Embora não integre a festa propriamente dita, a busca dos mastros é um momento especial, marcado por ritos de devoção, sociabilidade, comerciabilidade, comensalidade e muita música
O mês de setembro é especial para os moradores de Alter do Chão, distrito de Santarém. O motivo? O Çairé, tradicional festa da região, já está ganhando forma e envolvendo a comunidade local.
Antes do Çairé – em 2023 aconteceu no dia 9 de setembro – os comunitários realizaram o ritual da Busca dos Mastros, uma procissão fluvial-terrestre, que conta com a participação das principais personalidades do tradicional rito do Pará.
Os mastros são dois troncos de árvore que durante a Festa do Çairé simbolizam os laços do ser humano junto ao celestial.
A Busca dos Mastros é realizada em forma de cortejo fluvial-terrestre. Embora não integre a festa propriamente dita, a busca dos mastros é um momento especial, marcado por ritos de devoção, sociabilidade, comerciabilidade, comensalidade e muita música. Nessa etapa preparatória dos festejos, participam os festeiros e organizadores, mas também alguns moradores de Alter do Chão, turistas e outras localidades.
A procissão sai pelas ruas de Alter do Chão tendo a frente à Saraipora (Dalva De Jesus ) que conduziu o Çairé (símbolo que representa a Santíssima Trindade) ao lado dela estavam as moças-da-fita ; a juíza, que estava carregando a coroa; os alferes com as bandeiras que representam os juízes e as mordomas e os mordomos enfileirados atrás de suas respectivas bandeiras.
Os moradores e visitantes acompanharam o cortejo até a beira do rio, onde as personalidades seguiram para a outra margem do Lago Verde para apanhar os mastros. Os moradores acompanharam o cortejo em catraias (pequenas embarcações a remo) que são amarradas umas às outras e puxadas pelo barco principal. O percurso do cortejo foi animado pelo toque de folias e muitas brincadeiras entre os participantes.
Já com os mastros, personagens, comunitários e visitantes voltaram e seguiram até a Praia do Cajueiro, onde deixaram os mastros que ficarão no local, quando serão levados até a Praça do Çairé para serem enfeitados e hasteados, dando assim início a Festa do Çairé. Este ano, os mastros foram retirados na Ilha de Santana, os mastros são da espécie Caraipé. No local, também, foram plantadas 50 mudas de espécies locais como: Andirobeira, castanheira e Ipê entre outras.
De acordo com Osmar Vieira, coordenação do rito tradicional do Çairé e também juiz da festa, o ritual anuncia a chegada da festa do Çairé e simboliza a fartura e purificação. “O ritual de hoje já anuncia a chegada da festa do Çairé. Sem os mastros não tem como anunciar a festa. Além de simbolizar a fatura e a purificação da festividade, eles também são um elemento que anuncia que a festa vai começar”, comentou.