Diversidade de morcegos, patógenos e parasitos é analisada na região do Médio Solimões no Amazonas

Identificar quais espécies de morcegos são possíveis reservatórios de patógenos ajuda a intensificar medidas preventivas para zoonoses, permitindo a elaboração de estratégias de vigilância e saúde pública.

Identificação das espécies de morcegos ajuda a elaborar estratégias de vigilância e saúde pública. Foto: Daniela Bôlla

Identificar espécies de morcegos, seus patógenos e parasitos foram os objetivos de pesquisa apoiada pelo Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), realizada em Reservas de Desenvolvimento Sustentável, Reservas Extrativistas, Estação Ecológica, além de áreas urbanas e rurais dos municípios de Alvarães e Tefé, no Amazonas.

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Artibeus lituratus. Foto: Daniela Bôlla

Desenvolvido por pesquisadores do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e coordenada pela pesquisadora Tamily Carvalho Melo dos Santos, o estudo ‘Morcegos como reservatório de agentes patogênicos e zoonoses na Amazônia Central’ foi realizado no âmbito do Programa de Fixação de Recursos Humanos para o Interior do Estado: Mestres e Doutores por Calha do Rio (Profix- RH), edital nº 009/2021.

O trabalho desenvolvido na região do Médio Solimões buscou gerar dados sobre a diversidade de morcegos, parasitos, assim como identificar quais espécies de morcegos são possíveis reservatórios de patógenos (vírus da raiva e Coronavírus), além de intensificar medidas preventivas para zoonoses, permitindo a elaboração de estratégias de vigilância e saúde pública.

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Artibeus lituratus. Foto: Daniela Bôlla

Para a coordenadora da pesquisa, a conservação dos morcegos, aliada às pesquisas epidemiológicas e ações em saúde pública é a melhor estratégia para garantir um convívio seguro, saudável e sustentável entre seres humanos e a biodiversidade.

“É importante ressaltar que, embora estejam associados à transmissão de agentes patogênicos, os morcegos não são vilões. Eles desempenham papéis ecológicos cruciais. O verdadeiro desafio está no equilíbrio: entender como esses animais interagem com o meio ambiente e com os seres humanos é a chave para prevenir futuras crises sanitárias”, comentou Tamily Santos.

Análise de patógenos

Para realizar o levantamento de informações sobre os morcegos, os pesquisadores utilizaram redes de neblina, além de detectores de ultrassom para registrar as espécies que não são capturadas por meio desse equipamento. Ao todo, foram capturados 1.116 morcegos, de 8 famílias, 41 gêneros e 85 espécies.

Carollia perspicillata. Foto: Daniela Bôlla

Os testes realizados em 727 morcegos para raiva e Coronavírus deram resultados negativos. Em relação aos parasitos, foram identificadas sete espécies de helmintos, com o primeiro registro para o Brasil da espécie Nudacotyle novicia, um verme trematódeo, antes registrado apenas no Equador.

Já as análises moleculares do sangue de 80 morcegos identificaram que 21 deles estavam infectados com Mycoplasma spp., que é uma bactéria conhecida por causar infecções respiratórias, genitais e outras doenças.

Os pesquisadores também realizaram atividade de educação ambiental nas comunidades da Reserva Mamirauá e na cidade de Tefé. Os comunitários conheceram sobre a importância ecológica dos morcegos na manutenção e regeneração das florestas, além de terem participado de atividades de campo, acompanhando e auxiliando na coleta dos dados da pesquisa. Também foi possível informar o papel dos morcegos como polinizadores e no controle e predação de insetos.

*Com informações da Fapeam

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