Pesquisa identifica cerca de 200 espécies de algas no Rio Uiacurapá, em Parintins

O estudo foi realizado em quatro pontos do Rio Uaicurapá, delimitados para abranger um gradiente com áreas de menor uso e ocupação da terra até áreas com maior atividade humana.

Foto: Angela Maria da Silva Lehmkuhl/Acervo pessoal

No município de Parintins, no Amazonas, pesquisadores realizaram um levantamento das algas diatomáceas (microalgas) presentes no rio Uaicurapá para avaliar os impactos das atividades locais sobre a qualidade da água e ecológica do rio.

A pesquisa apoiada pelo Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), identificou cerca de 200 espécies de diatomáceas entre endêmicas (exclusivas de determinada região) e indicadoras de excelente qualidade da água.

Amparado pelo Programa de Apoio à Interiorização em Pesquisa e Inovação Tecnológica no Amazonas (Painter) o estudo intitulado ‘Diatomáceas como indicadoras ambientais: avaliação do impacto das atividades locais sobre a qualidade da água do rio Uaicurapá, Parintins, Amazonas, Brasil’ foi realizado em quatro pontos do Rio Uaicurapá, que foram delimitados para abranger um gradiente com áreas de menor uso e ocupação da terra até áreas com maior atividade humana.

Coordenado pela doutora em Biologia, Angela Maria da Silva Lehmkuhl, do Instituto de Ciências Sociais, Educação e Zootecnia (ICSEZ), da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), o estudo apontou a alta diversidade que o rio possui em espécies de diatomáceas, e realizou o registro de uma espécie rara e possivelmente endêmica para a região (Actinella gessneri), além da descrição de uma espécie nova (Actinella cordiformis).

A pesquisadora explica que as diatomáceas são microalgas, eucarióticas, fotossintetizantes que possuem uma parede celular impregnada por sílica, que parecem com um porta-joias de vidro ornamentado. Foram realizadas quatro coletas ao longo de um ano, levando em consideração as fases do ciclo hidrológico do rio, sendo elas: enchente, cheia, vazante e seca.

Foto: Angela Maria da Silva Lehmkuhl/Acervo pessoal

“A comunidade de diatomáceas variou em espécies e quantidades ao longo das fases do ciclo hidrológico e ao longo dos pontos de coleta. Algumas espécies abundantes no pico da cheia, não foram abundantes e ou não estiveram presentes no período da seca”, disse Angela Maria.

Segundo ela, a alteração na estrutura da comunidade ajuda a prever alterações climáticas e períodos de seca dos rios. Algumas espécies presentes nos pontos com menor atividade humana (à montante) foram menos abundantes ou ausentes nos pontos com maior atividade antrópica (à jusante).

O estudo avalia a presença das algas diatomáceas que podem ser encontradas nos mais variados tipos de ambientes aquáticos. Devido a características como um ciclo de vida curto e rápida resposta às alterações na qualidade da água, são consideradas excelentes bioindicadores, principalmente em relação ao grau de nutrientes presentes.

As espécies de diatomáceas planctônicas, ou seja, aquelas que ficam livres na coluna d’água, foram coletadas com uma rede cônica com malha de 25 micrômetros, e as espécies perifíticas, ou seja, aquelas aderidas à um substrato, foram coletadas de partes submersas de plantas.

Outro detalhe foi a identificação das espécies por meio da análise em lâminas sob microscopia de luz e sob microscopia eletrônica de varredura das amostras coletadas.

*Com informações da Fapeam

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