Foto: Reprodução/Inmet
Compreender e prever as chuvas é um grande desafio, principalmente em regiões remotas como a Amazônia, onde a infraestrutura de monitoramento é limitada. Pesquisadores do Instituto Mamirauá desenvolveram uma abordagem que utiliza gravações de som para medir a intensidade da chuva, medindo o som das gotas ao atingir superfícies. Um artigo detalhando este método inédito foi publicado recentemente na revista Geophysical Research Letters: ‘Measuring Amazon Rainfall Intensity With Sound Recorders‘.
A técnica foi desenvolvida no campus do Instituto Mamirauá, em Tefé, no Amazonas, e testada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Mamirauá. A partir das gravações do som da chuva, um modelo de aprendizado de máquina foi treinado para prever taxas de precipitação. O método foi testado com sucesso em áreas com diferentes tipos de vegetação e até 30 km de distância do local de calibração, algo inédito para esta técnica.
Essa metodologia, segundo pesquisadores, é promissora, principalmente em regiões com pouca cobertura de sensores tradicionais, como a Amazônia, que enfrenta desafios devido à densa cobertura vegetal, dificultando o uso de métodos convencionais.
Segundo Rodrigo Xavier, pesquisador associado do Instituto Mamirauá e primeiro autor do artigo, “o estudo da geoacústica é uma área nova e em rápida expansão, nosso estudo mostrou que mesmo um modelo relativamente simples, treinado em um ambiente de floresta tropical secundária, é capaz de estimar a intensidade da chuva em locais com vegetações bastante distintas, como o chavascal e a várzea baixa. Isso demonstra o potencial real de se usar o som da chuva como um novo método para realizar medições meteorológicas”.
Esse avanço tecnológico pode auxiliar na expansão do monitoramento climático em áreas sub-representadas, contribuindo para a gestão de recursos hídricos e a adaptação às mudanças climáticas.
Além disso, há potencial para integrar essa técnica a outros campos, como a ecologia, fornecendo dados sobre o impacto das chuvas no comportamento de espécies e ecossistemas tropicais.
*O conteúdo foi originalmente publicado pelo Instituto Mamirauá, escrito por Miguel Monteirio