Maiores agentes polinizadoras do planeta, as abelhas estão diretamente ligadas à manutenção da biodiversidade.
Já ouviste falar que se as abelhas forem extintas, a humanidade só terá mais quatro anos de existência?! Quem declarou isso foi Albert Einstein, famoso físico e cientista, que já havia se dado conta da importância desses pequenos insetos para a manutenção da fauna e flora em todo o planeta. Maiores agentes polinizadoras do planeta, as abelhas estão diretamente ligadas à manutenção da biodiversidade.
“A maior importância ecológica das abelhas está relacionada à polinização. É um processo que promove a reprodução das espécies vegetais. Estima-se que mais de 90% das plantas com flores dependem de polinizadores animais. Esses polinizadores estão distribuídos em 250 espécies, destes 87% são abelhas”, explica Wilza da Silveira Pinto, engenheira agrônoma da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra).
Segundo a pesquisadora, as abelhas também são os insetos de maior contribuição na produção do açaí. Estudos realizados por pesquisadores da Ufra, Universidade Federal do Pará (UFPA) e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em oito áreas dos municípios paraenses de Barcarena e Abaetetuba, comprovaram que as abelhas nativas representam mais de 90% da polinização do açaí entre 74 espécies de insetos coletados, e entre elas estão as sem ferrão (60%) e as solitárias (35%).
“Por suas características de tamanho conseguem ser mais eficientes na condução do pólen e fazer um excelente trabalho de polinização. Das quatro espécies nativas que se destacaram na carga polínica e abundância nas flores, duas são abelhas solitárias dos gêneros Augochloropsis e Dialictus; e outras duas espécies sem ferrão do gênero Trigona, a arapuá (Trigona branneri Cockerell) e a olho-de-vidro (Trigona pallens Fabricius)”, finaliza a professora.
Polinização
Segundo a pesquisadora, a polinização acontece quando as abelhas “visitam” as flores, para se alimentarem de pólen e néctar, ficando com os grãos de pólen aderidos em seus corpos. “Ao se deslocarem entre as flores, levam os grãos de uma flor para a outra. O grão de pólen, ao ser depositado na flor, se funde ao óvulo, o que dará origem aos frutos e sementes. Assim, muitas plantas dependem de animais para a produção de frutos e sementes, o que tem relação direta com a agricultura”, explica.
Atualmente são conhecidas mais de 20.000 espécies de abelhas, e elas podem viver solitárias ou formar colônias com cerca de 80.000 indivíduos. Todas as abelhas são insetos invertebrados pertencentes ao filo Arthropoda, classe Insecta, ordem Hymenoptera e família Apideae. “O representante mais conhecido é a Apis mellifera, oriunda da Europa, criada em larga escala para a produção de mel, própolis e geléia real”, diz.
Atualmente, a criação racional se faz através de coleta de enxames na natureza ou em criatórios especializados. Ainda segundo a professora, as abelhas são criadas de acordo com os produtos que pretende-se comercializar, mel e própolis são os principais.
“O principal elemento para formação da colônia são as caixas padronizadas com todos os elementos para garantir a permanência das mesmas neste ambiente. São caixas com ninho, sobrinho e melgueiras. Com tampa apropriada, colocadas em ambientes bloqueados e cobertas, assim pratica-se o manejo adequado para que possam sobreviver e produzir. É necessário se capacitar e adquirir experiência para ter bons resultados na atividade”, explica.
Segundo estudos da Associação Brasileira de Estudos das Abelhas (A.B.E.L.H.A), as abelhas da espécie Apis mellifera vivem em média 45 dias, podendo chegar a viver até cinco meses em climas muito frios. Os machos são expulsos da colônia em torno dos 10 dias de vida e vivem cerca de três semanas no ambiente, mas se encontrarem uma rainha, morrem logo após a cópula. Já as rainhas podem viver de dois a quatro anos, o que geralmente depende de seu desempenho na postura de ovos. Apenas as fêmeas têm ferrão, os machos não possuem essa “arma”, porque o ferrão é o ovipositor, órgão responsável pela postura de ovos, que sofreu modificações.
Apesar desse fato, ainda segundo a Associação, existem também espécies de abelhas sem ferrão, como as da tribo Meliponini, que são pouco familiares para o público, mas já velhas conhecidas dos índígenas brasileiros. Essas abelhas são também chamadas de nativas, abelhas indígenas ou meliponíneos, e são encontradas em regiões tropicais e subtropicais do planeta.
Atualmente são descritas 505 espécies de abelhas nativas, sendo mais de 400 delas na região neotropical (América Central e do Sul). No Brasil já foram contabilizadas 244 espécies. Algumas dessas abelhas produzem méis com alto valor gastronômico, chegando a valer quatro vezes mais do que o mel da Apis mellifera.
Preservação
Para manter essas grandes responsáveis pela polinização vivas, é preciso ajudar a preservá-las, apesar do grande impacto que as mudanças climáticas globais têm nos pequenos insetos, pequenas ações podem ajudar a mantê-las vivas.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) em trabalho com a ONG World Bee Day, as pequenas ações incluem cultivar plantas com flores em vasos, canteiros ou jardins, principalmente plantas locais que já estão adaptadas. Evitar o uso de defensivos agrícolas nos jardins, pois a maioria dos produtos não é seletiva e pode matar insetos ou outros animais benéficos para o jardim. E, também, ajudando apicultores locais através do consumo, incentivando a produção consciente de mel.