Método de contagem aponta aumento no número de pirarucus em Costa do Tapará, no Pará

O método é baseado na experiência do pescador em contabilizar pirarucus quando observam e escutam sua emersão, no momento em que a espécie vem à superfície realizar a respiração aérea.

O resultado de mais um ano de vigilância, cumprimento das regras de captura de tamanho mínimo, período do defeso, obediência à cota de 30% e contagens, chegou. Pescadores de Costa do Tapará, no Pará, comemoraram os números da contagem do pirarucu dos lagos. A comunidade que realiza o manejo há sete anos, identificou através do procedimento, um aumento de 189% entre 2018 e 2021 no número de pirarucus na área manejada de Costa do Tapará que iniciou o monitoramento populacional do pirarucu há três anos.

Os procedimentos utilizados nas contagens são baseados na capacidade e experiência do pescador em contabilizar pirarucus quando observam e escutam sua emersão, chamada por eles de boiada, no momento em que a espécie vem à superfície da água realizar a respiração aérea. Cada pescador conta quantos pirarucus observou em uma unidade pré-determinada de área, durante um intervalo de 20 minutos. 

Somente pirarucus maiores de um metro são contabilizados, sendo classificados em duas categorias: juvenis, chamados localmente de bodecos e que medem entre 1 e 1,5 m, e adultos, de tamanho superior a 1,5 m. Os pescadores devem realizar as contagens de forma silenciosa para assegurar a acurácia do método e evitar que o comportamento do pirarucu seja alterado por interferências externas.

Método de contagem. Foto: Divulgação/Sapopema

O método de contagem de pirarucus foi adaptado a partir do conhecimento tradicional de pescadores de Mamirauá. Mas só foi possível porque o pirarucu possui respiração aérea obrigatória, então quando o peixe vem à superfície para respirar, pescadores experientes e treinados são capazes de quantificar o número de indivíduos existentes em um determinado corpo d’água.

“Contar pirarucu não é história de pescador. É possível sim contar pirarucus e pescadores experientes e treinados para a metodologia de contagem, são capazes de estimar a quantidade de peixes que há em determinado lago, por conta da característica da espécie de vir até a superfície para respirar”,

explica a bióloga da Sapopema, Poliane Batista.

A comunidade é uma das cinco do PAE Tapará que recebe a assessoria técnica da Sapopema para o manejo do pirarucu. Além de Costa do Tapará, Pixuna, Santa Maria, Tapará Grande e Tapará Miri realizam os procedimentos de contagem, como um dos métodos de manejo. Para o coordenador do núcleo de base de Costa do Tapará, Rosinaldo Rebelo, o esforço que dedicam diariamente em vigilâncias para conservação da espécie, é recompensado com o resultado do aumento nas contagens.

“A gente acha que teve uma melhora muito grande durante esses sete anos de trabalho pra conseguir o que a gente tem hoje nos nossos lagos. É um aumento grande, mas que demanda muito trabalho, tanto de noite quanto de dia. A gente enfrenta várias dificuldades, lama, água, espinhos”, conta. 

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