educativos promovidos na escola, tudo isso por meio do acolhimento e valorização da cultura indígena.

Outro destaque das práticas é que por meio do artesanato, a comunidade escolar passou a conhecer as histórias dos diversos povos indígenas presentes na escola, sendo construída mudança significativa na aprendizagem dos alunos de modo geral.

Parabéns à direção da Escola Municipal São Pedro e a toda a equipe escolar pelas práticas de acolhimento, pertencimento e inclusão na Amazônia, que foram amplamente aplaudidas e prestigiadas no evento internacional em São Paulo.

Que esta experiência de Olhar a Educação dos povos tradicionais com pertencimento e sensibilidade possam ser multiplicadas para a definição de campos possíveis de ação nas políticas públicas destinadas às populações tradicionais. Continue nos acompanhando e envie suas sugestões no e-mail: lucileydefeitosa@amazoniaribeirinha.com

Sobre a autora

Lucileyde Feitosa é professora, Pós-Doutora em Comunicação e Sociedade (Universidade do Minho/Portugal), Pós-Doutora em Geografia pela Universidade do Minho/Portugal, Doutora em Geografia/UFPR, Integrante do Movimento Jornalismo e Ciência na Amazônia e colunista do portalamazonia.com.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista 

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

O futuro incerto dos botos da Amazônia no meio de uma seca histórica

Este ano, a seca dos rios amazônicos já é pior que a de 2023, quando 209 botos-cor-de-rosa e tucuxis foram encontrados mortos no Lago Tefé, no Amazonas, em grande parte devido ao superaquecimento das águas.

Leia também

Publicidade