Fumaça das queimadas da Amazônia cria “corredor” e se estende para o sul e sudeste do Brasil

A nuvem de fumaça atingiu cidades como São Paulo, Porto Alegre, Santa Catarina e até mesmo a Bolívia, prejudicando a visibilidade e um forte cheiro de fumaça.

A nuvem de fumaça que começou a ser sentida na Região Norte, devido ao desmatamento, dificultando a visibilidade e a respiração, continua ‘caminhando’ pelo país. Registrada pelo satélite geoestacionário Goes-16, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), uma imagem aponta os Estados do Acre, Amazonas, Rondônia, Roraima, Mato Grosso e Pará sendo afetados. 

Segundo o Inpe, a área coberta pela fumaça abrange cinco milhões de km². Mas, conforme os dias passam, essa nuvem atinge outras áreas do país, como até mesmo São Paulo, Paraná, Santa Catarina e cidades do Centro-Oeste do país.

Leia também: Queimadas e desmatamento na Amazônia: para onde a fumaça está indo?

Foto: Reprodução/Inpe

Em Rio Branco, no Acre, a poluição do ar atingiu níveis 13 vezes a mais que o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no início de setembro. Dados dos sensores que monitoram a qualidade do ar, por meio do sistema Purple Air, mostram que a capital acreana concentrou um pico de 347 microgramas por metro cúbico (µg/m³) de material particulado. A média do dia foi de uma concentração 220 µg/m³.

Além do Brasil, outros países como Bolívia, Paraguai e nordeste da Argentina também figuram entre as regiões afetadas pelo “corredor de fumaça”. 

À esquerda, refletância cor verdadeira detectada pelo sensor MODIS a bordo dos satélites TERRA e AQUA dia 08 de setembro de 2022, á direita, o AOT derivado, indicando a pluma de fumaça. Foto: Reprodução/Inpe

Em muitas localidades, a presença de muitas nuvens altas se confundiu com a fumaça para dar um aspecto mais acinzentado ao céu. O sol apresentou-se mais alaranjado e avermelhado que o habitual no fim da tarde justamente pela presença do material particulado na atmosfera, como foi o caso de Porto Alegre.

De acordo a nota emitida pelo Inpe, “durante os meses de julho a agosto, esta pluma regional de fumaça é tipicamente transportada pelos ventos alísios em direção à Cadeia dos Andes e, ao atingir esta barreira, desloca-se em direção ao sul do continente atingindo a porção oeste do território brasileiro, Peru, Bolívia e Argentina. Agora em setembro, até o final do período seco, o avanço periódico das frentes frias em direção às regiões Sudeste e Centro-Oeste bloqueiam o transporte da fumaça em direção ao sul do continente e a desvia em direção ao Oceano Atlântico passando sobre as regiões Sul e Sudeste do Brasil”. 

Além disso, destaca: “Um destes episódios aconteceu ontem (08/09) e hoje (09/09) com o agravante de que parte desta fumaça, ao atingir a costa brasileira, foi recirculada de volta ao continente sobre os estados da Região Sudeste degradando ainda mais a qualidade do ar das grandes cidades desta região. O modelo numérico do INPE indica ainda que a fumaça passou pelas regiões Sul e Sudeste também em níveis próximos da superfície e, portanto, atingiu diretamente a população destas regiões, inclusive da cidade de São Paulo (SP). Este evento deve perdurar por mais 1-2 dias e tem a possibilidade de voltar a ocorrer outras vezes até o final do período seco”. 

O acumulado de alertas de desmatamento em agosto de 2022 na Amazônia foi de 1.661 km², segundo dados divulgados pelo Instituto. É o segundo pior agosto da série histórica do Deter, atrás apenas de 2019, quando a área foi de 1.714 km².

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Imagem de microalga encontrada no Pará vence prêmio nacional de ilustração científica

Produzida no Laboratório de Microscopia Eletrônica de Varredura do Museu Goeldi, a imagem vencedora é resultado do primeiro levantamento das comunidades de algas microscópicas da Ilha de Cotijuba.

Leia também

Publicidade