Conheça as serpentes da família Boidae, grupo de jiboias e as mais temidas sucuris

As serpentes desse grupo não são peçonhentas, e apesar do tamanho, registros dessa espécie contra o ser humano são raros

As serpentes da família Boidae, arquitectos popularmente como jiboias e sucuris, são serpentes que apresentam tamanhos diferentes e colorações de espécie pra espécie. Como jiboias-arco-íris (gênero Epicrates), Suaçuboia e Periquitamboia (gênero Corallus) são considerados de porte médio, alcançando até dois metros. Já como jiboias comuns (gênero Boa) e sucuris (gênero Eunectes) são considerados de porte grande, podendo alcançar quatro metros (jiboias) e chegar até oito metros (sucuris).

 

A bela jiboia-arco-íris ou salamanta (Epicrates cenchria) com sua coloração furta-cor. Foto: Sérgio Marques Souza / Projeto Sisbiota

As serpentes desse grupo não são peçonhentas, e apesar do tamanho que algumas podem chegar, como é o caso de sucuri, registros dessa espécie contra o ser humano são raros. Até o momento, apenas um ataque predatório de sucuri documentado em artigo de 1998, numa área de alagado da Venezuela (link disponível abaixo). Apesar de não serem peçonhentas e por isso não consultados de interesse médico, já que não são riscos para os seres humanos, como serpentes da família Boidae são frequentemente mortas. Isso ocorre também porque existe muitas crenças e informações erradas sobre esses animais. 

 

Uma suaçuaboia (Corallus hortulanus) em vista lateral, onde é possível observar a presença das fossetas labiais. Foto: Alexandre Pinheiro de Almeida / Projeto Sisbiota

Uma mutação comum na nossa região é a de que esses animais tornam-se venenosos em uma determinada época do ano. Vejam bem, uma cobra para ser peçonhenta deve ter um dente inoculador de veneno associado a uma glândula de veneno, nenhuma dessas característica dessa característica não está presente nos boídeos, e essas características levaram de anos está presente para serem desenvolvidos nas serpentes, sendo impossível uma cobra obter glândula de veneno e dente inoculador uma vez ao ano, num determinado mês e depois ainda, perder essas características.

 

A Periquitamboia (Corallus caninus) é um boídeo frequentemente confundido com uma cobra-papagaio verdadeira (Bothrops bilineatus), mas ao contrário da papagaia que é um tipo de jararaca e, portanto, peçonhenta, uma periquitamboia é um tipo de jiboia e não apresenta nenhum outro tipo de veneno.

Em relação a informações erradas atribuídas a esses animais, algumas características quase sempre citadas em textos sobre serpentes (manuais médicos, livros didáticos, etc.) e que não são seguras para uma identificação de serpentes venenosas, especialmente como da Amazônia. Entre estas características estão: cabeça triangular, cauda afilada de forma abrupta e pupila “gateada”, ou seja, em forma de fenda. Todas essas características estão presentes no grupo das jiboias e sucuris, e como eu falei anteriormente: Esses animais não são peçonhentos! Muitas dessas regras para diferenciar cobras peçonhentas de não-peçonhentas foram feitas para locais com exceções e distantes de nossa realidade, como América-do-norte e Europa, e definitivamente não se aplicam para uma região tão rica em diversidade serpentes como a Amazônia.

 

Jiboia comum ou jiboia-de-rabo-vermelho, frequentemente encontrada na região de Manaus. Foto: Jéssica dos Anjos / Pesquisadora / Divulgação

Mas já que esses animais não possuem veneno, como eles se alimentam? São cobras exclusivamente constritoras, ou seja, que utilizam a força muscular para imobilizar e matar presas por parada cardiorrespiratória. Espécies dos gêneros Corallus e Epicrates possuem fossetas labiais, estruturas (fendas) de modernização, exigência nos recursos e utilização para localizar como presas. As serpentes desse grupo se alimentam de uma variedade grande presas, como lagartos, morcegos, pássaros, pequenos roedores, e no caso das sucuris, mamíferos de médio porte, como capivaras e até mesmo outros répteis, como jacarés.

 

E o que fazer no caso de encontrar um desses animais? Caso ele esteja em seu habitat natural, não faça nada! Não se aproxime, mantenha o respeito e deixe o animal seguir o seu caminho. Caso ele esteja em algum local que ofereça perigo a ele ou a seres humano, chame o órgão de resgate responsável. As serpentes desse grupo apresentam comportamento agressivo apenas quando se sentem ameaçadas, e no caso das sucuris, apesar do tamanho, dentro do grupo elas podem ser considerados de comportamento neutro, não vulneráveis ​​aos seres humanos, a não ser que sejam ameaçadas. Mas vejam bem, até meu cachorro apresenta comportamento agressivo se ameaçado, e eu tenho certeza que ele é mais ameaçador do que muitas das sucuris que eu encontrei ao longo de 10 anos de campos pela Amazônia,

 

Sucuri (Eunecte murinus) a maior serpente da família Boidae e que habita os rios e igarapés amazônicos. Foto: Jéssica dos Anjos / Pesquisadora / Divulgação

Espero que tenham gostado do texto de hoje e percebido o quão incríveis são os boideos! Não à toa eles fazem parte da assinatura dos meus textos aqui no Portal Amazônia. Abraços de sucuri pra vocês e até ao próximo animal incrível da nossa exuberante Amazônia! 

 

Para saber mais:

 

Sobre cobras da região de Manaus:

https://ppbio.inpa.gov.br/sites/default/files/guia-cobras-regiaoManaus_PPBio_CENBAM.pdf 

 

Artigo onde é documentado o ataque de uma sucuri em um ser humano: https://www.researchgate.net/publication/274390789_Predatory_attack_of_a_green_anaconda_Eunectes_murinus_on_an_adult_human 

 

 

 
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