O prato tradicionalmente indígena é feito com caldo de peixe e uma variedade de pimentas.
A cidade de Boa Vista comemora 132 anos no próximo dia 09 de Julho e na gastronomia é destaque um prato típico da região: a Damurida. Um caldo de peixe tradicionalmente indígena, que em seu preparo leva diversos tipos de pimenta, verduras e tempero simples, como o sal. Está presente também em várias etnias, que de uma forma festiva preparam essa receita, repassada de geração em geração.
Mesmo com a diversidade cultural que encontramos em Roraima, a capital concentra a maior parte da população. Aqui não é apenas a culinária indígena que pode ser encontrada, mas uma miscigenação de várias culturas e sabores que tornam Boa Vista multicultural.
A agricultora Anete Rodrigues é da etnia Wapichana e chegou na região do P.A Nova Amazônia em 1995, quando essa região ainda era conhecida como “Fazenda Saab”. Por lá, criou os filhos e continuou com a tradição de fazer a Damurida em datas festivas, tornando o sabor ainda mais especial. A pimenta que ela utiliza é cultivada através do projeto Tay Tay, do Grupo Aurora do Campo, que conta com a ajuda da prefeitura.
“É um prato tradicional para a minha família. Faz parte da minha infância, adolescência e vida adulta. Sempre comi na mesa com os meus pais e aprendi com a minha mãe. Minhas três filhas sabem cozinhar e tenho certeza que vão passar para os filhos delas como uma tradição de família”, conta Anete.
E quem também prepara o prato é a agricultora Assélia Pio, que faz a Damurida com o toque especial do Murupi, líquido apurado da mandioca que deixa o sabor mais ácido no peixe.
“Aprendi a fazer a Damurida com a minha vó materna, Francisca, que utilizava o murupi para dar um sabor ácido que lembra o limão e também deixar o caldo mais escuro. Estou com 43 anos e até hoje, um dos pratos que mais lembram a minha cultura indígena dos macuxi, é a Damurida de peixe” disse.