Fiocruz Amazônia e Ibama-AM firmam acordo de cooperação pioneiro para investigação de patógenos em animais silvestres

O acordo tem por objeto estabelecer a cooperação entre o Cetas-AM e a Fiocruz Amazônia, por meio de apoio técnico, científico e operacional, por um período de cinco anos.

O Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis do Amazonas (Ibama-AM) firmaram acordo de cooperação técnico-científica para a realização de pesquisas na área de investigação de patógenos em animais silvestres na Amazônia.

O acordo é pioneiro e tem por objeto estabelecer a cooperação entre o Centro de Triagem de Animais Silvestres do Ibama (Cetas-AM) e a Fiocruz Amazônia, por meio de apoio técnico, científico e operacional, por um período de cinco anos (60 meses). O documento foi assinado pela diretora da Fiocruz Amazônia, Stefanie Costa Pinto Lopes, e a diretora de Biodiversidade e Florestas do Ibama, Lívia Karina Passos Martins.

De acordo com Stefanie Lopes, o acordo representa um passo importante no processo de oficialização de uma parceria já existente entre as duas instituições no Amazonas, por meio do Programa Saúde Única, desenvolvido pela Fiocruz Amazônia.

O programa tem como objetivo promover um alinhamento de protocolos e informações sobre resultados de análises de amostras de material biológico coletado de espécimes da fauna amazônica, recebidos pelo Cetas, do Ibama, em Manaus. “A partir de agora, essa parceria é fortalecida”, reforça a diretora.

O Cetas/Ibama AM recebe animais silvestres de diversas regiões do Amazonas e, a partir das análises realizadas, é possível mapear a ocorrência de possíveis surtos de novas doenças infectocontagiosas e o ressurgimento de outras.

A analista ambiental do Ibama, Natália de A. de Souza Lima, chefe do Núcleo de Apoio ao Cetas/Ibama AM, explica que o ACT representa um avanço na parceria existente desde 2019.

“O acordo de cooperação reflete a sinergia das duas instituições na busca por conhecimentos para promover a saúde animal, ambiental e humana. E fortalece a colaboração entre instituições que atuam em áreas aparentemente distintas, inclusive vinculadas a diferentes ministérios, mas que convergem no objetivo maior de consolidar a abordagem de Saúde Única em suas atuações”, desatacou.

A médica veterinária Alessandra Nava, pesquisadora bolsista da Fiocruz Amazônia, lembra que a iniciativa conta também com a parceria do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) e o Projeto Sauim de Coleira, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). “A intenção é fortalecer a investigação de aspectos sanitários e epidemiológicos dos animais recebidos pelo Cetas. Acessamos o material biológico para poder entender a prevalência de algumas doenças virais e parasitárias que acometem a população silvestre”, explica.

Segundo a veterinária, o acordo de cooperação legitima a parceria e coloca as duas instituições em sintonia com os direcionamentos em One Health (Saúde Única) preconizados pelas organizações Mundial de Saúde (OMS), das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e Mundial de Saúde Animal (OMSA). Natália Lima observa que a parceria e o ACT levam o Cetas do Ibama-AM a um novo patamar. “Além de suas já conhecidas contribuições à reabilitação e conservação de espécies da fauna, amplia sua atuação por meio da geração de conhecimentos e informações, que tem interface com a saúde da população humana”, afirmou.

Os animais recebidos no Cetas-AM vêm de várias partes do Estado, o que permite um mapeamento das prevalências. Geralmente, são animais tanto mantidos em cativeiro quanto de vida livre que sofreram algum tipo de trauma (vítimas de atropelamento, choque elétrico, entre outros).

Biobanco

O conceito de Saúde Única é difundido hoje mundialmente, associando saúde humana, animal e ambiental, como fatores que interagem entre si de forma indissociável. A Fiocruz Amazônia possui um biobanco da vida silvestre com amostras de mais de 200 tipos de animais, entre morcegos, primatas e roedores, coletados não só no Cetas Ibama como também em áreas de floresta na área urbana e rural da Região Metropolitana de Manaus, entre elas, a área de proteção ambiental da Ufam e do assentamento Rio Pardo, onde funciona uma base de apoio a pesquisas da Fiocruz Amazônia, no município de Presidente Figueiredo-AM).

*Com informações da Fiocruz Amazônia

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