Agricultura familiar sente efeitos da seca na produtividade em Rondônia

Floração do café, parte primordial do plantio, ficou comprometida por causa do fenômeno ‘El niño’.

De acordo com dados fornecidos pelo Sistema de Cadastro Ambiental Rural (Sicar), até o final de novembro 149.121 mil produtores da base familiar já haviam comunicado perdas de produção e consequentes prejuízos financeiros em Rondônia.

A Entidade Autárquica de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado (Emater/RO) apresentou ao comitê de crise hídrica do Governo do Estado, um dado de consenso entre seus técnicos, relatando uma perda de produtividades de pelo menos 25% na safra do ano que vem. Isso significa queda no Valor Bruto de Produção (VPB) e prejuízos no campo.

Floração do café, parte primordial do plantio, ficou comprometida por causa do “El niño”. Foto: Divulgação/Governo de Rondônia

Ainda de acordo com a Emater/RO, a cultura do café em Rondônia, que possui quase 20 mil produtores, apresentou uma perda de 30% de sua floração e frutificação. O pico da seca em Rondônia aconteceu justamente no período da floração, fato que prejudicou o desenvolvimento dos grãos. 

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que, no ano passado, o VPB desta cultura foi de R$ 2.440.791.102 (dois bilhões, quatrocentos e quarenta milhões, setecentos e noventa e um mil e cento e dois reais). A estimativa para a próxima safra é de que a redução do índice caia para R$ 1.708.553.771,40 (um bilhão, setecentos e oito milhões, quinhentos e cinquenta e três mil, setecentos e setenta e um reais e quarenta centavos).

A cultura da mandioca, composta por aproximadamente 20 mil produtores, também está sendo afetada. Em todo o Estado, são 23 mil hectares de área plantada em fase de colheita e preparo. Em levantamento realizado pela Emater/RO, a estimativa é de que os produtores registrem uma perda de 15% de seus faturamentos nesta cultura.

“A pecuária de leite que tem aproximadamente 25 mil agricultores familiares, também vem sinalizando problemas quanto à produção das pastagens, principal fonte de alimentos para o rebanho. Estima-se que a redução na produção será em cerca de 25%. O valor bruto da produção em 2022 foi na ordem de R$ 1.103.846.921,00 (IBGE, 2022). Para o ano de 2023 estima-se uma redução para cerca de R$ 938.269.882,85”, informa trecho do relatório assinado pela Emater/RO, entregue ao comitê de crise hídrica do Governo. 

A cultura do cacau, reconhecida internacionalmente, também sofre com o estresse climático. Foto: Governo de Rondônia

Outra cultura que também apresenta grandes índices de prejuízos econômicos e de produtividade é o cacau. No relatório apresentado pela Emater/RO, os dados mostram pelo menos 10 mil produtores de rondonienses cultivam a fruta e a previsão de queda na produção é de 15%. O cacau de Rondônia se tornou referência internacional para a produção de chocolates finos, uma mostra da severidade causada pela seca.

Técnicos e representantes ainda não conseguem classificar com exatidão as perdas de produtividades e prejuízos financeiros das safras. Contudo, são unânimes ao afirmarem que as perdas são uma realidade imutável para este período, o que resta é identificar o tamanho do prejuízo de cada cultura. 

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