MPF apontou necessidade de resgate por helicóptero em locais de difícil acesso terrestre e fluvial; situação foi agravada pela estiagem
Em caráter emergencial, a Justiça Federal determinou, nessa segunda-feira (23), o retorno imediato de transporte aéreo por helicóptero para o resgate de pacientes indígenas dos Polos Base Oriximiná e Santarém, ambos no Estado do Pará, no prazo de cinco dias (até 27). O Juízo reiterou que o transporte pela via área é medida imprescindível para resguardar a continuidade da assistência à saúde indígena e que há elementos que evidenciam a vulnerabilidade da comunidade em meio à grave estiagem na região Amazônica, impossibilitando o acesso tradicional das equipes de saúde ao local.
O pedido do MPF ocorreu após o Conselho Indígena Tapajós-Arapiuns (Cita) – entidade representativa das 14 etnias do Baixo Tapajós – relatar que o Distrito Sanitário Especial Indígena Guamá-Tocantins (Dsei Guatoc), que atende as regiões, está sem voos de helicóptero disponíveis para os polos desde o fim de setembro, paralisando o atendimento às populações indígenas.
Em resposta, o Dsei Guatoc informou que o contrato dos serviços de voo será renovado em dezembro e que foi solicitado aditivo com quantidade de horas suficiente até a data de renovação para não haver desassistência à saúde indígena para chamados de urgência e emergência. De acordo com o MPF, o aditivo está com análise pendente na sede da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), mas o órgão não teria dado resposta.
“Diante da paralisação dos voos, é evidente o risco iminente de morte de pacientes indígenas que moram em localidades distantes dos centros de atendimento médico, pois não poderiam ser resgatados de outra forma, senão por helicóptero”,
aponta o MPF.
A Justiça determinou ainda prioridade na celebração do termo aditivo emergencial, o remanejamento de voos de helicóptero de outro Polo do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (Sasisus) ou outra medida para o retorno imediato do transporte aéreo por helicóptero para o resgate de pacientes indígenas dos Polos Base Oriximiná e Santarém. Para o MPF, “a simples falta do planejamento adequado dos órgãos ensejou tal situação, que, por si só, viola direitos fundamentais”.
Entre os problemas causados, o órgão ressalta, ainda, que a falta de voos afeta também as trocas das equipes de saúde das aldeias localizadas nas terras indígenas Trombetas-Mapuera, Nhamundá-Mapuera e Kaxuyana-Tunayana, impedindo o revezamento e o descanso dos profissionais.
Pior estiagem da história
O problema é agravado nesta época do ano, em que os rios, lagos e igarapés da Amazônia passam pelo processo natural de vazão, diminuindo os seus volumes d’água, o que dificulta resgastes terrestres e fluviais e torna imprescindível a atuação aérea das equipes de saúde.