Menina de três anos é a primeira do Amapá a integrar entidade mundial de alto QI

Athena Silveira alcançou o percentil de 98% de rendimento de altas habilidades comparados com crianças da mesma idade.

A amapaense Athena Macário Silveira, de apenas 3 anos, é a mais jovem superinteligente do Brasil. A menina fez exames e passou a integrar a Mensa Brasil, entidade internacional que avalia o desempenho de pessoas por meio de um teste de inteligência ou de laudos de profissionais reconhecidos pelo Conselho Federal de Psicologia.

Athena alcançou o percentil de 98% de rendimento de altas habilidades comparados com crianças da mesma idade. Os pais de Athena, Daniel Silveira e Daniela Macário, levaram a menina para realizar os testes neuropsicológicos quando ela ainda tinha dois anos e meio e a aprovação na entidade acaba de ser oficializada. Agora, Athena passa a integrar um grupo de 297 menores de idade identificados pela organização no Brasil.

Athena nasceu em outubro de 2019. No ano seguinte, com a pandemia, os pais contam que ela foi uma criança criada dentro do apartamento em seu primeiro ano de vida e para distrair ela e a irmã mais velha, Alexandra (de 7 anos), eles compraram jogos e outros objetos que pudessem manter as meninas ocupadas.

Amapaense Athena Macário Silveira a criança mais nova a integrar o Mensa Brasil. Foto: Arquivo pessoal

Começou a falar com nove meses 

O pai de Athena é médico e conta que quando ela estava com três, quatro meses de idade, ele começou a notar que o desenvolvimento era diferente do que a irmã mais velha teve. Segundo ele, a criança firmou o pescoço muito rápido e era um bebê que não chorava, mas que tentava verbalizar palavras e, com 9 meses, o pai conta que ela começou a falar.

Ainda de acordo com Daniel, a menina começou a andar com 11 meses, o que seria normal para a maioria das crianças, mas ele diz que ela já começou a andar tendo um equilíbrio que não se esperava para a idade.

Jogos de raciocínio são os preferidos de Athena. Quebra-cabeças não podem faltar. O pai conta que ela monta rapidamente qualquer quebra-cabeça. Pai-coruja, Daniel lembra que no início imaginou que as habilidade de Athena seriam apenas empolgação da parte dele.

“Athena nasceu e logo depois veio a pandemia, ela foi um bebê criado dentro de casa, ela é da ‘geração pandemia’. Então para ela e a irmã não ficarem ociosas dentro do apartamento nós inventamos várias atividades e a gente via o desenvolvimento da Athena, mas trancados dentro de casa a gente pensava: ah, isso é coisa de pai, pai achando que a filha é inteligente”, disse Daniel.

Com muitas pessoas dizendo que ela era muito esperta para a idade que tinha, Daniel e a esposa resolveram levar Athena a consultas especializadas, com uma neuropsicóloga. Após vários testes, a menina obteve o resultado que tinha uma superinteligência com altas habilidades. E foi através dessa profissional que eles conheceram a Mensa Brasil.

“Foram várias avaliações. De QI, de linguagem, criatividade, concentração, de TDAH (transtorno neurobiológico de causas genéticas, caracterizado por sintomas como falta de atenção, inquietação e impulsividade), déficit de atenção, que são transtornos comuns em pessoas com altas habilidades, mas em Athena essas patologias não foram atestadas. O laudo dela com a neuropsicóloga tem mais de 20 páginas e a devolutiva que veio para nós é que ela tem um QI de percentil 98%”, 

informou Daniel.

Os pais incentivam atividades que ajudam no desenvolvimento das filhas Athena e Alexandra. Foto: Arquivo pessoal

Mensa na vida de Athena 

Daniel, com os resultados em mãos entrou em contato com a Mensa Brasil. Ele lembra que enviou um e-mail com o laudo e exames de Athena. Poucos meses depois veio o retorno da entidade que aceitou Athena e acrescentou que ela é a criança mais nova a integrar a Mensa Brasil e a única e primeira do Amapá.

“O nosso objetivo de inscrever Athena na Mensa foi abrir portas para ela, pois a Mensa é uma organização reconhecida, principalmente internacionalmente. Então supondo que no futuro ela queira concorrer a uma vaga no exterior, ela falar que é da Mensa vai ter um ponto a mais no currículo e ela ainda tem a oportunidade de concorrer a bolsas que a Mensa oferece em faculdades americanas”, disse.

Rodrigo Sauaia, presidente da Mensa Brasil, contou que a entidade é a representante oficial da Mensa Internacional, e foi fundada em 2002. Segundo ele, a Mensa é a principal organização de alto Quociente de Inteligência (QI) do mundo.

Ainda de acordo com o presidente, a Mensa Internacional foi fundada em 1946, no Reino Unido com o objetivo de promover a inteligência como uma ferramenta estratégica para o desenvolvimento e a evolução da humanidade.

“A Mensa possui três objetivos principais: promover a inteligência humana em benefício da humanidade; estimular pesquisas sobre a natureza, sobre as características e o usos da inteligência e por último prover um ambiente intelectual e socialmente estimulante para os nossos associados”, disse.

Montar quebra-cabeça é um dos passatempos preferidos de Athena e Alexandra. Foto: Arquivo pessoal

Mensa na Região Norte 

O presidente lembra que a Região Norte do Brasil ainda tem um número pequeno de associados na entidade e pensando em estimular que mais pessoas descubram suas habilidades a Mensa Brasil oferece testes coletivos em várias cidades do país. O cronograma pode ser acessado no site da instituição: https://mensa.org.br/.

“Nós temos essa lacuna do Norte do Brasil. Por isso temos realizado esses testes coletivos. Eu aproveito para fazer esse convite, se você tem algum desses sinais de superinteligência ou conhece pessoas que tem essa característica que possa fazer parte desse time dos superinteligentes se informe sobre os testes. É uma oportunidade de estar conosco e de se conhecer, pois o primeiro ponto desses testes é o autoconhecimento”, explicou Sauaia.

O presidente da Mensa acrescenta que o Brasil ainda não aproveita essa característica de superinteligência da população que pode abranger mais de 4 milhões de pessoas, segundo estudo. “Infelizmente não existe ainda um mapeamento abrangente e nesse sentindo a gente sente que faltam políticas públicas para identificar, ajudar com o desenvolvimento dessas pessoas e apoiar, com isso elas devolverem para a sociedade o avanço em muitos aspectos para o Brasil”, explica.

Superdotados, altas habilidades, superinteligentes

Rodrigo Sauaia explicou que atualmente a definição mais aceita para identificar a superdotação de uma pessoa é utilizado os anéis de Renzulli, que trata a superdotação como uma combinação de três fatores. O elevado potencial cognitivo, ou seja, um QI muito acima da média, combinado com uma alta criatividade e alta motivação, foco e interesse da pessoa em se concentrar em tarefas. “A combinação desses três fatores caracteriza a superdotação”, afirmou.

Já a alta habilidade, segundo ele, é algo mais específico, quer dizer que o indivíduo tem habilidades muito acima da média em uma determinada área ou em mais de uma área. 

Quando o quociente de inteligência é maior que 130, um indivíduo já pode ser considerado superdotado. Já pessoas com QI entre 120 e 129 são consideradas mais inteligentes que a média. Por fim, a média para a população geral é de 100 a 110.

“Pra fazer a diferenciação dessas características do trabalho que a Mensa Brasil faz, nós utilizamos o termo ‘superinteligentes’ que diz respeito às pessoas que estão nos 2% acima dos melhores resultados de QI da população em geral que é justamente o critério de admissão para a Mensa Brasil. São aquelas pessoas que têm o resultado, nos testes de QI, no que a gente chama de percentil 98% ou mais”, explicou. 

*Por Marcelle Corrêa, do g1 Amapá

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