Pesquisa mapeia árvores gigantes no Parque do Utinga; confira imagens

Árvores podem atingir até 40 metros de altura no parque estadual. Projeto é uma parceria entre o Ideflor-Bio e o Museu Emílio Goeldi

O projeto Flora do Utinga, parceria entre o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-Bio) e o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), identifica árvores no parque estadual que podem atingir até 40 metros de altura e 100 centímetros de diâmetro, o que é considerado um porte gigantesco.

O Utinga é uma Unidade de Conservação (UC) criado com o objetivo de preservar ecossistemas naturais de relevância ecológica e beleza cênica, estimular a realização de pesquisas científicas e, além disso, incentivar o desenvolvimento de atividades de educação ambiental, incluindo o turismo ecológico.

Um dos símbolos do espaço é a samaumeira na entrada do Parque, cujo nome científico é Ceiba Pentandra – e batizada pelo apelido de Pávula (aquela que se exalta e enaltece), está longe de ser exclusiva na área. O projeto Flora do Utinga já identificou também outras espécies de porte gigantesco que sobrevivem por décadas e continuam monumentais.

O projeto é formado por uma equipe de mais de 10 pesquisadores de diversas instituições de pesquisa, incluindo bolsistas de iniciação científica, além de técnicos do Ideflor-Bio atuantes no suporte às pesquisas. Sob a coordenação do doutor em Biologia, Leandro Valle Ferreira, o projeto quer conhecer, em detalhes, a flora do Parque do Utinga.

“Quando pegamos o plano de manejo revisado em 2013, só tinham registradas 150 espécies. Em dois anos, já chegamos a 700. Se for fazer uma análise quantitativa, nós já medimos mais de 5 mil exemplares de plantas. Temos alguns remanescentes de árvores gigantes que foram preservadas”, explicou o pesquisador.

A cada 15 dias a equipe refaz as trilhas, registra imagens e verifica as alterações, existência de flores e frutos. “Temos parcelas permanentes de vegetação em que são medidos o quanto elas crescem, se morrem. É extremamente significativo, temos uma área muito pequena, em torno de 1.400 hectares e com uma grande diversidade de tipos de vegetações. Florestas de terra firme, de várzea e igapós, lagoas naturais e todas elas têm conjuntos de centenas de espécies”, complementou o cientista.

 (Foto: Marcelo Seabra/Agência Pará)

Espécies como o piquiá (Caryocar glabrum – Caryocaceae), o visqueiro (Parkia gigantocarpa), o breu mata-fome (Tetragastris altissima – Burseraceae), o tauari (Couratari guianensis – Lecythidaceae), a castanha sapucaia (Lecythis lurida e L. pisonis – Lecythidaceae), o angelim pedra (Dinizia excelsa – Fabaceae) e o bacuri (Platonia insignis – Clusiaceae) estão entre as mega-árvores.

Ao Ideflor-Bio cabe a gestão das florestas públicas, prevista em lei, visando a produção sustentável e a proteção da biodiversidade. “Estudamos a fauna, a flora e a sociobiodiversidade para preservar amostras representativas no Estado do Pará, principalmente as populações das espécies ameaçadas de extinção. O Parque do Utinga foi criado em 1993, resultado da Rio-92, o grande encontro de 150 países que mobilizou todo um processo de organização e proteção”, comentou o Diretor de Gestão da Biodiversidade, Crisomar Lobato.

A Unidade de Conservação na região metropolitana de Belém, beneficia diretamente a população do em torno, tanto na valorização financeira das propriedades quanto na qualidade de vida por causa dos serviços ambientais prestados pelas grandes árvores que aprisionam carbono duzentas vezes mais do que as de menor porte, o caso da samaumeira.

O gerente do Parque do Utinga, Ivan Santos, informou que a parceria com o MPEG resulta da integração entre instituições e a sociedade. “Para fazer com que as pessoas – não apenas pelas instruções normativas – contribuam para o bem-estar delas e do meio ambiente, buscamos ações de educação ambiental. A consequência de atos que a natureza absorve. É o ar, o som, a percepção. É mais fácil trazer uma criança para que entenda a necessidade do seu futuro diante do meio ambiente do que trazer os pais”, comentou ele.

“É um trabalho de gerações. E é ao longo delas que, durante séculos, as árvores gigantes testemunharam o passado, cruzam o presente e, conforme a consciência humana, podem viver no futuro”, finalizou o gerente Ivan Santos. 

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