Tragédias como a da jovem colombiana Omayra Sánchez, em 1985, tornaram-se parte da memória internacional após a erupção de um vulcão.
Como o próprio dicionário define, acidentes ocorrem de maneira casual, fortuito, inesperado. E quanto maior a gravidade do fato ou o número de vítimas, mobiliza e choca a população de um país inteiro. Alguns acidentes impressionam pela forma como ocorrem e, principalmente, as consequências para as pessoas envolvidas.
O Portal Amazônia relembra quatro tragédias que ocorreram na Amazônia Internacional e sensibilizaram pessoas do mundo todo.
A morte Omayra Sánchez – Colômbia
Em 13 de dezembro de 1985, um vulcão distante cerca de 130 km da capital colombiana, Bogotá, chamado Nevado Del Ruiz, entrou em erupção aproximadamente às 21 horas do horário local, depois de 69 anos de dormência e após demonstrar sinais do ocorrido um ano antes.
Em cerca de três horas, uma mistura de cinzas e lava chegou a 30 metros de altura e desceu rumo à cidade em uma velocidade de 50 km por hora , atravessando árvores, rios, tudo que havia pelo caminho. Dos 28.700 habitantes da cidade de Armero, que estava no caminho dos danos provocados pelo vulcão, 23 mil foram mortos até o fim da última onda. Além disso, cerca de 60% do gado foi morto pela avalanche, 30% de grãos e meio milhão de sacas de café foram perdidas.
Uma das vítimas foi a jovem Omayra Sánchez Garzón, que tinha 13 anos na época do ocorrido. O que mais chocou a população foi a forma como sua morte ocorreu. Após deixar a mãe no aeroporto pela manhã e passar o dia temendo a possível erupção do vulcão, à noite a avalanche de detritos ocasionou a morte de seu pai e sua tia, que ainda chegaram a pegar algumas coisas para fugir dos danos causados pelo vulcão.
No entanto, Omayra não morreu com a onda de detritos. Metade do corpo da garota ficou preso sob uma porção massiva de concreto de sua casa e outros detritos arrastados pela onda. Omayra ainda conseguiu empurrar o corpo para cima e alcançar uma fenda entre os escombros, onde pôde se apoiar e colocar a cabeça para fora da água.
Nos dia seguinte, os bombeiros a encontraram e mergulhadores profissionais foram acionados e, após avaliar a situação, descobriram que seria impossível retirar a garota com vida do local.
Logo o caso ganhou destaque na mídia local e a menina, mesmo em situação trágica, conversava tranquilamente com a mídia e com jornalistas. Contudo, às vezes ela se lembrava de sua realidade e se apavorava, pedia socorro à Deus e ajuda de sua mãe, que no momento estava em outra cidade, acompanhando o caso pela televisão.
Com o passar das horas, os olhos dela se tornaram pretos por conta de infecções. As suas mãos incharam como o seu rosto e esbranquiçaram. Ela começou a sofrer de alucinações, gritando que se atrasaria para a escola e que por isso precisavam tirá-la dali o mais depressa o possível.
Após cerca de 60 horas, no terceiro dia que seguia soterrada e, exausta, ela se despediu do que restou de sua família e pediu para que os trabalhadores e jornalistas a deixassem em paz para que pudesse morrer tranquila. Suas últimas palavras foram um sussurrado de “adiós”. Omayra faleceu em decorrência de gangrena, hipotermia e um colapso pulmonar.
Até hoje, sua história é lembrado por pessoas do mundo todo e parte da população culpa o governo por negligenciar um problema que as autoridades já tinham ciência.
Queda do avião Antonov 28 – Suriname
Em 3 de abril de 2008, o avião Antonov 28, que pertencia à companhia Blue Wings Airlines, partiu de Paramaribo, capital do Suriname, e caiu cerca de uma hora mais tarde próximo da fronteira com a Guiana Francesa. Quase 15 anos depois, não se sabe o motivo da queda da aeronave de fabricação russa.
O acidente resultou na morte de 19 pessoas e destas, duas eram crianças. Na hora do acidente, o avião teria como piloto a filha de um dos diretores da empresa. Na época do ocorrido, a agência France Presse afirmou que sete das vítimas eram de nacionalidade brasileira, o que foi desmentido em seguida. Os restos mortais das vítimas foram recuperados e transportados até a capital para serem identificados e entregues às famílias.
Até então, o acidente de avião mais recente no país havia conhecido em 2001, no qual morreram as dez pessoas a bordo da nave, incluindo brasileiros. A região do acidente era montanhosa e considerada uma das mais importantes do país pela produção mineradora.
Desastres de avião apesar de não serem comuns, chocam pela gravidade do fato. No ano passado, no Brasil, o avião que levava a cantora brasileira Marília Mendonça para um show, caiu em Piedade de Caratinga, em Minas Gerais. O acidente mobilizou fãs e a eficiência de normas técnicas de segurança em aviações passaram a ser debatidas com mais vigor.
Acidente aéreo deixa um único sobrevivente – Bolívia
Mais um acidente envolvendo aviação: em 10 de setembro de 2011, um comerciante de 35 anos chamado Minor Vidal foi achado com ferimentos pela cabeça após passar 61 horas na selva, sem água nem alimentos.
O fato ocorreu três dias após um desastre aéreo na Bolívia, em 7 de setembro, quando uma aeronave, que viajava de Santa Cruz a Trinidade desapareceu na Amazônia boliviana. Ao todo, oito pessoas morreram no acidente.
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Vidal disse aos socorristas que ficou preso no avião por 15 horas e quando finalmente conseguiu escapar sobreviveu bebendo sua própria urina e água de uma lagoa.
Na época do ocorrido, o caso mobilizou a população boliviana e a então ministra da Defesa da Bolívia, Cecilia Chacón, disse que o governo estava “muito emocionado com a notícia do resgate e o presidente (Evo Morales) transmite sua mais sincera alegria por esse momento”.
Ônibus despenca em precipício – Peru
O último e não menos chocante acidente, ocorreu em 31 de agosto de 2021, no Peru. Um ônibus saiu de Huánuco, há 300 km da capital peruana com destino à Lima. Em um trecho estreito da Rodovia Central, o ônibus colidiu com uma rocha e caiu em um abismo de quase 200 metros de profundidade, de acordo com testemunhas.
Ao menos 32 pessoas morreram, dentre elas duas crianças, e 20 ficaram feridas na queda do veículo. Ao todo, eram 63 passageiros. Este foi o terceiro acidente com serviços de transporte que deixou muitas vítimas na mesma semana.
Dois dias antes, pelo menos 20 pessoas morreram na colisão entre duas embarcações em um rio da Amazônia peruana. E quatro dias antes do desastre no penhasco, um ônibus caiu em um barranco em uma rodovia do sudeste do país e matou 17 pessoas.