Apesar de ser vice-líder em produção na Amazônia Legal, estado alcançou a maior média de renda com o produto entre 2020 e 2022. Dados constam no Boletim de Conjuntura Econômica, divulgado pelo Fundape.
A produção de castanha-do-brasil é um dos destaques do extrativismo do Acre. Tanto é que o produto foi um dos responsáveis pelo crescimento de 6,6% da atividade em 2022 junto à borracha. No ano passado, foram produzidas mais de 9,1 toneladas de castanha, o que levou o total do ano a um valor de produção de R$ 58,6 milhões, crescendo 12%.
Ampliando o período de análise para os últimos três anos, o Acre acumula 24,8 mil toneladas de castanha produzidas, que geraram, ao todo, mais de R$ 128 milhões. Isso é o que constata o último Boletim de Conjuntura Econômica, divulgado pelo pelo Fórum Empresarial de Inovação e Desenvolvimento do Acre e a Fundação de Apoio e Desenvolvimento ao Ensino, Pesquisa e Extensão Universitária no Acre (Fundape) no último dia 21 de novembro.
Segundo o estudo, o montante arrecadado coloca o Estado na liderança por renda com a produção de castanha considerando a Amazônia Legal, apesar de ser o vice-líder no total produzido. O Estado ficou à frente do Amazonas, que produziu 37,7 mil toneladas, mas arrecadou mais de R$ 116 milhões. Na região, o total ficou em R$ 405,9 milhões.
Para o doutor em economia Carlos Franco, um dos responsáveis pelo estudo, os dados reforçam a importância da castanha para o estado, e mostra o crescimento nos últimos três anos, com o estado assumindo a liderança em faturamento na Região Norte.
“Isso mostra a força que a economia da castanha tem no Acre, que gera cerca de R$ 42 milhões de renda [em média]. O Acre representa uma média de 34% da produção da Região Norte”, explica.
Importância
O estudo ressalta ainda que a castanha está presente na dieta alimentar de moradores da região desde antes da colonização do continente sul-americano, e que dá importante contribuição para a balança comercial do Brasil, através das exportações do produto.
A castanha-do-brasil faz parte de dois grupos de produtos extraídos da Amazônia, o madeireiro e não-madeireiro, destaca o estudo. A madeira é considerada de alta qualidade para a fabricação de subprodutos da construção civil e da área naval. Já o fruto é utilizado para alimentação, com grande demanda mundial.
“No aspecto ecológico, a espécie também apresenta excelentes resultados, pois estudos realizados na Amazônia, apresentam características favoráveis para a utilização em áreas de reflorestamento, posto que se adaptam muito bem às condições climáticas de terra firme”,
acrescenta,
O professor ressalta ainda que o preço da castanha sofreu valorização de 145% entre 2020 para 2022, saindo de R$ 2,6 mil para R$ 6,4 mil por tonelada.
“Isso se deve, principalmente, a fatores como a desarticulação do mercado internacional, que a pandemia e a guerra da Ucrânia causaram, e também pela instabilidade política da Bolívia e do Peru que fez com que esses países perdessem credibilidade no mercado internacional”, considera.
Destaque
O valor de produção de produtos vegetais, como de castanha-do-brasil, e da silvicultura, como a borracha, foi o maior dos últimos 12 anos em 2022. Isto é o que aponta a Pesquisa do Extrativismo Vegetal e da Silvicultura (PEVS), divulgada na última quarta-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No geral, o valor de produção da PEVS é dado como o maior dos últimos 12 anos e em 2022 este valor totalizou R$ 123,1 milhões, um crescimento de 6,6% comparado a 2021. Em 2022, os grupos alimentícios (53%) e madeiras (42,2%) responderam por 95,2% do valor de produção.
Conforme o levantamento, em 2022 foram produzidas mais de 9,1 toneladas de castanha, que encerrou o ano com um valor de produção de R$ 58,6 milhões, crescendo 12%. O IBGE aponta ainda que o produto vegetal foi o grande responsável pelo aumento pelo adicional de valor bruto gerado (83%), que vem em uma recuperação de preços.
Os cinco principais municípios produtores de castanha são:
Xapuri (21%);
Brasiléia (17%);
Rio Branco (17%);
Sena Madureira (15%);
Epitaciolândia (11%).
O Alto Acre é responsável por 50% da castanha coletada no Acre, Baixo Acre vem com 34% e Purus, 15%.
Borracha
A produção de borracha, responsável por 4,8% do valor bruto, fechou o ano com preço médio de R$15 o quilo, e 389 toneladas exploradas em 2022.
Os cinco principais municípios produtores de borracha são:
Xapuri (38%);
Sena Madureira (19%);
Tarauacá (10%);
Brasiléia (8%);
Feijó (5%).
Novamente, o Alto Acre foi responsável por 49% da borracha coletada no Acre. Purus vem em seguida com com 19%, Tarauacá/Envira com 18% e Baixo Acre com 14%.
Madeira
O grupo madeiras, formado por madeira em tora, lenha e carvão vegetal, fechou 2022 com um valor de produção de R$ 43,4 milhões, com variação estável de -0,25% do valor bruto, após ter passado por um crescimento expressivo da extração em 2021 em relação a 2020.
O levantamento mostra que a extração da madeira fechou em mais de 409 metros cúbicos (m³), um recuo de 7,6%, puxado pela redução da extração da madeira manejada nos dois principais munícipios: Feijó e Rio Branco. No município do interior, a extração em 2022 foi de 89.479m³ (redução de 34,8% em relação a 2021) e na capital acreana, a extração ficou em 75.683m³ (redução de 36,7%).
A queda no total extraído de madeira não foi maior, segundo os dados, em razão da variação positiva registrada em Porto Acre, que explorou 74.990 m³, um crescimento de 56,2% em relação a 2021.
As principais regionais são Baixo Acre (46% do volume explorado) e Tarauacá/Envira, com 36%.
Com relação à produção de lenha, a PEVS captou uma continuidade na queda da extração, em razão da substituição do produto por fontes de energia alternativas, ou então pela aquisição de lenha de outro estado, como é o caso de Rondônia.
Os quatro principais municípios produtores de lenha são:
Cruzeiro do Sul: 58.523 m³;
Marechal Thaumaturgo: 31.500 m³;
Tarauacá: 30.000 m³;
Feijó (25.500 m³).
*Por Victor Lebre, do g1 Acre