Extrato combinado dos frutos possui efeito cicatrizante no tratamento de feridas crônicas.
Resíduos do pó do guaraná e da semente do açaí são benéficos à cicatrização e favorecem a desaceleração do envelhecimento da pele, impactando diretamente na incidência e prevalência de feridas difíceis de cicatrizar.
A constatação foi feita em pesquisa desenvolvida pela doutora Ednea Ribeiro, a partir de projeto apoiado e aprovado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), intitulado “Desenvolvimento biotecnológico à base de resíduos do pó do guaraná e da semente do açaí”.
De acordo com Ednea, o estudo aponta que muitos subprodutos gerados pelo uso de frutos amazônicos têm potencial econômico e podem gerar receitas adicionais aos produtores e também auxiliar na saúde e longevidade humana.
“O conjunto dos resultados apontou que o extrato combinado dos frutos possui grande efeito cicatrizante, com potencial aplicação no tratamento de feridas crônicas e também da fibrose e cicatrizes patológicas (hipertróficas). Estes resultados são inovadores e abrem a possibilidade para o uso deste material, que hoje não tem valor econômico agregado, e é um problema ambiental no seu descarte pela indústria de cosméticos e dermatológicos”, afirmou.
Além disso, conforme Edna, estudos complementares também foram conduzidos com óleos combinados e processados de copaíba e andiroba, que já são amplamente utilizados em preparações dermatocosméticas e que podem também ser utilizados junto ao extrato de guaraná e do açaí.
Metodologia da pesquisa
Para a realização da pesquisa foram feitas extrações e análises da composição química e principais características do extrato do guaraná e açaí.
Também foram desenvolvidos estudos in vitro no qual as células da pele foram adquiridas comercialmente, cultivadas em laboratório e expostas a agentes aceleradores do envelhecimento.
Além do mais, foram feitos testes no qual estas culturas foram rasgadas, mimetizando assim feridas ou lesões associadas a intervenções cirúrgicas, como explicou a pesquisadora.
“O formulado à base dos resíduos do pó do guaraná e semente do açaí atuam na reversão do envelhecimento de células da pele, aumentando a viabilidade e a proliferação das células, além de modular a expressão de genes relacionados com a função da derme”, acrescentou.
Segundo Ednea Ribeiro, a pesquisa foi desenvolvida em colaboração com pesquisadores do Laboratório de Biogenômica da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e dos programas de Pós-Graduação em Cirurgia da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), e Ciências da Saúde da UFSM.
A pesquisa está ainda sendo implantada no novo laboratório da Fundação Universidade Aberta da Terceira Idade (FUnATI), denominado Gerontec, com inauguração prevista para novembro de 2021. No ano que vem, espera-se a implantação da segunda fase do estudo.