Período chuvoso aumenta riscos à saúde das crianças, alerta hospital paraense

Hospital Abelardo Santos desenvolve ações lúdicas para prevenir famílias sobre doenças do período chuvoso, como a dengue. Foto: Diego Monteiro/Agência Pará

Com o início do inverno amazônico, período chuvoso que começa em dezembro e segue até maio na região Norte, a atenção com a saúde das crianças precisa ser redobrada. O médico infectologista Bernardo Porto Maia, do Hospital Regional Dr. Abelardo Santos (HRAS), em Belém (PA), destaca que essa época favorece o aumento das síndromes respiratórias, além de doenças virais, infecciosas e arboviroses.

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Segundo o especialista, o clima úmido, as temperaturas mais amenas e as chuvas intensas criam um ambiente propício ao surgimento de doenças típicas dessa época do ano.

“Com o aumento das chuvas, tornam-se mais frequentes casos de rinite alérgica, asma, resfriados, sinusites, bronquites e pneumonia, em razão da maior circulação de fungos, mofos, vírus e bactérias no ar”, destaca Bernardo.

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Doenças das vias aéreas

Entre as doenças respiratórias mais comuns, o médico cita o resfriado, que costuma provocar coriza, espirros, dor de garganta, tosse leve, congestão nasal e febre baixa. A gripe (Influenza) apresenta um quadro mais intenso, com febre alta, calafrios, dor de cabeça, dores musculares e na garganta, tosse seca e cansaço. Já a bronquite se caracteriza pela tosse persistente e pela produção de catarro.

Higienização frequente das mãos segue como uma das principais formas de proteção de doenças no período chuvoso.
Higienização frequente das mãos segue como uma das principais formas de proteção de doenças no período chuvoso. Foto: Diego Monteiro/Agência Pará

A pneumonia também exige atenção por se tratar de uma infecção mais grave, capaz de causar tosse com secreção, febre alta, dificuldade para respirar, dor no peito e fadiga. A asma manifesta-se com chiado no peito, falta de ar e tosse, sobretudo à noite ou nas primeiras horas do dia. A rinite alérgica e a sinusite também são recorrentes nesse período e tendem a se intensificar durante a noite.

O infectologista orienta a adoção de cuidados simples de prevenção:

“Lavar as mãos com frequência e evitar aglomerações são medidas essenciais. A casa deve permanecer bem arejada, já que ambientes fechados e mal ventilados favorecem a umidade e a proliferação de microrganismos. A hidratação adequada e uma alimentação saudável também são fundamentais para fortalecer o organismo e o sistema imunológico”, ressalta.

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Arboviroses

Outro fator importante são as águas paradas, que servem como criadouros para o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya. “Esses mosquitos aproveitam recipientes com água acumulada para depositar seus ovos. No período chuvoso, o nível da água sobe e entra em contato com os ovos, que eclodem em menos de 30 minutos, o que aumenta a proliferação do mosquito”, explica Bernardo Porto Maia.

A dengue provoca febre alta, dores no corpo e dor de cabeça, podendo evoluir para hemorragias nos casos mais graves. Já a zika costuma causar febre, erupções cutâneas e dores articulares e, em gestantes, pode trazer complicações sérias para o feto, como a microcefalia. A chikungunya manifesta-se com febre alta e dores articulares intensas, com possibilidade de sequelas musculares prolongadas.

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Em Icoaraci, distrito de Belém, o HRAS mantém atendimento pediátrico 24 horas em diferentes níveis de complexidade. Foto: Diego Monteiro/Agência Pará

Para evitar essas doenças, o médico orienta:

“Manter caixas d’água e reservatórios vedados; descartar o lixo corretamente; guardar pneus cobertos; virar garrafas para baixo; retirar folhas e sujeira do quintal; realizar a limpeza de ralos e esgotos; eliminar água acumulada atrás da geladeira; usar areia nos pratos de vasos; manter piscinas limpas e, ao identificar larvas, jogar a água diretamente na terra”.

Transmissão por água contaminada

Além disso, o especialista alerta para o risco de doenças transmitidas pela água contaminada, sobretudo em áreas com alagamentos ou próximas a canais. Nessas condições, podem surgir doenças graves e até fatais, como leptospirose, hepatite A, febre tifóide e diarreias bacterianas, entre outras. Nesse contexto, o médico divide a contaminação em duas formas: por contato ou por ingestão.

Por contato, podem ocorrer doenças como a leptospirose, transmitida pela urina de ratos, especialmente em áreas com esgoto a céu aberto. Os sintomas incluem febre, dor de cabeça, calafrios, dores musculares, icterícia e hemorragias. Outra enfermidade é a esquistossomose, cujos sintomas envolvem febre, calafrios, erupções na pele, dor abdominal, diarreia, cansaço, tosse e dor de cabeça.

Sistema imunológico em desenvolvimento torna as crianças mais vulneráveis às doenças no período chuvoso e úmido. Foto: Diego Monteiro/Agência Pará

Pela ingestão de água e alimentos contaminados, podem surgir doenças como a cólera, que provoca diarreia intensa, vômitos e desidratação grave, podendo evoluir para choque e morte sem tratamento. A hepatite A também é comum, com sintomas como fadiga, febre, náuseas, dor abdominal e icterícia. Já a diarreia aguda causa evacuações frequentes, cólicas, febre, náuseas e desidratação.

Evitar o contato com alagamentos, especialmente em áreas com risco de contaminação por esgoto, é fundamental. Também é importante manter a vacinação em dia, especialmente contra hepatite A e tétano. Recomenda-se lavar bem as mãos e consumir alimentos e água de fontes seguras. O especialista acrescenta: “Essas orientações não impedem totalmente a contaminação, mas funcionam como barreiras que reduzem significativamente o risco”.

Tratamento

“Além das medidas de prevenção, é preciso atenção aos sintomas. Ao identificar qualquer sinal de doença, é fundamental levar a criança à unidade de saúde mais próxima para a realização de exames. Após a avaliação clínica, o médico poderá indicar o tratamento mais adequado, garantindo a recuperação e o bem-estar da criança”, conclui o médico infectologista Bernardo Porto Maia.

O Hospital Regional Dr. Abelardo Santos (HRAS) é a maior unidade pública do Governo do Pará. A instituição é administrada pelo Instituto Social Mais Saúde (ISMS), em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). A unidade atua em quatro frentes pediátricas: pronto-socorro, cirurgia, internação clínica e Unidade de Terapia Intensiva (UTI), além do acolhimento nas Unidades de Cuidados Intermediários (UCIn).

*Com informações da Agência Pará

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