Museu Goeldi completa 151 anos e reinaugura aquário

Nesta sexta (6) será reinaugurado o Aquário Jacques Huber, do Museu Paraense Emílio Goeldi, depois de mais de dez anos fechado para reformas e adaptações. A reinauguração acontecerá dentro da programação de aniversário de 151 anos do Museu Goeldi, firmando seu lugar como a mais antiga e popular instituição científica da Amazônia.

  

Foto: Lívia Prestes / Agência Museu Goeldi

Entre os peixes adaptados no aquário do Museu Goeldi, o público vai poder conferir exemplares de espécies de pirarucu (Arapaima gigas), tambaqui (Colossoma macropomum), tucunaré (Cichla ocellaris), piramutaba (Branchyplatystoma vaillant), piranha (Pygocentrus nattereri), piramboia (Lepidosiren paradoxa), acará (Pterophyllum scalare), acari (Hypostomus plecostomus) e surubim (Pseudoplatystoma fasciatum).

Além de peixes, o espaço também abriga um plantel de répteis e quelônios como serpentes das espécies sucuri (Eunectes murinus), jiboia (Boa constrictor) e periquitamboia (Corallus caninus); a tartaruga matamatá (Chelus fimbriata) e o lagarto jacuracu (Tupinambis teguixin).

Foto: Cézar Filipe / Agência Museu Goeldi
“O nosso aquário é exclusivamente de água doce e amazônico. Nós privilegiamos peixes e outros animais que são importantes para a nossa cultura, sejam porque são os que a gente come e fazem parte do nosso dia a dia, sejam porque são marca das nossas tradições indígena e cabocla e do próprio imaginário da região”, afirma o pesquisador Horácio Higuchi, um dos biólogos responsáveis pelo espaço.
Diante da crise orçamentária que atinge duramente as instituições depesquisa e ensino do país, o aniversário de 151 anos é, ao mesmo tempo, uma celebração e prova da resistência institucional. A limitação de recursos impede, por exemplo, o pleno funcionamento do Aquário Jacques Huber, que só poderá ser visitado entre quarta e sexta-feira, em dois turnos: 9h30 às 11h30 e 15h às 17h.
Programação
A abertura da programação será às 9h30 da manhã de sexta-feira com o diretor do Museu Goeldi, Nilson Gabas Jr. Além da reinauguração do Aquário, o Museu Goeldi entrega oficialmente para população a revitalização do muro do Parque Zoobotânico.Após as falas, o Aquário Jacques Huber será oficialmente inaugurado com um abraço simbólico em torno do prédio. A partir de então, grupos de 30 pessoas, em intervalos de meia hora, serão guiados em uma visita especial pelo espaço.
E como já é tradição nas datas comemorativas do Museu Goeldi, os parabéns acontecem em volta de um lindo bolo de flores e frutos oferecido ao público. A programação encerra com a música de grupos folclóricos do Pará.
História
Fundado em 6 de outubro de 1866, por Domingos Soares Ferreira Penna, o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) é o primeiro projeto nacional de estudo científico da Amazônia, sendo ainda o segundo museu de história natural mais antigo do Brasil. Sua agenda de investigações sobre os processos naturais e dinâmicas sociais da região amazônica servem de apoio para gestores das três esferas, comunidades e empresas.
Vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações doBrasil (MCTIC), o Museu Goeldi é um dos três maiores museus brasileiros em termos de coleções. Mantém atualmente mais de 4,5 milhões de itens tombados em 19 coleções científicas, que abrangem acervos etnográficos, arqueológicos, linguísticos, biológicos, minerais e fósseis, e documentais.No Parque Zoobotânico, uma das três bases físicas do Museu, está o Aquário Jacques Huber, o mais antigo aquário público do Brasil. Inaugurado em 1911, o espaço exibia espécies de peixes amazônicos e foi concebido pelo botânico suíço Jacques Huber (1867-1914), na época diretor do Museu, e pelo desenhista alemão Ernst Lohse (1873-1930). Ao longo do tempo, a construção perdeu seus traços neoclássicos originais e, na reforma realizada entre os anos de 2008 e 2009, o prédio foi ampliado para a exibição de serpentes e quelônios, como também para melhorar a área de manejo dos animais. Desde a sua fundação, o aquário sempre foi um espaço de grande fluxo de visitantes.

Foto: Jéssica Vasconcelos / Agência Museu Goeldi

Pesquisador do Museu Goeldi, o historiador Nelson Sanjad lembra como é forte e afetuosa a relação construída entre o público e a instituição desde a sua fundação: “O vínculo afetivo da população belenense com o Museu Goeldi é bem antigo. Há registros do grande impacto positivo provocado na população com a inauguração do Parque Zoobotânico, ainda em 1895. Esse espaço permaneceu muito visitado nos anos posteriores. Entre as razões desse fenômeno, podemos mencionar as melhorias e as novas atrações constantemente inauguradas no Parque, o que atraia permanentemente os visitantes, a ponto das visitas se tornarem um hábito semanal. Outra razão é o grande interesse que a população local manifestou pelos animais da região (o que ocorre ainda hoje). Emilio Goeldi foi um gestor extremamente hábil ao perceber que a sobrevivência da instituição dependia do apoio da população – e soube obter esse apoio”, destaca.

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