O extrato possui ações antimicrobiana, antioxidante, anti-inflamatória e imunomoduladora. Análises clínicas mostram que o extrato de própolis pode ser bastante eficaz ao combater doenças no corpo humano.
O extrato de própolis é um velho conhecido dos amazônidas para tirar aquele incômodo da garganta, o “ham ham”, quando sente dor, ou para o alívio da tosse. Entretanto, o extrato possui também ações antimicrobiana, antioxidante, anti-inflamatória e imunomoduladora e análises clínicas mostram que pode ser bastante eficaz ao combater doenças no corpo humano.
Foi muito utilizado por civilizações desde a antiguidade, que usavam produtos apícolas como valiosos recursos terapêuticos em suas práticas medicinais. Mas, primeiramente, é preciso entender o que é o própolis: o termo “própolis”, “pro” em favor e “polis”, “cidade das abelhas”, que significa em defesa da colmeia, foi descrito no século XVI na França, e no século XVII, considerada uma droga oficial pela London Farmacopeia.
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De acordo com a farmacêutica responsável e gerente do Laboratório de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Apis Flora, Andresa Berretta, a própolis é resultado de uma mistura complexa, formada por material resinoso e balsâmico coletado das plantas (galhos, flores, pólen, botões e exsudados de árvores) pelas abelhas Apis mellifera, além de saliva e enzimas acrescentadas por elas. Na colmeia, a própolis é utilizada para proteção, no reparo de frestas ou danos e na mumificação de insetos invasores.
A especialista explica que um dos efeitos biológicos da própolis é sua propriedade imunomoduladora:
“Há estudos que demonstram que o extrato de própolis atua no sistema imunológico em duas frentes, estimulando o sistema de defesa positivamente combatendo possíveis investidas de microrganismos como vírus, bactérias e fungos, e também exercendo efeito antiinflamatório (Machado et al. 2012; Hori et al. 2013). Esses efeitos ocorrem devido sua complexa composição e variedade química, que envolve a presença de compostos fenólicos, flavonoides, entre outros componentes. Diferente da maioria dos extratos de própolis europeus, os benefícios oferecidos pela própolis verde brasileira ocorrem devido aos compostos fenólicos prenilados, exclusivos desse tipo de própolis, tais como artepelin C, baccharina e drupanina, compostos químicos que tem despertado grande interesse devido às suas propriedades biológicas. Seus efeitos imunomodulador e anti-inflamatório têm sido amplamente divulgados desde os anos 90, bem como seu efeito anti-inflamatório, demonstrado tanto in vitro como in vivo”,
explica Andresa.
Andresa explica que a composição química da própolis difere significativamente de acordo com a região geográfica: “Por se tratar de um produto natural sua composição varia de acordo com o tipo de vegetação visitada pelas abelhas, estação do ano e condições ambientais existentes próximas à colmeia”.
Em relação à própolis brasileira, ela foi dividida em 12 classes, de acordo com o Park, Alencar & Aguiar (2002). Destacam-se três tipos de própolis principais: verde, marrom e vermelha.
O extrato de própolis também teve um papel importante no combate a Covid-19. No primeiro ano de pandemia, a Apis Flora, em parceria com membros do Instituto D’Or de Pesquisa e Educação (IDOR), do Hospital São Rafael (BA), e da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, publicaram um estudo clínico, com 124 pacientes internados com Covid-19, onde foi ministrada a própolis EPP-AF, através do produto Propomax.
O estudo, publicado na Revista Biomedicine & Pharmacoterapy, concluiu que o uso de extrato de própolis pode auxiliar na redução no tempo de permanência hospitalar de pacientes com a doença que ingeriram própolis durante a internação. Atualmente, os pesquisadores e cientistas já estão finalizando a segunda fase de análise, com a inclusão de mais pacientes e as conclusões serão divulgadas ainda este ano.
Os voluntários tinham o mesmo perfil: por volta de 50 anos, com comorbidades, sintomas de Covid-19 há cerca de oito dias e grau de acometimento pulmonar em torno de 50%.
“Com a suplementação, não houve eventos negativos associados ao uso, e o tempo de internação para os pacientes que ingeriram doses mais baixas e mais altas foi menor, em média de 7 e 6 dias respectivamente, do que o grupo controle, que não ingeriu própolis, que tiveram média de 12 dias de hospitalização. Além disso, a substância ajudou os pacientes voluntários que a ingeriram, na proteção de lesões renais, e, diferente do grupo de controle, não apresentaram necessidade de diálise. A pesquisa também revelou uma tendência entre os pacientes que receberam o extrato de própolis, de precisarem menos de intubação” finaliza a farmacêutica.
É importante ressaltar que o estudo não comprova nenhuma terapia preventiva ou cura da Covid-19 através da medicação da própolis, como explicado por Andresa Berretta.