Quem pensa que o conceito de ecoturismo é coisa recente, e teria surgido no rastro das atuais lutas pela conservação da natureza, se engana. Entre 700 e 800 a.C. já se usava a palavra para designar rotas com belas paisagens ecológicas na África. Em Manaus, a coisa também parece ser recente, mas ainda na década de 1950, logo após a inauguração do então moderno Hotel Amazonas, começou a ser feito o passeio ao Encontro das Águas, até hoje o mais procurado pelos turistas que chegam à capital amazonense. Era o nascimento do ecoturismo pelas bandas de cá, ainda que o conceito estivesse longe de ser conhecido.
Muito embora nós amazônidas vivamos cercados por uma exuberante natureza, e talvez por isso, a grande maioria das pessoas não sabe como conhecer mais a fundo os mistérios da floresta e seus rios e se divertir com isso. Foi pensando nessas pessoas que Tayke Monteiro e Anderson Pimentel criaram há dois anos uma plataforma online para divulgar as atividades de ecoturismo no Estado. “Notamos que o acesso a esse tipo de informação era precário então começamos com um blog e quando vimos o retorno, investimos no site”, explicou João Guerra, diretor comercial do Pra Que Rumo.
Atualmente o site hospeda cerca de 20 pessoas e empresas que organizam expedições em caiaque e em sup, trekking, camping, atividades turísticas de base comunitária, enduro equestre, voos panorâmicos, além de instrutores de rapel em cachoeiras e guias turísticos. O passeio ao encontro das águas também está lá. “E personalizamos o roteiro de acordo com a vontade do cliente. 90% das pessoas que visitam o site são manauaras em busca de aventuras e 10% são do resto do Brasil e do exterior, que querem conhecer a Amazônia. Recebemos uma média de 3 mil visitações mês”, contou João.
E quem foi que disse que só seres humanos podem praticar o ecoturismo? Na Ecoforest Adventure o cachorro também tem vez. No dia 28 de fevereiro, das 9h às 15h, acontecerá no sítio o Dog Adventure. “Uma diversão pro cachorro e pro seu dono”, falou Pedro Henrique, proprietário do Ecoforest.
“É uma ideia inédita. Teve uma vez que uma família quis entrar aqui no Ecoforest com seu cachorro e, como acontece nos outros balneários, não foi permitido. Aí eles reclamaram, então resolvemos abrir uma exceção para que a família não voltasse daqui da entrada. A partir daí idealizei o Dog Adventure, um dia em que o sítio poderia receber os cachorros, e começamos a divulgar nas redes sociais, no final do ano passado. Pensei que viriam uns dez cachorros. Vieram quase 30, então vi que havia essa carência de serviço para os fiéis amigos do homem”, explicou.
Mas há regras para os participantes do Dog Adventure, afinal, há uma grande diferença entre pinschers e rottweilers. “Como dispomos de vários espaços, os pequenos vão para um lado e os grandalhões para outro”, adiantou. Também é necessária a apresentação da carteira de vacinação do animal e o dono é o responsável por limpar o que eles forem deixando pelo caminho. “Procuramos nos informar sobre a raça, o porte, se o animal é feroz ou dócil, para evitarmos problemas”, disse.
O valor para participar do Dog Adventure é R$ 50, com direito a atendimento veterinário e adestrador, que estarão no sítio, no dia do evento. “Teremos uma programação na qual os cachorros e seus donos andarão por trilhas, se sujarão na lama, entrarão na água, um programa bem aventura mesmo”. E ainda haverá o concurso de fantasia com distribuição de prêmios (ração, banho e tosa, brinquedos).
O Ecoforest Adventure existe há pouco mais de um ano, na BR 174, km 923, antigo km 39. No local os visitantes, que devem agendar antecipadamente sua ida nos finais de semana (durante a semana só para grupos acima de 10 pessoas) podem ser feitas escaladas em árvores, trilhas pela floresta, caminhadas na tirolesa, canoagem, acampamento, slackline, prática de arco e flecha, brincadeira de paint ball e descer o escorregador com queda na água. Os pacotes variam de R$ 40, a R$ 160, menos a alimentação, servida num restaurante no local. “Além dos manauaras, recebemos vários turistas brasileiros e estrangeiros”, concluiu.
Novas formas de ecoturismo
Mas existem formas de ecoturismo cujos praticantes são, principalmente os estrangeiros, como a observação de aves e o geoturismo, no Amazonas, organizados pela Biotur Amazonas, em Presidente Figueiredo, existente há cinco anos e a única no Estado a realizar esse tipo de turismo. “Eu sou bióloga e meu marido, Frederico Roldão, é fotógrafo, e nós dois somos ornitólogos”, falou Juliane Tavares, proprietária da Biotur.
Os interessados em fazer observação de aves devem agendar sua visita, mas em grupo, “passarinhada, como nós chamamos os grupos”, explicou. A observação de aves é uma prática de ecoturismo que ocorre há alguns anos em Presidente Figueiredo, desde que se tornou conhecido internacionalmente o Galo da Serra, a ave com bela plumagem de cor laranja e curiosa dança do acasalamento. O Galo da Serra só existe naquela região, entre Figueiredo e as florestas de Roraima. “Além do Galo da Serra podem ser observados o Pássaro Boi, o Beija-Flor Bico de Fogo e, com muita sorte, o Gavião Real. Nem sei quantas espécies podem ser observadas por aqui, mas talvez sejam umas 200 em 460 lugares catalogados, onde sabemos exatamente quais são seus hábitos durante o ano inteiro”, contou.
Já o Geoturismo consiste em visitas a cachoeiras, como a Cachoeira da Porteira, e cavernas localizadas no Geoparque Cachoeiras do Amazonas, também em Presidente Figueiredo que, comprovadamente um dia estiveram sob as águas do oceano. “São lugares formados por um tipo de rocha que só existe no fundo do oceano, sem falar dos fósseis de conchas e vermes existentes no local”, lembrou.
“Em ambos os casos a maioria dos turistas são americanos e europeus. Também sempre vem gente da Patagônia. Quanto aos brasileiros, agora é que começam a praticar esse tipo de turismo, mas eles querem fotografar enquanto os estrangeiros se contentam em apenas observar”, disse.