Pesquisadores realizam escavações em sítio arqueológico encontrado em Resex no Acre

Sítio arqueológico foi encontrado por agricultor e geoglifos passam por estudos pelo Centro de Arqueologia e Antropologia Indígena da Amazônia Ocidental da Ufac.

Pesquisadores e estudiosos do Acre encerraram no dia 23 de agosto a primeira etapa de escavação em novos geoglifos achados no estado acreano. Quatro novos sítios arqueológicos foram descobertos por um agricultor dentro da Reserva Extrativista Chico Mendes (Resex), no município de Xapuri, interior do estado.

As informações da nova descoberta foram divulgadas pelo Centro de Arqueologia e Antropologia Indígena da Amazônia Ocidental (Caainam) da Universidade Federal do Acre (Ufac).

“Como passava muitas reportagens sobre esses sítios, o dono da terra, seu Pedrinho, achava que existia um ali. Então, entrou em contato com os ICMbios, que me procuraram, me avisaram que, talvez, existisse um geoglifo na terra deles. Fomos para lá, identificamos esse sítio, explicamos para ele quais as hipóteses. Um tempo depois, disse que tinha achado mais dois dentro da floresta com as mesmas características”, explicou a pesquisadora doutora em arqueologia e pré-história, Ivandra Rampanelli.

Sítos foram achados dentro da Resex, em Xapuri, por agricultor. Foto: Arquivo/Caainam/Ufac

A equipe de escavação coordenada pela pesquisadora iniciou os trabalhos no último dia 8. Ela confirmou que a equipe vai dar continuidade nessas escavações nos sítios, provavelmente, ano que vem porque ainda há muito a se estudar.

Os trabalhos de escavação eram para ter iniciado em 2020, quando os monumentos foram descobertos, contudo, devido à pandemia, a ida da equipe foi adiada para agosto deste ano. “A gente escavou umas trincheiras de, mais ou menos, 11 metros de cumprimento, com dois metros de largura e a profundidade, em média, seria de 70 a 80 centímetros”, destacou.

Três dos quatro sítios encontrados estão dentro da mata. Foto: Arquivo/Caainam/Ufac

Fragmentos

Ivandra contou também que os estudiosos acharam fragmentos de cerâmica, sementes e carvão a partir de 10 centímetros de profundidade. A equipe acredita que esses monumentos têm cerca de 2 mil anos e ficam a menos de mil metros de fontes de água.

“O povo do passado tentou construir um sítio arqueológico seja de moradia ou de duração, ainda temos dúvidas sobre qual realmente a função dele, sempre próximo à água para facilitar a vida deles”, 

complementou.

O Acre é pioneiro e referência sobre estudos e pesquisas sobre geoglifos. Antes desta nova descoberto, o estado tinha registrado mais de mil monumentos, conhecidos por serem estruturas geométricas escavadas na terra, em formato de quadrados, retângulos ou círculos.

Equipes de pesquisadores iniciaram a escavação em agosto. Foto: Arquivo/Caainam/Ufac

No mês de julho, foram divulgadas novas descobertas desses sítios. O fotógrafo Diego Gurgel registrou os novos monumentos durante um sobrevoo de rotina do Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer).

Ao todo, foram registrados três conjuntos de geoglifos próximos uns dos outros, circulares e quadrados entre a margem direita do Igarapé Miterrã e a margem esquerda do Rio Rapirrã, próximos à Bolívia, mais precisamente entre os municípios acreanos de Capixaba e Plácido de Castro.

Os geoglifos foram descobertos na Amazônia na década de 1970 com o aumento dos desmatamentos e começaram a ser melhor estudados a partir dos anos 2000. Teriam sido construídos por civilizações que ocuparam o sul da Amazônia, antes da formação da floresta e seriam usados para cerimônias e rituais religiosos.

*Por Aline Nascimento, g1 Acre 

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