Manejo do pirarucu rende mais de R$ 74 mil para produtores da Reserva Mamirauá

Com os desafios impostos pela pandemia do coronavírus, a atividade econômica confirmou novamente sua importância

Para as famílias da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Mamirauá, no município de Fonte Boa (a 678 quilômetros de Manaus), o manejo do pirarucu é uma valiosa fonte de renda. Em 2020, com os desafios impostos pela pandemia do coronavírus, a atividade econômica confirmou novamente sua importância. A comercialização do pirarucu manejado em feiras promovidas pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS) rendeu R$ 74.167,31 para os produtores, impactando positivamente a vida de 55 famílias na comunidade ribeirinha.

De acordo com o supervisor de projetos da FAS, Edson Souza, mesmo com as barreiras impostas pela pandemia, as duas edições da Feira do Pirarucu trouxeram um resultado positivo para os produtores. Em outubro e novembro de 2020, foram comercializadas em Manaus 7,42 toneladas do peixe. Ao todo, 570 pessoas compraram o pirarucu direto do produtor.

“A Feira do Pirarucu da FAS vem crescendo a cada ano. Por causa da pandemia, as vendas em 2020 foram mais rápidas que as anteriores, realizadas em menor tempo e com maior quantidade. Assim, conseguimos êxito dentro das nossas expectativas”, avalia Souza.

O principal benefício para os manejadores de pirarucu é a venda direta do produto para o consumidor, sem a “figura” do atravessador, que diminui o lucro do produtor ao distribuir o peixe. Segundo Edson, por sua vez, o público adquire um pirarucu de qualidade, de forma sustentável e fortalecendo a cadeia produtiva.

Foto: Dirce Quintino

Pirarucu na moda

Desde 2011, a pele do pirarucu da RDS Mamirauá é negociada para a empresa Nova Kaeru (NK), especializada no setor de couros exóticos brasileiros. A parceria vem se ajustando a cada ano e, ano passado, rendeu R$ 23.030 para os produtores em Fonte Boa. Mas de acordo com Leal Marques, empresário da NK, a parceria vai além da comercialização da pele exótica.

“Nessa parceria, a Nova Kaeru apoia as feiras, treinamentos e capacitação de esfola, logística, congelamento e armazenamento das peles, incentivo e doação de malhadeiras adequadas às comunidades em áreas mais vulneráveis. Nós apoiamos as ações e mantemos um diálogo com a FAS para impactar de forma positiva e significativa nas comunidades de manejadores”, informa Leal.

A Kaeru trabalha com curtume, que é a transformação de uma pele em couro e o produto é vendido para a confecção de bolsas, sapatos e acessórios em geral. O curtume da empresa é um dos primeiros curtumes orgânicos do mundo e é totalmente biodegradável. A FAS atua na consultoria dessa venda. Os produtos originados do couro já foram comercializados para Europa, Ásia e Estados Unidos.

Foto: Dirce Quintino

Para Leal, o desafio atual é mostrar que a manipulação do couro do pirarucu é um vetor de proteção, não de degradação. “Representamos uma fonte a mais de renda para os manejadores. As comunidades são parte essencial da cadeia de valor do pirarucu. Por isso, dentro da parceria com a FAS, estamos abertos a ideias e em uma busca constante por inovação e qualidade. O crescimento sustentável do ‘mundo do pirarucu’ é impensável sem investimento nas e das comunidades que cuidam do peixe. Nosso vetor de atuação nesse sentido tem sido o de garantia de compras maiores ano a ano e preços e prazos consistentemente mais favoráveis”, diz o empresário.

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