Justiça Federal revoga decisão e suspende processo para evitar conflito entre povos indígenas em Rondônia

O Procurador-Chefe da Funai, Matheus Antunes Oliveira, afirmou que “se trata de decisão que contribui para a pacificação social e para se evitar conflitos entre grupos indígenas".

A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) obteve decisão judicial para suspender parte de sentença que gerou revolta e intensificou o conflito entre indígenas Nambikwara Sabanê e Cinta Larga, no estado de Rondônia

A Funai está em diálogo com ambos os povos para impedir a escalada do conflito, como explica a diretora de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável e presidenta em exercício da autarquia indigenista, Lucia Alberta:

Na decisão, proferida dia 19 de julho, a Subseção Judiciária de Vilhena (RO) acatou pedido da Funai para revogar parte da sentença que determinava a constituição imediata de grupo de trabalho (GT) para identificação de território do povo Nambikwara Sabanê, no município de Vilhena.

A sentença gerou revolta no povo indígena Cinta Larga depois de um grupo Nambikwara Sabanê ocupar o interior do Parque Indígena do Aripuanã, área reconhecida como de ocupação tradicional dos Cinta Larga pelo Decreto nº 98.417 de 20 de novembro de 1989.

Desde o dia 11 de julho, indígenas Cinta Larga protestam na unidade da Funai em Juína (RO), requerendo modificação da sentença. Os Cinta Larga querem a retirada dos Sabanê da área e entendem que a decisão de constituição do GT serviu de estímulo para a manutenção do grupo no território.

Os Nambikwara Sabanê, por outro lado, alegam que parte do Parque Indígena do Aripuanã é área de ocupação tradicional do grupo e querem a instauração de GT pela Funai para a identificação de áreas de ocupação tradicional. 

Em razão do risco de conflito entre os grupos indígenas, a Funai apresentou embargos de declaração — recurso com a finalidade de esclarecer contradição ou omissão em decisão judicial — e pedido de suspensão da parte da sentença que determinava o cumprimento imediato da decisão, bem como pedido de suspensão do processo judicial. Reconhecendo o risco de conflito, a Subseção Judiciária em Vilhena atendeu ao pedido da Funai, suspendeu o processo judicial e revogou a liminar de antecipação dos efeitos da tutela concedida. 

Segundo o juiz federal prolator da decisão “a gravidade dos fatos narrados e a repercussão negativa que um conflito indígena resultaria, reclama, com base no poder geral de cautela, a revogação da medida liminar concedida e o deferimento do pedido de suspensão do feito, por 90 dias, para possibilitar a remessa do conflito à colaboração do Departamento de Mediação e Conciliação de Conflitos Indígenas do MPI, como forma de viabilizar uma solução consensual entre Nambikwara Sabanês e Cinta Largas”.

O Procurador-Chefe da Funai, Matheus Antunes Oliveira, ao comentar a decisão afirmou que “se trata de decisão que contribui para a pacificação social e para se evitar conflitos entre grupos indígenas, situação indesejada pela Funai e pelo Poder Judiciário”.

*Com informações da Funai

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