Evento iniciou na sexta-feira (13) e continuou neste sábado (14), na sede administrativa do Sesc-Senac Centro, com uma programação intensa. O Campus Day Boa Vista foi realizado pelo Instituto Campus Party em parceira com o Sebrae.
O CPDay Boa Vista recebeu mais de mil pessoas nos dois dias de evento. O ciclo de palestras intensivo aconteceu durante todo o sábado (14). Confira a programação:
- Palestra ‘Metaverso: A Outra Realidade’ – 9h05;
- Palestra ‘Boa Vista como cidade inteligente e humana, quais o desafios?’ – 10h;
- Painel ‘Formação de uma cultura voltada para inovação – Passado x Futuro’ – 11h;
- Palestra ‘Negócios Sociais: Impacto e sustentabilidade caminham juntos’ – 12h;
- Palestra ‘Roraima na rota da Economia Criativa e Destinos Turísticos Inteligentes’ – 14h;
- Palestra ‘A Bioeconomia & Agritech, oportunidades na Amazônia’ – 15h;
- Empreendendo com propósito – Case Trashin – 16h;
- Resultado final Ideathon – 16h30;
- Encerramento CP Day Boa Vista- 17h05.
Além das palestras, o evento contou com a Ideathon, onde participantes propuseram soluções para o seguinte desafio: ‘Como o poder público através das tecnologias habilitadoras pode ajudar a comunicação com os cidadãos?’. A estrutura do Campus Day também teve espaços para demonstrações de cursos, como o caso do Senac e Sesc, e exposições de empreendedores locais.
Ciclo de palestras
Com início pouco depois das 9h, o ciclo de palestras começou com o tema ‘Metaverso: A Outra Realidade’, com a CEO da YDreams Global, Karina Israel. A palestrante tem mais de 20 anos de atuação profissional e é uma das pioneiras no desenvolvimento de negócios de interatividade no Brasil.
“Quando a gente fala em metaverso não existe duas realidades, existe uma só. O metaverso é parte da realidade, não uma alternativa”,
afirmou Karina Israel.
Segundo Karina, o metaverso será a nova realidade, entretanto, ainda não está pronto e está caminhando para o progresso. A palestra da CEO durou em torno de 50 minutos.
“O metaverso será a nova realidade, onde não terá pausas, recomeços ou intervalos. Assim como na “vida real”, ele será 24 horas por dia”,
enfatizou Karina Israel.
Ao fim da paletra, a CEO da YDreams Global falou sobre suas impressões com o público, a cidade de Boa Vista e o evento:
“Foi incrível. Eu nunca tinha vindo para esse lado do Norte do Brasil, eu ‘tô’ super emocionada de estar perto da Amazônia. Então, é uma coisa muito emocionante, ‘tô’ adorando. O público foi ótimo, as perguntas incríveis, eu estou muito feliz de estar presencialmente, depois de tanto tempo, então espero que a gente consiga colocar pontinhos novos na cabeça das pessoas”.
CEO da YDreams Global, Karina Israel.
O segundo tema do dia, ‘Boa Vista como cidade inteligente e humana, quais os desafios?’, foi debatido pelos palestrantes Filipe Rocha, empreendedor social; Lucas Prado, coordenador técnico do projeto Smart Cities – Pilotos IoT; Jadir Lima, secretário municipal de Tecnologia e Inclusão Digital; e Claudio Nascimento, head de Aceleração dos ODS na IKONE.
“A cidade inteligente é aquilo que explora os seus potenciais”,
destacou Filipe Rocha.
Cidades inteligentes são locais empenhados na promoção, no desenvolvimento urbano e na transformação digital de formas sustentáveis, tanto em seu aspecto econômico, como ambiental e sociocultural.
“Se eu sair na rua e for atropelado, chega o primeiro serviço de atendimento. Com a minha digital já sabe tudo sobre mim, a ambulância já vem automático e no prontuário já tem meu tipo sanguíneo e tudo mais. No trajeto até o hospital, os semáforos vão desligar e dar preferência para o automóvel automaticamente. Isso é cidade inteligente”,
explicou Filipe Rocha.
O painel ‘Formação de uma cultura voltada para inovação – Passado X Futuro’, é o terceiro momento do ciclo de palestras do dia, com a participação de Sammuel Felipe Chagas de Souza, mentor de negócios na Salto Aceleradora; Vinicius Tocantins Marques, professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima (IFRR); Dorete Padilha, diretora técnica do Sebrae Roraima; Luiz Antônio Mendonça Alves da Costa, professor associado 4 da Universidade Federal de Roraima (UFRR); e Leonardo Seefeld, co-fundador da Pigz.
Na discussão, a ideia era mostrar como a cultura da inovação se estrutura por meio de relatos verídicos de experiências e práticas de pessoas que atuam com programas e projetos inovadores, e que compõem o ecossistema de inovação.
“A gente deveria pensar um ecossistema circular e colaborativo de formação”
explicou Vinicius Tocantins.
“Alguns professores, pesquisadores, tem essa visão de inovação e levam para o aluno, mas a gente precisa que isso se trate de forma coletiva. Quando um aluno termina o curso, ele está buscando que concurso vai fazer, mas na perspectiva de concurso público comum. […] E a gente quer trazer a missão social de cada um para que sejam de fato agentes modificadores”, opinou o professor associado 4 da Universidade Federal de Roraima (UFRR), Luiz Antônio Mendonça Alves da Costa.
Vinicius Tocantins Marques, professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima (IFRR), destacou a importância do incentivo à eventos que discutem tecnologia como Campus Party em uma comparação a forma como o futebol é popularizado. “Precisamos de mais Campus Party. Recorrência é um ponto importante. Sabemos que essa recorrência, como o futebol, incentiva a discussão”, declarou.
Para o professor, a frequência com que se trabalha a criatividade e o incentivo aos temas que envolvem tecnologia, desenvolvimento locais, é importante para que as mudanças sejam efetivas.
Na quarta palestra do dia, iniciada as 12h40, o empreendedor social Tiago Mochileiro abordou o tema ‘Negócios Sociais: Impacto e sustentabilidade caminham juntos’. Formado em Gestão de Recursos Humanos, possui especialização em gestão de pessoas e tem 9 anos de experiência como palestrante.
Ele afirmou que o incentivo a participação em eventos como o CPDay é importante para o desenvolvimento dos negócios por meio da educação. Tiago declarou que “não se aprende sozinho” e “buscar capacitação, conhecimento e conexão é tão poderoso quanto um investimento [monetário]”.
“Eu saio pelo Brasil pois a educação mudou minha vida e hoje eu retribuo esse favor levando educação”
disse ele ao iniciar a conversa com o público.
Tiago possui um negócio social chamado ‘Mochileiro pela Educação’, onde distribui livros para as escolas públicas, aldeias indígenas, quilombos, ONGs e grupos de jovens pelo Brasil.
“Quando eu me formei, meus colegas queriam ser empreendedores, eu tinha uma missão: devolver tudo o que a educação fez na minha vida”,
contou Tiago.
Ele relatou que a principal ferramenta para que a educação e os negóocios tenham sucesso está voltado a engajamento das pessoas, ou seja, incentivando os indivíduos e dando oportunidade para descobrir o conhecimento. O palestrante explica que negócios sociais são modelos de negócio, com diferentes formatos jurídicos, que apresentam soluções para problemas sociais e ambientais.
O grande desafio da área do negócio social, como disse Tiago, é a solidez dos empreendimentos, ou seja, conseguir manter para que os negócios de impacto consigam ter sucesso.
“Negócios de impacto nascem de um problema que você sonhou em resolver”,
enfatizou o palestrante.
“A pandemia mudou a forma da gente viver. Reinventar-se foi muito importante nesse sentido, mas é difícil de encontrar solidez. A gente encontra componentes para validar nossos negócios de impacto e, para isso, ODS. Eventos como a Campus Party tem o poder de nos conectar e convergir, nos fazendo sair falando a mesma língua. E as ODSs que nos alinham nisso”, frisou Tiago, referindo-se aos 17 Indicadores Brasileiros para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
“Como estamos usando nosso tempo? O tempo é um bem, por mais que não seja material. E nós criamos estratégias para ver o tempo, para domar o nosso cérebro. Temos dificuldade de lidar com o tempo de acordo com a demanda do outro”, explicou Carol sobre a forma como cada pessoa lida com o tempo.
“Por que a gente acha que às vezes não fez nada? Porque a gente não consegue mensurar. A gente precisa ressignificar o valor do tempo. A gente foca no resultado e não na presença e qualidade do que a gente faz e isso é uma questão do capitalismo que a gente vive. Mas a gente precisa ser o que a gente é, ele não pode perpassar a nossa dignidade”, declarou.
“O que vocês estão fazendo hoje para serem lembrados? Temos que empreender, mas também temos que valorizar quem somos, a história que a gente carrega. E o tempo é esse baú”,
instigou.
Carol reforçou a importância de dividir o tempo entre trabalho e pessoal. Ela afirmou que o tempo de qualidade e o autocuidado são cruciais para que seja um bom profissional e evite a exaustão. Com o fim da quinta palestra, ela lembrou que “é importante fazer o que você ama” e recomendou: “vá atrás dos seus objetivos”.
A sexta palestra, iniciada às 15h, com o tema ‘Roraima na rota da Economia Criativa e Destinos Turísticos Inteligentes’, contou com a participação de Georgia Patrícia Silva Ferko, professora da Universidade Federal de Roraima; Hélio Zanona Neto, sócio da empresa Makunaima Soluções em Turismo; Thiago Briglia, produtor e diretor de filmes, fundador da Platô Filmes; e Bruno de Brito, professor Associado da Universidade Estadual de Roraima (UERR).
Durante a discussão, os convidados exploraram qual a influência do ecoturismo como incentivo e empreendedorismo em Roraima e na Amazônia.
Thiago Briglia focou na importância de mostrar a Amazônia e suas belezas ao mundo, pois, segundo ele, isso deve estimular as pessoas a conhecerem novas culturas, novos lugares, novas perspectivas e também a valorizarem a cultura local. Ele apresentou as visões da Amazônia, através dos curtas e vídeos promocionais.
“Muitas pessoas não conhecem a própria cidade. Então, a forma como você (Thiago) dá visibilidade, atrai novas visões e novos turistas para o Estado”,
comentou Georgia Ferko sobre os destaques abordados por Thiago.
Bruno de Brito afirmou que recentemente entregou 26 novos roteiros turísticos, em terras indígenas, como opções de rotas turísticas para Roraima. Os roteiros foram realizados em parceria com o Sebrae-RR e em conjunto com as universidades públicas, para desenvolver o ecoturismo na região.
Iniciada às 16h, a discussão sobre o tema ‘Bioeconomia e Agritech, oportunidades na Amazônia’ contou com os palestrantes Rangel Miranda, gerente de Inovação e Marketing no Sebrae Rondônia; Edvan Alves Chagas, chefe geral da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA); Macaulay Abreu, fundador da ONISAFRA; Manuela Berto Pucca, empreendedora da empresa Zeta Venom; e Marcos Robson Sachet, professor orientador do BITERR.
Durante o debate, os convidados ressaltaram a necessidade de incentivo à pesquisa e aos estudos, junto com os desafios de empreender e produzir startups na Região Norte. De acordo com Macaulay Abreu, por Manaus e a Região Norte estarem distantes do foco de investimentos (regiões Sul e Sudeste), os investidores possuem dificuldades em comparativo a outros que estão nessas regiões.
“Nosso maior desafio é saber em que momento é o certo para captar. Para falar com um investidor. Aprendemos na raça […] temos muitos desafios para empreender na Amazônia”,
disse Macaulay Abreu.
Já Manuela Berto, empreendedora da empresa Zeta Venom, frisou que a pesquisa e o investimento em produtos naturais da Amazônia ainda precisam de apoio e atenção.
“Aqui, na Amazônia, existem recursos e substâncias que nunca foram explorados antes. É preciso tomarmos conta para que outras pessoas não peguem […] a nossa riqueza na Amazônia em relação aos bioprodutos, ela é muito grande e precisa ser explorada”,
afirmou.
Quem encerrou o ciclo de palestras da primeira edição do Campus Party Day em Boa Vista foi Serginho Finger, um dos idealizadores e co-fundador da Trashin, com o tema ‘Empreendendo com propósito – Case Trashin’.
A empresa é de serviços ambientais, com sede no Rio Grande do Sul, e Serginho contou as dificuldades que passou no caminho do empreendedorismo para responder a pergunta: “como chegar até o sucesso?”.
“O sucesso é relativo, o que é sucesso pra mim e o que é sucesso pra você pode ser diferente. Quando dizem que a Trashin é uma startup de sucesso, me questiono porque eu ainda não cheguei onde quero chegar. Eu ainda não impactei o quanto eu quero impactar. Meu propósito ainda não foi realizado, mas a gente preenche com propósito”,
respondeu.
A Case Trashin está há três anos no mercado, coletando resíduos e transformando esses resíduos em novos produtos. “Queremos que a sustentabilidade seja nosso objeto de investimento”, ressaltou.
Encerramento
Na cerimônia de encerramento, sete participantes concorreram à uma barraca na Campus Party, em São Paulo. Ganhar uma barraca significa poder participar do evento que é considerado o maior festival de tecnologia, empreendedorismo e ciência.
Membros da organização discursaram agradecendo o engajamento dos participantes e os resultados do evento.
“O que nós fizemos aqui foi plantar uma semente. Uma semente que precisa envolver muito mais gente”,
lembrou o diretor de Administração e Finanças do Serviço de Apoio as Micro e Pequenas Empresas de Roraima (SEBRAE/RR), Almir Sá.
Ideathon
As ideias apresentadas foram avaliadas com os seguintes quesitos: criatividade e originalidade, aplicabilidade, modelo de negócio, barreira de entrada e elemento futuro. Todos os critérios possuíam peso igualitário no processo de avaliação e as notas eram entre 0 e 4.
Os jurados da Ideathon foram: o secretário-adjunto Municipal de Tecnologia e Inclusão Digital, Darik Marinho; a professora e pesquisadora da Universidade Federal de Roraima, Daiane Tretto; o executivo na empresa de inovação TOTVS, Walter Mograbi; a representante do Instituto Ana Beltrão, Adrielly Barros; e o representante do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), Lucas Prado.
As equipes finalizaram a defesa das ideias por volta das 16h e o resultado foi anunciado no final do evento, às 18h. A equipe vencedora foi o Time 7, formada pelos estudantes de análise de desenvolvimento de sistemas no Instituto Federal de Roraima (IFRR), Lucas Lima (de 22 anos) e João Vitor (de 21).
Eles desenvolveram a ideia de um aplicativo gamificado para estimular a doação de sangue com uma estrutura baseada em ‘missão, pontos e recompensa’. “As missões seriam, além das doações, com posts em redes sociais, campanhas, que acumulariam pontos para ganhar recompensas”, explicou um dos membros do time.
Eles contextualizaram com o baixo estoque sangue no Hemocentro de Boa Vista. Por isso, doares com tipos sanguíneos mais raros teriam recompensas diferenciadas. Parcerias públicas e privadas fariam parte da iniciativa, com benefícios como ingressos, descontos etc.
Os vencedores da maratona de ideias podem escolher uma edição das próximas Campus Party para participar, com direito a ingresso, camping e traslado aéreo. O Time 4 recebeu ‘Menção honrosa’ e também ganhou ingresso e barraca para a Campus Party.
Outras atividades
A Campus Party Day também reúne empreendedores, influenciadores, Tech Lovers e profissionais de diversas empresas de tecnologia e inovação de Roraima.
Entre elas a startup TatiPepe, voltada para produtos regionais; a empresa Roraifrut, especializada em frutas típicas de Roraima; o Centro de Ciência e Tecnologia (CCTI), que expõe na feira um equipamento de realidade aumentada para que os participantes; a Mais RR, com foto no etnoturismo e ecoturimo; e até exposição de robôs.
Parceria
Evento realizado em uma parceria entre o Instituto Campus Party e o Sebrae, além das palestras, o Campus Party Day em Boa Vista conta com espaços para demonstrações de cursos ofertados por empresas locais, como o Senac e Sesc, que tem um stand com exibições dos cursos e serviços disponíveis.
O diretor-geral da Campus Party, Ricardo Queiroz, explica que a ideia de fazer o evento em um dia surgiu da necessidade de criar experiências da mesma forma que ocorriam nos grandes eventos.
“Aqui a gente tá trabalhando com assuntos relacionados a empreendedorismo, metaverso, energias limpas, sobre Amazônia. Com produtos e negócios totalmente focalizados. Então, o grande diferencial que gente traz pra essas edições é dar protagonismo para as características locais”,
afirma.
“A Campus Day Boa Vista nos surpreendeu! Encontramos aqui um ambiente inovador, tecnológico e empreendedor. Esperamos poder voltar em breve”,
declarou a presidente do Instituto Campus Party, Sidiane Zanin.
Além da parceria Instituto Campus Party e Sebrae, a Campus Day Boa Vista tem o apoio institucional da prefeitura de Boa Vista, do Sesc-RR, da empresa InfoRR e do Grupo Parima Distribuidora.
A Rede Amazônica é a emissora oficial do evento.