Jiboia arco-íris da Amazônia surpreende e encanta; confira imagens

 
 

 A serpente é encontrada em parte da Amazônia brasileira, países como Colômbia e Venezuela e na América Central

 
A serpente é encontrada em parte da Amazônia brasileira, países como Colômbia e Venezuela e na América Central. Foto: Rafael de Fraga/Cedida

Quem não admira um arco-íris quando tem a chance de observá-lo? Agora imagine um animal cuja pele reflita todas aquelas cores. Ele existe e se chama Epicrates cenchria, mais conhecida como jiboia arco-íris, uma serpente encontrada em parte da Amazônia brasileira, e em países como a Colômbia e Venezuela e na América Central.

O nome popular surgiu por causa da característica furta-cor da pele de tonalidade marrom ao castanho-avermelhado. Segundo o  médico veterinário do Museu da Amazônia (Musa) Anselmo D’Affonseca, isso acontece porque a pele da jiboia arco-íris possui estruturas que refratam a luz solar tal como a água. “É mais ou menos quando se pega uma mangueira e esguicha ela na direção da luz do sol, que se consegue ver as cores do arco-íris. Isso que acontece com as escamas dessa espécie e é bem marcante”, explicou ao Portal Amazônia.

 
Curiosidades

Além das cores refletidas, esta espécie também possui outra característica interessante: vestígios de patas chamados de ‘esporões’, que ficam próximos ao final da cauda. “São resquícios dos membros posteriores que involuíram e são encontrados na família de cobras Boidae. Eventualmente os machos usam para estimular as fêmeas”, revelou D’Affonseca. 
A espécie mantém vestígios de patas, que são chamados de ‘esporões’. Foto: Clarissa Bacellar/Portal Amazônia 

O tom de pele avermelhado com uma série de círculos pretos também é o que lhe dá o outro nome, jiboia-vermelha, por isso são fáceis de reconhecer e distinguir. “Ela também é conhecida como Salamanta”, completou o médico veterinário. 

Detalhe das escamas da jiboia. Foto: Clarissa Bacellar/Portal Amazônia
 
Segundo o Guia de Cobras da Região de Manaus, publicado pelo Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio/Inpa), a família Boidae, a qual pertence a jiboia arco-íris, possui cinco subfamílias: Boidae (quatro gêneros e 28 espécies nas Américas); Candoiinae (um gênero e cinco espécies no sudeste da Ásia e ilhas  oceânicas); Erycinae (um gênero e 12 espécies distribuídas pela África, sul da Europa e sul da Ásia); Sanziniinae (dois gêneros e três espécies nas ilhas oceânicas no sudeste da África); e Ungaliophiinae (quatro gêneros e cinco espécies distribuídas do Panamá aos Estados Unidos).

A princípio, contou D’Affonseca, era reconhecida no Brasil apenas uma espécie, Epicrates cenchria, que possuía nove subespécies. No entanto, desde 2008, os especialistas Paulo Passos e Ronaldo Fernandes publicaram um artigo que revisou toda a espécie. A nova organização transformou as nove subespécies em novas cinco espécies.

Destas, quatro ocorrem no Brasil: Jiboia arco-íris da Amazônia (Epicrates cenchria); Jiboia arco-íris da Caatinga (Epicrates assisi); Jiboia arco-íris do Cerrado (Epicrates crassus) e Jiboia arco-íris do Norte (Epicrates maurus). 

Estimação x Tráfico

 
Somente na Amazônia brasileira existem cerca de 150 espécies de cobras. Por ser um animal de beleza diferente das demais, a jiboia arco-íris acaba sendo bastante procurada para ser de estimação. “É um animal extremamente bonito, elegante, com suas pintas e naturalmente as pessoas gostam de vê-la”, avalia Anselmo.

“Existem criadores autorizados, que têm matrizes registradas e que se reproduzem. As cobras ganham até um microchip com numeração do Ibama [Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis]. Essa é uma espécie que pela docilidade, apesar de serem agressivos quando selvagens, são bonitos. Eu não concordo em ter cobra como pet, mas é uma realidade, um mercado que existe e gostam muito da jiboia arco-íris”, contou o veterinário.

Um dos apaixonados pela espécie é o biólogo Rodrigo Hidalgo. Segundo Hidalgo, o animal o cativou quando teve a oportunidade de trabalhar com o exemplar do Musa. Assim, há aproximadamente um ano adotou um macho. “Desde moleque eu gosto de bicho. Então vi a oportunidade e negociei com o pessoal do criadouro. É um animal que você pode ter em casa de forma legalizada, com documentos que comprovem o cativeiro. Pra mim, esse um dos bichos mais bonitos”, contou. A jiboia divide espaço com coruja, cães e outros animais na casa de Rodrigo.

 

“Mas acima de tudo, antes de pensar em ter um bicho desse, é preciso estudar sobre ele. A informação está aí, temos acesso à internet. Então leia primeiro, informe-se primeiro, veja o tamanho que ele atinge, vê se cabe na sua casa, se tem condições de dar um espaço para esse animal viver bem”, aconselha Hidalgo.

Em dezembro de 2016, o único exemplar que faz parte do laboratório do Museu da Amazônia (Musa), em Manaus, foi furtado junto com outra jiboia comum. O caso foi descoberto durante uma visita guiada ao laboratório, quando perceberam o sumiço das cobras e uma janela quebrada. Todas as cobras ficam em uma sala trancada e só podem receber visitas com a companhia de um guia do local. Entre outros animais que também vivem no Musa (em uma área de 100 hectares da Reserva Florestal Adolpho Ducke), 22 exemplares de cobras ficam no laboratório experimental. 

A história teve final feliz para o exemplar de jiboia arco-íris do Musa, que foi resgatada e devolvida pela Polícia Civil. Foto: Vanessa Gama/Cedida
O macho, que já tem mais de 10 anos, foi recuperado com a ajuda de populares, que informaram à polícia sobre o paradeiro do homem que furtou os animais. “Um rapaz entrou e furtou as duas. Acredito que, pelas informações que nos foram passadas, foi uma coisa de um moleque que queria dinheiro e viu a oportunidade. Aparentemente não teve nada com a questão de tráfico. A outra cobra, era indócil e agressivo, acredito que tenha descartado, se livrado dela”, informou.

Pra ver de perto

Quem quiser conhecer a jiboia arco-íris de perto, pode vistar o Jardim Botânico do Musa, localizado na Avenida Margarita (antiga Uirapuru), s/n, no bairro Cidade de Deus. O local funciona diariamente (exceto às quartas-feiras), das 8h30 às 17h. As visitas guiadas custam R$ 10. A entrada é gratuita crianças até 5 anos e meia-entrada vale para estudantes, idosos brasileiros e participantes do Programa Nosso Musa.

Veja mais fotos da jiboia arco-íris: 

Foto: Rafael de Fraga/Cedida 
Foto: Clarissa Bacellar/Portal Amazônia 
Foto:  Rafael de Fraga/Cedida 
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