Jijukè, a líder indígena que marcou a história da nota de mil cruzeiros

A inclusão de Jijukè em uma cédula representou um marco simbólico para o reconhecimento e a valorização dos povos originários no Brasil.

Jijukè, da aldeia Hãwalo, tinha cem anos. Montagem: Reprodução

A história de Jijukè, uma figura proeminente do povo Iny Karajá, se entrelaça com a história do dinheiro no Brasil. Sua imagem foi estampada no verso da histórica cédula de 1.000 cruzeiros, lançada em 1990, tornando-a uma das primeiras mulheres indígenas a ser homenageada em uma nota brasileira.

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Jijukè, a líder indígena que marcou a história da nota de mil cruzeiros

A cédula de 1.000 cruzeiros e o reconhecimento indígena

A inclusão da imagem de uma mulher indígena em uma cédula de circulação nacional representou um marco simbólico para o reconhecimento e a valorização dos povos originários no Brasil. A cédula de 1.000 cruzeiros, emitida em 1990, foi a segunda na história do país a homenagear a cultura indígena, após uma cédula de cinco cruzeiros em 1962. A imagem no anverso era do Marechal Cândido Rondon, um explorador e sertanista que dedicou sua vida à causa indígena, e no verso, a fotografia de Jijukè.

A fotografia, capturada pelo fotógrafo José Américo, mostrava Jijukè em um momento de sua vida cotidiana na aldeia Hãwalo. Essa representação não apenas destacou a beleza e a dignidade dos povos indígenas, mas também colocou em evidência a importância de sua presença na sociedade brasileira. A cédula se tornou um veículo para a conscientização sobre a riqueza cultural e a diversidade étnica do país, expondo a imagem de Jijukè para milhões de pessoas.

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A biografia e a relevância de Jijukè

Jijukè era uma matriarca e uma líder respeitada do povo Iny Karajá, da aldeia Hãwalo, a maior aldeia da etnia, localizada em Santa Isabel do Morro, no estado do Tocantins. Sua sabedoria e conhecimento eram referências para sua comunidade. Ela era uma guardiã das tradições, das lendas e dos costumes de seu povo, desempenhando um papel crucial na transmissão do conhecimento ancestral para as novas gerações.

Além de sua atuação como guardiã da cultura, Jijukè era uma líder ativa no cotidiano da aldeia. Sua participação em rituais e nas atividades de subsistência era essencial para a manutenção da vida comunitária. Sua figura representava a força, a resiliência e a dignidade do povo Karajá, que, assim como outras etnias indígenas, enfrenta desafios na luta pela demarcação de terras e pela preservação de suas identidades.

A morte de Jiju

Jijukè faleceu no dia 11 de agosto de 2025, aos 100 anos de idade. Sua morte representa a perda de uma liderança comunitária e de um elo com a memória indígena brasileira. A causa do óbito não foi divulgada.

O falecimento de Jijukè é um lembrete da finitude dos guardiões da cultura e da importância de registrar e preservar o conhecimento ancestral. Sua vida foi uma jornada de luta e resistência, e sua imagem na cédula de 1.000 cruzeiros a tornou uma figura inesquecível, um símbolo de dignidade e força.

O legado de Jijukè

A cédula de 1.000 cruzeiros teve uma vida curta devido à transição da moeda brasileira, mas o legado de Jijukè permaneceu. Sua imagem, impressa em papel, se tornou uma marca na história do Brasil, um lembrete do reconhecimento da cultura indígena e da luta por seus direitos.

A história de Jijukè é um exemplo de como a representatividade, mesmo que simbólica, pode ter um impacto duradouro. Sua imagem na cédula de cruzeiros abriu portas para um debate mais amplo sobre a participação dos povos indígenas na sociedade brasileira e a necessidade de valorizar e respeitar suas culturas e tradições. O legado de Jijukè é um convite à reflexão sobre a importância da diversidade e da inclusão na construção de um país mais justo e igualitário.

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