Foto: Reprodução
O grupo de pesquisa do Laboratório de Medicina Tropical (LabMedt), da Universidade Federal do Acre (Ufac), realiza pesquisa com triatomíneos (insetos conhecidos como barbeiros, transmissores da doença de Chagas) capturados em residência e ambientes urbanos do Acre. Artigo desenvolvido durante o mestrado de Manoella da Silva Moura no programa de pós-graduação em Ciência da Saúde na Amazônia Ocidental destacou-se por descrever a ocorrência de barbeiros do 2º ao 13º andar de residencial urbano em Rio Branco.
Os espécimes foram coletados na capital acreana no período de julho de 2022 a junho de 2023 por moradores dos apartamentos e foram entregues ao setor de vigilância entomológica da cidade. Segundo o professor Dionatas Ulises de Oliveira Meneguetti, que lidera o grupo de pesquisa com a professora Mariane Albuquerque Lima Ribeiro, trata-se de um fato inédito para a ciência, pois esse tipo de vetor nunca tinha sido encontrado em andares tão altos.
O artigo foi publicado, em inglês, na “Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical”, com o título “Voando para a Lua: Relatos Impactantes da Invasão de Triatomíneos do 2º ao 13º Andar de um Edifício Residencial Urbano no Município de Rio Branco, Acre, Brasil”.
Ele contou que a ocorrência de barbeiros em apartamento foi descrita em outros artigos publicados pelo LabMedt.
“Porém, o que chamou a atenção nesse estudo foi a ocorrência em andares tão altos, como 10º, 11º e 13º, o que gera uma preocupação, visto o risco de transmissão vetorial da doença de Chagas, que é um problema atual para o Estado e infelizmente ainda negligenciado”.
No Estado do Acre, além dos apartamentos, barbeiros também foram encontrados em residência de municípios, como Cruzeiro do Sul e na capital Rio Branco. Para Meneguetti outro achado preocupante foi a ocorrência de barbeiros em locais “atípicos”, como penitenciária, hospital, posto de saúde, igreja e escola.
“Acredita-se que esse aumento de barbeiros nesses locais se deve ao aumento do desmatamento e queimadas no Estado, destruindo assim o habitat desses vetores, que, ao procurarem novos abrigos, são atraídos pelas luzes das construções”, concluiu o professor.
*Com informações da Ufac