Paixão da culinária nortista, camarão pode ser vilão na saúde de alérgicos

Os sintomas de alergia ao camarão podem acontecer com maior ou menor intensidade dependendo das condições de saúde de quem os consome.

Tacacá, camarão no bafo ou acompanhado de uma tigela de açaí. Estes pratos típicos da culinária nortista são um banquete para quem é da Região Norte, mas para os alérgicos, provar qualquer um deles é sinal de manchas vermelhas espalhadas pelo corpo, inchaço desconfortável nos lábios, nos olhos, na boca e coceira na garganta. Estes são os sintomas mais comuns de quem tem alergia a camarão, e em alguns casos, também a outros frutos do mar.

De acordo com a médica alergista e imunologista Carolina Alcântara, a alergia alimentar é causada por uma resposta exagerada do sistema imunológico após o consumo e/ou contato com determinados alimentos.

“No caso dos alérgicos ao camarão, o sistema imunológico identifica de ‘forma errada’ como se fosse prejudicial, uma proteína do camarão (mais comum a tropomiosina). Isso faz com que o organismo produza anticorpos (células de defesa) contra esta proteína. A partir daí, o sistema imunológico ‘reage’ liberando uma série de substâncias no organismo que resultam em diversas manifestações alérgicas, que vão desde reações leves a quadros graves e até fatais”,

explica Carolina.

Alerta: qualquer pessoa, em qualquer momento da vida, está sujeita a ter uma reação alérgica ao camarão. Foto: Reprodução/Prefeitura de Macapá

A médica faz um alerta sobre ter ou não alergia ao camarão e quais os fatores que podem ocasionar o problema. “A predisposição genética associada a fatores de risco ambientais, culturais e comportamentais, como o modo de preparo do alimento e a presença de cofatores (álcool, exercícios físicos e uso de anti-inflamatórios) são algumas das hipóteses que explicam porque alguns indivíduos desenvolvem determinadas alergias e outros não”, diz.

“Diante disso, qualquer pessoa, em qualquer momento da vida, está sujeita a ter uma reação alérgica. Pode ter comido camarão a vida toda sem problemas e, um dia, apresentar alergia”, 

completou.

No Brasil, não há estatísticas oficiais, mas estima-se que até 2,5% da população mundial tenha experimentado alguma reação alérgica aos frutos do mar, incluindo: crustáceos (camarão, caranguejo e lagosta), moluscos (lula, polvo, mexilhão e ostra) e peixes. A alergia a crustáceos é mais comum entre os adultos, sendo o camarão o marisco mais consumido e por isso, a alergia é frequentemente relatada.

Por que o camarão é tão alérgico? 

A nutricionista Thaysa Mourão explica que existem muitos estudos para realmente encontrar como que ocorre todo esse potencial alergênico vindo do camarão. Mas o que é possível identificar agora? Um deles é a presença de um conservante para evitar o escurecimento do camarão, que é o metabissulfito de sódio.

“Quando a pessoa acaba sendo exposta a níveis elevados desse conservante, no caso, em algumas pessoas vão ocorrer algumas reações alérgicas como; dor de cabeça, dor abdominal, náuseas, tontura, urticária, coceira, tosse, espirro, hipotensão, que a pressão baixa, vai possivelmente dar diarreia e pode também ocorrer choque anafilático. A lista vai aumentando aí que entram outras reações adversas“, ressalta Thaysa.

Açaí com camarão, uma das paixões dos nortistas. Foto: Reprodução/TV Globo

Outro motivo é uma proteína que está presente no músculo do camarão, que é a tropomiosina. “A proteína já está sendo estudada como uma das proteínas com potencial alergênico para seres humanos e ela não desaparece no processo de cozimento. Esses dois fatores, tanto o conservante quanto essa proteína, estão ligados e sendo estudados esse potencial alergênico do camarão”, concluiu.

E se tomar antialérgico antes de comer o camarão, pode? 

De acordo com a alergista Carolina Alcântara, tomar antialérgicos não é recomendado em nenhuma hipótese. “É importante reforçar que, tomar medicamentos antialérgicos antes da ingestão de frutos do mar, não previne nenhuma reação alérgica e não é aconselhado pelos especialistas”, esclarece.

Evitar o consumo de qualquer tipo de marisco, quando se é alérgico, é a única forma de prevenção. A orientação médica de um “plano de ação” com a prescrição de adrenalina auto injetável é mandatório, para casos de ingestão acidental.

O que fazer caso você tenha uma reação alérgica ao camarão:

A primeira ação é procurar um pronto-atendimento, uma vez que os sintomas geralmente surgem minutos após comer o camarão e podem ser fatais. Por isso, deve ser tratada como uma emergência médica que requer tratamento imediato.

*Por Camila Karina Ferreira, do g1 Amapá


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