Verão amazônico exige cuidado e atenção. Foto: Maycon Nunes/Agência Pará
Durante o período conhecido como Verão Amazônico, que vai de julho a novembro, o aumento da radiação solar e a redução das chuvas exigem atenção especial com a saúde da pele e dos olhos. Em Belém (PA), o Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR) alerta a população sobre cuidados básicos e reforça a proteção para grupos mais vulneráveis, como crianças, idosos, pessoas com deficiência, com albinismo e baixa visão.
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A dermatologista Juliana Bacellar, do CIIR, destaca que o primeiro passo é evitar a exposição direta ao sol entre 10h e 16h.
“O uso de protetor solar com FPS acima de 50 é essencial. Para pessoas albinas, o ideal é FPS 70 ou mais, com reaplicação a cada duas horas, inclusive em dias nublados”, orienta.
Juliana também recomenda o uso de barreiras físicas:
- roupas claras e de manga comprida,
- chapéus de aba larga,
- guarda-sóis
- e óculos com proteção UV.
A hidratação também deve ser constante, com ingestão de água, sucos naturais e alimentação leve.

Em casos mais sensíveis, como o das pessoas albinas, a médica alerta para cuidados rigorosos: “Esse grupo tem a pele extremamente vulnerável ao sol. Além do filtro solar potente, devem usar roupas com proteção ultravioleta e chapéus adequados. A exposição solar deve ser evitada ao máximo, mesmo fora dos horários de pico”.
A especialista reforça ainda os sinais de alerta. Em crianças, vermelhidão intensa, bolhas ou ardência após exposição podem indicar queimaduras. Em idosos, feridas que não cicatrizam ou pintas que sangram merecem atenção médica imediata.
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Cuidados com a visão
A oftalmologista Maria Maeve, especialista em baixa visão, lembra que os olhos também sofrem com o excesso de luz solar. “O uso de óculos escuros com proteção UVA e UVB, de procedência confiável, é indispensável. Sombrinhas e chapéus também ajudam a proteger a visão”, recomenda.
Para usuários de lentes de contato, os cuidados devem ser redobrados. “Evite abrir os olhos ao mergulhar e sempre higienize corretamente as lentes após o uso”, completa. A exposição sem proteção pode acelerar o surgimento de catarata, provocar lesões na retina e agravar doenças oculares preexistentes.

Rotina de proteção
A cuidadora Gabriela Souza, mãe da pequena Ana Gabrielly, de 10 anos, usuária albina atendida no CIIR, relata que a proteção solar faz parte do cotidiano da família. “Ela sempre está de óculos escuros e chapéu, e evitamos sair nos horários de sol forte. Até o banho dela é com água morna, para não irritar a pele”, conta.

Outro exemplo é o aposentado Ivan Oliveira, de 52 anos, que trata neurite óptica idiopática no centro. “Já viajei muito atrás de tratamento e aqui fui bem acolhido. Só enxergo com a visão periférica, mas sigo me cuidando: camisa de manga longa, chapéu e óculos escuros fazem parte da rotina”, diz.
Ivan também deixa um recado: “Homem também precisa se cuidar. Usar protetor solar, óculos bons e visitar o oftalmologista. Prevenir é melhor que remediar”.
Dicas práticas para enfrentar o Verão Amazônico:
1. Evite o sol entre 10h e 16h;
2. Use protetor solar com FPS 50+ (ou 70+ para peles sensíveis);
3. Prefira roupas claras, de manga longa e com proteção UV;
4. Use chapéu, sombrinha e óculos escuros com filtro UVA/UVB;
5. Mantenha-se hidratado com água e alimentação leve;
6. Em caso de sinais na pele ou nos olhos, busque atendimento especializado.
Orientações sobre cuidados com a pele
A dermatologista Juliana Barcellar, pontua a desidratação grave e as queimaduras de primeiro ou segundo grau como riscos imediatos. De acordo com a profissional, a melhor forma de hidratar a pele é a ingestão de líquidos.
O cálculo é de 30 ml por quilo para a pessoa que não se expõe ao sol e de até 50 ml por quilo para uma pessoa que está em um ambiente muito quente e de exposição.
Por via oral, a indicação é água e sucos naturais e na via cutânea, os hidratantes dermatológicos devem ter, preferencialmente, ativos calmantes como o pantenol, vitamina A e E.
“Em relação às queimaduras, é importante reforçar também que o protetor solar precisa ser reaplicado, mesmo que a pessoa não esteja no sol, porque essa barreira diminui com o tempo. Queimadura solar considerada leve é aquela que o paciente fica com a pele rosada e com um discreto desconforto local, já quando o paciente começa a ficar com a pele demasiada ou começam a aparecer bolhas, a gente já considera uma queimadura solar moderada. Se as bolhas evoluem para grande quantidade, dor intensa e sintomas sistêmicos como febre, calafrio, mal-estar ou queda de pressão já é considerada uma queimadura mais grave”, explica a médica.
A preferência para exposição ao sol deve ser, de acordo com a dermatologista, nos horários menos intensos, antes das 9h30 e depois das 16h30. A orientação é de que, além do protetor solar (fator de proteção acima de 70 em praias, piscinas e balneários), o uso de proteção solar de barreira seja feito, com blusas de proteção ultravioleta, chapéu, óculos, boné, protetor labial, guarda-sol, entre outros.
Priorizar refeições leves e de fácil digestão
Em relação à alimentação, a orientação é dar preferência a frutas que sejam ricas em água, refeições mais leves de fácil digestão e, se possível, fracionar pequenas refeições ao longo do dia, sem a opção de frituras e alimentos gordurosos, que são mais difíceis de digerir.
A esteticista Norma Danielle, mãe da Maria Paula, 5 anos, intensifica os cuidados com a criança neste período de férias, quando costuma liberar a brincadeira por mais tempo ao ar livre. “Procuro sempre priorizar roupas leves, cabelo preso por conta do calor, com garrafinha de água ao lado. O uso do protetor solar deve ser indispensável, assim como a reaplicação. Se for pra praia ou piscina, ela já sabe, precisa usar camisa térmica, guarda-sol e reforçar todos os cuidados do dia a dia”, pontua.

Riscos de doenças por causa da exposição ao sol
A Policlínica Metropolitana, em Belém, intensifica nesse período os alertas sobre os riscos das doenças dermatológicas causadas pela exposição à radiação ultravioleta. Por mês, a unidade oferece cerca de 700 atendimentos gratuitos no serviço de dermatologia, com atendimentos de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, para doenças cutâneas inflamatórias, infecto-contagiosas e biópsia para diagnosticar o câncer de pele. São realizados exames de dermatoscopia, histopatológico de pele e imuno-histoquímica.
No Brasil, o câncer de pele representa 33% de todos os diagnósticos oncológicos, sendo uma das principais doenças associadas ao excesso de sol. Além da doença, outras condições dermatológicas podem ser agravadas, como a queratose actínica, que são lesões pré-cancerígenas que surgem como pequenas feridas vermelhas, endurecidas e ásperas; os Melasma, que são manchas escuras, geralmente no rosto, que podem se intensificar com o sol; e a fitofotodermatose, que é uma reação inflamatória provocada pela combinação de substâncias fotossensibilizantes, como o suco de limão, e exposição solar.
*Com informações da Agência Pará