COP30 acontece em Belém (PA) até dia 21 de novembro. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Por Olímpio Guarany*
A primeira semana da COP30, em Belém do Pará, deixou claro que esta não é apenas mais uma conferência do clima. É um encontro marcado pela urgência, pela pressão dos povos da floresta e pela expectativa global de que a Amazônia seja, finalmente, tratada como peça estratégica para o futuro climático do planeta.
Negociações intensas e sinais de avanço
Os primeiros dias foram marcados por negociações intensas em torno de três eixos centrais: adaptação, financiamento climático e implementação de compromissos já assumidos pelos países.
Embora divergências persistam — especialmente entre países em desenvolvimento e grandes emissores — houve avanços importantes.
O debate sobre sistemas integrados de dados climáticos ganhou força, com governos e instituições defendendo plataformas unificadas que permitam monitoramento mais preciso e respostas rápidas a eventos extremos. Esse ponto foi reforçado pelo governador do Amapá, Clécio Luís, que destacou a importância de informações confiáveis para tomadas de decisão.
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Amazônia no centro das discussões
Pela primeira vez em uma COP realizada dentro da própria Amazônia, o território deixou de ser apenas “símbolo” e se tornou protagonista. Em mesas redondas, plenárias e encontros paralelos, pesquisadores, lideranças indígenas, governos subnacionais e organizações da sociedade civil pressionaram por mais recursos para conservação e para o fortalecimento das cadeias da sociobioeconomia.
O anúncio de novos aportes ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre — com investimentos bilionários já confirmados por países parceiros — reforçou a narrativa de que florestas não podem mais ser vistas apenas como patrimônio local, mas como infraestrutura climática global.

O que está em jogo na segunda semana
A partir de agora, a COP entra na fase mais complexa: garantir que as promessas saiam do papel. Os itens mais sensíveis ainda estão sobre a mesa, como:
• metas mais ambiciosas de redução de emissões,
• compromissos financeiros de longo prazo,
• regulamentação para mercados de carbono,
• mecanismos de compensação para países afetados por perdas e danos.
Ao mesmo tempo, a expectativa é que a conferência entregue resultados concretos para povos tradicionais, comunidades ribeirinhas e populações que vivem na linha de frente da crise climática — justamente quem menos contribuiu para o aquecimento global.
O que o planeta pode esperar
O mundo observa Belém com a esperança de que esta COP seja lembrada como a COP da Implementação. Depois de décadas de alertas científicos e metas não cumpridas, o planeta precisa de decisões corajosas, financiamento contínuo e estratégias que valorizem regiões essenciais, como a Amazônia, que mantém o clima global em equilíbrio.
A primeira semana mostrou que há disposição política, mobilização social e esforços multilaterais importantes. Agora, falta o passo decisivo: transformar discursos em ações efetivas.
Se isso acontecer, Belém poderá entrar para a história como o ponto de virada em que a humanidade decidiu enfrentar a crise climática com seriedade — e com a floresta como parceira, não como vítima.
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Sobre o autor
Olimpio Guarany é jornalista, documentarista e professor universitário. Realizou expedição histórica, navegando o rio Amazonas, desde a foz até o rio Napo (Peru), por onde atingiu o sopé da cordilheira dos Andes (Equador) no período 2020-2022 refazendo a saga de Pedro Teixeira, o conquistador da Amazônia (1637-1639). Atualmente é apresentador do programa Amazônia em Pauta no canal Amazon Sat.
*O conteúdo é responsabilidade do colunista
