Estudo amazonense aponta que casca do ingá-cipó pode gerar álcool em gel

O projeto visa substituir o Carbopol, componente importado cuja intensa demanda atual levou a escassez e a falta do produto no comércio

A casca do ingá-cipó tem sido estudada como uma possível fonte de produção de álcool em gel, substância que tem sido massivamente consumida após a pandemia da Covid-19. A pesquisa ‘Obtenção de micro e nanocelulose utilizando como matéria-prima a casca do ingá-cipó via tratamento químico e avaliação na preparação de álcool gel’ visa substituir o Carbopol, componente importado cuja intensa demanda atual levou a escassez e a falta do produto no comércio. 

A coordenadora da pesquisa e doutora em Química da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Margarida Carmo de Souza, observou que, atualmente, na busca pela sustentabilidade, várias pesquisas estão sendo realizadas para garantir a preservação ambiental e proporcionar um melhor aproveitamento de resíduos, bem como contribuir para a economia, sociedade e ambiente.

“Nesse sentido, estamos estudando o uso da casca do ingá-cipó para fins tecnológicos. Essa espécie é amplamente distribuída e cultivada na Amazônia e na América Central e a casca é o componente majoritário do fruto, cerca de 53% de sua massa. Essas cascas são grande fonte de biomassa lignocelulósica e acabam sendo desperdiçadas, gerando acúmulo de lixo orgânico. Portanto, a importância é usar o descarte do fruto e agregar valor ao que atualmente é lixo”, explicou Margarida Souza.

Processo de centrifugação para separação do material (sólido líquido). Foto: Divulgação

De acordo com a pesquisadora, o estudo está sendo realizado nos laboratórios do Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia (ICET), com a coleta da matéria-prima de áreas da cidade de Itacoatiara (distante 176 quilômetros de Manaus) e comunidades adjacentes.

“A pesquisa se encontra na fase de caracterização, físico-química e morfológica do material obtido, que é feita através de amostras de infravermelho, difração de raios X, microscopias eletrônicas de varredura e transmissão”, acrescentou.

Conforme o cronograma, após essa fase, o estudo segue para a preparação do álcool gel de micro ou nanocelulose.

As amostras de álcool gel obtidas nas diferentes proporções de micro e nanocelulose serão avaliadas quanto às propriedades reológicas (viscosidade, taxa de cisalhamento, etc) e propriedades microbiológicas, por parceiros de pesquisa em laboratórios de Ciência e Engenharia de Materiais da Ufam, Campus Manaus.

“Após obtenção e caracterização do material, fazendo uso de metodologia descrita no Formulário Nacional da Farmacopéia Brasileira, substituiremos o componente gelificante pelo material obtido na pesquisa”, completou a pesquisadora. 

Peneiramento da amostra após trituração, usando peneiras granulométricas. Foto: Divulgação

O estudo, em andamento, é apoiado pelo Governo do Estado, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), amparado pelo ‘Programa Mulheres na Ciência’, Edital 001/2021, uma iniciativa do Governo do Amazonas, que visa estimular a participação de mulheres na coordenação de propostas nas áreas de Ciências Exatas e da Terra, Engenharias e Ciências Agrárias no interior do estado. 

Oportunidade

Neste ano, mais duas oportunidades exclusivas para mulheres estão sendo oferecidas pela Fapeam. Uma delas é o ‘Programa Mulheres das Águas/Fapeam’, uma iniciativa direcionada à participação de pesquisadoras como coordenadoras de projetos no interior do Amazonas, para valorização e reconhecimento do protagonismo da mulher no Sistema Local de Ciência, Tecnologia e Inovação – CT&I nas diversas áreas do conhecimento.

A outra oportunidade é o ‘Programa Kunhã’ – C,T&I no Amazonas – que visa financiar atividades de pesquisa científica, tecnológica e de inovação, ou de transferência tecnológica, destinadas a pesquisadoras residentes no estado do Amazonas, que contribuam significativamente para o desenvolvimento socioeconômico e ambiental do estado, em uma das seguintes áreas temáticas relacionadas aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável – ODS. 

Confira os editais abertos.

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

“Que show da Xuxa é esse”? Conheça as ‘cópias’ peruana e colombiana da rainha dos baixinhos

Diversas apresentadoras ganharam programas próprios, seguindo o mesmo perfil da rainha dos baixinhos brasileiros. Algumas dessas 'cópias' se destacaram em países amazônicos.

Leia também

Publicidade