Pesquisas se destacam como novo campo da agropecuária no bioma. Descoberta de microrganismos acelera perspectiva de uso na produção de novos bioinsumos.
O guaraná vem sendo estudado no Amazonas para criação de soluções tecnológicas para a agricultura na região amazônica. O fruto movimenta economicamente toda uma região, gerando renda para as comunidades que dependem dessa cultura.
O grande salto no cultivo do guaranazeiro se deu recentemente com o avanço das pesquisas realizadas pela Embrapa no bioma Amazônico: o lançamento da cultivar para plantio por sementes, em 2021, representa menor custo na produção de mudas e se torna mais acessível aos produtores, permitindo a estabilização das características genéticas da planta.
Pesquisas recentes sobre a presença de substâncias responsáveis por efeitos energéticos e antioxidantes em genótipos de plantas de guaraná revela que esse conhecimento permitirá, futuramente, lançar cultivares de guaranazeiros com capacidade de produzir frutos com menores ou maiores teores de substâncias funcionais, de acordo com o interesse, ampliando o potencial de uso do guaraná em indústrias como a cosmética e a farmacêutica.
A Bioeconomia na Amazônia é outro investimento da ciência que no futuro próximo irá gerar resultados. Neste trabalho do centro de pesquisa, destaca-se a prospecção de microrganismos com potencial biotecnológico e a interação multidisciplinar com áreas da microbiologia, química e genômica. Recentemente foram identificados microrganismos amazônicos com potencial para o desenvolvimento de bioinsumos, para o controle de patógenos de interesse agrícola, para promoção de crescimento de plantas, além de outras aplicações em atividades industriais e inclusive para fins de uso na medicina.
Do aumento de produtividade às características funcionais do guaranazeiro
A Embrapa Amazônia Ocidental é pioneira em desenvolver tecnologias para cultivo do guaraná. O agrônomo Firmino do Nascimento Filho, que atua na empresa há 39 anos, conta que os primeiros trabalhos com a planta foram relacionados a fitotecnia, espaçamento e adubação, mas o maior desafio foi enfrentar a doença Antracnose, causada pelo fungo Colletotrichum guaranicola, que estava reduzindo a produção dos guaranazais na terra de origem dessa planta, em Maués no Amazonas.
Na década de 70, esse problema tornava os cultivos inviáveis e desestimulava agricultores. Pesquisadores e técnicos identificaram plantas com potencial de resistência, elaboraram método de propagação vegetativa e outros protocolos, além de diversos estudos agronômicos com o guaranazeiro. “O objetivo principal era assegurar produtividade e resistência e nós logramos êxito”, afirma Firmino Filho. Como resultado do programa de melhoramento genético do guaranazeiro, vieram os lançamentos de cultivares que permitem alta produtividade e trazem resistência genética às principais doenças.
Entre 1999 e 2013 foram lançadas 18 cultivares clonais, baseadas na reprodução por estaquia e mais recentemente a BRS Noçoquem. O conhecimento agronômico em torno do cultivo do guaranazeiro, como a produção de mudas, orientações de manejo e tratos culturais, além de boas práticas de colheita e pós-colheita, norteiam o cultivo dessa planta no Amazonas e em outros estados.
O coordenador do programa de melhoramento genético do guaranazeiro, agrônomo André Atroch, destaca a importância estratégica de investir em estudos nessa planta que tem grande potencial de uso na saúde humana, em razão de seus compostos bioativos. Assim, nos últimos anos a Embrapa passou a realizar estudos sobre a diversidade genética com olhar também sobre as propriedades funcionais. Atroch tem coordenado pesquisas sobre a presença de substâncias responsáveis por efeitos energéticos e antioxidantes em genótipos de plantas de guaraná e revela que esse conhecimento permitirá, futuramente, lançar cultivares de guaranazeiros com capacidade de produzir frutos com menores ou maiores teores de substâncias funcionais, de acordo com o interesse, ampliando o potencial de uso do guaraná em indústrias como a cosmética e a farmacêutica.
Publicado originalmente por Embrapa Amazônia Ocidental. Leia o artigo completo AQUI*