Dócil e simpática, anta desperta curiosidade de visitantes em parque de Boa Vista

São mais de 250 quilos de simpatia e carisma que chamam a atenção de quem passa pelo Bosque dos Papagaios.

Uma nova moradora do Bosque dos Papagaios, em Boa Vista (RR), tem despertado a curiosidade de centenas de visitantes na capital roraimense. Ela não é nada discreta, afinal, se trata de um dos maiores mamíferos da Amazônia: a anta. Desde que chegou ao local, no início deste mês, tornou-se atração – o número de visitantes no fim de semana, que antes era 150, agora chega a 300.

São mais de 250 quilos de simpatia e carisma que chamam a atenção de quem passa pelo bosque, na Zona Leste. A anta – que é um macho – era domesticada e vivia desde filhote em uma fazenda na região do Cantá, ao Norte de Roraima. Com medo que os vizinhos o matassem, o dono da propriedade decidiu entregá-lo às autoridades por conta própria.

A anta tem 2 anos e foi encaminhada para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), uma unidade do Ibama, em Boa Vista.

Anta pode ser visitada no Bosque dos Papagaios, na zona Leste de Boa Vista. Foto: Caíque Rodrigues/Rede Amazônica

Por ser muito dócil, ela corria o risco de não sobreviver na natureza. Com isso, após analise, foi levada para o Bosque dos Papagaios, um parque ecológico na capital, com várias espécies de árvores, plantas, e animais silvestres, como arara, tucano, jabuti, cutia, paca e até uma capivara.

“Ele não tem condições de voltar para natureza por ser muito dócil. Ele não tem medo dos seres humanos. Se for solto, ele vai topar com um caçador e vai ao encontro dele, não vai fugir, por já ser acostumado com gente. Quando ele vê que estamos perto, já vem, pede carinho, brinca com a gente. Ele seria presa fácil”, 

afirma o diretor do Bosque.

A curiosidade em torno do novo morador do bosque é tão grande que, ao todo, em 20 dias, mais de 640 pessoas já foram visitar o gigante da Amazônia. É neste mesmo Bosque que uma capivara e uma arara convivem em harmonia, em plena parceria e união.

Com o novo integrante, o Bosque agora possui 37 animais: 33 aves e quatro mamíferos, sem contar os animais de vida livre que lá habitam. Todos os bichinhos que chegam lá devem passar pelo Ibama para serem cadastrados e estudados.

O animal foi entregue pelo IBAMA e agora recebe todo o cuidado e proteção da equipe técnica do espaço verde, que fica na área urbana de Boa Vista. Foto: Diivulgação/PMBV

Espaço especial 

O local em que a anta vive é cheio de árvores, frutas e gramas para ela se alimentar. O mantenedor tem 178 metros quadrados e foi todo adaptado para os costumes da moradora. De acordo com o diretor do bosque, Francisco Luciano Ibiapina os cuidados são para mantê-la confortável.

“Todos os animais são acompanhados diariamente, de domingo a domingo, pelos tratadores ou educadores ambientais, mas sempre com algum responsável. Com a anta não seria diferente”, afirma Francisco.

Centro das atenções 

O local construído para a anta viver está localizado logo na entrada do bosque. Lá, ela recebe a atenção de curiosos de todas as idades. Um deles foi o estudante Aldryn Xavier, de 20 anos. Visitante assíduo do Bosque, ele fez um passeio só para conhecer o novo morador.

“Vim no bosque pois vi que tinha uma anta. Já sou um exímio frequentador do Bosque dos Papagaios por adorar o ambiente, admirar o trabalho de preservação e esse clima natural. A anta foi uma desculpa para ir mais uma vez, o que foi muito legal também, porque nunca tinha visto uma de perto antes”, destaca o estudante.

‘Dócil e simpática’ 

O diretor do bosque afirma: a anta é saudável – ao contrário da maioria dos animais do local, que são vítimas de maus-tratos. O único motivo pelo qual a nova atração não está solta na natureza é – por incrível que pareça – pela sua simpatia. “Aqui a gente tem veterinário e medicamento. Ela é muito sadia, graças a Deus nunca precisou de nenhum cuidado muito específico. Ela teve uns arranhões, mas coisa simples”.

“Só não tá na natureza por ser dócil demais. Por isso ela faz sucesso: por ser simpática”,

 enfatizou o diretor.

Anta é cuidada pelo diretor do bosque, Francisco Luciano Ibiapina. Foto: Caíque Rodrigues/Rede Amazônica

O biólogo do Bosque dos Papagaios, Leandro Toledo, explica que as antas são animais selvagens que não podem ser criados como pets comuns. Seu risco de extinção é pouco preocupante, mas, ainda assim, é vulnerável.

As antas podem ser encontradas não só na Amazônia, mas em todo o Brasil. “A anta é um animal terrestre. Um dos maiores mamíferos do Brasil. É um excelente nadador, tanto que a gente encontra ele com facilidade na beira dos rios, dos igarapés. Aqui em Roraima é repleto desse ecossistema, por isso é bastante visto ainda hoje por aqui, apesar de muitas causas que acabam levando à diminuição da população de antas”.

Bosque dos papagaios 

A opção para passeio na capital é lar de centenas de plantas e mais de 50 animais resgatados, entre araras, papagaios e tucanos. Quem visitar o bosque também poder ver cutia, paca, capivara e agora a anta.

O espaço verde do Bosque é opção para passeios e se tornou um dos pontos turísticos mais visitados da cidade para caminhadas, prática de exercícios e até de estudos. O lugar fica numa área nobre de Boa Vista, que antes era local de despejo de lixo.

Como a área é preservada e mantém a fauna e a flora originais, o bosque se tornou objeto de estudos e observações de animais para acadêmicos. O mais comum, porém, antes da pandemia, era encontrar pessoas praticando exercícios ou mesmo desfrutando do contato com a natureza. 

O Bosque tem uma área preservada de 12 hectares e funciona de segunda-feira à domingo, no horário das 8h às 12h e das 14h às 18h. 

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